UMA METODOLOGIA PARA EXPANSÃO AUTOMÁTICA DE SISTEMAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA



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Transcrição:

SBA: CC'ntrole & Automação, Vol. 1, N~ 4, pp. 291-297 UMA METODOLOGIA PARA EXPANSÃO AUTOMÁTICA DE SISTEMAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Leontina M.V.G.pinto COPPE - Programa de Engenharia Elétrica Universidade Federal do Rio de Janeiro Cidade Universitária - Ilha do Fundão 21944 - Rio de Janeiro - RJ Mário V.F.Pereira Sergio Granville CEPEL-Centro de Pesquisas de Energia Elétrica Cidade Universitária - Ilha do Fundão 20001 - Rio de Janeiro - RJ Resumo O.objetivo deste trabalho é apresentar um modelo para a expansao automática de sistemas de transmissão de energia elétrica. O problema é modelado como um problema linear de programação mista. As variáveis inteiras correspondem às decisões de adição de novos circuitos e as variáveis reais correspondem aos fluxos de potência na rede de transmissão. A rede existente é representada através do fluxo de potência. linearizado (modelo DC). A representação dos fluxos nas linhas adicionadas é feita através do modelo de transportes (obedecem apenas à primeira lei de Kirchoff). Exemplos numéricos com um sistema brasileiro são apresentados e discutido~. Abstract The objective of this paper is to present a model for the automatic expansion of electric tr~ns~ission systems. The ptoblem is modelled as a mixed integer programming problem where integer variables correspond to circuit addition decisions and real variables correspond to the power flow in the transmission network. The existing network IS represented by a linearized power flow model(dc model), whereas the power flow in the new circuits is represented by a transportation model (only the first Kirchoff's law is enforced). Numerical examples with a brazilian system are presented and discussed. I. INTRODUÇÃO O planejamento a 10ng6 prazo da expansao de sistemas de transmissão de energia elétrica visa estabelecer quando e onde deverão ser instalados os equipamentos necessarios para um atendimento econâmico e confiável da demanda prevista. Estes requisitos são conflitantes, uma vez que um melhor desempenho (maior confiabilidade) so pode ser obtido através de investimentos adicionais, o que implica em tarifas mais eleva- das. O planejador deve, portanto, tentar encontrar o melhor compromisso entre diversas opçoes de custo/benefício, levando em consideração os recursos disponíveis. Por um longo tempo as únicas ferramentas disponíveis nesta área foram os programas de análise, como fluxo de potência, estabi~ lidade e curto-circuito. Toda a síntese era feita de forma manual pelo planejador (ver EPRI, 1980; Tinney, 1980). Entretanto, o crescimento das dimensões das redes tornou 291

esta tarefa cada vez mais difícil e levou ao desenvolvimento de sistemas interativos para a expansao de redes de transmissão (ver Granville e Pereira, 1985; Monticelli e outros, 1982; Pereira e Pinto, 1983; Said, França e Santos, 1985). Além das ferramentas tradicionais de análise, estes sistemas dispõende critérios de ordenação capazes de auxiliar o planejador a identificar adições atraentes a partir de um número grande de alternativas. Estes critérios podem ser extraídos da análise de sensibilidade do sistema a variações nas capacidades de seus elementos. Isto permite identificar pontos de estrangulamento e ordenar as possíveis adições com base na melhoria que cada adição, ao ~er incorporada, causaria ao desempenho do sistema. trições nestes investimentos (cronogramas, restrições financeiras, etc.) sao represen~ tadas genericamente pela condição x E: X. Uma vez tomada decisão de investimento em capacidade de transmissão, os equipamentos são usados para suprir o mercado. As variáveis y representam os níveis de geraçao e fluxo nas linhas efetivamente utilizados para atender à demanda. As restrições nestas variáveis (leis de Kirchoff, limites geraçao e fluxo, etc.) sao expressas genericamente pelas restrições G(x,y) ~ O e y E: Y. Observe-se que as variáveis de investimento x participam das equações. de operação do sistema uma vez que elas definem os limites de capacidade dos equipamentos. o objetivo deste trabalho é apresentar um modelo para a expansao automática de sistemas de transmissão de energia elétrica. O problema é modelado como um problema linear de programação mista, onde as variáveis inteiras correspondem às decisões da adição de novos circuitos e as variáveis reais correspondem aos fluxos de pot~ncia na rede de transmissão. O algoritmo utilizado na sua resolução foi o de Branch-and-Bound. A rede existente é representada através do fluxo de pot~ncia linearizado (modelo DC). A representação dos fluxos nas linhas adicionadas é feita através do modelo de transportes (obedecem apenas a primeira lei de Kirchoff). t importante observar que as variáveis x são discretas, já que não é possível adicionar parte de uma linha de transmissão ao sistema. Por outro lado as variáveis y são contínuas. Este é, portanto, um problema de programaçao mista (variáveis contínuas e discretas). As restrições G(x,y) ~ O dependerão naturalmente da modelagem da rede. III. REPRESENTAÇÃO DA REDE Conhecida a demanda a ser atendida, o cálculo do ponto de operaçao do sistema elétrico pode ser feito através de um dos seguintes modelos: II. O PROBLEMA DA EXPANSÃO ÓTIMA O problema da expansao ótima de um sis-. tema de transmissão pode ser escrito como: Min z= f(x,y) s/a G(x,y).s. O x E: X, Y E: Y onde as variáveis x representam investimentos em capacidade de transmissão. As res- 111.1. Modelo de Transportes No modelo de transportes, apenas a primeira lei de Kirchoff (lei dos nós) é respeitada: a soma algébrica dos fluxos que chegam ou partem de um nó é igual à injeção líquida (geração menos carga) nesta nó. Em termos matriciais, S f + g d (2) 292

./ onde S é a matriz de incidência no-ramo; f é o vetor de fluxos; g é o vetor de geraç~es e d é o vetor de demandas. Existem ainda algumas restrições operativas na rede elétrica correspondentes a limites nos fluxos das linhas e nas capacidades dos geradores: (4) onde f é o vetor de limites de transporte das linhas e g e g são vetores de capacidades mínimas e máximas de geração. medida em que o sistema fica mais malhado. Por outro lado, estudos com o sistema brasileiro mostraram que os erros percentuais na utilização do modelo de fluxo de potência linearizado para estimação dos fluxos de potência ativa são pequenos para sistemas de alta tensão, notadamente nas linhas mais carregadas-justamente as de maior interesse na análise de sobrecarga (ver Parker, Tanabe e Schilling, 1980). A solução do sistema linear (obtenção dos fatores triangulares) é feita por técnicas que preservam a esparsidade do sistema e permitem uma grande economia em termos de memória e esforço computacional (ver Stott e Marinho, 1979). 111.2. Modelo de Fluxo de Potência Linearizado Neste modelo, os fluxos de potência ativa obedecem ~s duas leis de Kirchoff:a lei dos nós, como o modelo anterior, e a lei das malhas, expressa como (5) onde f k é o fluxo na linha k, que liga as barras i-j,8. é o ângulo de tensão na barra 1 i, W k =8. -8. é a abertura angulat sobre a 1 J linhá k e Y k é a susceptância da linha k. Note-se que os fluxos nas linhas e as geraçoes nas barras estão sujeitos aos limites operativos dados pelas equaçõ~s (4) (3) e Note~se que nenhum dos dois modelos considera a fluxo de potência reativa. Para isso, seria necessário representar a rede através do fluxo de potência completo. IV. O MODELO PROPOSTO PARA A EXPANSÃO 6TIMA A função objetivo z=f(x,y) do problema da expansao ótima (1) pode ser decomposta em duas partes: z = c.x + c.g x g onde c e c sao, respectivamente, os vetox g res de custos dos novos investimentos x e das geraçoes g. IV.l- Representação pelo Modelo de Transportes Pode-se observar que o modelo de transportes é uma simplificação do modelo de fluxo de potência linearizado, onde a lei das malhas (equação (5» foi relaxada. Embora de fácil resolução, através de eficientes técnicas e algoritmos já tradicionais (ver Ford e Fulkerson, 1962; Kennington e Helgason, 1980) a precisão deste modelo só é em geral considerada boa para sistemas radiais. O modelo fica impreciso à Se a rede elétrica for representada pelo modelo de transportes, o problema (1) ser escrito como: Min c.x + c g x g. s/a Sf + g = d g ~ g ~ g pode (7) 293

IV.3. O Modelo Híbrido Pode-se observar que a nao linearidade do problema (8) está associada às equações problema de expansao ótima corresponderá assim a. um problema, de programação linear mista, onde x é a variável discreta k que representa o n~mero de linhas adicionadas no caminho k (0, 1, 2.. ) IV.2. Representacão pelo Modelo de Fluxo de Carga Linearizado correspondentes à 2º lei de Kirchoff aplicada aqs fluxos nas linhas a serem adicionadas. Isto sugere um terceiro modelo, onde os fluxos nas linhas existentes na configuração original obedecem às duas leis de Kirchoff e os fluxos nas linhas adicionadas respeitam apenas a primeira lei de Kirchoff (lei dos nós): Min c x + C g X g (la) Caso a rep+esentação escolhida para a rede elétrica seja o modelo de fluxo de potência linearizado, o problema (1) pode ser escj."ito como: s/a Sf + g = d Min c.x + c.g x g s/a Sf + g d (8) k E {linhas da configuração originai} If I < f x k E {pos s í ve i s k - k k' adições} f k = Yk ':I' k x k ' Este problema corresponde a um de programação não linear mista. k E {possíveis adições If I < f x ao sistema} k - k' k' problema A representação mais precisa da rede elétrica leva portanto a um problema substancialmente mais complexo que a representa~ão simplificada. A resolução ~o problema (8) pode implicar em tempos de execuçao muito elevados (ou mesmo proibitivos) sistemas elétricos de grande porte. k E {linhas existentes na original} configuração para Este modelo corresponde a uma versao relaxada do modelo completo (8), onde as restrições (9), lei des malhas para os fluxos nas possíveis adições, são abandonadas. Esta formulação é mais precisa do que a do modelo simplificado, já que os fluxos nas linhas pertencentes a configuração inicial obedecem às duas leis. Pode-se ainda observar que somente o cálculo dos fluxos nas linhas realmente adicionadas estará impreciso: o fluxo nas adições não incorporadas ao sistema será nulo. Note-se ainda que este ~ um problema linear de programação mista, de resolução bem mais rápida e simples do que o modelo (8). 294

V. ALGORITMO PARA A EXPANSÃO ÓTIMA UTILI ZANDO O MODELO HíBRIDO, linhas adicionadas pelo modelo ou a elas conectadas. 1) Cálculo das linhas a serem adicionadas. Resolve-se o problema (10),obtendo-se assim um plano de expansao. 2) Utiliza-se o fluxo de potincia linearizado (2) a (5) para detectar possíveis sobrecargas (violação da restrição 3). No~ te-se que isto pode ocorrer, já qu~ na expansao anterior a 2º lei de Ki~choff foi relaxada nos novos circuitos~ 3) Se nao há sobrecargas (ou elas sao desprezíveis), o processo termina. Caso contrário, as novas adições sao incorporadas ao sistema original e volta-se à etapa 1. VI. CASO EXEMPLO O algoritmo proposto na seçao V será utilizado para a expansao do sistema de transmissão da região sul brasileira, com as cargas e injeções previstas para o ano de 1990. A configuração inicial, ilustrada na Figura 1, corresponde à rede existente no ano de 1984, reduzida para 97 linhas e 46 barras. As linhas sólidas correspond~m aos circuitos existentes, enquanto que as tracejadas correspondem às alternativas de expansao. A duplicação de um circuito existente também é considerada uma alternativa de expansão. A Figura 2 apresenta a rede sintetizada através do.modelo híbrido apresentado na seção IV. Partiu-se, então para a análise de viabilidade desta configuração, ~estan~ do-se a fac~ibi lidade das restrições, rela-, xadas pelo modelo. Os fluxos nas linhas do sistema planejado foram calculados. pelo modelo de fluxo de potência linearizado, e foram detectadas algumas sobrecargas localiza~as(ver Figura 2). Pode-se observar que estas sobrecargas encontram-se nas novas Os' novos circuitos foram então incorporados ao sistema original. Utilizamos novamente o modelo híbrido e a nova rede sintetizada é ilustrada na Figura 3. Após uma nova análise de viabilidade, pode~se observar que foi detectada'apenas pequena sobrecarga' in'dicada:na Figura 3.. A nova rede sintetizad& foiconsidetada adequada. Note-se que, poster'iormente " serao ainda adicionados novos circuitos para.reforços',.da' r'edepara. que esta seja capaz de resistir às possívei~ situa~õ~s de c?ntingincias no sistema. Estes novos circuitos deverão Ser capaz~s de eli~inar totalmente as"pequena~. sbbrecargas remanescentes. A Figura 4 apresenta a síntese a partir da mesma rede realiz~da por um programa interativo de expansão de red~s (ver Monticelli e outros, 1984). Este programa começa agora a ser ut~lizado no setor elétrico e seus 'resultados sao considerados bastante satisfatórios. Pode-se ver que, embora o p'rograma tenha feito uma síntese que nao leva a nenhuma sobrecarga, seu custo foi aproximadamente 40% mais elevado~ VI r. CONCLUSÕES Foi apresentada uma metodologia para a síntese de redes de transmissão de energia elétrica baseada na aplicação' iterativa 'de um modelo que representa todas: as restrições do fluxo de potincia linearizado para as linhas pertencentes à configuração original,e as restrições de um 'modelo de transportes para as linhas a sere~ adicionadas. A metodologia foi 'aplicada ad sistema sul brasileiro e a rede. sintetizada foi sigrtificativamente mais barata que à obtida por métodos interativos. 295

Q) Fig. - Rede Bãsica o SOOkV o 230kV o SOO kv o 230 kv OJsto: $ 45114 Sobrecar~as: I..inr.as % (32,43) 105 (5,6) 111 Fig. 3 - Modelo Hfbri~o 2Ç1 Expansão Fig. 2 - o 500kV O 230kV Custo: $ 35451 Sobrecargas: Linhas % (32,43) 108 (14,15) 114 (20,21) 103 (C5,11) 1t:O (0.0,11) 125 ~odel O IHbri do 1Ç1 EX!Jansão 296 o SOO kv O 230kV OJsto: $62878 Fig.4 - Solução do Programa Interativo

VIII. REFER~NCIAS EPRI, (1980). Long-Range Transmission Expansion Mode1s, elaborado por EBASCO Services~ EPRI Report EL-1569. Ford, L.R. & Fulkerson, D.R., (1962)' Flows in Network, Princeton University Press. Granville, S. & Pereira, M.V.F., (1985) "Analysis of the Linearized Power Flow Model in Benders Decomposition",,Technical Report SOL 85-04, Systems Optimization Laboratory, DepL of Operations Research, Stanford University. Kennington, J.L. & Helgason, R.V., (1980). AIgorithms for Network Progra~ming. John Wiley & Sons. Monticelli, A. & Garcia, A. & Sant~s, A.J. & Pereira, M.V.F. & Da Cunha, S.H.F. & De Oliveira, G.C., (1984)~ Planejamento Interativo de Redes de Transmissão Considerando Contingências: O Sistema SINTRA VII Seminário Nacional de Producão e Transmissão de Energia EI~trica, Brasíli~. Parker, B.J. & Tanabe, D.R. & SchiJling, M.T., (1980) "Precisão do l'1odelo Linearizado de Fluxo de Potência para Simulação do Sistema Brasileiro". NI-DEST:-18/80. Said, A. & França, P.M-. & Santos, - A. Jr., (1985) "An Efficient Optimization Method for _Transmission Expansion" Planning". IFAC 'Symposium on Planning and Operation of Electric 'Energy Systems, Rio de Janeiro. Stott', B & an'd -Marinho, J. L. (1979) "Linear Programming for Power System Network, Sectlrity Applications", Transactions on PAS, Vol. PAS-9l. Tinney, - W.F.,(1980). "Mathematical Challenges in Power System Planning", in Electric - Power System Problems: The Mathematical Challenge, Proceedings of a SIAM Conference, Philadelphia. Monticelli, A & Santos, A. & Pe!eira, M.V.F. & Cunha, S.H.F. & Panther, B.T. & Praça, J.C.G., (1982) "Interactive Transmission Network Planning Using a Least Effort Criterion", Transactions on PAS, vol. PAS-101, nº 10. Pereira, M.V.F. & Pinto, L.M~V.G., (1983) "Application of Sensitivity AnalY,sis of Load Supplying Capability to Interactive Transmission Expansion Planning'~, Artigo 84 M593-0, IEEE/PES 19 8-,4..::;S-=u~m::.::m:.=e-=-r Meeting, 3611-3618. voi. PAS-102, No. 11: 297