O MERCADO DE LEITE: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS NO BRASIL Organização das Cooperativas Brasileiras

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Transcrição:

O MERCADO DE LEITE: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS NO BRASIL Organização das Cooperativas Brasileiras 1. INTRODUÇÃO O complexo agroindustrial do leite no Brasil tem significativa importância, pois está presente em praticamente todo o território nacional, gerando renda e postos de trabalho nas regiões. A elevação da renda per capita devido ao Plano Real resultou em relevantes elevações nas importações de leite, principalmente de leite em pó. Tal estratégia foi adotada para suprir a demanda interna, promovendo a instabilidade de preços no mercado brasileiro (GOMES, 2002). As importações descritas, muitas vezes subsidiadas nos países de origem, contribuíram para as quedas dos preços no mercado doméstico, resultando em perda de renda líquida dos produtores de leite no Brasil. Com a abertura da economia nos anos 90 o setor lácteo passou por transformações, ficando exposto à concorrência de multinacionais e aos preços internacionais praticados. O Brasil apresentava baixa produtividade do rebanho e qualidade do leite o que se mostravam fatores restritivos frente à concorrência internacional. Posteriormente, foi observada a reestruturação do setor e mudanças dos padrões de consumo, pois o consumidor evoluiu em relação aos níveis de exigências. O produtor elevou a sua produtividade, mesmo considerando o cenário de preços reduzidos devido às importações. Outro fator que elevou a competitividade do setor foi o aumento do volume médio de produção por unidade produtora, favorecido pela utilização do resfriamento do leite na fazenda e o transporte a granel.

Considerando a importância do leite no Brasil, os estudos que avaliam a eficiência do setor e os fatores que afetam a produção e o consumo se tornam necessários. Nesse contexto, destacam-se os esforços para a melhoria contínua da qualidade do leite comercializado, que beneficia a cadeia produtiva e eleva a competitividade do leite brasileiro. 2. O MERCADO MUNDIAL O mercado global de leite e derivados foram influenciados por fatores estruturais de produção que elevaram os preços dos produtos, principalmente no primeiro semestre de 2007. Os fatores envolvidos estão relacionados à diminuição da participação da União Européia no mercado lácteo mundial, principalmente do leite em pó, devido as suspensões dos subsídios às exportações. Outro fator de destaque está relacionado a condição climática na Austrália, resultado de seca no País, o que reduziu o fornecimento do leite e, consequentemente, a exportação. Destacam-se também as políticas de restrição às exportações impostas pela Argentina e, em menor escala, pela Índia, o que acrescentou incertezas frente do fornecimento, frente a uma demanda mundial aquecida, devido ao crescimento econômico e da renda nos países. A elevação da renda incentiva o aumento no consumo de bens superiores, caracterizados por serem produtos elaborados, resultando em incrementos nas importações de ingredientes derivados de leite. A desvalorização do Dólar também contribuiu para a queda dos preços dos produtos importados e o aumento das importações. O panorama da produção de leite nos principais países selecionados, ao longo dos anos, é apresentado na Tabela 1, em mil toneladas métricas. A União Européia

possui a maior produção mundial, com uma quantidade estimada de 131,50 milhões de toneladas. Os Estados Unidos, segundo maior produtor mundial, mostram uma estimativa de 85,45 milhões de toneladas de leite, com crescimento de 10,77% no período analisado. O Brasil, sexto no ranking mostrado, tem uma produção de 25,37 milhões de toneladas e um crescimento de 12,06% no intervalo. A produção total estimada em 2007 nos países selecionados foi de 427,59 milhões de toneladas, com uma taxa de evolução de 10,40% (Tabela 1). Tabela 1. Produção leiteira nos países selecionados, em mil toneladas métricas 2002 2003 2004 2005 2006* 2007** União Européia 131.040 131.847 130.620 131.652 130.400 131.500 Estados Unidos 77.140 77.289 77.534 80.253 82.462 85.445 Índia 36.200 36.500 37.500 37.520 38.750 40.050 China 12.998 17.463 22.606 27.534 32.800 38.100 Russia 33.500 33.000 32.000 32.000 31.100 32.000 Brasil 22.635 22.860 23.317 24.025 24.745 25.365 Nova Zelândia 13.925 14.346 15.000 14.500 15.200 15.600 Ucrânia 13.860 13.400 13.787 13.423 12.890 13.100 Argentina 8.500 7.950 9.250 9.500 10.300 10.800 México 9.560 9.784 9.874 9.855 10.051 10.100 Austrália 11.608 10.636 10.377 10.429 10.395 9.785 Japão 8.385 8.400 8.329 8.285 8.134 8.090 Canadá 7.964 7.734 7.905 7.806 7.773 7.650 Total dos Países 387.315 391.209 398.099 406.782 415.000 427.585 * Dados Preliminares; **Estimativa Fonte: USDA (2007) A Tabela 2 mostra o consumo de leite nos países selecionados, em mil toneladas métricas. Tabela 2. Consumo de leite nos países selecionados, em mil toneladas métricas

2002 2003 2004 2005 2006* 2007** Índia 33.500 34.000 35.500 36.600 38.840 41.875 União Européia 34.471 34.633 34.234 34.064 34.030 34.050 Estados Unidos 27.002 27.173 27.288 27.231 27.310 27.393 China 5.678 7.661 10.315 12.500 14.750 16.900 Brasil 12.295 12.391 12.743 13.175 13.309 13.445 Russia 14.350 13.350 12.900 12.850 12.000 12.000 Ucrânia 3.300 3.450 5.112 5.441 6.086 6.219 Japão 5.002 5.035 4.955 4.775 4.645 4.550 México 4.080 4.352 4.349 4.266 4.305 4.344 Canadá 2.884 2.810 2.835 2.831 2.823 2.778 Austrália 1.966 1.982 2.020 2.145 2.127 2.000 Argentina 1.990 2.050 1.800 1.800 1.900 1.960 Nova Zelândia 355 360 360 360 360 360 Total dos Países 146.873 149.247 154.411 158.038 162.485 167.874 * Dados Preliminares; **Estimativa Fonte: USDA (2007) A Índia é o principal consumidor de leite no mundo, com uma estimativa de 41,88 milhões de toneladas consumidas no ano de 2007, variação positiva de 25,00% no intervalo analisado. Os países que compõem a União Européia respondem por 34,05 milhões, retração de 1,22%. O Brasil é o quinto maior consumidor, com um total previsto de 13,45 milhões de toneladas de leite e crescimento de 9,35%. Destaca-se que a evolução do consumo na China, atualmente o quarto maior no mundo, atingindo um crescimento de 197,64% no período avaliado, o que corresponde a um consumo de 16,90 milhões de toneladas de leite. A produção mundial estimada é de 167,87 milhões de toneladas, associado uma taxa de aumento de 14,30% no período estudado (Tabela 2). A análise do mercado de importantes derivados do leite é visualizada nas Tabelas 4 e 5. A Tabela 4 apresenta os países importadores de leite em pó e a Tabela 5, as importações de queijo.

Tabela 4. Importação mundial de leite em pó, em toneladas métricas 2004 2005 2006 Variação (%) 2004/05 Algeria 171.562 170.067 167.264-1.3% Venezuela 123.407 96.849 120.479 1.4% Arábia Saudita 109.870 92.070 90.493-9.0% Nigéria 70.634 56.294 67.945 0.2% China 96.145 76.093 73.458-2.2% Siri Lanka 57.220 65.377 65.144 6.9% Indonésia 68.850 78.505 77.714 6.5% Malásia 91.302 70.610 71.227-0.9% UAE 42.559 43.696 52.819 11.8% Cuba 39.392 51.148 46.042 9.9% Total 870.940 800.709 832.584-2.0% Fonte: USDA (2007) Tabela 5. Importação mundial de queijo, em toneladas métricas 2003 2004 2005 2006 Variação Média (%) Rússia 171.380 211.854 246.844 214.966 9.1% Japão 193.791 231.131 213.042 210.971 3.5% Estados Unidos 214.843 215.108 204.668 201.008-2.2% México 66.574 72.938 72.083 66.334 0.1% Arábia Saudita 75.507 75.040 73.934 65.195-4.6% Austrália 44.026 50.953 51.743 63.460 13.3% Coréia do Sul 35.481 44.215 43.767 43.067 7.3% Suiça 31.532 32.844 31.440 32.607 1.2% Canadá 25.255 26.068 28.338 28.724 4.4% Algeria 22.811 22.884 23.867 28.091 7.4% Total 881.201 983.034 989.726 954.425 2.9% As importações mundiais de leite em pó mostraram decréscimos de 2,00%, em relação aos anos 2004 e 2005. As importações do ano de 2006 foram superiores aos de 2005, porém em patamares inferiores ao de 2004. A maior retração foi observada na Arábia Saudita e na Cuba. Indonésia e Siri Lanka apresentaram as maiores taxas de crescimento médio (Tabela 4). Em relação às importações de queijo, incluindo os queijos frescos, a produção mundial apresentou uma elevação de 2,90%. Contudo, a importação mostrou um decréscimo em suas quantidades totais no ano de 2006, inferior aos dois anos anteriores. Destaca-se a Rússia como o maior exportador mundial, com uma variação média de 9,10%. O Japão é o segundo país importador de queijo, com um total de 210,98 mil toneladas em 2006 e uma variação média de 3,50%. As importações totais de queijo somaram 954,43 mil toneladas em 2006, quantidade inferior em relação aos dois anos anteriores (Tabela 5). 3. O MERCADO DO LEITE NO BRASIL A análise da produção e a produtividade por vaca são mostradas na Figura 1. O estado de Minas Gerais, maior produtor nacional, possui uma participação de 28,34% no total da produção nacional, com uma produtividade média de 1,46 mil litros

por vaca. O estado de Goiás, segundo maior produtor, apresenta uma participação de 10,81% e uma produtividade de 1,12 mil litros. A maior produtividade foi observada no estado de Santa Catarina, o sexto maior produtor nacional, com um total de 2,14 mil litros por vaca em lactação. A produção leiteira está presente em praticamente todos os estados brasileiros, gerando empregos e renda nos municípios. A análise da Figura 1 visualizou o fato citado, pois a participação de outros estados representou 26,92% do total, distribuídos em todas as regiões brasileiras. Produtividade Leiteira (L/vaca) 2.200 2.000 1.800 1.600 1.400 1.200 1.000 800 600 400 200 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 Participação no Total da Produção (%) 0 Minas Gerais Goiás Paraná Rio Grande do Sul São Paulo Santa Catarina Outros 0,0 Estados Produtores Produtividade (L/vaca) Participação (%) Figura 1. Produtividade e participação na produção anual leiteira nos principais estados Fonte: IBGE (2005) A demanda por leite no Brasil mostra-se aquecida, com uma taxa de crescimento anual de 7,00%. Contudo, a elevação significativa do preço do leite longa

vida no mercado interno resultou em uma redução do consumo. De acordo com Milk Point (2007) a redução do consumo promoveu uma queda de preços na indústria devido à retenção de compras no varejo durante o mês de julho, estabelecendo-se uma tendência de queda no setor no curto prazo. O comportamento do preço real do leite tipo C nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná é visualizado na Figura 2. Preço Real do Leite C (R$/L) 0,85 0,80 0,75 0,70 0,65 0,60 0,55 0,50 0,45 0,40 0,35 0,30 jan/04 mar/04 mai/04 jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05 mai/05 jul/05 set/05 nov/05 jan/06 mar/06 mai/06 Período Analisado GO MG RS PR jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07 mai/07 jul/07 set/07 Figura 2. Evolução do preço real do litro de leite tipo C, em diferentes estados produtores brasileiros Fonte: Série de Preços Nominais (CEPEA/ESALQ, 2007); IGP-DI (FGV, 2007) Elaboração: OCB/GEMERC (2007) Os preços do leite apresentaram uma elevação significativa, principalmente no primeiro semestre de 2007. Contudo, após as altas que tiverem uma duração de dez meses, os preços do leite ao produtor caíram no pagamento de outubro, referente à produção de setembro. De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em

Economia Aplicada), da Esalq/USP, a cotação média nacional dos sete estados pesquisados passou de R$ 0,80/litro para R$ 0,7495/litro, queda de 6,3% ou de R$ 0,05/litro. Dentre os fatores citados, destaca-se o aumento de 32,00% no volume captado pelas empresas, no período de maio a setembro de 2007. Segundo os agentes de mercado, o movimento crescente da produção pode ser atenuado, pois, devido à seca prolongada neste ano, produtores tiveram de racionar a alimentação do rebanho em setembro e outubro. Ainda que tenha chovido no final deste mês, a oferta de forragem só estará disponível no encerramento de novembro. Outro fator que pode afetar a oferta e a demanda de leite está relacionado a divulgação de fraudes cometidas devido à adulteração do leite. Tal episódio foi exposto pela mídia de forma ampla, trazendo discussões sobre as reais conseqüências dessas ações sobre o setor lácteo no Brasil. Contudo, o crescimento da produção e o consumo de leite no Brasil não devem ser afetados pelas práticas de adulteração, uma vez que foram observadas evoluções significativas no consumo. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o mercado interno apresentou um crescimento de 135,00% nos últimos 20 anos, passando de 11,10 bilhões de litros em 1981 para 26,10 bilhões em 2007. O consumo per capita também mostrou elevações, atingindo o patamar de 140,00 litros por ano. As práticas de adulteração correspondem a uma produção diária de 400 mil litros de leite, o que representa 0,5% da produção nacional. A reduzida participação desses laticínios mostra que, de uma forma geral, a qualidade do leite no Brasil não é afetada por tais irregulares, pois há 1,7 mil unidades fiscalizadas (LEITE BRASIL, 2007). Nesse contexto, os convênios firmados entre os órgãos públicos e privados promoveram a melhoria da qualidade do leite, contribuindo para o crescimento sustentável do setor.

3.1 AÇÕES VOLTADAS PARA A QUALIDADE Diversas ações objetivaram a sustentabilidade do setor lácteo brasileiro, proporcionando o crescimento da produção e do consumo de leite no Brasil. Dentre eles destaca-se o convênio de cooperação técnica firmado em junho de 2007, compreendendo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL) e a União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES). O objetivo da cooperação técnica engloba a implementação de atividades conjuntas, nas esferas do conhecimento específico e funcional, resultando em ações estruturantes voltadas para a pecuária leiteira explorada pelos agricultores familiares brasileiros, no processo produtivo, comercial, industrial e cooperativo. Os focos das cooperações, como a citada, é a elevação da renda e do emprego, o acesso à tecnologia e à sustentabilidade dos produtores nessa atividade, por meio da capacitação técnica, da disponibilidade de linhas de crédito, do fomento a pesquisa e extensão, do fortalecimento do sistema de defesa sanitária e inspeção e das campanhas de estímulo ao consumo de produtos lácteos e elevação das exportações. Outra ação de destaque é a elaboração do Cenário do Leite para 2.020 que apresenta como objetivo a elaboração de estratégias que garantam o futuro da cadeia produtivo do leite e estruturas que fortaleçam a cadeia no Brasil. Para atingir os propósitos, foram definidos quatro cenários: Evolução gradual e sustentável; Leite: a nova estrela do agronegócio; O futuro desperdiçado; A agricultura familiar competitiva. A cadeia produtiva do leite se apresenta em contínua evolução, devido à capacidade de aprendizado dos produtores e às ações conjuntas entre instituições. Os esforços resultaram ganhos para a cadeia produtiva e, nesse contexto, fatos isolados

de fraudes não comprometendo os trabalhos desenvolvidos durante décadas que resultaram no crescimento da renda, emprego, consumo e produção na atividade. 4. REFERÊNCIAS CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Boletim do Leite. Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. www.cepea.usp.br. Acesso dia 05 de novembro de 2007. FGV - Fundação Getúlio Vargas. Divisão de Gestão de Dados. Site: http://www.fgv.br/dgd. Acesso dia 18 de outubro de 2007. GOMES, Alexandre. Indicadores de Eficiência e Economias de Escalas na Produção de Leite: um estudo de caso para produtores do estado de Rondônia, Tocantins e Rio de Janeiro. Tese Doutorado: Economia Aplicada. Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. 97p. 2006. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa da Pecuária Nacional: Ranking Anual da Produção de Liete por Estado. Site: www.ibge.gov.br. IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. IPEADATA: Dados Macroeconômicos e Regionais. Site: www.ipeadata.gov.br. Acesso dia 19 de outubro de 2007. LEITE BRASIL - Associação Brasileira dos Produtores de Leite. Fraude do Leite Afeta Mercado em Minas Gerais. Site: www.leitebrasil.org.br. Acesso dia 05 de novembro de 2007.

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Indicadores Estatísticos: Balança Comercial. www.desenvolvimento.gov.br. Acesso dia 04 de outubro de 2007. OCB Organização das Cooperativas Brasileiras. Desenvolvimento de Cooperativas: Ramos do Cooperativismo. Site: www.brasilcooperativo.coop.br. Acesso dia 14 de outubro de 2007. USDA Foreign Agricultural Services. Commodities and Products: Dairy. Site: www.fas.usda.gov. November, 18th 2007. Equipe de Elaboração: Evandro Scheid Ninaut (Gerente de Mercados da OCB) Marcos Antonio Matos (Técnico de Mercados da OCB)