Acidentes de transporte em Cuiabá, Mato Grosso: morbi-mortalidade

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Transcrição:

Universidade de São Paulo Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI Departamento de Epidemiologia - FSP/HEP Artigos e Materiais de Revistas Científicas - FSP/HEP 2008 Acidentes de transporte em Cuiabá, Mato Grosso: morbi-mortalidade ABRAMET. Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 36-45, 2008 http://producao.usp.br/handle/bdpi/13446 Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo

36 ARTIGO Acidentes de transporte em Cuiabá, Mato Grosso: morbi-mortalidade Transport Accidents in Cuiabá, State of Mato Grosso: Morbi-Mortality ligia regina de oliveira¹ maria HElENA PrAdo de mello JorgE² Resumo Os acidentes de trânsito continuam a se constituir em um importante problema de saúde pública no Brasil. Objetivo: Analisar as características dos acidentes de transporte terrestre e suas vítimas no município de Cuiabá. Método: Para o estudo da mortalidade foram obtidos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade/Ministério da Saúde, disponíveis em CD-ROM referente aos anos de 1980-2005; para o de morbidade hospitalar foram utilizados os dados do Sistema de Informações Hospitalares no período de 1998-2006 e para o estudo da demanda das unidades de urgência e emergência foi utilizado um banco de dados construído especialmente para esse fim, referente aos meses de maio a junho de 2005. Adotaram-se os conceitos e definições estabelecidos na Classificação Internacional de Doenças 10: acidentes de transporte (categ. V01-V99 ) e acidente de transporte terrestre (V01-V89). Resultados: Em todas as análises, as taxas de mortalidade/morbidade hospitalar se expressaram com valores maiores que a média brasileira. Apesar de apresentar aspectos distintos entre mortalidade, morbidade hospitalar e morbidade da demanda de unidades de urgência e emergência, destacam-se como principais vítimas os jovens do sexo masculino; a vítima qualificada como ocupante predomina nos acidentes fatais e os motociclistas, nos não fatais. Conclusão: este estudo revela que Cuiabá é uma área onde os acidentes de transporte terrestre devem ser tratados como prioridade devido à sua magnitude, seja na mortalidade ou morbidade, trazendo subsídios para o seu enfrentamento. Palavras-Chave: Acidentes de Transporte Terrestre; Mortalidade; Morbidade Hospitalar; Emergências Abstract Accidents transit continue to be on an important public health problem in Brazil. Objective: To examine the characteristics of the land transport accidents and their victims in the city of Cuiabá, Mato Grosso. Methodology: For the study of mortality data were obtained the Ministry of Health Mortality Information System, available on CD-ROM covering the years from 1980 to 2005; to the hospital morbidity data were used National Health System Hospitalization Information System in the period from 1998 to 2006, and to study the demand of units of urgency and emergency has been used a database built specifically for that purpose, for the months of may to june 2005. Has been favored by the use of concepts and definitions established in the International Classification of Diseases 10: accidents of transport (categories V01 - V99) and land transport accidents (V01 - V89). Results: In all tests, the rates of mortality or morbidity hospital is expressed with values greater than the average Brazilian. Despite presenting different aspects of mortality, morbidity and hospital morbidity demand for units of urgency and emergency as it is the main victims adolescents and young males; the victim qualified as occupier predominates in fatal accidents and bikers we do not fatal (hospitalizations and emergency care). Conclusion: This study shows that Cuiabá is an area where land transport accidents should be treated as a priority because of its magnitude, whether in mortality or morbidity, bringing benefits to their confrontation. Key Words: Transport accidents; Land transport accidents; Mortality; Hospital Morbidity; Emergencies ¹ Departamento de Saúde Coletiva, Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso ² Professor Associado do Departamento de Epidemiologia, Faculdade de Saúde Pública da USP

37 Introdução 1. Conceitos importantes Para o Ministério da Saúde 1, acidente é entendido como o evento não intencional e evitável, causador de lesões físicas e ou emocionais no âmbito doméstico ou nos outros ambientes sociais, como o do trabalho, do trânsito, da escola, de esportes e o de lazer. Os acidentes, assim como as violências, também se apresentam sob formas concretas de agressões heterogêneas quanto ao tipo e repercussão. Considerando a dificuldade de se estabelecer, com precisão, o caráter de intencionalidade desse evento, a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências 2 adota o termo acidente em vista de estar consagrado pelo uso, retirando-lhe, contudo, a conotação fortuita e casual que lhe pode ser imputada. Segundo a OMS 3 acidente de transporte é todo acidente que envolve um veículo destinado, ou usado no momento do acidente, principalmente para o transporte de pessoas ou de mercadorias de um lugar para o outro. Esses acidentes estão classificados no capítulo XX da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde Décima Revisão (CID-10), grupo V01 a V99 3. Para o Departamento Nacional de Trânsito, acidente de trânsito é todo evento não intencional, envolvendo pelo menos um veículo motorizado ou que circula por uma via para trânsito de veículos 4. 2. Acidentes de transporte e saúde Magnitude O impacto dos acidentes sobre a saúde da população tem contribuído para a diminuição da qualidade de vida e da expectativa de vida entre adolescentes e jovens, além do alto impacto nos custos sociais com cuidados em saúde, com previdência, com absenteísmo ao trabalho e à escola 5. Nesse sentido, é importante conhecer melhor as causas de morbimortalidade, a fim de estabelecer ações efetivas para o controle e redução desses eventos. Carvalheiro 6 revela que o Brasil, juntamente com outros quatro países, foi considerado como área com altas taxas de mortalidade por causas externas (acidentes e violências) na população total (acima de 70 óbitos por 100.000 habitantes), sendo que os homicídios e acidentes de trânsito são os componentes principais. Os acidentes de trânsito aumentaram em 24% na população total entre 1980 a 1995. Alguns fatores têm sido destacados na literatura médica como determinantes da origem e da gravidade dos acidentes de trânsito. Dentre esses, são freqüentemente citados a idade, o gênero, as condições socioeconômicas, o desrespeito à legislação de trânsito especialmente o abuso de velocidade e o consumo de bebidas alcoólicas previamente à direção de veículos automotores, associados, em geral, a uma inadequada fiscalização do trânsito 7, 8. A alta incidência de vítimas jovens, em diversas sociedades, vem sendo relacionada à falta de experiência na condução de veículos, além de características próprias da juventude, como a impulsividade e a necessidade de auto-afirmação perante o grupo de pares. Como agravante, os jovens, geralmente, consomem mais freqüentemente bebidas alcoólicas e drogas do que os adultos, bem como tendem a exceder mais os limites de velocidade e a desrespeitar outras normas de segurança no trânsito, o que, sabidamente, aumenta as chances de ocorrência de acidentes 9, 7. No Brasil, os acidentes de trânsito têm crescido em todos os grupos de adolescentes e jovens. O grupo de homens de 15 a 19 anos sofreu, no período de 1980 a 1995, um aumento das taxas de mortalidade por acidentes de trânsito em 33% e em 28% das mulheres desta faixa etária 6. Fontes de Dados De todas as fontes, relativas a estudos de acidentes de trânsito, os dados relacionados à mortalidade são os mais coletados e, dentre todos, os mais disponíveis. As estatísticas de mortalidade por estas causas são, assim, a medida mais utilizada para se conhecer a magnitude da violência em nosso meio. No entanto, estas representam apenas a ponta do

38 revista abramet Volume 26, nº1, 2008 iceberg no qual o problema se constitui. Para obtenção desses dados, tem-se no, Brasil, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), implantado em 1976 pelo Ministério da Saúde (MS) e que tem, na Declaração de Óbito (DO), o instrumento de entrada no sistema 10, 11, 1. Existem poucos estudos publicados acerca da magnitude da violência sobre eventos que não levam a óbito e a utilização de bases de dados secundários ainda é pouco freqüente no Brasil. Contudo, esses se têm constituído em demanda significativa do atendimento das emergências hospitalares 12, 10, sendo responsáveis por gastos absolutamente não desprezíveis do setor saúde As estatísticas de morbidade são importantes, pois possibilitam estimar a incidência e a prevalência desses agravos em uma dada população de interesse. Sua obtenção, entretanto, é mais difícil se comparada à de mortalidade, pois há necessidade de consulta a inúmeras fontes. No Brasil, referente à morbidade hospitalar, tem-se no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) sua principal fonte, que, apesar das limitações de seus dados, é bastante útil para avaliação dos serviços hospitalares, estudos epidemiológicos e atividades de vigilância em saúde. Objetivos 1. Objetivo Geral Analisar as características dos acidentes de transportes terrestres e suas vítimas no Município de Cuiabá, Mato Grosso. 2. Objetivos específicos 1. Analisar as características da mortalidade por acidentes de transportes terrestres 2. Caracterizar a morbidade por acidentes de transportes terrestres. 3. Identificar as vítimas que foram a óbito por acidentes de transporte. 4. Identificar as vítimas hospitalizadas por acidentes de transporte, no SUS/Cuiabá. 5. Caracterizar as vítimas e os eventos da demanda das unidades de urgência e emergência do SUS/Cuiabá. 3. Metodologia Para o estudo de mortalidade foram obtidos os dados do SIM/MS, disponíveis em CD-ROM referente aos anos de 1980 a 2005. No estudo de morbidade hospitalar foram utilizados os dados do SIH/ SUS no período de 1998 a 2006 e para o estudo da demanda das unidades de urgência e emergência foi utilizado o banco de dados construído para esse fim, referente aos meses de maio a junho de 2005 13, já que não se dispõe de informação sistematizada desses eventos. Neste estudo, foram adotados os conceitos e definições estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde, na CID 10 3. Acidentes de transporte foram considerados todos os eventos classificados nas categorias V01 a V99 da CID-10 3 e como acidente de transporte terrestre (ATT), os códigos V01 a V89 da CID-10 3. As variáveis estudadas em relação às vítimas foram: sexo, idade (agrupada em faixas etárias decenais) e tipo de vítima (caracterizado pelo papel desempenhado pela vítima no momento do acidente, de acordo com o capítulo XX, códigos de V01 a V89 da CID-10) 3. 4. Resultados 4.1. Mortalidade A análise dos coeficientes de mortalidade (óbitos/100.000 habitantes) por acidente de transporte no período de 1980 a 2005 indica uma redução dessas mortes em Cuiabá, a partir de 1987 até 1994; no entanto, a partir de 1995, apresentam um comportamento de queda, no início e elevação posterior. No período foram registradas 2.282 mortes por acidentes de transportes, sendo que 98,1% foram acidentes de transporte terrestres (ATT). A figura 1 mostra a evolução do coeficiente de mortalidade em Cuiabá, Mato Grosso e Brasil no pe-

acidentes de transporte em cuiabá, Mato grosso MorBi-Mortalidade ligia regina de oliveira e maria HelenA PrAdo de mello Jorge 39 ríodo de 1980 a 2005, evidenciando que os o risco de morrer por acidentes de transporte em Cuiabá é maior que a média do país, exceto no período de 1988 a 1994 e nos anos de 1997 e 1998. No Estado de Mato Grosso é possível ver as taxas mais elevadas. Figura 1. Taxa de mortalidade (por cem mil habitantes) por acidentes de transporte. Cuiabá, Mato Grosso e Brasil, 1980 a 2005. No ano de 2005 foram registrados 130 óbitos por acidentes de transporte em Cuiabá representando cerca de 28% do total de mortes por causas externas e 5,2% do total dos óbitos. Destes, 127 mortes foram por acidentes de transporte terrestre (ATT), representando um coeficiente de 23,8/100.000 habitantes, bem mais elevado que o do Brasil (19,4), no mesmo ano 14. Segundo Mello Jorge e Koizumi, o Estado de Mato Grosso obteve o maior coeficiente de mortalidade por ATT entre as Unidades da Federação (32,1/100.000 habitantes) 14. Do total dos óbitos por ATT, 73,2% eram de pessoas do sexo masculino, dando uma razão de 2,9 mortes em homens para cada morte em mulheres; essa relação é menor que a encontrada para o país em 2005 (4,5) 14 ; as taxas de mortalidade foram 35,7 óbitos/100.00 para o sexo masculino e 12,4/100.000 para sexo feminino. Cerca de 70% das mortes ocorre em adultos jo- vens, dados semelhantes aos do país, no qual 60% dos óbitos por ATT ocorreram nesse grupo (20 a 49 anos) 10 e as observadas em outros estudos15, 16, 17, 14. No entanto, as taxas de mortalidade por idade se apresentam mais elevada que o país em quase todas as faixas etárias, exceto em 10 a 19 anos 14 (Tabela 1). Quanto à qualidade da vítima, a maior parte dos óbitos foi de ocupantes de automóvel (32,3%) seguidos pelos pedestres (23,6%) e motociclistas (22,0%) (Figura 2). Esses resultados diferem dos dados do país, nos quais os pedestres são as maiores vítimas (28,4%) e os ocupantes de automóvel ocupam o terceiro lugar com 20,5% das mortes por ATT 5. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, nos Estados Unidos, as taxas de mortes de pedestres declinaram 41,0% de 1975 a 1997, mas ainda representam 13,0% do total de óbitos relacionados a acidentes de trânsito naquele país 18.

40 revista abramet Volume 26, nº1, 2008 Tabela 1. Mortes por ATT segundo faixa etária e qualidade da vítima (% e Taxa por cem mil habitantes). Cuiabá, 2005. Figura 2. Taxa de mortalidade por ATT segundo sexo e qualidade da vítima. Cuiabá, 2005. As taxas de mortalidade são sempre mais altas em homens, a razão M/F foi a mesma para ocupantes de automóvel, ciclistas e motociclistas (3,2), em pedestres foi de 2,9; no Brasil, em 2004, a razão M/F para ciclistas foi de 7,5 e para motociclistas 11,0, dados muito diferentes do encontrados em Cuiabá 14. A distribuição por faixa etária revela a importância dos ATT na mortalidade em todas as idades, embora se apresentem de forma diferenciada quanto a qualidade da vítima (Tabela 1). A maioria das mortes por ATT ocorreu em solteiros ou divorciados (62,2%) e pouco mais da metade em negros (53,2%). 4.2. Internações em hospitais SUS No período de 1998 a 2006 foram registradas 3.142 internações por lesões decorrentes de acidentes de transporte de residentes em Cuiabá, representando 19,2% do total de internações por causas externas. As taxas de internação oscilaram bastante durante o período, havendo um declínio nos anos de 2001

acidentes de transporte em cuiabá, Mato grosso MorBi-Mortalidade ligia regina de oliveira e maria HelenA PrAdo de mello Jorge 41 a 2003 e elevando-se novamente nos últimos três anos (Figura 3). No Brasi 13, as taxas de internação decorrente de lesões por acidentes de transporte são inferiores às encontradas em Cuiabá nesses últimos anos (61,5, 62,0 e 64,1/100.000 habitantes) enquanto que em Cuiabá foi de 74,2, 77,7 e 72,6/100.000 ha- bitantes respectivamente; o Estado de Mato Grosso também apresenta taxas inferiores às de Cuiabá 13. No período de 1998 a 2006, as taxas de internação por lesões decorrentes de ATT, em Cuiabá, mostraram-se sempre mais elevadas para o sexo masculino. Figura 3. Taxa de internação SUS por lesões decorrentes de ATT, segundo sexo. Cuiabá, 1998 a 2006. Em 2005, foram registradas 415 internações de lesões decorrentes de acidentes de transporte, sendo 406 (97,8%) acidentes de transporte terrestre (ATT). Dessas, cerca de 75% ocorreram em pessoas do sexo masculino, tendo, portanto, uma razão M/F de 3 internações em homens para cada internação em mulheres. As taxas de internação por lesões decorrentes de ATT de residentes em Cuiabá apresentam uma distribuição por faixa etária muito diferente da taxa do país, no ano de 2005 (Figura 4), em especial nos últimos grupos etários. Esses resultados podem ter sido influenciados pela estrutura etária da população: Cuiabá possui uma população mais jovem, com cerca de 60% na faixa etária de 15 a 49 anos e 5,7% de idosos enquanto que no Brasil, esses valores são de 54% e 8,5% respectivamente. Figura 4. Taxa de internação por lesões decorrentes de ATT, segundo faixa etária. Cuiabá e Brasil, 2005.

42 revista abramet Volume 26, nº1, 2008 As taxas de internação, em Cuiabá, são sempre mais altas em homens 2,7 internações no sexo masculino para cada internação no sexo feminino, valor menor que o país 3,4 14. Na Comunidade Européia, segundo Mattox et al., pessoas abaixo dos 45 anos respondem por 62,0% das hospitalizações por acidentes de transporte 17. Em Cuiabá, 71,0% das hospitalizações ocorreram na população menor de 40 anos. Ressalta-se que, do total de internações, cerca de 1/5 se deu em crianças e adolescentes (0 a 19 anos) e embora a taxa de internação entre adolescentes (10 a 19 anos) seja 47,0/100.000 habitantes, a do grupo com 15 a 19 anos é de 80,8/100.000. Figura 5. Taxa de internação SUS por ATT segundo sexo e qualidade da vítima. Cuiabá, 2005. O valor médio do custo da internação por lesões decorrentes de ATT no SUS variou de R$ 315,34 em 1998 a R$ 781,62 em 2006, dobrando seu valor no período, evidenciando o aumento dos gastos com internações por ATT. A média de permanência de internação foi de 6,8 dias e a taxa de mortalidade hospitalar de 4,7%, valores superiores aos das internações por lesões decorrentes de todas as causas externas que foram 5,9 dias e 3,7% respectivamente. Quanto à qualidade da vítima, os dados de internações decorrentes de ATT, em 2005, foram muito diferentes dos de mortalidade, como pode ser observado nas figuras 5 e 2, respectivamente. Enquanto as maiores vítimas de mortes são ocupantes de automóvel, nas internações prevalecem os ciclistas (21,0/100.000 habitantes) e pedestres (19,3/100.000); no Brasil, no mesmo ano, os pedestres (22,6/100.000) e motociclistas (16,6/100.000) foram as principais vítimas 14. O fato do número de internações por lesões decorrentes de ATT em ocupantes ser tão pequeno apenas um caso - pode sugerir erro da classificação da qualidade da vítima, registrando muitos desses eventos como outros. Enquanto a taxa em Cuiabá foi de 0,4/100000 habitantes, no Brasil foi de 7,9/100000 habitantes 14, reforçando a hipótese de erro no registro desse dado. Todas as vítimas classificadas como ocupantes eram do sexo masculino e a maior razão M/F ocorreu entre ciclistas (4,6) seguida de motociclistas (4,1). A distribuição das internações decorrentes de ATT segundo idade e qualidade da vítima mostrou que os principais eventos que levaram à internação de crianças e idosos foram os atropelamentos, onde as vítimas são qualificadas como pedestres. Cerca de 55% dos idosos e 42% das crianças internadas por lesões decorrentes de ATT eram pedestres. Nota-se que, tanto para ciclista, como para motociclistas, as maiores taxas de internação foram observadas nos grupos de 20 a 29, 30 a 39 e 40 a 49 anos.

acidentes de transporte em cuiabá, Mato grosso MorBi-Mortalidade ligia regina de oliveira e maria HelenA PrAdo de mello Jorge 43 Figura 6. Taxa de internação SUS por lesões decorrentes de ATT*, segundo idade e qualidade da vítima. Cuiabá, 2005. *excluídas as vítimas qualificadas como ocupantes e outros 4.3. Acidentes de transportes como demanda de unidades de emergência Dentre as 3.786 vítimas de acidentes e violência atendidas nas unidades de urgências e emergência de Cuiabá, no período de 1 de maio a 31 junho de 2005, 824 (21,8%) foram vítimas de lesões decorrentes de ATT (Figura 7), numa média de 13 vítimas de ATT/dia, valor acima do encontrado por Deslandes e Silva 8, em hospitais do Rio de Janeiro, onde a média foi de 10/dia. Figura 7. Vítimas atendidas (%) nas unidades de urgência e emergência, segundo tipo de causa externa. Cuiabá, maio a junho de 2005. A maior proporção (35,5%) de acidentes de transporte se deu nos finais de semana (sábado e domingo), corroborando com o encontrado em outros estudos 16, 12, 21. Assim como nas internações e na mortalidade, há predominância do sexo masculino. A razão de atendimento entre sexo masculino e feminino entre as vítimas de ATT atendidas nas unidades de urgência e emergência de Cuiabá foi de 2,6. Esse resultado é semelhante aos de diversos estudos nacionais que apontam a predominância do sexo masculino (acima de 60,0% do total) entre as vítimas de acidentes de trânsito 15, 21, 19, 20, 22. Os adultos jovens (20 a 39 anos) são as principais vítimas e corresponderam a 58,3% dos atendimentos. Cerca de 85% do total de pessoas atendidas nas unidades de urgência e emergência em Cuiabá, vítimas de lesões decorrentes de ATT, tinham menos de 40 anos. Diversas pesquisas nacionais têm resultados condizentes com os do presente estudo e relatam que cerca de 70,0% das vítimas de acidente de trânsito têm idade entre 10 e 39 anos. Pertencem, portanto, ao grupo de adolescentes e adultos jovens 15, 19, 16, 20, 22. Segundo Mattox et al., em países desenvolvidos, a maioria dos ferimentos não fatais por acidentes de trânsito também ocorre em jovens 17. Na Comunidade Européia, pessoas abaixo dos 45 anos respondem por 80,0% dos atendimentos nos setores de emergência dos hospitais 17. Os motociclistas foram as principais vítimas de ATT com quase metade (49,1%) dos atendimentos, resultados semelhantes ao encontrado por outros autores 15, 19, 16, 12. No entanto, os resultados deste estudo diferem de outros nacionais 15, 16, 9, em que o segundo principal grupo é representado pelos ocupantes de veículo (dentro de veículo fechado) e de estudos internacionais que apontam os ocupantes como o principal tipo de vítima 16, 23. Os acidentes de transporte foram, em relação ao tipo, subdivididos em: atropelamento, capotamento, colisão, queda e outros. Vale destacar que, no subgrupo queda, estão incluídos os acidentes classificados nas categorias V18, V28, V38 do capítulo XX

44 revista abramet Volume 26, nº1, 2008 da CID-10 3, tratando-se portanto de ciclistas, motociclistas ou ocupantes de triciclo motorizado traumatizados em um acidente de transporte sem colisão. A figura 8 mostra que grande parte das pessoas que sofreram algum tipo de acidente de transporte foi vítima de acidente sem colisão (41,8%) ou com colisão (40,2%). Esses achados são muito diferentes do encontrado em outro estudo 20, no qual os acidentes sem colisão corresponderam a 63,5% dos acidentes de transporte; no entanto, o autor justifica o alto percentual desses eventos devido à importância de bicicletas como meio de locomoção no município onde foi realizado o estudo. Os motociclistas (60,2%) e ciclistas (32,5%) são as principais vítimas de acidentes de transporte sem colisão. Figura 8. Vítimas de acidentes de transporte (%) atendidas nas unidades de urgência e emergência segundo o tipo de acidente. Cuiabá, maio a junho de 2005. A análise segundo sexo e tipo de acidente de transporte mostra valores distintos entre os diferentes tipos: nas quedas a relação M/F foi de 3,0; nas colisões de 2,7; nos atropelamentos, 1,4 e nos capotamentos, 1,2. O Código de Trânsito Brasileiro 24 em seus artigos 54, 55 e 65 determina o uso de equipamentos de segurança para condutores e passageiros de motoci- cleta e para condutores e passageiros de automóveis em todas as vias do território nacional. Neste estudo, 74,4% das vítimas afirmaram ter utilizado equipamentos de proteção. O uso de capacete foi referido por 95,5% das vítimas e de cinto de segurança por 71,4% dos condutores de automóveis. No entanto, deve ser destacado que apenas pouco mais da metade das vítimas forneceu essa informação quando de seu atendimento na Unidade de Urgência e Emergência. O estudo revelou ainda que foram identificados como acidentes de trabalho 19,0% dos acidentes de transporte, excluindo-se os registros desses eventos onde não foi informada a condição de trabalho. Esses valores apontam para a importância desse dado para o monitoramento dos acidentes de trabalho, haja vista a subnotificação existente no país. 5. Conclusões e algumas recomendações O problema dos acidentes de transporte tem sido incorporado ao cotidiano da vida das pessoas, silenciosa e assustadoramente. Conhecer melhor essa realidade, criando subsídios para a tomada de decisões e implementação de ações é o primeiro passo para a mudança dessa situação. Os resultados deste estudo apontam os acidentes de transporte terrestre como um problema prioritário de saúde em Cuiabá, pois além de representativos na mortalidade, são também responsáveis por grande parte das internações hospitalares e de atendimentos em unidades de urgência e emergência no Município, situação que este trabalho foi capaz de levantar com metodologia própria e adequada para o estudo de tal situação. Importante destacar que os perfis de morbimortalidade por acidentes de transporte terrestre são distintos entre si, devendo esse fato ser levado em conta na definição de metas e estratégias de ações de prevenção e controle. Apesar de algumas limitações, este estudo forneceu informações importantes sobre os tipos e grupos de risco de acidentes de transporte terrestre, que poderão subsidiar ações preventivas e de controle des-

acidentes de transporte em cuiabá, Mato grosso MorBi-Mortalidade ligia regina de oliveira e maria HelenA PrAdo de mello Jorge 45 ses eventos. Nesse sentido, fica evidente a necessidade de implementar programas de educação para o trânsito direcionados aos grupos de riscos revelados por esse estudo. Ir além da ação sobre o indivíduo e desenvolver ações governamentais, intersetoriais, que contemplem a prevenção dos acidentes de transporte terrestres em todos os seus aspectos, deve ser uma das principais metas para se obter sucesso na redução da morbimortalidade por essas causas no Município de Cuiabá. Referências 1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2005: uma análise da situação de saúde. Brasília, DF; 2005. 2. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria GM 737, de 16 de maio de 2001. Aprova a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Diário Oficial União. 18 maio 2001; Seção 1e. 3. Organização Mundial da Saúde. Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à Saúde. 10ª rev. São Paulo: CBCD; 1995. 4. Ministério da Justiça. DENATRAN. Instrução básica de estatística para o trânsito. Brasília, DF; 2001. 5. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Mortalidade por Acidentes de Transporte Terrestres no Brasil. Brasília, DF; 2007. Série G Estatística e Informação em Saúde. 6. Carvalheiro JR. Mortes violentas: epidemia do terceiro milênio? Rev Bras Epidemiol. 1999; 2: 99-101. 7. Shibata A, Fukuda K. Risk factors of fatality in motor vehicle traffic accidents. Accid Anal Prev. 1994; 26:391-7. 8. Hasselberg M, Laflamme L, Weitoft GR. Socioeconomic differences in road traffic injuries during childhood and youth: a closer look at different kinds of road user. J Epidemiol Community Health. 2001;55:858-62. 9. Longo MC, Hunter CE, Lokan RJ, White JM, White MA. The prevalence of alcohol, cannabinoids, benzodiazepines and stimulants amongst injured drivers and their role in driver culpability. Part I: the prevalence of drug use in drivers, and characteristics of the drug-positive group. Accid Anal Prev. 2000;32:613-22. 10. Koizumi MS, Mello Jorge MHP. Gastos governamentais do SUS com internações hospitalares por causas externas: análise no Estado de São Paulo, 2000. Rev Bras Epidemiol. 2004;7:228-38. 11. Mello Jorge MHP, Cascão AM, Silva RC. Acidentes e violências: um guia para o aprimoramento da qualidade de sua informação. São Paulo: MS/USP/OPS/OMS; 2003. Série divulgação v 10. 12. Deslandes SF, Silva CMFP. Análise da morbidade hospitalar por acidentes de trânsito em hospitais públicos do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Rev Saúde Pública. 2000;34:367-72. 13. Oliveira LR. Subsídios para implantação de um Sistema de Vigilância de Causas Externas no município de Cuiabá/Mato Grosso [tese de doutorado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2007. 14. Mello Jorge MHP, Koizumi MS. Acidentes de trânsito no Brasil: um atlas de sua distribuição. São Paulo: ABRAMET; 2007. 15. Andrade SM, Mello Jorge MHP. Características das vítimas por acidentes de transporte terrestre em município da Região Sul do Brasil. Rev Saúde Pública. 2000;34:149-56. 16. Bastos YGL, Andrade SM, Soares DA. Características dos acidentes de trânsito e das vítimas atendidas em serviço préhospitalar em cidade do Sul do Brasil, 1997/2000. Cad. Saúde Pública. 2005;21:815-822. 17. Mattox KL, Feliciano DV, Moore EE. Trauma. New York: McGraw-Hill; 2000. 18. Centers for Disease Control and Prevention. Motorvehicle safety: a 20th century public health achievement. JAMA. 1999;281:2080-2. 19. Bastos YGL, Andrade SM, Cordoni Jr L. Acidentes de trânsito e o novo Código de Trânsito Brasileiro em cidade da Região Sul do Brasil. Inf Epidemiol SUS. 1999;8:37-45. 20. Mesquita Filho M. A morbidade por acidentes de trânsito em Pouso Alegre, Minas Gerais [dissertação de mestrado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1998. 21. Barros AJD, Amaral RL, Oliveira MSB, Lima SC, Gonçalves EV. Acidentes com vítimas: sub-registro, caracterização e letalidade. Cad Saúde Pública. 2003;19:979-86. 22. Ott ALF, Favaretto ALF, Neto AFPR, Zechin JG, Bordin R. Acidentes de trânsito em área metropolitana da região Sul do Brasil: caracterização das vítimas e das lesões. Rev Saúde Pública. 1993;27:350-6. 23. Murray A. The home and school background of young drivers involved in traffic accidents. Accid Anal Prev. 1998; 29:169-82. 24. Brasil. Lei nº9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro [acesso em 20 set 2007]. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/l9503.htm