ALTERNATIVA PARA DESINFECÇÃO E RECICLAGEM DE SACOS PLÁSTICOS UTILIZADOS PARA O ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSSS)

Documentos relacionados
10º Encontro de Higienização e Lavanderia Hospitalar da Região Sul AÇÃO DESINFETANTE NO PROCESSO DE LAVAGEM EM ROUPAS HOSPITALARES

Procedimento Operacional Padrão FMUSP - HC. Faculdade de Medicina da USP Diretoria Executiva da FMUSP e Diretoria Executiva dos LIMs

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

Manejo dos resíduos gerados na assistência ao paciente com suspeita ou confirmação de contaminação pelo vírus Ebola. Enfª Marília Ferraz

Desinfecção de Cepas de Mycobacterium Tuberculosis proveniente de Isolados Clínicos de Indivíduos com Tuberculose

11º ENTEC Encontro de Tecnologia: 16 de outubro a 30 de novembro de 2017

Resíduos de Serviços de Saúde RSS

INFLUENZA A(H1N1) PROTOCOLO DE PROCEDIMENTOS MANEJO DE RESÍDUOS NA REDE MUNICIPAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS SERVIÇO DE SAÚDE/BIOTÉRIO BIOTÉRIO BIODINAMICA INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS CAMPUS DE RIO CLARO/SP

Como estamos fazendo a gestão dos RSS no Centro de Assistência Odontológica à Pessoa com Deficiência (CAOE): reflexão e orientação

Manual. Resíduos Infectantes DGA. Diretoria de Gestão Ambiental

Manual. Resíduos Infectantes DGA. Diretoria de Gestão Ambiental

SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE PGRSS IPTSP/UFG

BIOSSEGURANÇA. Diogo Domingues Sousa Gerente de Segurança e Saúde Ocupacional

Comissão de Biossegurança do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo

DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE NOS LABORATÓRIOS DE ANÁLISE CLÍNICA DO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BAHIA

O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS PERFURO CORTANTES NOS HOSPITAIS PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO - RO

RSS - TERMINOLOGIA - GERENCIAMENTO INTRA - ESTABELECIMENTO ABNT NBR ABNT NBR Angela Maria Magosso Takayanagui

BRASIL 30/05/2019. RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS)-Conceito e Bases para seu Gerenciamento DENOMINAÇÃO RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SÃO FRANCISCO DE PAULA - MELHORIAS PARA QUALIDADE

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DE MESAS DE MANIPULAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DO IFMG CAMPUS BAMBUÍ RESUMO

HOSPITAL PUC-CAMPINAS PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS COM IMPACTO AMBIENTAL E FINANCEIRO EM SERVIÇOS DE SAÚDE

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE

BRASIL RSS - GRUPOS 04/04/2017. RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS)-Conceito e Bases para seu Gerenciamento DENOMINAÇÃO

ENFERMAGEM BIOSSEGURANÇA. Parte 4. Profª. Tatiane da Silva Campos

Procedimento Operacional Padrão (POP) Centro de Educação e Pesquisa em Enfermagem Título Limpeza das ambulâncias e equipamentos

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: CONHECIMENTO DOS AGENTES DE LIMPEZA

Decreto de Regulamentação da Lei: DECRETO ESTADUAL n DE 03/12/02.

HOSPITAL E MATERNIDADE CELSO PIERRO HOSPITAL DA PUC CAMPINAS

Desinfecção de alto nível: Desinfecção de médio nível: Desinfecção de baixo nível:

8. Gestão de Resíduos Especiais. Roseane Maria Garcia Lopes de Souza. Há riscos no manejo de resíduos de serviços de saúde?

COMO DEFINIR PRODUTOS E PRIORIDADES PARA LIMPEZA DO AMBIENTE

TERMO DE REFERÊNCIA PARA APRESENTAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PARANAVAÍ ESTADO DO PARANÁ

2. LOCAL DE APLICAÇÃO

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS

Manual de orientação para descarte de resíduos biológicos dentro da Universidade de Brasília

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE JALECOS UTILIZADOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE SERVIÇOS DE SAÚDE

26 a 29 de novembro de 2013 Campus de Palmas

DIAGNÓSTICO DAS UNIDADES DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA PB QUANTO AOS SEUS RESÍDUOS

Eixo Temático ET Gestão Ambiental GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS BIOLÓGICOS E PERFUROCORTANTES EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE PERNAMBUCO

Processamento de artigos em Serviços de Saúde. Parte 2. Maria Clara Padoveze Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo Brasil

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

BIOSSEGURANÇA DO PROFISSIONAL DE LAVANDERIAS: ÁREA CONTAMINADA X ÁREA LIMPA. Profa. Dra. Teresinha Covas

O conteúdo desse procedimento é válido para o Laboratório do Instituto SENAI de Inovação em Engenharia de Polímeros.

DIAGNÓSTICO E PROPOSIÇÕES DE MELHORIA PARA A SITUAÇÃO DO LIXO SÉPTICO DOS POSTOS DE SAÚDE DE NATAL

Carência no armazenamento, gerenciamento e destinação do lixo hospitalar em um Município da região de Maringá-PR

Os métodos e procedimentos de análise dos contaminantes gasosos estão fixados na Norma Regulamentadora - NR 15.

3º. A excepcionalidade prevista no 1º deste artigo não se aplica aos resíduos orgânicos industriais.

MICROPROPAGAÇÃO A DESINFECÇÃO DOS INSTRUMENTOS

Disciplina: Tratamento de Resíduos Sólidos e Elfuentes Gasosos. 5 Tratamento. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Março de 2016.

Resíduos Sanitários. RDC 306 e a CONAMA 358. Profº Tiago Moreira Cunha

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

ENFERMAGEM BIOSSEGURANÇA. Parte 18. Profª. Tatiane da Silva Campos

Metas de Segurança do Paciente A importância do Médico

Rejeitos como desafio de uma política de Biossegurança

V Seminário TSPV Trabalhador Saudável Paciente Vivo. Realidade Atual. Luiz Carlos da Fonseca e Silva

TECNOLOGIA APLICADA AS ÁREAS DE APOIO HOSPITALAR

RESÍDUO DO SERVIÇO DE SAÚDE STERLIX AMBIENTAL TRATAMENTO DE RESÍDUOS LTDA - ENG.AMBIENTAL GESUALDO DELFINO DE MORAES

Administração e Gestão Farmacêutica. Josiane, Mônica, Tamara Agosto 2014

Análise Técnica. Segurança Microbiológica de Molhos Comercializados em Embalagens Tipo Sache: Avaliação de um Abridor de Embalagens

GERMES MULTIRRESISTENTES E O USO DE SANEANTES NA UNIDADE DO PACIENTE

Dr NEILA CRISTINA FREITAS MAIA HOSPITAL E CLÍNICA VETERINÁRIA ZOOVET

Ações da Anvisa na segurança dos serviços de saúde"

ROUPAS E RESÍDUOS: CIRCUITOS DE SUJOS E LIMPOS. Ana Garrido - GCL PPCIRA Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

LIMPEZA E SANITIZAÇÃO EM MICROCERVEJARIAS

DIFICULDADES E DESAFIOS NO GERENCIAMENTO INTEGRADO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE 1

RSS CLASSIFICAÇÃO (CONAMA 358/2005)

WORKSHOP PARA USUÁRIOS Convênio FNS/USP 2209/2008

II ESTUDO DA TERMORESISTÊNCIA DE OVOS DE HELMINTOS, COLIFORMES TERMOTOLERANTES E Escherichia coli.

POTENCIAL ANTIBIÓTICO DE EXTRATO AQUOSO DE CASCAS DE CAJUEIRO SOBRE BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORMES PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

ANÁLISE DAGESTÃO E GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS) E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

06/10/2017. Microbiologia da água

Gestão de resíduos de saúde e da segurança do trabalho

Esclarecimentos sobre a Resolução RDC nº. 14/07

Microbiologia ambiental 30/09/201 4

Resíduos Resultantes das Atividades de Vacinação RDC/ANVISA Nº 306, de 7 de Dezembro/2004 Resolução CONAMA Nº 358, de 29 de Abril/2005

Plano de Gerenciamento de Resíduos

MODELO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE PGRSS.

III-074 DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE PROVENIENTES DE HOSPITAIS E CLÍNICAS MÉDICAS DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA PB

PROCEDIMENTO PARA ACONDICIONAMENTO E SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS DOS GRUPOS A e E Prefeitura do Campus USP Fernando Costa (PUSP-FC)

TERMO DE REFERÊNCIA PARA APRESENTAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE CURITIBA

Resíduos de Laboratório

Métodos de Monitoramento e Controle de Sistemas de Tratamento de Resíduos de Serviços de Saúde

NORMAS GERAIS PARA DESCARTE DE RESÍDUOS NO ICB

Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde - RSS Robson Carlos Monteiro

Seminários 2013 Resíduos Hospitalares. ActivapTM e Polygiene Tecnologias Inovadoras na prevenção de infeções António Santos

Diagnostic of solid waste service hospital for small generator

Tecnologia de Bioprocesso e Biotecnologia. Uso do hipoclorito de sódio como agente antimicrobiano nas escovas de dente

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE ESPONJAS UTILIZADAS NA HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DE COZINHA DE RESTAURANTES DO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO

INVESTIGAÇÃO DE SURTOS EM DESENVOLVIDAS PELA ANVISA

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM ESTRATEGIA DE SAÚDE DA FAMILIA

Disciplina: Manejo de Resíduos Sólidos. 5 Tratamento. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Agosto de 2018.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO PARECER COREN-SP CAT Nº 010 / 2010

Descarte de Materiais. Profª Soraya Ferreira Habr

Transcrição:

ALTERNATIVA PARA DESINFECÇÃO E RECICLAGEM DE SACOS PLÁSTICOS UTILIZADOS PARA O ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSSS) Francisco José Moreira Chaves 1 Messias Borges Silva 2 Palavras-chave: Desinfecção, reciclagem, resíduo, saco plástico, ácido peracético. 1 INTRODUÇÃO A crescente consciência sobre os ricos a saúde publica e ao ambiente, provocados por resíduos sólidos de serviços de saúde (RSSS), deve-se principalmente, as sua frações infectantes. Surpreendentemente, no Brasil, há mais de 30 mil unidades de saúde produzindo esses resíduos, e na maioria das cidades, a questão do manuseio e da disposição final não está resolvida. Os resíduos de serviço de saúde (RSS) são de natureza heterogênea, portanto é necessária uma classificação para a segregação desses resíduos. Pela Resolução CONAMA N 358/2005 e pela Resolução ANVISA RDC N 306/2004 os RSSS são classificados em resíduos do grupo A, B, C, D e E. Essa Resolução ANVISA, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, estabelece de forma geral, que o sistema de tratamento dos resíduos Grupo A (resíduos com possível presença de agentes biológicos que por sua característica de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção), 1 Universidade de León, Fundação Universitária Iberoamericana Funiber - francisco@iaap.org.br 2 Professor Doutor - Universidade de León, Fundação Universitária Iberoamericana Funiber 1591

e os de Grupo E (materiais perfurocortantes ou escarificantes), ambos devem contemplar a redução de carga microbiana em equipamento compatível com a inativação microbiana, ou seja, inativação de bactérias vegetativas, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos parasitas e micobactérias. Independente da tecnologia a ser adota para o tratamento do resíduo, este tratamento terá que atender às seguintes condições: reduzir ou eliminar a carga microbiana; atender aos padrões estabelecidos pelo órgão de controle ambiental; ser um empreendimento ambientalmente correto e economicamente viável (RUSSO, 2003). 2 OBJETIVO GERAL Desinfecção química de sacos plásticos utilizados para o acondicionamento de resíduos sólidos de serviços de saúde (RSSS), buscando assegurar as condições ou premissas técnicas para reciclagem. 3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Demonstrar os sacos plásticos utilizados em serviços de atendimento a saúde para atividades hospitalares, como A4, Item 5 da alínea d, do Item I Grupo A do Anexo I da Resolução CONAMA 358/2005; submeter amostras de sacos plásticos utilizados como recipientes de RSSS ao processo de desinfecção química por imersão em solução de ácido peracético; comprovar a eficácia do ácido peracético como desinfetante químico de alto nível através da ausência dos microrganismos Escherichia coli e Staphylococcus aureus presentes nos sacos plásticos; sugerir o encaminhamento do resíduo de plástico desinfetado para sistemas de reciclagem, proporcionando uma destinação ambientalmente correta. 4 METODOLOGIA O trabalho experimental consistiu de ensaios de desinfecção em escala de laboratório, por processo seqüencial ou batelada, onde amostras de sacos plásticos foram submersas por períodos distintos, de 30 ou 45 minutos, em solução de ácido peracético com concentrações de 0,1% ou 0,25%, e submetidos ou não a agitação mecânica intermitente. A partir destes experimentos obtem-se como resultados esperados, a serem obtidos pelo 1592

processo de desinfecção proposto, a ausência ou a redução significativa das unidades formadoras de colônias (UFCs) dos microrganismos Escherichia coli e Staphylococcus aureus, quando estes se encontravam presentes nas amostras. Na análise dos dados foram utilizados métodos estatísticos que permitirão maior objetividade à tomada de decisão. A escolha dos microrganismos foi definida a partir de revisão da literatura, sendo utilizadas informações especificas sobre a caracterização microbiológica de RSSS, e a avaliação de riscos de contaminação destes resíduos no ambiente. As amostras de sacos plásticos (Plast Bag), tipo Hamper, (Polietileno de Alta Densidade) foram fornecidas pela empresa ATMOSFERA SA, empresa de gestão e higienização de têxtil de hospitais, indústrias, e hotelaria, localizada na cidade de Jundiaí, SP. Estes sacos plásticos são utilizados por hospitais para acondicionar e transportar rouparias sujas oriundas de centros cirúrgicos incluindo: roupas de pacientes, lençóis, fronhas, toalhas, jalecos. Os sacos plásticos (Plast Bag), por sua descrição e características físicas podem ser classificados como Resíduos de Classe A4 Item 5, com base no Anexo I da Resolução CONAMA N 358 de 29/04/2005. Todos os procedimentos descritos foram realizados no Laboratório de Microbiologia da empresa GESCO Projetos, Comércio e Representações Ltda, o qual é credenciado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) do Estado do Rio de Janeiro. Os profissionais que atuaram na realização dos experimentos são qualificados e treinados, e devidamente registrados nos seus respectivos órgãos de classe (Conselho Regional de Biologia e Conselho Regional de Química). 5 RESULTADOS Para estes ensaios preliminares foram fornecidas pela empresa ATMOSFERA SA um total de 30 amostras de sacos plásticos, sendo que dentre estas 24 amostras foram submetidas aos experimentos de desinfecção química por imersão. Após o processo de extração da carga microbiana, antes da desinfecção das 24 amostras de sacos plásticos utilizadas, todas apresentaram resultados positivos para UFCs da espécie bacteriana Staphylococcus aureus. Com relação à bactéria Escherichia 1593

coli, todas as 24 amostras apresentaram resultado negativo quanto ao crescimento de UFCs. O resultado para o teste de controle confirmou a presença de S. aureus com UFCs similares, e ausência de E. coli, antes e depois deste teste, fato que ratifica que apenas a água clorada não tem função como agente desinfetante neste processo. O resultado para o teste negativo de bancada confirmou a ausência de ambas as espécies bacterianas, S. aureus e E. coli. Foram realizados oito experimentos, sendo cada um efetuado em triplicata em relação aos níveis ou variáveis de controle: concentração de ácido peracético, tempo de reação, agitação intermitente. De um total de 24 amostras experimentadas, nove amostras apresentaram desempenho de 100%, isto é, apresentaram inativação bacteriana total. Não houve evidência de colônias da bactéria Escherichia coli nas 24 as amostras de sacos plásticos, antes e depois, do processo de desinfecção por imersão. Com o uso do software STATISTICA 9.0, os dados obtidos nos experimentos delineados na Matriz de Experimentos projetada foram trabalhados estatisticamente com vistas a favorecer o entendimento de cada variável e da interação entre elas, na efetiva influência quanto às variáveis resposta dentro das condições tecnológicas estabelecidas. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos realizados demonstraram que os sacos plásticos, com leve suspeita de contaminação poderiam ser classificados como A4, Item 5 da alínea d do Item I Grupo A do Anexo I da resolução em pauta, e portanto não poderiam ser reciclados (Art. 20 da Resolução CONAMA 358/2005), podem ter tratamento alternativo visando sua reciclagem. O desenvolvimento de uma tecnologia de tratamento capaz de reduzir ou inativar microrganismos faz com que os resíduos pesquisados não constituam uma ameaça, mas sim, uma real oportunidade, que contempla os aspectos econômico, social e ambiental. 1594

O presente trabalho revela e esclarece a oportunidade de se adotar a desinfecção química como tecnologia de gestão de RSSS antes da hipótese de simples destinação final. Mediante os resultados obtidos recomendam-se para trabalhos futuros: - Estudar e realizar testes com mudanças de valores dos níveis de controles; - Estudar a hipótese de se incluir a variável temperatura; - Rever e delinear nova matriz de experimentos com base nas recomendações anteriores; - Estudar e definir a necessidade para se realizar análises microbiológicas de outras espécies; - Aprimorar e consolidar os procedimentos operacionais para a escala industrial; - Realizar a análise econômica do empreendimento com definição prévia de capacidade instalada. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA. Resolução RDC nº 306, de 07-12-2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília, 2004. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Ministério do Meio Ambiente. Resolução nº 358/2005, de 29-04-2005. Dispõe sobre o tratamento e disposição final dos resíduos de serviços de saúde. Brasília, 2004, 4 p. RUSSO, M. A. Tratamento de Resíduos Sólidos. Coimbra: Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil. 2003. p.196. 1595