CONTABILIDADE DE CUSTOS VERSUS CONTABILIDADE DE GANHOS: APLICAÇÕES À ESCOLHA DO MIX DE PRODUÇÃO

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Transcrição:

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010. CONTABILIDADE DE CUSTOS VERSUS CONTABILIDADE DE GANHOS: APLICAÇÕES À ESCOLHA DO MIX DE PRODUÇÃO Jose Antonio de Queiroz (UNIFAL-MG) ja.queiroz@uol.com.br O objetivo é confrontar a contabilidade de custos e a contabilidade de ganhos quanto à escolha do mix de produção. Enquanto a contabilidade de custos trata as restrições e as não-restrições de modo igual e tem como pressuposto que as otimizações locais isoladas conduzem à otimização global da empresa, a contabilidade de ganhos trata as restrições e as não-restrições de modo diferente e tem como pressuposto que as otimizações locais isoladas não conduzem à otimização global da empresa. É por isto que enquanto a contabilidade de custos julga o impacto de qualquer ação local sobre o resultado local isolado, a contabilidade de ganhos julga o impacto de qualquer ação local sobre o resultado global da empresa. Para a contabilidade de ganhos, qualquer uto perdido na restrição implica em um uto perdido no sistema, e para aumentar o desempenho do sistema, é necessário explorar ao máximo a restrição. Sendo assim, as restrições e as não-restrições têm que ser tratadas de modo diferente, estando as não-restrições subordinadas às restrições. Já os resultados obtidos pela aplicação da contabilidade de custos e da contabilidade de ganhos para a escolha do mix de produção em uma empresa, comprovam que a opção por esta ou por aquela contabilidade conduz a decisões diferentes, ou seja, cada uma delas aponta para um mix de produção diferente. Tais resultados demonstram que ao fazer a opção pela contabilidade de custos em detrimento da contabilidade de ganhos, a empresa poderá ser induzida a decisões equivocadas quanto à escolha do mix de produção. Palavras-chaves: Contabilidade de custos, contabilidade de ganhos, mix de produção

1. Introdução O objetivo deste artigo é confrontar a contabilidade de custos e a contabilidade de ganhos quanto à escolha do mix de produção. Enquanto a contabilidade de custos trata as restrições e as não-restrições de modo igual e tem como pressuposto que as otimizações locais isoladas conduzem à otimização global da empresa, a contabilidade de ganhos trata as restrições e as não-restrições de modo diferente e tem como pressuposto que as otimizações locais isoladas não conduzem à otimização global da empresa. É por isto que enquanto a contabilidade de custos julga o impacto de qualquer ação local sobre o resultado local isolado, a contabilidade de ganhos julga o impacto de qualquer ação local sobre o resultado global da empresa. Para a contabilidade de ganhos, qualquer uto perdido na restrição implica em um uto perdido no sistema, e para aumentar o desempenho do sistema, é necessário explorar ao máximo a restrição. Sendo assim, as restrições e as não-restrições têm que ser tratadas de modo diferente, estando as não-restrições subordinadas às restrições. 2. Revisão de literatura 2.1. Contabilidade de custos Segundo Martins (2003), para o propósito de custeio dos produtos, todo gasto deve ser classificado de acordo com sua função em custos ou despesas. Custos são todos os gastos associados diretamente à produção dos produtos, e subdividem-se em custos de materiais diretos (CMD), custos de mão-de-obra direta (CMOD) e custos indiretos de fabricação (CIF), enquanto despesas são todos os gastos não-associados diretamente à produção dos produtos, e subdividem-se em despesas adistrativas (DA), despesas de vendas (DV) e despesas financeiras (DF). Ainda de acordo com o autor, uma outra classificação importante para o propósito de custeio dos produtos é aquela que faz a separação dos custos em diretos ou indiretos. Custos diretos (CD) são aqueles que podem ser atribuídos diretamente aos produtos, sendo representados pelos CMD e pelos CMOD, enquanto custos indiretos são aqueles que não podem ser atribuídos diretamente aos produtos, sendo representados pelos CIF. Pamplona (1997) destaca que os três principais métodos de custeio encontrados nas empresas brasileiras são o absorção, o variável e o baseado em atividades, apresentados logo a seguir. 2.1.1. Custeio por absorção De acordo com Martins (2003), no custeio por absorção todos os custos são atribuídos aos produtos, ou seja, os CMD, os CMOD e os CIF, e somente estes, ficando, portanto, excluídas as despesas, tratadas como gastos do período. Ainda segundo o autor, no custeio por absorção a tomada de decisão é realizada com base no conceito de lucro unitário (Lu), calculado pela diferença entre o preço unitário (Pu) e o custo unitário (Cu): de onde resulta que: Lu = Pu Cu Lu = Pu (CMDu + CMODu + CIFu) 2

uma vez que o Cu é dado pela soma dos custos de material e de mão-de-obra diretos, bem como dos custos indiretos de fabricação. Segundo Pamplona (1997), no custeio por absorção, os produtos com Lu > 0 são atrativos e, quanto maior o Lu do produto, mais atrativo ele será para a empresa. De acordo com Martins (2003), no custeio por absorção a atribuição dos CIF ocorre em dois estágios. No primeiro, os CIF são atribuídos diretamente aos departamentos de produção ou, então, são atribuídos inicialmente aos departamentos de serviços e, posteriormente, destes aos de produção. Neste primeiro estágio, a atribuição dos CIF é feita por meio do rateio com base tanto em medidas volumétricas, como por exemplo, as horas de mão-de-obra direta, quanto em medidas não-volumétricas, como por exemplo, a área ocupada. No segundo, os CIF atribuídos aos departamentos de produção são, agora, atribuídos aos produtos. Neste segundo estágio, a atribuição dos CIF é feita por meio do rateio com base somente em medidas volumétricas, sobretudo, as horas de mão-de-obra direta. Pamplona (1997), no entanto, alerta que a atribuição dos CIF por meio do rateio com base em medidas volumétricas, sobretudo, com base nas horas de mão-de-obra direta, apresenta um grave problema. Segundo o autor, embora seja inquestionável que os CIF passaram a representar a parcela mais significativa dos custos totais, verifica-se, ainda, que permanece nas empresas a atribuição dos CIF pelo rateio com base em medidas volumétricas, o que amplia, agora, os erros à parcela mais significativa dos custos totais. Para Goldratt (1991), quando o custeio por absorção faz a atribuição dos CIF por meio do rateio com base em medidas volumétricas, ele está, erroneamente, considerando que tais custos variam de modo direto às variações em tais medidas. Voltando a Martins (2003), o autor chama atenção para o fato de que quando o custeio por absorção foi estabelecido, o rateio com base em medidas volumétricas fazia todo sentido, uma vez que os erros ficavam restritos a uma parcela muito pequena dos custos totais. No entanto, o autor reconhece que a realidade atual é muito diferente e que o custeio por absorção deixou de ser uma boa ferramenta de apoio à tomada de decisão gerencial. 2.1.2. Custeio variável De acordo com Martins (2003), no custeio variável somente os custos diretos são atribuídos aos produtos, ou seja, os CMD e os CMOD, e somente estes, ficando, portanto, excluídos os CIF e as despesas, tratados como gastos do período. Ainda segundo o autor, no custeio variável a tomada de decisão é realizada com base no conceito de margem de contribuição unitária (MCu), calculada pela diferença entre o preço unitário (Pu) e o custo variável unitário (CVu): de onde resulta que: MCu = Pu CVu MCu = Pu (CMDu + CMODu) uma vez que o CVu é dado pela soma dos custos de material e de mão-de-obra diretos. 3

Segundo Pamplona (1997), no custeio variável, os produtos com MCu > 0 são atrativos e, quanto maior a MCu do produto, mais atrativo ele será para a empresa. Ainda de acordo com Pamplona (1997), a tomada de decisão no custeio variável é mais precisa que a tomada de decisão no custeio por absorção, o que se explica pelo fato do custeio variável atribuir somente os custos diretos aos produtos, eliando, portanto, a necessidade de rateio dos CIF e, conseqüentemente, a imprecisão do mesmo. 2.1.3. Custeio baseado em atividades De acordo com Noreen, Smith e Mackey (1996), o custeio baseado em atividades - ABC, surgiu ao longo da década de 1980 como alternativa ao custeio por absorção e, desde então, tem sido utilizado estrategicamente pelas empresas como uma importante ferramenta de apoio à tomada de decisão. Segundo Pamplona (1997), as atividades representam o foco do ABC e, sendo assim, identificá-las e classificá-las é o primeiro passo. O primeiro grupo identificado por Pamplona (1997) é o das atividades primárias, definidas como aquelas atividades consumidas diretamente pelos produtos. O segundo grupo é o das atividades secundárias, definidas como aquelas atividades consumidas por outras atividades. Uma vez que todas as atividades estejam devidamente identificadas e classificadas, pode-se dar início ao custeio dos produtos, que ocorre em três etapas, definidas pelo próprio Pamplona (1997). A primeira etapa de aplicação do ABC definida por Pamplona (1997) é representada pelo rastreamento dos custos dos recursos às atividades consumidoras daqueles por meio dos direcionadores de recursos. A segunda etapa é representada pelo rastreamento dos custos das atividades secundárias às primárias consumidoras daquelas pelos direcionadores de atividades. A terceira etapa é representada pelo rastreamento dos custos das atividades primárias aos produtos consumidores daquelas pelos direcionadores de atividades. Segundo Martins (2003), no ABC a tomada de decisão é realizada com base no conceito de lucro unitário (Lu), calculado pela diferença entre preço unitário (Pu) e custo unitário (Cu): de onde resulta que: Lu = Pu Cu Lu = Pu (CMDu + CMODu + CIFu) uma vez que o Cu é dado pela soma dos custos de material e de mão-de-obra diretos, bem como dos custos indiretos de fabricação. Segundo Pamplona (1997), no ABC, os produtos com Lu > 0 são atrativos e, quanto maior o Lu do produto, mais atrativo ele será para a empresa. Ainda de acordo com Pamplona (1997), os direcionadores de recursos e de atividades estabelecem uma relação do tipo causa e efeito entre os custos e os seus consumidores, conferindo, deste modo, uma maior precisão ao ABC quando comparado aos métodos de custeio tradicionais, sobretudo, quando comparado ao custeio por absorção. Para Gupta e Galloway (2003), o ABC apresenta melhores resultados quando aplicado na forma da Gestão Baseada em Atividades (ABM), sendo a principal característica da ABM, 4

a substituição da preocupação exclusiva com a mensuração dos custos para a preocupação abrangente com a gestão das atividades. Para Spedding e Sun (1999), a ABM vai além dos dados estritamente financeiros e exaa as atividades para identificar quais agregam e quais não agregam valor do ponto vista do cliente. Para Beheshti (2004), os principais objetivos da ABM são imizar ou eliar as atividades que consomem recursos mas que não agregam valor, identificar e eliar as causas que geram estas atividades e, ainda, introduzir eficiência e efetividade às atividades que agregam valor. Para Schneeweiss (1998), a ABM é um importante instrumento de planejamento, o qual apóia a tomada de decisões estratégicas. Para Watanabe e Kaneda (2004), a ABM pode ser aplicada para eliar o desperdício e agregar valor também ao fluxo de informações, do mesmo modo como o faz para o fluxo de materiais, uma vez que ambos, nada mais são do que conjuntos de atividades. Para Özbayrak, Akgün e Türker (2004), a meta da ABM é calcular e, mais importante, gerenciar o custo das atividades. 2.2. Contabilidade de ganhos Goldratt (1991) afirma que qualquer sistema tem pelo menos uma restrição que limita seu desempenho, o que o levou à criar o processo de otimização contínua da Teoria das Restrições (TOC) para as restrições físicas. A primeira etapa da otimização contínua da TOC para as restrições físicas desenvolvida por Goldratt (1991) é identificar a(s) restrição(ões) do sistema. Goldratt (1991) explica que em um sistema sempre haverá uma restrição que limitará o seu desempenho, assim como em uma corrente sempre haverá um elo fraco que limitará a sua resistência. Para aumentar o desempenho do sistema, deve-se identificar o seu elo mais fraco. Quando isto for alcançado, a próxima etapa da otimização contínua da TOC fica óbvia, ou seja, ao colocar as mãos nas coisas que limitam o desempenho do sistema, é fundamental não desperdiçar nada delas. Assim, a segunda etapa da otimização contínua da TOC para as restrições físicas desenvolvida por GOLDRATT (19991) é decidir como explorar a(s) restrição(ões) do sistema. Goldratt (1991) explica que o recurso que limita o desempenho do sistema foi identificado na etapa anterior. Qualquer uto perdido neste recurso implica em um uto perdido no sistema, e para aumentar o desempenho do sistema é necessário explorar ao máximo este recurso. Quando isto for alcançado, a próxima etapa da otimização contínua da TOC fica óbvia, ou seja, é fundamental garantir que os recursos não-restritivos abasteçam as restrições somente com as quantidades necessárias e quando necessárias. Assim, a terceira etapa da otimização contínua da TOC para as restrições físicas desenvolvida por Goldratt (19991) é subordinar tudo o mais à decisão anterior. Goldratt (1991) explica que os recursos não-restrição não podem trabalhar mais devagar que a restrição, pois, assim, ela pararia e o desempenho do sistema seria afetado negativamente. Por outro lado, não devem trabalhar mais rápido que a restrição, pois, assim, não estariam aumentando a produção do sistema, mas, somente, o estoque em processo. Para aumentar o desempenho do sistema, deve-se fazer com que as não-restrições trabalhem no passo das restrições, nem mais rápido e, também, nem mais devagar. Quando isto for alcançado, a próxima etapa da otimização contínua da TOC fica óbvia, ou seja, é fundamental buscar um modo de reduzir o impacto causado pelas restrições. Afinal, elas não são um ato definitivo. Assim, a quarta etapa da otimização contínua da TOC para as restrições físicas desenvolvida por GOLDRATT (19991) é elevar a(s) restrição(ões) do sistema. 5

Goldratt (1991) explica que na segunda etapa, buscou-se explorar o máximo possível das restrições. Nesta etapa serão consideradas as várias alternativas para investir mais nas restrições. Para aumentar o desempenho do sistema é necessário quebrar as suas restrições. Quando isto for alcançado, a próxima etapa da otimização contínua da TOC fica óbvia, ou seja, é fundamental voltar à primeira etapa. Assim, a quinta etapa da otimização contínua da TOC para as restrições físicas desenvolvida por GOLDRATT (19991) é que se na etapa 4 uma restrição foi quebrada, volte à etapa 1, mas não deixe que a inércia cause uma restrição de política no sistema. O que Goldratt (1991) quer dizer na quinta etapa é que sempre que uma restrição for quebrada, deve-se voltar à etapa 1 e identificar a(s) nova(s) restrição(ões) do sistema a partir da nova realidade, sem deixar que a inércia cause uma restrição de política no sistema. Corbett Neto (1997) afirma que para uma empresa melhorar seu desempenho, ela deve adistrar suas restrições, o que exige medidas de desempenho coerentes com a meta da empresa. De acordo com Goldratt (1991), a meta da empresa é ganhar mais dinheiro agora e no futuro. Rahman (1998), Mabin (2001) e Umble, M, Umble, E. e Deylen (2001) reforçam esta colocação de Goldratt (1991). Sendo assim, para poder julgar o impacto de qualquer ação local sobre a meta da empresa, três perguntas devem ser respondidas. A primeira é: quanto dinheiro é gerado pela empresa? A segunda é: quanto dinheiro é capturado pela empresa? A terceira é: quanto dinheiro é gasto pela empresa para operá-la? A transformação destas perguntas resulta nas três medidas de desempenho intuitivamente óbvias da TOC desenvolvidas por Goldratt (1991). A primeira medida de desempenho da contabilidade de ganhos desenvolvida por Goldratt (1991) é o ganho (G), índice pelo qual a empresa gera dinheiro por meio das vendas, calculado como o preço (P) menos os custos totalmente variáveis (CTV), estes restritos, geralmente, aos CMD. Na contabilidade de ganhos é o mercado quem impõe o preço às empresas. Além disto, o G não pode ser associado à manobra interna de dinheiro na empresa, daí as palavras adicionais por meio das vendas, pois material produzido e não vendido não gera G para a empresa: G = P CTV sendo o G da empresa dado pelo somatório dos G individuais de todas as unidades de todos os tipos de produtos da empresa. Para a escolha do mix de produção é necessário definir uma outra medida: ( G / UR ) u o ganho (G) por unidade de restrição (UR) que cada unidade (u) do produto consome. Os produtos com ( G / UR ) u > 0 são atrativos e, quanto maior for o ( G / UR ) u, mais atrativo o produto será para a empresa. Esta nova medida é coerente com a segunda etapa de otimização contínua da TOC, visto que ela define como produto mais atrativo aquele que explora ao máximo a restrição. A segunda medida de desempenho da contabilidade de ganhos desenvolvida por Goldratt (1991) é o inventário (I), que representa todo dinheiro que a empresa investe em coisas que pretende vender. O termo I no lugar do ativo é proposital, pois, o único valor 6

possível de ser atribuído aos estoques de matérias-primas, materiais em processo e produtos acabados, é o valor pago aos fornecedores pelos materiais. Isto significa que não há valor agregado aos produtos, nem mesmo o da mão-de-obra direta, pois, na produção, só se agregam custos. O único momento em que se agrega valor à empresa é o da realização das vendas. A terceira medida de desempenho da contabilidade de ganhos desenvolvida por Goldratt (1991) é a despesa operacional (DO), que representa todo dinheiro que a empresa gasta transformando I em G. O conceito de DO inclui todo o gasto realizado no período, independente da realização das vendas, como os salários e os benefícios tanto da mão-de-obra direta quanto indireta, a depreciação, etc. De acordo com o próprio Goldratt (1991), estas três medidas são suficientes para julgar o impacto de qualquer ação local sobre a meta da empresa, e o ideal é que qualquer ação local aumente o G e diua o I e a DO, ou, ainda, que aumente o LL e o retorno sobre o investimento (RSI), definidos também por Goldratt (1991): LL = G DO RSI = LL / I 3. Metodologia Trata-se de uma pesquisa-ação, uma vez que ela foi concebida e realizada em estreita associação com uma ação voltada para a resolução de um problema, e de caso único, já que foi desenvolvida em uma única empresa. No decorrer da pesquisa, o pesquisador interveio no problema, propondo soluções imediatas. Buscou-se, deste modo, atingir dois objetivos: solucionar um problema e contribuir para a ciência. Do ponto de vista da sua natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada, na medida em que objetivou gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa em parte quantitativa, na medida e que objetivou traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, e em parte de uma pesquisa qualitativa, na medida em que reconheceu a existência de subjetividade no chão de fábrica. Do ponto de vista de seus objetivos, trata-se de uma pesquisa em parte exploratória, na medida em que objetivou proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses, e em parte de uma pesquisa descritiva, uma vez que objetivou estabelecer, compreender e descrever as relações entre as diversas variáveis. 4. Aplicação: confronto entre a contabilidade de custos e a contabilidade de ganhos frente ao problema da escolha do mix de produção As famílias de produtos escolhidas são as de camas e de criados, já que estas respondem por mais da metade do faturamento da empresa. Dentro destas famílias, serão avaliados os dez modelos de camas e de criados que representam mais de 60% do faturamento das famílias de camas e de criados. O ponto de partida desta aplicação foi a deteração da restrição. Contudo, sendo o objetivo deste artigo, confrontar a contabilidade de custos e a contabilidade de ganhos aplicadas à escolha do mix de produção, não será apresentado o passo a passo que levou à escolha da restrição, uma vez que esta foi feita mediante a aplicação de técnicas elaboradas de gestão da produção. Porém, caso alguém deseje ter acesso a este passo a passo, isto pode ser 7

conseguido em Araújo (2004) e Queiroz (2006). A figura 1 apresenta um mapeamento da linha de produção das famílias de camas e de criados, com destaque para a restrição. Deterada a restrição, os produtos serão, inicialmente, classificados em ordem decrescente de atratividade pela contabilidade de custos. A tabela 1 e 2 apresentam os resultados. Em seguida, os produtos serão classificados em ordem decrescente de atratividade pela contabilidade de ganhos. As tabelas 3 e 4 apresentam os resultados. Finalmente, os produtos serão classificados em ordem decrescente de atratividade pela contabilidade de custos e pela contabilidade de ganhos. As tabelas 5 e 6 apresentam os resultados. O objetivo das tabelas 5 e 6 é facilitar a visualização das diferenças proporcionadas pela contabilidade de custos e pela contabilidade de ganhos quanto à atratividade, demonstrando que a aplicação desta ou daquela conduz a resultados e a tomadas de decisão diferentes. Fornecedores Pedido diário PCP Pedido semanal Programação diária expedições e facilitador Expedição Madeira Usinagem Facilitador TC = 45 TR = 10 Expedição Compensado FIFO TC = 12 TR = 10 ciclo ; TR = tempo de troca TC = 420 TR = 10 Célula Componentes TC = 420 TR = 10 Montagem TC = 288 TR = 0 RESTRIÇÃO DA EMPRESA FIFO TC = tempo de Acabamento TC = 630 TR = 0 45. 0,5 dia 420. 2 dias 288. 1 dia 630. FIGURA 1 - Linha de produção de camas e criados da empresa FONTE: Araújo (2004, p.114)produto Pu Cu Lu 8

Cama modelo a 5.400,00 2.700,00 2.700,00 Cama modelo b 5.200,00 2.600,00 2.600,00 Cama modelo c 4.800,00 2.400,00 2.400,00 Cama modelo d 4.000,00 2.000,00 2.000,00 Cama modelo e 3.800,00 1.900,00 1.900,00 Cama modelo f 3.400,00 1.700,00 1.700,00 Cama modelo g 3.200,00 1.600,00 1.600,00 Cama modelo h 2800,00 1.400,00 1.400,00 Cama modelo i 2.500,00 1.250,00 1.250,00 Cama modelo j 2.000,00 1.000,00 1.000,00 TABELA 1 - Atratividade dos produtos da família camas da empresa pela contabilidade de custos Produto Pu Cu Lu Criado modelo a 2.525,00 1.262,50 1.262,50 Criado modelo b 2.250,00 1.125,00 1.125,00 Criado modelo c 2.050,00 1.025,00 1.025,00 Criado modelo d 1.800,00 900,00 900,00 Criado modelo e 1.650,00 825,00 825,00 Criado modelo f 1.400,00 700,00 700,00 Criado modelo g 1.250,00 625,00 625,00 Criado modelo h 1.200,00 600,00 600,00 Criado modelo i 1.050,00 525,00 525,00 Criado modelo j 800,00 400,00 400,00 TABELA 2 - Atratividade dos produtos da família criados da empresa pela contabilidade de custos Da contabilidade de custos: Lu = Pu Cu lucro unitário (Lu) é igual ao preço unitário (Pu) menos o custo unitário (Cu). Produto Pu CTVu Gu URu G / UR u 9

R$ h R$ / h Cama modelo d 4.000,00 1.200,00 2.800,00 2 1.600,00 Cama modelo b 5.200,00 2.000,00 3.200,00 2,5 1.280,00 Cama modelo f 3.400,00 1.400,00 2.000,00 1,6 1.250,00 Cama modelo h 2800,00 900,00 1.900,00 1,8 1.055,56 Cama modelo a 5.400,00 1.800,00 3.600,00 3,5 1.028,57 Cama modelo j 2.000,00 750,00 1.250,00 1,4 892,86 Cama modelo c 4.800,00 1.400,00 3.400,00 4 850,00 Cama modelo i 2.500,00 950,00 1.550,00 2,8 553,57 Cama modelo g 3.200,00 800,00 2.400,00 5 480,00 Cama modelo e 3.800,00 1.000,00 2.800,00 6,4 437,50 TABELA 3 - Atratividade dos produtos da família camas da empresa pela contabilidade de ganhos Produto Pu CTVu Gu URu G / UR u R$ h R$ / h Criado modelo f 1.400,00 380,00 1.020,00 1,2 850,00 Criado modelo a 2.525,00 1.025,50 1.499,50 2 749,75 Criado modelo i 1.050,00 320,00 730,00 1 730,00 Criado modelo c 2.050,00 860,00 1.190,00 1,7 700,00 Criado modelo b 2.250,00 620,00 1.630,00 2,8 582,14 Criado modelo g 1.250,00 420,00 830,00 1,6 518,75 Criado modelo d 1.800,00 675,00 1.125,00 2,5 450,00 Criado modelo h 1.200,00 480,00 720,00 1,8 400,00 Criado modelo e 1.650,00 490,00 1.160,00 3 386,67 Criado modelo j 800,00 280,00 520,00 2,6 200,00 TABELA 4 - Atratividade dos produtos da família criados da empresa pela contabilidade de ganhos Da contabilidade de ganhos: Gu = Pu CTVu sendo Gu o ganho unitário, Pu o preço unitário e CTVu o custo totalmente variável unitário. Para a escolha do mix de produção é necessário definir uma outra medida: ( G / UR ) u o ganho (G) por unidade de restrição (UR) que cada unidade (u) do produto consome. 10

Pela contabilidade de custos, os produtos com Lu > 0 são atrativos e, quanto maior for o Lu, mais atrativo o produto será para a empresa. Contabilidade de custos Cama modelo a Cama modelo b Cama modelo c Cama modelo d Cama modelo e Cama modelo f Cama modelo g Cama modelo h Cama modelo i Cama modelo j Contabilidade de ganhos Cama modelo d Cama modelo b Cama modelo f Cama modelo h Cama modelo a Cama modelo j Cama modelo c Cama modelo i Cama modelo g Cama modelo e TABELA 5 - Atratividade dos produtos da família camas da empresa: custos versus ganhos Já pela contabilidade de ganhos, os produtos com ( G / UR ) u > 0 são atrativos e, quanto maior for o ( G / UR ) u, mais atrativo o produto será para a empresa. Esta nova medida é coerente com a segunda etapa de otimização contínua da TOC, visto que ela define como produto mais atrativo aquele que explora ao máximo a restrição. Contabilidade de custos Criado modelo a Criado modelo b Criado modelo c Criado modelo d Criado modelo e Criado modelo f Criado modelo g Criado modelo h Criado modelo i Criado modelo j Contabilidade de ganhos Criado modelo f Criado modelo a Criado modelo i Criado modelo c Criado modelo b Criado modelo g Criado modelo d Criado modelo h Criado modelo e Criado modelo j TABELA 6 - Atratividade dos produtos da família criados da empresa: custos versus ganhos 5. Análise dos resultados Pela contabilidade de custos, a empresa A deve priorizar a venda e a produção das camas modelos a, b, c, d, e, f, g, h, i e j, bem como dos criados modelos a, b, c, d, e, f, g, h, i e j, nestas seqüências. 11

Pela contabilidade de ganhos, a empresa A deve priorizar a venda e a produção das camas modelos d, b, f, h, a, j, c, i, g e e, bem como dos criados modelos f, a, i, c, b, g, d, h, e e j, nestas seqüências. Os resultados obtidos pela aplicação da contabilidade de custos e da contabilidade de ganhos para a escolha do mix de produção em uma empresa, comprovam que a opção por esta ou por aquela contabilidade conduz a decisões diferentes, ou seja, cada uma delas aponta para um mix de produção diferente. Tais resultados demonstram que ao fazer a opção pela contabilidade de custos em detrimento da contabilidade de ganhos, a empresa poderá ser induzida a decisões equivocadas quanto à escolha do mix de produção. 6. Conclusão Constata-se que a contabilidade de custos não é capaz de prover as informações necessárias à correta tomada de decisão quanto à escolha do mix de produção. A incapacidade da contabilidade de custos ocorre, sobretudo, pelo fato dela calcular os custos dos produtos como a soma dos custos de todas as atividades necessárias para produzi-los e entregá-los. A realização desta soma faz com que a contabilidade de custos considere todos os recursos como igualmente importantes, sejam eles restrições ou não-restrições, o que é incorreto, como muito bem demonstra a contabilidade de ganhos, braço contábil da Teoria das Restrições. De acordo com a contabilidade de ganhos, toda empresa é um sistema e todo sistema tem pelo menos uma restrição que detera sua capacidade e limita seu desempenho e, sendo assim, é necessário que a empresa identifique as suas restrições e decida como explorá-las. Qualquer uto perdido na restrição, implica em um uto perdido no sistema, e para aumentar o desempenho do sistema, é necessário explorar ao máximo a restrição. Sendo assim, as restrições e as não-restrições têm que ser tratadas de modo diferente, estando as não-restrições subordinadas às restrições. Já os resultados obtidos pela aplicação da contabilidade de custos e da contabilidade de ganhos para a escolha do mix de produção em uma empresa, comprovam que a opção por esta ou por aquela contabilidade conduz a decisões diferentes, ou seja, cada uma delas aponta para um mix de produção diferente. Ao fazer a opção pela contabilidade de custos em detrimento da contabilidade de ganhos para a escolha do mix de produção, a empresa poderá ser induzida a decisões equivocadas, como, por exemplo, deixar de produzir e oferecer ao mercado um produto que, pela contabilidade de custos, é incorretamente classificado como pouco ou até mesmo não atrativo, mas que, pela contabilidade de ganhos, é corretamente classificado como muito atrativo; ou então, produzir e oferecer ao mercado um produto que, pela contabilidade de custos, é incorretamente classificado como muito atrativo, mas que, pela contabilidade de ganhos, é corretamente classificado como pouco ou até mesmo não atrativo. Referências ARAÚJO, C. A. C. Desenvolvimento e aplicação de um método para implementação de sistemas de produção enxuta utilizando os processos de raciocínio da Teoria das Restrições e o mapeamento do fluxo de valor. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004. BEHESHTI, H. M. Gaining and sustaining competitive advantage with activity based cost management system. Industrial Management & Data Systems, v. 104, n. 5, p. 377-383, 2004. CORBETT NETO, T. Contabilidade de ganhos: a nova contabilidade gerencial de acordo de acordo com a Teoria das Restrições. São Paulo: Nobel, 1997. 12

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eq. (1) 14