Eixo Temático: Relações Internacionais INCOTERMS: Definições e Responsabilidades Estabelecidas INCOTERMS: Definitions and Responsibilities Established Iliane Colpo, Ana Paula de Azevedo Dal Pozzolo,Rafael Crivellaro Minuzzi, Jéssica Vargas da Silva, Luiza Jacques Moraes RESUMO O comércio internacional se expandiu de forma relevante em função da globalização, a troca de bens e serviços entre países é cada vez mais constante, e inclusive representa uma fatia generosa no PIB na maioria dos países. Os termos de negociação internacional - Internacional Commercial Terms conhecidos pela sigla INCOTERMS trazem as regras estabelecidas nas negociações do comércio exterior. Assim, ter conhecimento destes termos e de suas definições é de vital importância para os profissionais ou empresas que almejem ingressar no mercado internacional. Dessa maneira, o objetivo do trabalho consiste, por meio de uma revisão bibliográfica, em especial da legislação pertinente, em identificar e descrever os termos de negociação vigentes. Como resultado o trabalho apresenta os 11 INCOTERMS vigentes, suas definições e o inicio e o final da responsabilidade de cada empresa (importador x exportador) presente em cada termo de negociação. Palavras-chave: comércio exterior, INCOTERMS, negociação. ABSTRACT International trade has expanded in a relevant way due to globalization, the exchange of goods and services between countries is increasingly constant, and even is a generous share of the GDP in most countries. The terms of international trade - International Commercial Terms known by the acronym INCOTERMS presents the rules in trade negotiations. So, be aware of these terms and their definitions is vitally important for professionals or companies that aim to enter the international market. Thus, the goal of this work is, through a literature review, in particular the relevant legislation, to identify and describe the current terms of trading. As a result the paper presents the 11 INCOTERMS, their definitions and the beginning and end of the responsibility of each company (importer and exporter) found in each trading term. Keywords: foreign trade, Incoterms, negotiation. 1
1 INTRODUÇÃO Os INCOTERMS consistem em um conjunto de regras padronizadas que buscam regular os diretos e obrigações entre importador e exportador nas negociações realizadas no comércio exterior. Trata-se de regras internacionais, imparciais de caráter uniformizador, que constituem toda a base dos negócios no comércio exterior e objetivam promover sua harmonia. A primeira edição surgiu em 1936, quando a Câmara Internacional de Comércio CCI, em Paris, interpretou e consolidou as diversas formas contratuais que vinham sendo utilizadas no comércio internacional (GONÇALVES, 2014). O constante aperfeiçoamento dos processos negocial e logístico fez com que os INCOTERMS passassem por diversas modificações ao longo dos anos. Atualmente, a versão mais atualizada é denominada INCOTERMS 2010, publicada pela International Chamber of Commerce (ICC) em sua Publicação nº 715E, de 2010. Já no Brasil, a Câmara de Comércio Exterior - CAMEX determina sua utilização na Resolução Nº. 21, DE 07 de abril de 2011 (Brasil, 2011), que dispõe sobre INCOTERMS, e estabelece que nas exportações e importações brasileiras sejam aceitas quaisquer condições de venda praticadas no comércio internacional, desde que compatíveis com o ordenamento jurídico nacional. O presente trabalho tem por objetivo identificar os termos de negociação vigentes, descrever suas definições e quando se inicia e onde termina a responsabilidade dos envolvidos no processo de importação ou exportação. 2 REVISÃO LITERATURA O Comércio Internacional brasileiro vem crescendo desde os anos 2000 a taxas muito elevadas; porém, esses índices de crescimento não tem sido acompanhados pelo aumento do número de empresas que participam nas operações de importação e exportação, sendo uma constante as grandes da economia participarem deste mercado. Tanto as grandes como algumas médias empresas se queixam de que o principal obstáculo para ocracia, e no cerne dessa burocracia atuam as alfândegas, que são citadas como as grandes vilãs da burocracia no comércio internacional. Mas para obter desenvolvimento qualquer país é preciso incentivar o aumento dos índices do comércio exterior, estimulando tanto o crescimento das exportações como a qualidade das importações (SOUZA, 2010). Para realizar importações é preciso disponibilizar a mercadoria ao Desembaraço Aduaneiro. O art. 571 do Regulamento Aduaneiro (Brasil, 2009) estabelece que o desembaraço aduaneiro na importação é o ato pelo qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira. Concluída a conferência, a mercadoria será imediatamente desembaraçada, conforme disposto no art. 48 da IN SRF nº 680/2006 (Brasil, 2006). Nesse momento, pode-se considerar a mercadoria como nacionalizada. Após a chegada da mercadoria, o agente transportador deve dar presença de carga no Siscomex. A autoridade aduaneira, então, deve dar vista a carga no sistema. A partir disso, o processo está liberado para registro da Declaração de Importação (DI). A DI é elaborada no Siscomex e consiste no preenchimento de informações via sistema que darão embasamento para conferência física do agente público. Nela, são informados dados do exportador, do importador, da logística de transporte, do licenciamento de importação, enquadramento para incidência dos impostos, entre outros. 2
No momento do registro da DI, o sistema irá remeter automaticamente para um dos canais de liberação. Isso se chama parametrização. Dependendo do canal que o sistema parametrizar, o procedimento para desembaraço será diferente. Em termos gerais, canal verde a mercadoria é desembaraçada automaticamente; canal amarelo a Receita Federal verifica os documentos de embarque apenas; canal vermelho a RF verifica os documentos e a carga; e canal cinza, adicionalmente ao anterior, faz-se uma verificação do valor aduaneiro para comprovação do valor declarado. Após cumpridas as exigências de cada canal de parametrização, a mercadoria é desembaraçada e fica disponível para retirada no terminal de cargas. 3 METODOLOGIA A partir da pesquisa bibliográfica, foram coletados os dados e informações para se proceder a identificação dos termos de negociação internacional - INCOTERMS que podem ser utilizados entre os atores da compra e venda no comércio exterior. Com estudo sobre o tema e leitura do ordenamento jurídico que normatiza o comércio internacional, com pesquisas em livros, artigos científicos, artigos publicados na internet, entre outras fontes, conceitos e entendimentos pertinentes ao assunto, é possível descrever as definições de cada INCOTERMS e quando se inicia e onde termina a responsabilidade dos envolvidos no processo de importação ou exportação. Este artigo utiliza a pesquisa bibliográfica como procedimento técnico. Trata-se de uma pesquisa qualitativa quanto à abordagem, pois, a partir de fontes bibliográficas relativas aos INCOTERMS, procura-se entender e descrever as hipóteses de utilização destes termos de negociação e a responsabilidade de cada agente frente a cada opção contratada, contribuindo para o processo de conhecimento, possibilitando um melhor entendimento sobre as particularidades desse assunto. Como base nos objetivos gerais, este trabalho classifica-se como descritivo, por possuir como objetivo principal a identificação dos termos de negociação vigentes, descrever suas definições e quando se inicia e onde termina a responsabilidade dos envolvidos no processo de importação ou exportação. 4 RESULTADOS E CONCLUSÕES Atualmente existem 11 termos de negociação internacional vigentes, divididos em dois grupos: termos para utilização em operações que serão transportadas pelos modais aquaviários (marítimo, fluvial ou lacustre) e termos para operações transportadas em qualquer modal de transporte, inclusive transporte multimodal. Segue as INCOTERMS e suas definições conforme estabelecido na Resolução 21 de 2011 (BRASIL, 2011): EX WORKS - EXW (named place of delivery): Na origem o objeto é entregue em local nomeado. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. FREE CARRIER - FCA (named place of delivery): Livre no transportador na origem, ou seja, objeto entregue ao transportador em local nomeado. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. 3
FREE ALONGSIDE SHIP FAS (named port of shipment): Na origem, livre ao lado do navio, o objeto é entregue no porto. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). FREE ON BOARD - FOB (named port of shipment): Na origem, livre embarcado no navio, o objeto é entregue no porto, posto na embarcação. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). COST AND FREIGHT CFR (named port of destination): Até o destino, objeto entregue no porto de destino combinado. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). COST, INSURANCE AND FREIGHT CIF (named port of destination): Até o destino, objeto entregue no porto de destino combinado inclui o seguro do objeto. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). CARRIAGE PAID TO CPT (named place of destination): No local de destino nomeado, objeto entregue no Porto ou aeroporto combinado. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. CARRIAGE AND INSURANCE PAID TO CIP (named place of destination): No local de destino nomeado, objeto entregue no Porto ou Aeroporto combinado, incluindo o seguro do objeto. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. DELIVERED AT TERMINAL DAT (named terminal at port or place of destination): No local de destino nomeado, o objeto entregue no Terminal de carga ou armazém combinado, incluindo o seguro do objeto. O objeto é entregue descarregado, mas ainda não desembaraçado. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. DELIVERED AT PLACE DAP (named place of destination): No local de destino nomeado, o objeto entregue fora do Terminal de carga ou armazém, em um local combinado, incluindo o seguro do objeto. O objeto é entregue descarregado, mas ainda não desembaraçado. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. DELIVERED DUTY PAID DDP (named place of destination): Entregue com direitos pagos. O objeto é entregue ao comprador no destino, desembaraçado e descarregado, com todos os valores pagos. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. Uma consideração importante é que o termo DDP, no caso de importação brasileira, não pode ser realizado em virtude do vendedor estrangeiro não dispor de condições legais para a nacionalização da mercadoria em território nacional, assim o termo DDP deve ser substituído por outro termo. A Figura 1 apresenta uma ilustração para facilitar o entendimento, no que tange a posição da carga, conforme seu INCOTERM. Figura 1: Incoterms e a respectiva posição da carga 4
Fonte: SEBRAE/PR, 2016 No que tange as responsabilidades como pode ser verificado na Figura 1 cada termo apresenta a posição da carga e esse ponto demarca o final da responsabilidade do vendedor e o inicio da responsabilidade do comprador. O primeiro termo citado EXW o vendedor tem sua responsabilidade encerrado no momento que disponibiliza a carga pronta na sua fábrica, a partir de então o transporte, seguro, desembaraço aduaneiro é de responsabilidade do comprador. O termo FCA Free carrier o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando entrega a mercadoria, desembaraçada para a exportação, ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo comprador, no local nomeado do país de origem. Já na negociação FAS o vendedor encerra suas obrigações e responsabilidades quando a mercadoria, desembaraçada para a exportação, é entregue, arrumada, a bordo do navio no porto de embarque, ambos indicados pelo comprador, na data ou dentro do período acordado. A opção pelo CFR pode ser adotada pelo comprador que precise que o vendedor, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrate e pague frete e custos necessários para levar a mercadoria até o porto de destino combinado. Caso o comprador deseje receber a carga coberta por seguro no transporte, deverá escolher o termo CIF, pois, o exportador além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o porto de destino combinado. Quanto mais coberturas são contratadas pelo importador brasileiro (comprador), mais o exportador (vendedor estrangeiro) terá responsabilidades próximas do destino do objeto. No termo CPT, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FCA, o vendedor contrata e paga frete e custos necessários para levar a mercadoria até o local de destino combinado. Na negociação CIP, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o local de destino combinado, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FCA. No acordo em que o vendedor complete suas obrigações e encerre sua responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, num terminal de destino nomeado (cais, terminal de contêineres ou armazém, dentre outros), descarregada do veículo transportador, mas não desembaraçada para importação, devem escolher a modalidade DAT. Na negociação DAP o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando coloca a mercadoria à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, num local de destino indicado que não seja um terminal, pronta para ser descarregada do veículo transportador e não desembaraçada para importação. 5
REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto 6.759, de 05 de fevereiro de 2009. Regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Diário Oficial, Brasília, DF, 05 de fevereiro de 2009. BRASIL. Câmara de Comércio Exterior. Resolução nº. 21, de 2011. Dispõe sobre Incoterms e estabelece que nas exportações e importações brasileiras serão aceitas quaisquer condições de venda praticadas no comércio internacional, desde que compatíveis com o ordenamento jurídico nacional. Diário Oficial, Brasília, DF, 08 de abril de 2011. BRASIL. Secretária da Receita Federal. Instrução Normativa 680 de 02 de outubro de 2006. Diário Oficial, Brasília, DF, 05 de outubro de 2006. GONÇALVES, F. A. A Relação dos Incentivos Fiscais e os Incotherms para o Comércio Internacional. In: Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia SEGET, 2014. Rio de Janeiro, 2014. SOUZA, José Meireles de. Gestão de comércio exterior: exportação/importação São Paulo: Saraiva, 2010. il Comércio exterior; v. 4 6