ANÁLISE DA ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE PARACATU-MG.



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Transcrição:

FACULDADE TECSOMA Curso de Enfermagem ANÁLISE DA ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE PARACATU-MG. Fernanda Vargas Alves de Sousa Paracatu-MG 2010

Fernanda Vargas Alves de Sousa ANÁLISE DA ATENÇÂO À SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE PARACATU-MG. Monografia apresentada á disciplina TCC II, ministrada pelo professor Geraldo Benedito Batista de Oliveira, como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Evanir Soares da Fonseca Paracatu-MG 2010

Sousa, Fernanda Vargas Alves de, 1986. Análise da Atenção á Saúde Mental na Atenção Básica do Município de Paracatu-MG/ Fernanda Vargas Alves de Sousa. - 2010. 58 f.: Il. Color. ; 30 cm Orientador: Evanir Soares da Fonseca Trabalho de conclusão de curso (graduação) Faculdade Tecsoma, Curso de Enfermagem, 2010. 1. Enfermagem. 2. Saúde Mental. 3. Atenção Básica. I. Fonseca, Evanir Soares da. Il. Faculdade Tecsoma. Curso de Enfermagem. lll.titulo. CDU: 613.86

Fernanda Vargas Alves de Sousa Análise da Atenção á Saúde Mental na Atenção Básica no Município de Paracatu-MG. Monografia apresentada á disciplina TCC II, ministrada pelo professor Geraldo Benedito Batista de Oliveira, como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem. Evanir Soares da Fonseca Orientador Temático Geraldo Benedito Batista de Oliveira Orientador Metodológico Paracatu, 21 junho de 2010.

Ao meu senhor Deus, dando-me saúde e vontade de vencer, principalmente nos momentos em que tudo parecia perdido, sem Sua presença em minha vida, com certeza seria impossível! Aos meus familiares, amigos e colegas, que carinhosamente conviveram comigo durante essa caminhada.

AGRADECIMENTOS A Deus por tantas oportunidades concedidas e pela Sua presença infinita em minha vida. Aos meus pais Roberta e Quintino e à minha irmã pelo amor incondicional e incentivo durante todos os momentos da minha vida. A minha Tia Irene e Tio Glacir, e às minhas Tias Meire, Fátima e Luzimar, pela oportunidade e incentivo em realizar este curso superior. A minha avó Rita, um exemplo de humildade e humanismo. A minha prima Isabela, por estar sempre presente em minha vida. Ao meu namorado Guilherme pela paciência e por estar ao meu lado. Aos meus queridos amigos, por sempre me apoiarem e acreditarem em mim. Aos colegas de sala que se tornaram grandes amigos, em especial a Mara, Kamila, Nathália e Emilia. A minha Orientadora Evanir Soares da Fonseca, pelo apoio e atenção. Enfim, a todas as pessoas que torceram, acreditaram e estiveram presentes nesta etapa da minha vida, meu sincero: MUITO OBRIGADA!

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos. Fernando Pessoa

RESUMO Este estudo foi desenvolvido de janeiro a junho de 2010. Trata-se de um estudo quanti-qualitativo, que foi realizado no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Paracatu-MG e no Programa de Saúde da Família (PSF) de Paracatu-MG, e teve como objetivo analisar a demanda de pacientes encaminhados ao centro de atenção psicossocial indevidamente. Para o estudo foram analisados 344 prontuários do CAPS, sendo coletadas informações como: Sexo, idade e diagnóstico dos pacientes, e também aplicado um questionário com questões abertas e fechadas para os enfermeiros dos PSF`s. Busca-se através deste trabalho identificar as principais dificuldades do enfermeiro do PSF em atender pacientes com transtornos mentais, identificar os motivos do encaminhamento de pacientes para o CAPS indevidamente e definir a clientela que realmente deveria ser encaminhada ao CAPS, mostrando ao decorrer do trabalho a importância da saúde mental nas unidades básicas e a partir dos resultados obtidos a possibilidade de elaborar medidas para solucionar os problemas. Palavras-chaves: Saúde mental, centro de atenção psicossocial, encaminhamento de pacientes indevidamente.

ABSTRACT This study was developed from January to June 2010. This is a quantitative and qualitative study, which was held in the Center of Psychosocial Attention (CAPS) from Paracatu and Family Health Program (PSF) of Paracatu, and aimed to analyze the demand of patients referred the psychosocial care center improperly. For the study were analyzed 344 medical records of CAPS, being collected information such as sex, age and diagnosis of patients, and also answered a questionnaire with open and closed questions for the nurses of the PSF `s. Search through this work is to identify the main difficulties of the nurses of the PSF in seeing patients with mental disorders, identify the reasons for the referral of patients to CAPS improperly and set clientele that really should be sent to CAPS, showing the course of work the importance of mental health in the basic unities and with the results obtained from the possibility of developing measures to solve the problems. Key-words: mental health, psychosocial care center, referral of patients inappropriately.

LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 Composição da amostra, Paracatu, Março de 2010... 37 GRÁFICO 2 Transtorno mental dos pacientes que justifica o tratamento no CAPS,Paracatu, Março de 2010... 38 GRÁFICO 3 Composição da amostra, conforme etapas da vida e de acordo com seu diagnóstico justifica tratamento no PSF, Paracatu, Março de 2010... 40 GRÁFICO 4 Composição da amostra, conforme o gênero e de acordo com seu diagnóstico justifica tratamento no PSF, Paracatu, Março de 2010... 41 GRÁFICO 5 Distribuição dos enfermeiros, conforme existência do atendimento aos pacientes portadores de transtorno mental no PSF onde atuam, Paracatu, Abril de 2010...... 42 GRÁFICO 6 Distribuição dos enfermeiros entrevistados, conforme motivo da não existência da assistência à saúde mental no PSF em que atuam, Paracatu, Abril de 2010...... 43 GRÁFICO 7 Distribuição dos enfermeiros entrevistados, quanto à existência de acolhimento aos pacientes portadores de transtorno mental no PSF onde trabalham, Paracatu, Abril de 2010... 44 GRÁFICO 8 Distribuição dos enfermeiros entrevistados, quanto ao tipo de acolhimento aos pacientes portadores de transtorno mental no PSF onde atuam, Paracatu, Abril de 2010... 44 GRÁFICO 9 Opinião dos enfermeiros entrevistados, quanto à equipe do PSF saber reconhecer os casos que realmente são necessários serem referenciados ao CAPS, Paracatu, Abril de 2010... 45

GRÁFICO 10 Distribuição dos enfermeiros entrevistados, quanto à hipótese diagnóstica de transtornos mentais, em que a equipe de Saúde mais de depara no dia-a-dia, Paracatu, Abril de 2010... 56

LISTAS DE TABELAS TABELA 1 Distribuição dos transtornos mentais, conforme prontuários analisados no CAPS justifica tratamento em PSF s, Paracatu, Março de 2010... 39 TABELA 2 Distribuição dos enfermeiros entrevistados, que acreditam que a equipe do PSF sabe reconhecer os casos que realmente são necessários serem referenciados ao CAPS, Paracatu, Abril de 2010... 45

LISTA DE SIGLAS CAPS - Centro de Atenção Psicossocial CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos em Saúde IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MTSM - Movimento dos Trabalhadores em Saúde mental PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde PSF - Programa Saúde da Família SUS Sistema Único de Saúde

LISTA DE APÊNDICES APÊNDICE A - Formulário contendo dados dos prontuários de pacientes do CAPS...... 54 APÊNDICE B - Questionário para os Enfermeiros dos PSF`s... 55 APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido... 57 APÊNDICE D - Autorização para Coleta de Dados... 58

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 14 2 REVISÃO DA LITERATURA... 17 2.1 Reforma Psiquiátrica no Brasil... 17 2.2 Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)... 18 2.3 Principais Transtornos de CAPS... 22 2.3.1 Neuroses... 22 2.3.2 Psicoses... 25 2.4 Programa Saúde da Família (PSF)... 29 2.5 Saúde Mental dentro dos Programas de Saúde da Família... 31 3 METODOLOGIA... 35 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 37 4.1 Resultados obtidos através da análise de prontuários de pacientes do CAPS de Paracatu-MG... 37 4.2 Resultados obtidos através do questionário aplicado aos enfermeiros dos PSF s de Paracatu-MG... 42 5 CONCLUSÃO... 48 REFERÊNCIAS... 49 APÊNDICES... 54

14 1 INTRODUÇÃO A cidade de Paracatu nasceu na primeira metade do século XVIII. A sede do município recebia o título de vila, por isso com o alvará da rainha D. Maria I criou-se a Vila do Paracatu do Príncipe, no dia 20 de outubro de 1798, que é a data de aniversário de Paracatu. A vila do Paracatu do Príncipe foi elevada à categoria de cidade pela lei nº163, de 09 de março de 1840, assinada pelo conselheiro Bernardo Jacinto da Veiga, Governador de Minas Gerais. (MELLO, 2007). O município de Paracatu ocupa uma área de 8.282 quilômetros quadrados no Estado de Minas Gerais e faz parte da Mesorregião Noroeste de Minas. De acordo com o levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Paracatu tem uma população de 83.560 habitantes. (IBGE, 2009). Nas primeiras décadas do século XVIII a saúde pública do município era muito precária para os moradores, a cidade não possuía nenhuma assistência médica, nem farmácia. Ausência total de qualquer recurso. Somente no século XIX a população pode contar com médicos. Com o passar dos anos a área da saúde se desenvolveu, com isso médicos atuantes foram vindo para a cidade, a comunidade começou a contar com várias farmácias e hospitais. A partir da década de 1950, a cidade começou a receber maior assistência do Estado com relação à saúde. Foram criados postos de saúde, tanto na área urbana como na rural. (MELLO, 2002). O município possui hoje dois hospitais de médio porte sendo um deles o Hospital Municipal com 59 leitos classificado como hospital generalista, e o outro um hospital geral privado, Hospital São Lucas, com 35 leitos. Uma policlínica particular a Policlínica Atenas. O sistema de saúde é constituído por 19 unidades de saúde, sendo 03 postos de saúde de zona rural, 11 unidades do Programa Saúde da Família, 02 centros de saúde na zona urbana, 01 clínica de especialidades em saúde da mulher e da criança, 01 centro de hemodiálise (adulto) e 01 Centro de Atenção Psicossocial. (BRASIL, 2010). A importante implantação do Programa de Saúde da Família em Paracatu foi realizada em 1996, e nos dias de hoje ocorre à luta pela inserção da saúde mental nos PSF s. Com a Reforma Psiquiátrica no país houve a volta dos pacientes psiquiátricos a família e a comunidade, fazendo com que o centro familiar venha pouco a pouco,

15 sendo considerado fundamental no processo de assistência. A família é responsável, na maioria das vezes, pelo apoio emocional, físico, psicológico e social ao seu familiar doente. Tendo em vista os encargos advindos da convivência com a pessoa em situação de sofrimento psíquico, para cumprir seu papel de provedora, precisa, além dos recursos institucionais, do preparo e do apoio de profissionais para que a orientem. (PEREIRA et al., 2007). Desde que o Programa Saúde da Família foi inserido, vem aumentando a extensão territorial de atendimento, com relação a implementações de ações direcionadas à população geral, com programas e ações especiais, isto é, as de necessidades específicas de uma comunidade. (SOUZA et al., 2007). De acordo com a Secretaria de Saúde de Minas Gerais (2006), a união da saúde mental com saúde da família é realizável, desejável e indispensável. As equipes do PSF s, por sua idéia mesma de trabalho, costumam ter com a clientela uma relação muito diferente daquela que se tem nas práticas mais tradicionais de saúde. Conversam com seus pacientes, os conhecem, tem contato direto ou indireto não só com seus sintomas e doenças, mas com as mais diferentes áreas de suas vidas. Portanto, este programa vem sendo visto como um parceiro no que diz respeito à prevenção, promoção e intervenções básicas de saúde em diversas áreas, entre elas a saúde mental. (SOUZA et al., 2007). O PSF vem se mostrando como uma peça do processo de mudanças da assistência em saúde mental, visto que torna possível uma maior aproximação entre profissionais, família e usuário, enfim, toda comunidade. Este maior contato é um recurso de grande importância, principalmente se tratando de confrontar com os agravos relacionados ao sofrimento psíquico, que vêm se mostrando muito freqüentes, e ainda pouco tratados. (PEREIRA et al., 2007) Este processo de trabalho contribui para ajudá-los a atender de maneira correta o tipo de pacientes que vem ocupando de forma imprópria as agendas dos profissionais do Centro de Atenção Psicossocial, CAPS. (BRASIL, 2006). Ouvir o paciente queixar-se traduz necessariamente um pedido de ajuda para um problema emocional; acompanhá-lo, procurando descobrir com ele as razões desse problema, possíveis formas de enfrentá-las; evitar sempre que possível o recurso aos psicofármacos, e, quando necessário, usá-los de forma responsável e criteriosa. (BRASIL, 2006).

16 A uma nova proposta de intervenção nas condições de vida das populações, tais como alterações no modelo de assistência, incentivo à participação, oferta a novos serviços e organização comunitária, trata-se de um grande desafio. (SOUZA; CARVALHO, 2003). Essa parceria não é um processo fácil de fazer. Mesmo assim, sua realização é indispensável, se desejamos assegurar à unidade básica um papel permanente na rede de atenção aos portadores de sofrimento mental. (BRASIL, 2006). Durante meus estágios realizados no Centro de Atenção Psicossocial, pude observar o encaminhamento inadequado de pacientes para este centro, visto que o PSF de sua comunidade poderia suprir suas necessidades. Sabemos que existem vários fatores que podem não permitir o devido encaminhamento para CAPS: Falta de preparo dos servidores da atenção básica na identificação dos casos que realmente são necessários serem encaminhados ao CAPS, agenda do PSF cheia não priorizando este atendimento, falta de recursos e falta de informação do paciente e da família sobre qual tratamento adequado. A estruturação deste trabalho apóia-se na seguinte questão: análise da Atenção a Saúde Mental na Atenção Básica do município de Paracatu-MG. Diante do problema levantado, foi formulado o seguinte objetivo geral: analisar a demanda de pacientes encaminhados ao centro de atenção psicossocial indevidamente. Sendo os objetivos específicos: Identificar os motivos de encaminhamento de pacientes para o CAPS; Identificar as principais dificuldades dos profissionais do PSF em atender pacientes com problemas mentais; Mostrar a importância da implantação de saúde mental nas unidades básicas de saúde;

17 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Reforma Psiquiátrica no Brasil Na segunda metade da década de 1970, no contexto de enfraquecer o Estado autoritário, resulta a repreensão à falta de eficiência da assistência pública em saúde e ao caráter privatista da política de saúde do governo central. E mais, surgem as acusações de fraude no sistema de financiamento dos serviços e, o que é mais significante para o posterior movimento da reforma, o abandono, a violência e os maus-tratos a que eram sujeitos os pacientes internados nos vários e grandes hospícios do país. (TENORIO, 2002) Segundo o Ministério da saúde (2005), a Reforma Psiquiátrica é um processo político e social de grande abrangência, formado por atores, instituições e forças de diferentes origens, e incide em vários territórios, no governo federal, estadual e municipal, nos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e meche com o imaginário social e com a opinião pública. De acordo com Secretaria de Estado de Saúde de Minas gerais (2006), o inicio do movimento antimanicomial foi em 1978 com um movimento dos trabalhadores em saúde mental (MTSM), quando servidores do setor, num ato de grande co sendo mai. Em 1987 foi realizado o II Congresso Nacional do MTSM em (Bauru, SP), com o lema Por uma sociedade sem manicômios, neste mesmo ano foi realizada a I Conferência Nacional de Saúde Mental no Rio de Janeiro. (BRASIL, 2005) Com a constituição de 1988, é criado o SUS e em 1989 da entrada o Projeto de Lei do Deputado Paulo Delgado (PT/MG) que vem com intuito de regulamentar os direitos das pessoas com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no pais. (BRASIL, 2005)

18 Em 1989, outro acontecimento marcou esta trajetória. A intervenção, pela Prefeitura de Santos, da Casa de Saúde Anchieta, um hospício privado que contava com mais de 500 internos. Possibilitada pelo processo de municipalização do sistema de saúde, a intervenção deu início ao fechamento do hospício. (AMARANTE, 1995) Em 1990 foi realizada a Reestruturación de La Atención Psiquiatrica em La Reginón, promovida pelas Organizações Panamericanas e Mundial de Saúde, em Caracas, foi declarada a necessidade urgente de reestruturação da assistência psiquiátrica, pela adequação das legislações dos países, de forma que assegurem o respeito aos direitos humanos e civis dos pacientes mentais e promovam a reorganização dos serviços. (BRASIL, 2004) Em 2001 o projeto de Paulo Delgado é sancionado e substituído pela Lei Federal 10.206, por isso a realização da II Conferencia Nacional de Saúde Mental, onde passam a entrar em vigor no Brasil as primeiras normas federais regulamentando a implantação de serviços de atenção diária, fundadas na experiência dos primeiros CAPS. (BRASIL, 2004). 2.2 Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Os centros de atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental tem valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira, implantado com o objetivo de ser substitutivo, e não complementares aos hospitais Psiquiátricos. (ONOCKO-CAMPOS; FURTADO, 2006) O primeiro Centro de atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil surge em março de 1987, na cidade de São Paulo, com a inauguração do Centro de Atenção Psicossocial Professor Luis da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva. Ele representa a efetiva implementação de um novo modelo de atenção em saúde mental para um grande numero dos doentes mentais (psicóticos e neuróticos graves) atendidos na rede pública, sendo seu ideário constituído de propostas dirigidas à superação das limitações evidenciadas pelo binômio ambulatório-hospital psiquiátrico no tratamento e reabilitação de sua clientela. (ONOCKO-CAMPOS; FURTADO, 2006).

19 De acordo com Ministério da Saúde (2004) a existência deste CAPS e de vários outros fazem parte de um forte movimento social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental que queriam a melhoria da assistência no Brasil e denunciavam a péssima situação dos hospitais psiquiátricos que ainda eram o único recurso direcionado aos usuários portadores de transtornos mentais. Segundo o Ministério da Saúde (2005), do ano de 1992 em diante, em vários estados brasileiro os movimentos sociais conseguem aprovar as primeiras leis que definem a substituição progressiva dos leitos psiquiátricos, por uma rede incorporada de atenção à saúde mental. No entanto o processo de expansão do CAPS sofre interrupções. As normatizações do Ministério da saúde de 1992, não instituíam uma linha especifica de financiamento, do mesmo modo, as normas para fiscalização e classificação dos hospitais psiquiátricos não previam mecanismos sistemáticos para redução de leitos. No termino deste período, o pais tem em funcionamento 208 CAPS, mas cerca de 93% da verba do Ministério da Saúde para saúde mental ainda são destinados aos hospitais psiquiátricos. (BRASIL, 2005). É somente no ano de 2001, que a lei de Paulo Delgado é sancionada no pais, mesmo assim não foi aprovado o projeto de lei original e sim um substitutivo do projeto de lei, trazendo modificações no texto normativo. A lei Federal nº 10.216 junto à II Conferencia Nacional da Saúde Mental, oferece tratamento em serviços de base comunitária e impõe novo impulso e novo ritmo para a assistência à saúde mental ganhando mais sustentação e visibilidade. (BRASIL, 2005) Os serviços de saúde de mental surgem em vários municípios do pais, é claro também em Minas Gerais, e vão se firmando como dispositivos eficientes na diminuição de internações e na mudança de modelo assistencial. Os CAPS foram criados oficialmente a partir da portaria GM/22492 e atualmente regulamentados pela portaria nº 336/MG de 19 de fevereiro de 2002 e integram à rede SUS. (BRASIL, 2004). Os CAPS são serviços comunitários ambulatoriais e regionalizados onde os pacientes deverão receber consultas médicas, atendimentos terapêuticos individuais e/ou grupais, podendo participar de ateliês abertos, de atividades lúdicas e recreativas realizadas pelos profissionais do serviço, de maneira mais ou menos intensiva, articuladas em torno de um projeto terapêutico individualizado voltado para o tratamento e reabilitação psicossocial, devendo também haver iniciativas

20 extensivas aos familiares e às questões de ordem social presentes no cotidiano dos usuários. (ONOCKO-CAMPOS, 2006). O CAPS é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde. (PELISOLI; MOREIRA, 2005). O final do ano de 2006 marcou como dado histórico a efetiva reorientação de financiamento do governo em saúde mental, ou seja, se há dez anos os gastos hospitalares eram de 93,1%, hoje, 51,3% destinam-se aos gastos extra-hospitalares e 48,7%, aos gastos hospitalares. Os gastos com CAPS que, em 2002, eram por volta de 7 milhões de reais, cresceram visivelmente e hoje estão próximos dos 170 milhões de reais. (FUREGATO, 2007) O CAPS da cidade de Paracatu está em funcionamento desde 2003, funciona na Rua Dr Seabra nº 188 no bairro Santana, tem como clientela pacientes adultos com psicose e/ou neurose grave, que procuram o mesmo espontaneamente ou foram referenciados. A equipe é composta por: 4 psicólogos, 2 terapeutas ocupacionais, 2 auxiliares de enfermagem, 1 auxiliar administrativo, 1 assistente social,1 enfermeiro e 1 médico psiquiatra. (BRASIL, 2010). Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas gerais (2006) o centro de atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço comunitário que tem como papel cu iminente para o paciente e outros transtornos mentais graves, os quais impossibilitam viver e realizar seus projetos de vida. As principais formas de psicoses são: esquizofrenia, paranóia (transtorno delirante persistente), transtornos graves do humor (a antiga psicose maníacodepressiva, hoje fragmentada em episódio maníaco, episódio depressivo grave e transtorno bipolar). As principais características clínicas: São psicologicamente incompreensíveis, apresentam vivências bizarras, de forma anômala, como delírios, alucinações, alterações da consciência do eu, não há prejuízo primário de inteligência e de memória e/ou nível de consciência. (BRASIL, 2006). As principais formas de neuroses são: neuroses de ansiedade (transtornos fóbico-ansioso, transtorno do pânico), neurose histérica (transtorno somatoforme e dissociativo), neurose obsessiva (transtornos obsessivo-compulsivos), episódios depressivos em neuróticos (episódios depressivos leves e moderados, e outros). As principais características clínicas são: psicologicamente compreensíveis,

21 apresentam em grau e freqüência exarcebados vivências experimentadas pelo psiquismo dito normal (ansiedade, tristeza, medo, idéias obsessivas, etc) e não há prejuízo primário de inteligência e de memória e/ou nível de consciência. (BRASIL, 2006). Os CAPS desenvolvem projetos terapêuticos e comunitários, realizando o acompanhamento clinico e a reintegração social dos pacientes pelo acesso ao trabalho, lazer, exercícios dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os CAPS possuem equipe multiprofissional formada por psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, técnicos administrativos, etc. E dispõem de diversas atividades terapêuticas: psicoterapia individual ou grupal, oficinas terapêuticas, acompanhamento psiquiátrico, visitas domiciliares, atividades de orientação e inclusão das famílias e atividades comunitárias. De acordo com o projeto terapêutico de cada usuário, estes podem passar o dia todo na Unidade, parte do dia ou vir apenas para alguma consulta. Comparecendo todos os dias estarão em regime intensivo, alguns dias da semana em regime semi-intensivo e alguns dias no mês em não-intensivo. As necessidades de cada usuário e os projetos terapêuticos, compreendendo as modalidades de atendimento citadas e os tempos de permanência no serviço, são decididas pela equipe, em contato com as famílias também, e igualmente as mudanças neste projeto segundo as evoluções de cada usuário. (FUREGATO, 2007) Os CAPS funcionam, pelo menos, durante os cinco dias úteis da semana, ou seja, de segunda a sexta. Seu horário de funcionamento depende do modelo do CAPS, por exemplo, temos os CAPS I; II; III; CAPSI; CAPSAD definidos por ordem crescente de porte, complexidade e abrangência populacional. O CAPS aqui utilizado como referencia é do tipo I para os municípios com população de 20.000 a 50.000 habitantes, com atendimento diário, de 8 às 18horas de segunda à sexta. (BRASIL, 2004). Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (2006), de acordo com o processo terapêutico de cada usuário, é definida a necessidade ou não e a quantidade de medicações de cada, que devera ser avaliada periodicamente pelos profissionais do serviço. O CAPS devera organizar a rotina de distribuição de

22 medicações e assessorar os usuários e familiares quanto à aquisição e administração. Schrank e Olschowsky (2008) relatam que uma das alterações realizada com a reestruturação da assistência psiquiátrica foi a de possibilitar que o doente mental continue com sua família, mas para que esta convivência seja saudável e positiva, é necessário que o serviço esteja incorporado numa rede articulada de apoio e de organizações que se comprometam a oferecer um cuidado continuo. O envolvimento da família no cuidado do doente exige uma nova organização familiar e aquisição de habilidades que podem, num primeiro impacto, desestruturar as atividades diárias dos familiares. No entanto, essa responsabilidade do familiar com seu adoecido também é positiva, pois além de fortalecer suas relações, o familiar torna-se um membro da equipe de saúde para cuidar do usuário, sendo facilitador nas ações de promoção da saúde mental e de implantação do indivíduo em seu meio. (SCHRANK; OLSCHOWSKY, 2008). A atenção psicossocial abrange diferentes procedimentos, tais como "mediar as trocas sociais" do louco no sentido de aumentar sua contratualidade, favorecer um maior "grau de dominação de si próprio" em busca de maior autonomia e "tornarse referência" para garantir um laço de confiança e um continuo atendimento. Em todas essas atividades se conjugam cuidado e administração da loucura, tendo em vista as dificuldades que esta impõe à convivência no meio social e aos conflitos que gera na ordem pública. (SILVA, 2005). 2.3 Principais Transtornos Atendidos no CAPS 2.3.1 Psicoses De acordo com Sadock e Sadock (2007) a esquizofrenia chega a atingir cerca de 1% da população, na maioria das vezes inicia antes dos 25 anos de idade e todas as classes sociais. A esquizofrenia é uma doença crônica, e para ser diagnosticada, existem critérios. Critério A: o paciente tem que apresentar em um período de tempo significativo, no mínimo dois dos itens a seguir: delírios,

23 alucinações, fala desorganizada, comportamento catatônico ou nitidamente desorganizado, sintomas negativos (afeto embotado, pobreza de discurso, apatia). Critério B: O paciente apresenta disfunção social/ocupacional, que é a perturbação no trabalho, nas relações interpessoais ou cuidados pessoais. Critério C: Duração, os sinais contínuos de perturbação persistem por pelo menos seis meses. Critério D: exclusão de transtornos esquizoafetivos e transtorno do humor. Critério E: exclusão de uso de substâncias ou condições médicas gerais. Segundo Stefanelli, Fukuda e Arantes (2008) os principais tipos de esquizofrenia são: O tipo paranóide é a forma mais comum de esquizofrenia, o inicio ocorre, em geral, aos 35 anos. Caracterizada pela presença de delírios meio estáveis, que no geral são acompanhados principalmente por alucinações auditivas, e outras alterações sensoperceptivas. Os delírios mais notados são o persecutório, o de referência, de ciúme e de grandeza. O tipo desorganizado manifesta, em geral, antes dos 25 anos, evoluindo rapidamente. Caracterizado por hiperatividade desorganizada, incongruência emocional com maneirismos, estereotipias. Manifestando comportamento bizarro, pueril, imprevisível. O tipo catatônico começa a manifestar entre 25 e 30 anos. Caracterizado por grandes manifestações de distúrbios psicomotores, como hiperatividade, hipercinesia, estupor catatônico, obediência automática, verbigeração, mutismo ou alugia, ecolalia, ecopraxia, esteriotipia e negativismo. O tipo indiferenciado desenvolve insidiosamente, progressivamente, onde podem ser notados sintomas negativos, como embotamento afetivo, hipobulia ou abulia e hipoatividade. O tipo residual evidencia episódios de transtorno esquizofrênico, no entanto com perda de vários sintomas ativos suficientes para o diagnóstico de outro tipo de esquizofrenia. Caracterizado por embotamento emocional, retraimento social, comportamento excêntrico e pensamento ilógico. Transtornos psicóticos paranóides incluem a paranóia (transtornos delirante), os transtornos paranóides agudos e a folie à deux (transtorno delirante induzido ou compartilhado) são caracterizados, pela presença de idéias delirantes, às vezes

24 persistentes e organizadas, de perseguição e ciúme, não devidas a qualquer outro transtorno mental. (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2004) De acordo com os mesmos autores citados acima os transtornos psicóticos paranóides incluem: A paranóia (de ciúme, hipocondríaco, de grandeza, persecutório ou litigante) há um pensamento insidioso de um sistema delirante inabalável, com preservação de um pensamento claro e ordenado. O transtorno psicótico paranóide agudo ocorre subitamente, o aparecimento de um transtorno paranóide normalmente tem um fator desencadeante como o estresse. No folie à deux (transtorno delirante ou compartilhado), há um delírio paranóide desenvolvido a partir de uma relação com outra pessoa que tem uma psicose paranóide (ex: casais). Os transtornos do humor se referem, a estados emocionais persistentes, e não a expressão afetiva de um estado emocional transitório formado por um conjunto de sinais e sintomas que persistem por semanas ou messes representando alterações marcantes nas atividades habituais do individuo, levando há uma experiência de grande sofrimento. Os pacientes com estado de humor elevado demonstram expansividade, redução do sono, idéia grandiosa, elevada auto-estima, fuga de idéias. Já os com humor deprimido demonstram perda de energia e interesse, perda de apetite, sentimento de culpa, pensamento de morte etc. (SADOCK; SADOCK, 2007) Segundo Stuart e Laraia (2002) os principais transtornos do humor são: Distúrbio depressivo grave: é uma extensão anormal ou elaboração excessiva de pesar ou luto. Caracterizado por raiva, ansiedade, culpa, solidão autoestima baixa, insônia, prostração, náuseas, confusão, indecisão, pessimismo, agressividade, intolerância etc. Distúrbio bipolar: é a experiência atual ou pregressa de um episódio maníaco (grandiosidade, necessidade diminuída do sono, fala apressada, fuga de idéias, dificuldade de concentração, agitação psicomotora), durando ao menos uma semana, sendo suficientemente grave ocorre o comprometimento externo no funcionamento social ou o ocupacional. Os distúrbios bipolares podem ser classificados em (episódios apenas maníacos), deprimidos (historia de episódios

25 maníacos com um episódio depressivo atual) ou misto (episódios maníacos e depressivos). 2.3.2 Neuroses Duncan, Schmidt e Giugliani (2004) revelam que a ansiedade pode ser patológica quando se torna uma emoção desagradável e incomoda com intensidade, duração e freqüência aumentadas, ou seja, que aparece sem estimulo externo apropriado ou proporcional para explicá-la, causando prejuízo do desempenho social e/ou profissional do individuo. O transtorno da ansiedade é caracterizado por sintomas somáticos (cefaléia, tensão muscular, tremores, sudorese, boca seca, calafrios, insônia, palidez), cognitivos (dificuldade de concentração, pensamentos catastróficos, hipervigilância, medo de enlouquecer), comportamentais (inquietude e isolamento), emocionais (medo, irritabilidade e impaciência) e perceptivos (despersonalização, desrealização, hiper-reatividade geral aos estímulos. Conforme Stefanelli, Fukuda e Arantes (2008) os principais transtornos da ansiedade são: Transtorno de ansiedade generalizada caracterizada pela ansiedade persistente, de grau muito intenso, incontrolável, apreensiva e desproporcional ao estimulo. Sintomas presentes há seis messes ou mais sem ser relacionados a fatores orgânicos específicos. Os sintomas freqüentes são: dificuldade de relaxar, insônia, angústia, irritabilidade aumentada, dificuldade de concentração, taquicardia, tontura, cefaléia, tremores, dor muscular, boca seca etc. Transtorno do pânico caracterizado pela presença de ataques de pânico com vivências da angústia diante da possibilidade de perigo, que ameaça fisicamente ou psicologicamente. Os ataques são de início inesperado, chegando ao pico em 5 a 10 minutos, podendo ter duração de 5 a 30 minutos. A pessoa tem muito medo de morrer, de perder o controle ou cometer atos indevidos apresentando sintomas como: taquicardia, sudorese, temores, náuseas, sudorese, ondas de calor, e sensação de desfalecimento etc.

26 A agorafobia é o medo de espaços abertos, de estar em locais públicos e de multidão ou de estar em lugares que seria complicada a sua saída rápida em caso de um ataque de pânico. O transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado por comportamento obsessivo e compulsivo recorrentes. A Obsessão são pensamentos, imagens ou impulsos recorrentes e persistentes que interferem a fótica normal da pessoa. A compulsão é uma manifestação consciente de comportamentos ou atos mentais repetitivos e estereotipados, que diminuem a ansiedade. Neste caso a ansiedade aumenta quando não há a realização da compulsão. O transtorno do estresse pós-traumático é composto por um conjunto de sintomas físicos e emocionais ligados a ansiedade que vão ocorrer após um evento psicologicamente estressante como: um assalto, tortura, acidente automobilístico, diagnostico de doença etc. A neurose histérica é composta pelo transtorno somatoforme e transtorno dissociativo. Segundo Sadock e Sadock (2007) os transtornos somatoformes são um grande número de doenças, que tem sinais e sintomas corporais como principal componente, envolvem interações mente-corpo, onde o cérebro envia sinais que se fixam na consciência do paciente, indicando algo de errado no corpo. O tratamento é psicofarmacológico e psicoterápico De acordo com os autores há cinco tipos de transtornos somatoformes, são eles: Transtorno de sumarização: é crônico associado ao sofrimento psíquico, inicia geralmente antes dos 30 anos. Caracterizado por vários sintomas somáticos que não podem ser explicados de maneira adequada com base em exame físico e laboratorial. A multiplicidade de queixas de vários sistemas de órgãos (ex: gastrointestinal e neurológico). Transtorno conversivo: é uma alteração do funcionamento corporal diferenciado dos conceitos atuais da anatomia e fisiologia do sistema nervoso central e periférico. Alguns sintomas são: perda de movimentos, quedas, tiques, fraqueza, cegueira, visão em túnel, desmaio, diarréia etc. Hipocondria: é definida como a preocupação do individuo com o medo de contrair ou de ter uma doença grave, que durem pelo menos seis meses. As preocupações vêm de interpretações erronias de sintomas ou funções do corpo. As

27 preocupações dos pacientes os levam a um sofrimento significativo e atrapalha o seu desempenho em âmbito pessoal, sócia e ocupacionais. Transtornos dismórfico corporal: os pacientes apresentam um sentimento subjetivo global de serem muito feios, medo de que ele não seja atraente ou até mesmo repulsivo, mesmo que ele tenha aparência normal. Este transtorno causa sofrimento e compromete o desempenho em áreas importantes. Transtorno doloroso: é a presença de dor, que é foco predominante de atenção clinica, em um ou mais locais que não são explicadas por uma condição médica ou neurológica não-psiquiátrica (ex: dor lombar, cefaléia, dor facial atípica). O transtorno se associa a sofrimento emocional e a perturbação do desempenho. Transtorno somatoforme indiferenciado: é definido com sintomas físicos inexplicáveis, que duram no mínimo seis messes ou mais, não possuem características o bastante pra ser diagnosticada como transtorno de sumarização. Para Stuart e Laraia (2002) o transtorno dissociativo é caracterizado pela difusão da identidade e despersonalização. A difusão de identidade é uma dificuldade do individuo em integrar as várias identificações da infância, sentem-se confusas a respeito de quem são. A despersonalização é um sentimento de não viver na realidade, afastando de si próprio. Na dissociação o paciente perde a noção de ter uma única consciência, tem a sensação de não ter identidade. De acordo com os autores o transtorno dissociativo é dividido em quatro tipos: Amnésia dissociativa: é quando os fenômenos dissociativos se limitam à amnésia. O distúrbio predominante consiste em um ou mais episódios da incapacidade de recordar informações, geralmente relacionadas a eventos estressantes ou traumáticos, não podendo ser explicados pelo esquecimento comum. No tratamento recomendam-se fármacos, hipnonoterapia e psicoterapia. Fuga dissociativa: o indivíduo se comporta de forma incomum e dramática, ele se afasta de forma súbita e inexplicada de casa ou de situação de trabalho, juntamente com a incapacidade de se lembrar do passado. Não se lembram de aspectos importantes da sua identidade pessoal (nome, família, ocupação). Para o tratamento recomendam-se psiquiatria, farmacoterapia, hipnoterapia e psicoterapia. Transtorno dissociativo de identidade: é um diagnostico geralmente conhecido como (transtorno da personalidade múltipla) considerado o mais serio dos transtornos dissociativos. O individuo apresenta duas ou mais identidades, cada

28 uma das quais determinando comportamento e atitudes durante o período em que são dominantes. Pelo menos duas dessas identidades tomam o controle de maneira recorrente. Para o tratamento recomenda-se psicoterapia, hipnoterapia e farmacoterapia. Transtorno de despersonalização: é caracterizado como alteração persistente e recorrente de sentimentos destacadas dos processos mentas ou corpo do individuo (ex: sentir-se como se estivesse em um sonho). A despersonalização causa sofrimento e/ou comprometimento na atuação. Para o tratamento recomendam-se farmarcoterapia e psicoterapia. Segundo Stefanelli, Fukuda e Arantes (2008) o transtorno de personalidade é geralmente generalizado e tem inicio na adolescência, em geral, desencadeado por eventos estressores. Este transtorno é caracterizado por atos desajustados de comportamento, inabilidade para seguir os padrões culturais e para atender as suas próprias necessidades. Para o tratamento recomenda-se farmacoterapia e psicoterapia. Conforme os autores os transtornos de personalidade são classificados em: Transtorno de personalidade paranóide: caracterizado por suspeita, desconfiança persistente com exagerada autovalorização, aumento da sensibilidade a críticas, ciúmes exagerado, interpretações erronias, guarda rancores persistentes, ao acometidos desconfiam da lealdade dos demais sem ter motivo aparente. Transtorno da personalidade esquizóide: em geral, tem inicio na infância. Caracterizado por um padrão de reclusão social, onde os indivíduos apresentam retraimento social e afetivo; não possuem amigos confidentes, não expressam sentimentos e experimentam prazer em poucas atividades. Apresentam indiferença a elogios ou críticas, frieza, isolamento, distanciamento etc. Transtorno de personalidade anti-social: caracterizado por atos antisociais, criminosos e pela impulsividade com deficiência de planejar o futuro, despreza as normas e obrigações sociais. Desconsideração geral dos direitos e sentimentos dos outros, dificuldade de manter relacionamentos interpessoais, manipulador, insensível, intolerante a frustrações. O indivíduo racionaliza seus atos e culpa os demais por eles. Para o tratamento remenda-se psicoterapia e farmacoterapia

29 Transtorno borderline: é caracterizado por falta de controle e sensação crônica de vaidade e solidão. O individuo geralmente tem medo crônico de abandono, tenta suicídio, sentimento de raiva, usa substâncias psicoativas. Transtorno de personalidade histriônica: caracterizado pela incapacidade de ter relacionamentos profundos e duradouros (afetividade superficial). São egocêntricos, dramáticos, gostam de ser o centro das atenções, sexualmente provocante e sedutor. Transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo: caracterizado por grande sentimento de dúvida, rigidez excessiva, perfeccionismo. A principal diferença entre o transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é a ansiedade vivida pelo o individuo para livrar-se dos pensamentos intrusivos e de rituais, não existente no transtorno de personalidade. Transtorno de personalidade dependente: caracterizado por dependência, dificuldade de tomar decisões e submissão extrema. Subordinam suas necessidades às dos outros, tem falta de autoconfiança, resistência em defender os próprios direitos. 2.4 Programa Saúde da Família (PSF) A história do Programa Saúde da Família (PSF) tem início em 1991, quando o Ministério da Saúde forma o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Desde então começou a ver a família como unidade de ação de eventos de saúde e não mais (tão somente) o indivíduo, e foi introduzida a noção de área de abrangência (por família). Afirma-se, então, que o PACS é um antecessor do PSF, e que pela primeira vez nas práticas de saúde há um realce na família e não no indivíduo. (VIANA; DAL POZ, 2010). O Programa Saúde da Família nos últimos anos marcou uma evolução grandiosa na política do SUS. Atendendo ao comprometimento da integralidade da atenção à saúde, o programa Saúde da família (PSF), criado na década de 90 a partir de uma reunião ocorrida nos dias 27 e 28 de dezembro de 1993, em Brasília, sobre o tema Saúde da Família, e desde então vem investindo na prevenção de

30 doenças e na promoção da saúde da população, alcançando resultados importantes para a saúde coletiva. (BRASIL, 2005). O Programa Saúde da Família nos mostra que há hipótese de adesão e motivação das forças sociais e políticas em busca de um mesmo objetivo. Isto torna possível a organização e incorporação das ações de saúde em território definido. O programa tem como objetivo propiciar o enfrentamento e a resolução de problemas identificados, pela articulação de saberes e práticas com vários graus de complexidade tecnológica, unindo diferentes áreas do conhecimento e aprimorando habilidades e mudanças de atitudes dos profissionais envolvidos. (PEDROSA; TELES, 2001). A área que cada Equipe de Atenção Básica vai intervir é sempre composta pelas famílias, amigos e sua relação com a comunidade e com o meio ambiente. O cotidiano dessas equipes vem demonstrando que os problemas de saúde mental fazem parte de sua realidade. Cada equipe do PSF (médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, agente comunitário de saúde) esta encarregado da cobertura de ate 1.000 familiares, ou cerca de 3.400 pessoas de um município ou bairro. (BRASIL, 2005). A Implantação do Programa Saúde da Família em Paracatu, por ser um processo de grandes mudanças na organização dos serviços e prática profissional, foi feito de forma gradual O programa foi Implantado através da Portaria nº 2.203, de 5 de novembro de 1996, pelo Ministério da Saúde. O Programa Saúde da Família de Paracatu atua com a equipe mínima local, atendendo às demandas de forma continua e racionalizada, otimizando o trabalho de promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento. (PARACATU, 1997). O município de Paracatu possui hoje 11 unidades do Programa Saúde da Família (PSF), que se localizam no: bairro Amoreiras, Vila Mariana, Chapadinha, Paracatuzinho, JK, Novo Horizonte, Alto do Açude, São João Evangelista, Nossa Senhora de Fátima, Aeroporto e Prado. (BRASIL, 2010) Cada unidade é responsável pelo cadastramento e acompanhamento da população vinculada (adscrita) a uma área (território de abrangência), as equipes deveram realizar o cadastramento das famílias através de visitas domiciliares, de acordo com a área territorial que foi preestabelecida para a adscrição, de forma a garantir a atenção integral aos indivíduos. (COSTA; CARBONE, 2004).

31 2.5 Saúde Mental inserida no Programas de Saúde da Família O processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil propicia o surgimento de experiências inovadoras e bem-sucedidas vindas da interação entre saúde mental e atenção básica. (SILVEIRA; VIEIRA, 2009). A atenção básica (PSF) nos dias de hoje, é a mais importante porta de entrada do sistema de saúde, o elo que une as unidades assistenciais, família e a comunidade. (BREDA; AUGUSTO, 2001). Existem princípios que possibilitam a convergência de ações de saúde mental no PSF, por exemplo: 1- Princípios do SUS: atendimento gratuito a todos, assistido de forma integral, ações descentralizadas, princípios da racionalidade, eficiência e eficácia, assegurar aspecto democrático e principio da equanimidade. 2- Territorialização e responsabilidade pela demanda. 3- Desinstitucionalização das pessoas internadas e a construção de rede de cuidado capaz de atender a demanda. 4- Modalidades de cuidado que garantam a escuta, o vinculo que potencializem as singularidades, as biografias, as raízes culturais, as redes de pertencimento e estejam atentas e recusem as formas de medicalização, psiquiatrização e psicologozação. 5- Planejamento, desenvolvimento e avaliação das ações em equipe multiprofissional. 6- Desenvolvimento das ações de saúde mental nas unidades de saúde, nos domicílios, nos lugares e recursos comunitários. 7- Atendimento às pessoas em situação de gravidade, através de ações efetivas que viabilizem o acesso. (SCÓZ; FENILI, 2003). A idéia da nova estruturação da Atenção Psiquiátrica ligada à Atenção Primária envolve construir uma nova forma de cuidado que tenha como princípios a solidariedade, democracia e tolerância em relação à diferença. Uma forma de cuidado que se demonstre numa atitude de mostrar interesse, colocar atenção, compartilhar e estar com o outro com prazer e satisfação; não numa atitude de sujeito-objeto, mas de sujeito-sujeito. (BREDA; AUGUSTO, 2001). O Manual de Enfermagem (PSF) do Ministério da Saúde chama a atenção, não só do enfermeiro, mais de toda equipe de saúde, para que notem a grande importância das várias causas dos agravos à saúde, sejam eles fatores físicos, mentais ou sociais, tanto individuais como coletivos, tendo sempre em vista pessoas como sujeitos cidadãos em seu meio ambiente e em seu contexto socio-familiar.

32 Com isso chamam a atenção para a inevitável necessidade de uma visão mais ampla dos indivíduos acompanhados pelas equipes dos PSF s, para que se promova uma atenção mais holística, dando suporte em saúde mental. (SOUZA et al., 2007). Uma equipe mínima de Saúde Mental em unidade básica de Saúde deve compor-se pelo menos de um psicólogo e um psiquiatra evidentemente, trabalhando em parceria com o generalista, o assistente social, o auxiliar de enfermagem, entre outros, mas muitas unidades básicas não possuem uma equipe de Saúde Mental e nem mesmo seria desejável que a possuíssem, isso vai depender de aspectos epidemiológicos, demográficos, e outros, que devem ser levados em conta na organização do Projeto de Saúde Mental local. (BRASIL, 2006). Pela proximidade com as famílias e comunidades, as equipes da Atenção Básica se apresentam como um recurso estratégico para o enfrentamento de grandes problemas de saúde publica como agravos ligados ao uso abusivo de álcool, drogas e diversas outras formas de sofrimento psíquico. (BRASIL, 2005). Ter o domicilio como espaço terapêutico e a assistência humanizada como instrumento que facilita a criação de vínculos e aproximação dos profissionais com o cotidiano das famílias. Deste modo, o PSF pode se tornar a melhor e certeira estratégia para atender o paciente na área de Saúde Mental, visto que o atendimento está dentro no convívio social do paciente. (SOUZA et al., 2007). Porém, estando o PSF ainda em desenvolvimento, a saúde mental tem sido pouco reconhecida nos programas de capacitação, o que muitas vezes dificulta a efetivação da assistência. (PEREIRA et al., 2007) aquele que nasce de uma recusa da equipe em atender estes pacientes. O se - pacientes. (BRASIL, 2006). Esse despreparo é um obstáculo real a ser ultrapassado. Cursos de capacitação em Saúde Mental, a disponibilidade das equipes dos PSF s é essencial; cabe-lhe ajudar na abordagem destas questões, seja através de reuniões e de debates periódicos, seja no cotidiano de serviço - discutindo alguns casos, avaliando

33 outros, encaminhando aqueles que se agravam e ou se complicam são de extrema importância. (BRASIL, 2006). Pacientes problemáticos chegam para serem atendidos por profissionais da unidade básica, que supostamente saberiam o que fazer com eles. Entre essas pessoas, algumas são neuróticas graves e/ou atravessam momentos de crise, necessitando de assistência especializada. No entanto, não é este o caso da grande maioria delas e, ainda assim, ocupam grande parte das agendas, sobretudo dos psiquiatras. (BRASIL, 2006) Outro problema está relacionado ao atendimento médico em unidades de saúde, onde a atitude mais freqüente em relação ao adoecimento psíquico, seja qual for o problema é medicar com benzoadiazepinocos, mal sabem eles que os pacientes buscam mais do que alivio dos sintomas, buscam explicações significativas e tratamento psicossocial da doença. (BREDA; AUGUSTO, 2001). podem criar ações inovadoras: Eventos culturais, atividades e. (BRASIL, 2006). As equipes dos PSF s devem realizar o acompanhamento daque menores, exemplo: neuroses e de psico. Quando esse grau de complexidade ultrapassa as possibilidades dos profissionais, o caso deve ser encaminhado para um serviço mais capacitado. (BRASIL, 2006). No caso de municípios maiores, onde estão implantados CAPS, a equipe do CAPS, apóia as diferentes equipes de Atenção Básica através de atendimento conjunto e específico, capacitação e ações de supervisão. As equipes matriciais de saúde mental e da atenção básica compartilham os casos e montam em conjunto as estratégias para tratar de problemas relacionados com a violência, ao abuso do álcool e outras drogas, as estratégias para redução de danos, ações para diminuição do isolamento provocado pela loucura e combate ao estigma, e aprimoramento de