Monitoramento Socioambiental da Pecuária no Brasil

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Briefing sobre Produção e Compra Responsável do Proforest 09 Monitoramento Socioambiental da Pecuária no Brasil O setor de pecuária bovina brasileira tem desenvolvido iniciativas para melhorar sua eficiência produtiva e reduzir a pressão sobre os ecossistemas naturais, principalmente através de monitoramento e controle socioambientais para fornecedores diretos de gado e da promoção de boas práticas produtivas. Mesmo com avanços significativos, ainda há desafios a serem superados, dentre eles a implementação de cadeias de fornecimentos livres de desmatamento, trabalho escravo e outras práticas inaceitáveis. Os sistemas implementados pelos três maiores frigoríficos brasileiros para monitorar seus fornecedores na Amazônia foram os primeiros passos nesta direção. No entanto, atualmente apenas fornecedores diretos dos frigoríficos estão cobertos por esses sistemas, ou seja, de todas as fazendas por onde eventualmente um lote de gado tenha passado ao longo de suas diferentes fases de produção, somente a última é identificada e monitorada. Neste sentido, um dos maiores desafios ainda existentes está na a identificação de fornecedores indiretos de gado aos frigoríficos. A boa notícia é que, usando-se as mesmas ferramentas já existentes, é possível ampliar o alcance dos sistemas de monitoramento. Pontos-chave A rastreabilidade no Brasil é uma questão desafiadora, já que o gado pode passar por várias fazendas diferentes desde seu nascimento até o abate, ou seja, os frigoríficos possuem vários fornecedores indiretos. Existem várias ferramentas disponíveis para ajudar os frigoríficos a verificar seus fornecedores diretos de gado em relação ao atendimento a critérios de compra, incluindo as de monitoramento socioambiental e de rastreabilidade, como a Guia de Trânsito Animal GTA. Para incluir fornecedores indiretos de gado nos sistemas de rastreabilidade, a GTA deveria ser 100% digital, com maior transparência (acesso público), integrada ao CAR e com a lista dos números das GTAs anteriores.

Complexidade da cadeia No Brasil, a pecuária bovina de corte possui três fases de produção: cria, recria e engorda. As três fases podem ser realizadas em uma mesma fazenda (ciclo completo) ou em fazendas diferentes (ciclo parcial). De uma maneira simplificada, considerando-se as três fases, tem-se três níveis diferentes de alcance ou visibilidade de produtores, conforme Figura 1. Quanto mais fazendas o gado passa antes do abate, menor a visibilidade que o frigorífico tem de sua origem. Além das compras diretas de bezerros e bois magros de fazendas de cria e recria, as transações de gado ao longo da cadeia podem ainda envolver outros caminhos como leilões, transações entre produtores que utilizam o mesmo sistema, entre outros. Ou seja, para cada fornecedor direto, podem existir vários fornecedores indiretos, como visto na Figura 2. Fornecedores indiretos Fornecedores diretos Alcance / visibilidade nascimento Fazenda intermediária / confinamento Baixo Três ou mais fazendas antes do frigorífico Médio Duas ou mais fazendas antes do frigorífico Alto Uma fazenda antes do frigorífico Figura 1: Etapas de produção e níveis de alcance e visibilidade a partir do frigorífico Figura 2: Exemplo da complexidade da Cadeia: para cada fornecedor direto, podem existir vários indiretos. Ferramentas de monitoramento socioambiental e rastreabilidade Em 2009, os três maiores frigoríficos brasileiros se comprometeram junto ao Ministério Público Federal e ao Greenpeace a monitorar seus fornecedores visando garantir que o gado por eles comprado não provenha de áreas desmatadas na Amazônia, que não seja produzido em terras indígenas ou unidades de conservação, atenda ao Código Florestal Brasileiro, não esteja relacionado a conflitos agrários e ao trabalho escravo ou análogo à escravidão. Para implementar o compromisso, essas empresas passaram a utilizar ferramentas de: a) rastreabilidade (para identificar e localizar as fazendas de onde saem os lotes de gado comprados pelos frigoríficos); e b) de monitoramento socioambiental remoto (para verificar o cumprimento aos requisitos mínimos para compra de gado). Juntas, essas ferramentas formam um sistema cujo objetivo é bloquear fornecedores que não cumprem critérios mínimos de compra. 2 3

Ferramentas de monitoramento socioambiental remoto Ferramentas de rastreabilidade Coordenadas geográficas Número do CAR Ferramentas de geoprocessamento CAR/Código Florestal PRODES/DETER (desmatamento) Lista IBAMA (áreas protegidas) Lista MTE (trabalho escravo) Outras fontes de informação (terras indígenas; licenças ambientais estaduais; direitos de posse e uso das terras) Fazenda intermediária (recria) Provedor de serviços de monitoramento nascimento (cria e recria) (engorda) GTA fazenda final Compra do lote liberada Compra do lote bloqueada Sim Não A fazenda final atende aos critérios socioambientais para compra de gado? Figura 3: Esquema demonstrando como as ferramentas de rastreabilidade e monitoramento socioambiental são implementadas. Fontes de informação para monitoramento socioambiental remoto Ferramentas de rastreabilidade As principais fontes atualmente utilizadas para monitoramento socioambiental remoto são: Cadastro Ambiental Rural CAR: registro eletrônico obrigatório dos limites das propriedades rurais, formando a base de dados estratégica para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa. Lista de Áreas Embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA: lista pública de fazendas que possuem alguma infração à legislação ambiental e que foram proibidas de produzir até que regularizem sua situação; Lista Suja do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho e Emprego MTE: lista pública de fazendas autuadas em função de práticas caracterizadas como trabalho escravo ou análogo ao escravo. Mapas de localização de Terras Indígenas, Unidades de Conservação, Assentamentos e Quilombolas; imagens de satélite e informações do DETER e PRODES para monitorar desmatamento na Amazônia: informações públicas e oficiais disponibilizadas por organizações governamentais. Para áreas fora do bioma Amazônia, o monitoramento do desmatamento também pode ser realizado através de imagens de satélite adquiridas junto a provedores deste tipo de serviço, ou de novas ferramentas já disponíveis, como o MapBiomas, ou em desenvolvimento, como PRODES Cerrado. A maior parte dessas fontes pode cobrir toda a cadeia de fornecimento de frigoríficos, independentemente de sua complexidade ou localização, desde que fornecidas as informações sobre as origens do gado (fazendas). Porém, é justamente na rastreabilidade onde se encontra a maior limitação. 1 Toda comunidade negra rural que agrupe descendentes de escravos, vivendo de cultura de subsistência e onde as manifestações culturais têm forte vínculo com o passado. 2 Detecção de Desmatamentos em Tempo Real. Sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal ilegais pelo IBAMA. (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). 3 Programa de Cálculo do Desmatamento da Amazônia Brasileira (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A rastreabilidade por lotes é o principal sistema utilizado no Brasil para registro da movimentação do gado para fins de controle sanitário, por meio da Guia de Trânsito Animal GTA, que acompanha o lote de gado durante seu transporte. Todos os lotes de gado recebidos pelos frigoríficos são acompanhados de GTAs, que informam a fazenda de onde o lote procede. No entanto, caso determinado A para B B para C Fazenda A Fazenda B Fazenda C lote ou parte dele tenha passado por outras fazendas ao longo de seu período de produção, a GTA não conterá esta informação. A falta do histórico das fazendas por onde os animais de cada lote passaram antes de chegar ao frigorífico é a principal limitação da GTA como ferramenta de rastreabilidade para fins de monitoramento socioambiental. C para o Figura 4: Esquema demonstrando a emissão de GTA. Neste exemplo, o frigorífico receberá uma GTA informando que a origem do lote de gado é a fazenda C, apenas. 4 5

Como incluir fornecedores indiretos nos sistemas de rastreabilidade? Mesmo com limitações, a GTA combinada com outras ferramentas possui um enorme potencial para ampliar o alcance do monitoramento socioambiental a fornecedores indiretos de gado. Para tanto, o ideal é que a GTA seja: 100% Digital: a GTA eletrônica GTAe está implementada em todos os estados do Brasil, porém alguns também operam com GTAs em papel quando ocorrem erros no sistema digital. Acessível: é essencial que pelo menos o frigorífico tenha livre acesso a todas as GTAs geradas ao longo das fases de produção do gado. Atualmente o acesso à GTA só é possível se cada produtor fornecer o código de acesso ao frigorífico. Integrada: sendo o CAR o principal instrumento para demonstrar o atendimento ao Código Florestal Brasileiro, é importante que sua base de dados possa ser cruzada com os dados presentes nas GTAs, o que já acontece no estado do Pará, por exemplo, onde a GTA só deve ser emitida se a propriedade de origem estiver cadastrada no CAR. Ligada a GTAs anteriores: cada GTA deveria trazer a lista dos números das GTAs anteriores, permitindo assim identificar todas as fazendas por onde os animais dos lotes de gado passaram antes de chegar aos frigoríficos. Um mecanismo que pode ser utilizado para a operacionalização de GTAe, interligada a GTAs anteriores, integrada ao CAR e com acesso público, é a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), que agrega dados de GTAs e é administrada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Brasil possui um bom sistema de rastreabilidade individual - SISBOV, que permite o rastreamento do animal desde o nascimento até o abate. No entanto, devido a um histórico de dificuldades em sua implementação, atualmente o SISBOV é utilizado apenas em alguns casos, como requisitos para exportação de carne ou em linhas de produtos diferenciados, por exemplo. A para B Fazenda A B para C Fazenda B C para o Fazenda C Figura 5: Esquema demonstrando o histórico de GTAs. Neste exemplo, a GTA final recebida pelo frigorífico conteria a informação de todas as fazendas por onde os animais do lote passaram. Análises de risco Ainda que o alcance do sistema de monitoramento de determinado frigorífico não seja de 100% da base de fornecimento, a PGA poderia ser utilizada para, com base em uma análise de riscos, implementar protocolos de monitoramento socioambiental adaptados de acordo com cada situação. Uma análise de riscos permite concentrar esforços para aprofundar a rastreabilidade e implementar monitoramento individual remoto onde há mais risco, ao invés de pulverizar esforços para identificar fornecedores indiretos onde há baixo risco de descumprimento das políticas de compra. 0 Abatedouro Limites da fazenda Área de fornecimento do abatedouro Floresta primária Área protegida Desmatamento 15 30 60 90 120 Kilometers Floresta primária Desmatamento Figura 6: Exemplo de análise de riscos remota 6 7

Grupo de Trabalho de Fornecedores Indiretos - GTFI Liderado pela Amigos da Terra Amazônia Brasileira e pela National Wildlife Federation (NWF), o GTFI é um grupo multistakeholder que tem por objetivo alinhar políticas já existentes e discutir ferramentas para monitoramento da cadeia produtiva da pecuária bovina no Brasil. Com base nos resultados de um estudo realizado pelo Proforest em 2016, a pedido do WWF Brasil, o GTFI definiu uma estratégia para avançar em relação ao alcance de fornecedores indiretos, o que inclui a elaboração de um protocolo voluntário de compra contemplando o uso de GTAe interligada e integrada ao CAR. O protocolo proposto pelo GTFI está sendo validado por alguns stakeholders e será testado ao longo de 2017 para provar o conceito e entender como os diferentes elos da cadeia podem colaborar nesse desafio. Além do desenvolvimento e implementação protocolo, outros desafios a serem superados pelo setor incluem: Implementação de estratégias de incentivos para que fornecedores indiretos adiram ao protocolo. Inclusão de frigoríficos que não possuem acordos com o Ministério Público Federal ou Greenpeace. Ampliação do monitoramento para outros biomas, principalmente para o Cerrado. Apoio para que pequenos produtores possam atender aos requisitos mínimos estabelecidos pelos frigoríficos. Para fazer o download deste documento em outros idiomas, acesse www.proforest.net/publications Escritório Internacional (Reino Unido) T: +44 (0) 1865 243 439 E: info@proforest.net África (Gana) T: +233 (0)302 542 975 E: africa@proforest.net América Latina (Brasil) T: +55 (61) 8624 2519 E: latinoamerica@proforest.net América Latina (Colômbia) T: +57 (2) 3438256 E: latinoamerica@proforest.net Sudeste Asiático (Malásia) T: +60 (0)3 2242 0021 E: southeastasia@proforest.net Junho 2017