AULA Nº 01: PLANEJAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARTE I. Caros colegas! Iniciaremos, hoje, o estudo dos principais pontos relativos aos instrumentos de planejamento da administração pública, previstos na Constituição Federal de 1988. Este tópico é muito exigido em diversos concursos, em especial, TCU, CGU, Analista/MPOG, AFC/STN e Tribunais de Contas dos Estados. Vamos ao assunto! As administrações públicas federal, estadual e municipal, para cumprirem com suas finalidades básicas de prestar serviços à sociedade, necessitam de recursos, ou seja, receitas. Esses recursos são necessários para a realização dos gastos, das chamadas despesas públicas. Entretanto, a tarefa de arrecadar receitas e realizar gastos necessita ser efetivada de forma planejada. É como se fosse uma família ou uma pessoa: em princípio, não se pode gastar mais do que ganha. Dessa forma, tanto o poder público quanto as pessoas devem planejar como, quando e em que gastar o que ganham ou recebem a título de receitas. O poder público (União, Estados/Distrito Federal e Municípios) deve administrar os recursos públicos (arrecadar receitas e realizar gastos) com muita responsabilidade, haja vista que o dinheiro pertence ao povo. Um bom exemplo é o condomínio onde moram muitas pessoas, todos devem contribuir e o Síndico administra, de forma planejada, os recursos arrecadados. Poderíamos perguntar! Como o Síndico sabe qual é o valor da taxa do condomínio? Ele sabe em função das despesas com empregados, segurança, água, luz, telefone, piscina, etc. Na administração pública não é diferente, os gestores públicos devem planejar, ou seja, prever quanto vão arrecadar de receitas e a partir daí fixar o quanto podem gastar num período pré-determinado. Como vivemos em um estado democrático de direito, no Brasil existem diversas normas impondo regras para quem arrecada e gasta dinheiro público.
Essas normas estabelecem vedações, restrições e procedimentos acerca dos orçamentos públicos. Algumas dessas normas estão inseridas na Constituição Federal-CF de 1988 e regulamentadas em diversas leis, portarias e outros instrumentos normativos, principalmente na Lei nº 4.320/64 e na Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal LRF). A Lei nº 4.320/64 Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Essa lei ordinária foi recepcionada pela CF/88 como lei complementar nacional ( 9º do art. 165 da CF). A Lei de Responsabilidade Fiscal- LRF estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, aplicáveis a União, Estados, Distrito Federal e aos Municípios. Após a edição da LRF não há mais como estudar sobre planos, orçamentos e gestão pública responsável sem apoio em suas diretrizes, principalmente quando se trata de concursos públicos. PLANEJAMENTO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A Constituição da República estabelece que as Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão (art. 165, incisos I, II e III, da CF): O plano plurianual - PPA; As diretrizes orçamentárias - LDO; Os orçamentos anuais - LOA. A lei que instituir o PPA estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. O Plano Plurianual é inovação da CF/88, em substituição aos planos plurianuais de investimentos das constituições anteriores. A Lei nº 4.320/64 estabelece que a Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos aos princípios de unidade universalidade e anualidade (art 2º, da Lei nº 4.320/64).
A Lei Complementar nº 101/00 LRF, estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Praticamente não se refere ao PPA e deu ênfase à LDO e ainda alguns procedimentos quanto à LOA. Resumindo, a administração pública deve planejar a arrecadação de receitas e realização de gastos adotando os seguintes instrumentos de planejamento: A Lei do Plano Plurianual PPA; A Lei de diretrizes orçamentárias LDO; A Lei orçamentária anual LOA. Importante! O PPA e a LDO são inovações da CF/88. Os projetos de lei desses instrumentos de planejamento são de iniciativa exclusiva do Poder Executivo, ou seja, cabe somente ao Presidente da República encaminhá-los ao Congresso Nacional. A responsabilidade para elaboração e execução dos instrumentos supracitados é de todos os órgãos e Poderes públicos, ou seja, a competência exclusiva do Poder Executivo é apenas para apresentar ao Congresso Nacional a proposta dos instrumentos de planejamento, ou seja, todos os entes, seus órgãos e Poderes elaboram sua proposta e encaminham ao Executivo, que as consolida e envio ao Poder Legislativo. Pelas atuais regras esses instrumentos de planejamento devem estar plenamente integrados e coordenados entre si. Cabe aqui uma observação importante! A Constituição da República veda a edição de Medida Provisória sobre: planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais suplementares (art. 62, 1º, I, d). Portanto, essas matérias não podem ser tratadas por meio de Medidas Provisórias, exceto a abertura de créditos extraordinários, para atender despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública (CF, art. 167, 3º). Também, não se pode tratar desse assunto através de Lei Delegada (CF, art. 68, III). O Presidente da República apresenta ao Poder Legislativo (Comissão Mista Permanente de Fiscalização, Planos e Orçamentos) os projetos de
lei sobre o PPA, LDO e LOA, cabendo ao Congresso Nacional aprová-los ou rejeitá-los. É a chamada competência para dispor sobre orçamentos. Entendemos que a Constituição Federal, em seu art. 165, 4º, estabeleceu mais um instrumento de planejamento que ainda não se tem notícia de seu implemento. Esse parágrafo prevê planos e programas nacionais, regionais e setoriais a serem elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. A respeito desses planos e programas nacionais, regionais e setoriais, foi cobrado no concurso para Técnico de Finanças e Controle da atual CGU: (ESAF TFC/2000) A Constituição de 1988, em seu art. 165, determina que a lei orçamentária anual compreenderá: - O orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; - O orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito a voto; - O orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculadas, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Além dos orçamentos anuais acima indicados, a nova constituição estabelece que leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: a) o plano plurianual, as diretrizes compensatórias e as atualizações fiduciárias b) o plano bianual, as diretrizes orçamentárias e as atualizações permanentes c) o plano plurianual, as diretrizes estratégicas e as atualizações permanentes d) o plano trianual, as diretrizes orçamentárias e as atualizações fiduciárias e) o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os planos e programas nacionais, regionais e setoriais Comentários:
O PPA, LDO e LOA, são instrumentos já implementados e representam os pilares básicos do planejamento na administração pública brasileira dos entes da federação e seus respectivos poderes. A opção correta é a letra e. Por hoje é só pessoal! Na próxima aula veremos com mais vagar o Plano Plurianual PPA. Bom estudo e sucesso a todos!