Efeito do método de irrigação localizada na cultura do morangueiro, submetida às diferentes frequências de irrigação e forma de fertilização Polliana Basília Santana (1), Édio Luiz da Costa (2), Polyanna Mara de Oliveira (2), Fúlvio Rodriguez Simão (2), Eugênio F. Coelho (3), Mauricio A. Coelho Filho (3), Artenis Jardel de Sousa Cruz (4) ; Márcia A. Almeida Guedes (4), Antônio Fábio Silva Santos (4), Dayane Rose Malveira Pinto (4), Daniel Philipe Veloso (4), Guilherme Borém Lobato Moreira (4), Jaqueline Mendes Pereira Medeiros da Silva (4), Farley Assis Dias Santana (4), Ramon Fernando Noronha de Morais (4), Bruna Nayara dos Santos (3) (1) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, pollibasilia@yahoo.com.br; (2) Pesquisadores EPAMIG - Nova Porteirinha, edio.costa@epamig.br; (3) Pesquisadores Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical-Cruz das Almas, BA; (4) Estudantes Agronomia UNIMONTES - Janaúba Introdução A cultura do morangueiro constitui-se uma atividade agrícola especializada, por exigir muita dedicação e conhecimento técnico de alto nível proporcionando, assim, bons rendimentos, o que tem refletido numa considerável expansão das áreas cultivadas (DIAS et al., 1993). O morangueiro pode ser cultivado em diferentes condições de clima e de solo. Produz satisfatoriamente em regiões subtropicais e até mesmo em condições tropicais (MAKSHIMA; COUTO, 1964). A irrigação é uma prática de grande importância no cultivo do morangueiro. No entanto, o excesso de água, bem como o modo como é aplicada, pode propiciar condições favoráveis ao desenvolvimento de doenças de difícil controle, que levam à queda na produtividade (MAAS, 1998). O manejo da irrigação garante níveis adequados de água no solo para a cultura do morangueiro que, segundo McNiesh et al. (1985), é sensível ao déficit e ao excesso de água. De acordo com Costa et al. (2007), a irrigação em regiões como no Semi-Árido é essencial para o desenvolvimento da agricultura, permitindo o cultivo de outras culturas, principalmente as não tradicionais, como é o caso do morangueiro.
2 À medida que ocorre aumento do déficit hídrico, a produção e seus componentes tendem a diminuir, acelerando a maturidade dos frutos (SANTOS et al., 1993). A escolha correta do sistema de irrigação e o suprimento de água às plantas, no momento oportuno e na quantidade adequada, aliados às boas práticas de gerenciamento, são aspectos decisivos para o sucesso da cultura (COSTA et al., 2007). Este trabalho tem como objetivo verificar o efeito do sistema e da frequência de irrigação e fertirrigação na cultura do morangueiro Dover. Material e Métodos O trabalho foi executado com a cultivar de morango Dover, plantada em canteiros de 0,60 m de largura no espaçamento de 0,4 x 0,4 m. As parcelas experimentais foram constituídas por 30 plantas, sendo dez plantas na parcela útil. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com três repetições, sendo duas formas de adubação e três frequências de irrigação, num esquema de parcelas subdivididas. As formas de adubação foram convencional (SF) e fertirrigação (CF). As frequências de irrigação foram de uma vez por dia (FR1), duas vezes por dia (FR2) e de dois em dois dias (FR3). Os métodos de irrigação adotados foram microaspersão e gotejamento, sendo este último com um emissor por planta, com vazão de 3 L/h e uma lateral por linha de plantio. Já no sistema de microaspersão, as linhas foram colocadas entre os canteiros para garantir a sobreposição dos jatos. Foi feito o teste de distribuição de água dos microaspersores e determinado o volume de água que cada planta recebia, que, no caso, foi de um litro por planta/hora. A lâmina de irrigação foi a mesma e seu cálculo baseou-se na evaporação do tanque classe A. O monitoramento da irrigação foi feito por meio de tensiômetros instalados à profundidade de 0,15 e 0,30 m. Após 30 dias do transplantio das mudas, foi colocado o mulching sobre os canteiros (maravalha), com o objetivo de proteger os frutos do contato com o solo, diminuir perda de umidade do solo e controlar plantas daninhas. Periodicamente, foi efetuada a retirada do excesso de folhas e dos estolhos das plantas, a fim de aumentar o arejamento entre elas.
3 Os frutos foram colhidos três vezes por semana, quando apresentavam 75% da sua superfície vermelha, sendo pesados e classificados. As variáveis analisadas foram número de frutos e produção entre os meses de agosto, setembro e outubro de 2008. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão De acordo com a análise estatística, os sistemas de irrigação influenciaram as variáveis analisadas. Houve efeito significativo dos métodos de irrigação adotados sobre o número e produção de frutos. Os maiores valores foram alcançados, quando se utilizou o método da microaspersão (Tabela 1 e Gráfico 1), concordando com Amaral et al. (2007). As possíveis razões podem ser o microclima criado pela microaspersão, que pode ter favorecido a emissão de flores ou reduzido o abortamento destas ou, então, os gradientes de potenciais gerados entre solo, planta e atmosfera, que, da microaspersão possivelmente foram menores. Para responder a essas questões seria necessário o acompanhamento de medidas de potenciais de água na folha e no solo. Os demais fatores não apresentaram diferença estatística sobre as variáveis avaliadas. Conclusão A microaspersão apresentou melhores valores em relação ao número de frutos e produção de morangos.
4 Referências AMARAL, V.L. do; COSTA, E. L.; COELHO, E.F.; COELHO FILHO, M.A.; DUARTE, A.M.A.; GUEDES, M.A.A. Comparação de sistemas de irrigação com adubação convencional e fertirrigação na cultura do morangueiro. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS NO SEMI-ÁRIDO MINEIRO,1., 2007, Janaúba. Anais... Desenvolvimento sustentável regional. Janaúba: UNIMONTES, 2007. 1 CD-ROM. COSTA, E.L. da; COELHO, E.F.; COELHO FILHO, M.A. Irrigação do morangueiro. Informe Agropecuário. Morango: conquistando novas fronteiras, Belo Horizonte, v.28, n.236, p.50-55, jan./fev. 2007. DIAS, M.S.C.; SILVA, J.J.C.; PACHECO, D.D.; RIOS, S. de A.; LANZA, F.E. Produção de morangos em regiões não tradicionais. Informe Agropecuário. Morango: conquistando novas fronteiras, Belo Horizonte, v.28, n.236, p.24-33, jan./fev. 2007. MAAS, J.L. Compendium of strawberry diseases. 2. ed. St. Paul: The American Phytopathological Society, 1998. 98p. MCNIESH, C.M.; WELCH, N.C.; NELSON, R.D. Trickle irrigation requirements for strawberries in Coastal Califórnia. Journal of the American Society for Horticultural Science, Alexandria, v.110, n.5, p.714-718, Sept. 1985. MAKISHIMA, N.; COUTO, F.A.A. Ensaio de adubação do morangueiro (Fragaria sp.). Revista de Olericultura, Pelotas, v.4, p.193-201, 1964. SANTOS, A.M. A cultura do morango. Brasília: EMBRAPA-SPI; EMBRAPA- CPATC, 1993. 35p. (EMBRAPA. Col. Plantas, 7; Série Vermelha. Fruteiras).
5 Tabela 1 - Média do número de frutos colhidos e da produção de morangos por hectare em função dos diferentes sistemas de irrigação Tratamento N o de frutos/ha Produção (t/ha) Microaspersão 3.557,22 a 21,52 a Gotejamento 2.963,88 b 15,92 b NOTA: Letras diferentes diferem pelo teste Tuckey a 5%. 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 N o de frutos Microaspersão Gotejamento Produção média Gráfico 1 - Efeito dos sistemas de irrigação sobre o número e produção (kg/ha) de frutos de morangueiro