Gerenciamento de pneus em frota de caminhões de carga



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Transcrição:

Gerenciamento de pneus em frota de caminhões de carga Rafael Soares (UTFPR) rafael.soares@delpozo.com.br Rui Francisco Martins Marçal (UTFPR) marcal@pg.cefetpr.br Luciano Scandelari (UTFPR) luciano@cefetpr.br Resumo: O estudo objetiva analisar quais os parâmetros são efetivamente relevantes no desenvolvimento de sistemas para gerenciamento de pneus em frota de caminhões. Estes parâmetros devem ser delineados para que o procedimento de coleta de dados esteja esclarecido e seja executado sem falhas. O estudo utiliza comparações de históricos de quilometragem dos pneus da frota e através dos dados coletados é possível o mapeamento das perdas existentes nos pneus. Estas perdas são substanciais e podem reduzir a vida útil do pneu em mais de 20% da sua quilometragem final. Para tanto a estruturação das informações é feita em forma de relatórios para que as perdas sejam mapeadas e tratadas através de manutenções pontuais nos veículos conforme indicação do sistema. Palavras chave: Manutenção de Pneus; Controle de Pneus; Gestão da Informação. 1. Introdução Nas empresas do segmento de transporte os pneus são controlados de forma diferenciada, pois são essenciais para a execução do transporte com segurança, e possuem valores consideráveis, ficando entre os cinco maiores custos da empresa. Este artigo analisa o sistema gerencial de uma empresa de transporte de cargas rodoviária com cerca de 230 caminhões em sua frota, sendo grande parte carretas Bitrem (tipo de veículo para transporte de cargas que possui duas carretas articuladas com dois eixos por carreta), outras carretas três eixos. Para que estas composições (caminhão mais carreta) trafeguem são necessários aproximadamente 5.500 pneus ativos (pneus efetivamente rodando) e considerando que o custo médio por pneu é de aproximadamente mil reais, têm-se mais de cinco milhões e quinhentos mil reais investidos no processo. A tecnologia da informação (TI) foi considerada durante muito tempo como um simples item de suporte à organização e que não trazia benefício algum ao negócio. Esse panorama começou a mudar a partir do momento que as aplicações de TI deixaram de ser apenas um meio de automatizar tarefas e iniciaram a contribuir para fortalecer todo o processo organizacional, otimizando atividades e facilitando processos. (PIMENTA, MACEDO e MELLO, 2003) 2. Sistema de Informação para Controle de Pneus Como o pneu possui um custo considerável e todos os meses são repostos cerca de 2% dos pneus operacionais da frota, deve-se ter um controle sobre este insumo para que não haja desvios e também possam promover ações para maximizar a sua vida útil nos veículo. Para o transporte de cargas os pontos fracos de maior impacto para os negócios da empresa são as condições das estradas, preços de pneus, peças, manutenção e seguros. O que mostra que o item pneu necessita de controles e gerenciamento diferenciados para minimizar o impacto nos custos da empresa. (KATO, 2005) Para Mañas (1999) a informação é um processo pelo qual a empresa informa-se sobre o seu ambiente. Este processo pode ser dividido em quatro sub funções para o setor em pauta: 1) Criação das informações (definir quando e como serão executados as inspeções de pneus e o tipo de registro que será utilizado); 2) Comunicação das informações (definir as informações necessárias para gerar relatórios

objetivos e precisos sobre pneus); 3) Tratamento das informações (definir os parâmetros para análise destas informações e como serão divulgadas) e 4) Memorização das informações nas formas mais diversas. Essas informações constituem o que pode se chamar de função informacional da empresa, esse processo é vital e deve ser controlado como os demais setores. O primeiro passo e o mais importante é o cadastramento de todos os pneus utilizados, seguindo uma numeração para identificação de cada pneu, ligando este número a sua marca, modelo, características físicas, quilometragem que o pneu já percorreu. O sistema de informação pode ser definido como um conjunto de componentes interrelacionados trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informação com a finalidade de facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise e o processo decisório sobre consumo e aquisições de pneus. No caso em estudo a produção está diretamente ligada à manutenção, pois os caminhões têm um limite de quilometragem para que sejam encaminhados a uma garagem da empresa e se efetue uma revisão mecânica e uma inspeção de pneus. E estes dois itens (inspeção de pneus e revisão mecânica) também estão ligados, pois para que o caminhão seja liberado para o transporte da produção, ambos os itens devem ser registrados no sistema, caso somente um dos dois seja executado a produção permanece no aguardo para utilizar o caminhão. (LAUDON, 1999) Para gerar a informação e o conhecimento necessário segundo Mañas (1999), cabe a gerência: 1. Antecipar a ação com o objetivo de cortar o mal pela raiz, sem esperar a manifestação do problema por inteiro, numa atitude voluntária e antecipativa, propondo que a atuação transforme a função informacional em vantagem competitiva. 2. Conduzir a mudança organizacional ligada à evolução simultânea da empresa e de seu ambiente. 3. Capitalizar seus conhecimentos e suas experiências para constituir memória coletiva transmissível na empresa. 4. Aprendizagens organizacionais, inovadoras, para facilitar evolução e a competitividade durável da empresa. O sistema de informação designa a logística indispensável à realização do processo de informação, a qual não se reduz somente à informática, como poderia parecer inicialmente. O sistema de informação pode ser definido como um conjunto interdependente de pessoas, de estruturas da organização, das tecnologias de informação, dos procedimentos e métodos que deveria permitir à empresa dispor das informações que necessita para seu funcionamento atual e para seu crescimento. Um sistema de informação liga três grandes componentes: a) as pessoas que participam no processo de informação da empresa; b) as estruturas da organização e c) as tecnologias de informação e de comunicação. É necessário o entendimento dos parâmetros mais relevantes de utilização dos pneus para que sejam levantados os principais pontos para um sistema de informação coerente com a realidade. A parte mais difícil do projeto de um sistema de informação eficaz é compreender o problema que ele se propõe a resolver não esquecendo nenhuma das diversas variáveis que compõe o ambiente. Os sistemas de informação só podem auxiliar a empresa quando forem aplicados à solução correta e não devem apenas executar as tarefas bem-definidas para as quais eles foram tradicionalmente usados, mas também devem fornecer recursos que

permitirão as pessoas fazer seu trabalho mais eficiente e eficazmente, identificando com maior agilidade as falhas nos processos dos pneus, reduzindo perdas e maximizando seu resultado. (LAUDON, 1999) Um sistema de informações gerenciais fornece aos gestores individualmente as informações necessárias para a tomada de decisão. Decisões de controle gerencial estão baseadas em informações resumidas que comparam o desempenho real com o desempenho planejado. Sendo muito importante delimitar com clareza os principais parâmetros para análise no que se refere a operação de pneus. (FIGUEIREDO e CAGGIANO, 1992) De acordo com Oliveira (1999) as informações podem se apresentar em diversos níveis: 1. Estratégico: formado pelas informações agrupadas nos sistemas de apoio à decisão, no tocante ao desenvolvimento político, social, tecnológico, econômico, na avaliação do desempenho, abrangendo períodos de até cinco anos (tempo plausível de amadurecimento por parte da empresa); 2. Tático: formada pelas informações agrupadas pelos sistemas tradicionais, calcadas na avaliação das oportunidades e situação atual da empresa com a identificação de oportunidades e riscos dos negócios, expectativas acionárias e avaliação de estratégias alternativas. 3. Operacional: formados pelas informações do planejamento, podendo ser estas previsões, planos de vendas, necessidades de mão de obra, análise de produtividade, gerência de recursos humanos, estoque, despesas, lucros formados também pelos sistemas tradicionais em operação com integração horizontal de uma área para outra. 2.1. Parâmetros para análise Observando o cenário e os problemas envolvidos, são possíveis delinear os parâmetros relevantes que devem ser analisados e mapeados para se obter um gerenciamento de pneus, são eles: Aplicação do pneu no veículo e as características físicas do pneu. Sobre a sua aplicação no veículo deve-se verificar que há basicamente dois tipos distintos de desenhos da banda de rodagem (região do pneu que fica em contato com o solo) para diferentes aplicações: Borrachudos e Direcionais. Os Borrachudos são utilizados nos eixos de tração (Figura 1 pontos 3, 4, 5 e 6) e são assim denominados por apresentarem um volume maior de borracha para melhorar a aderência evitando patinações. Já os Direcionais são modelos de pneus utilizados nos eixos dianteiros (Figura 1 pontos 1 e 2) que dão direção ao veículo e possuem um volume menor de borracha melhorando a sua dirigibilidade. Este último modelo também pode ser utilizado no eixo do Truck (Figura 1 pontos 7, 8, 9 e 10), e nas carretas, tanto nas de três eixos quanto nos Bitrem. FIGURA 1 Distribuição dos eixos em um caminhão modelo 6x2 1. (Fonte: Del Pozo Transportes Rodoviários, 2006) 1 Veículo modelo 6x2 são caminhões com seis pontos de apoio no solo e somente dois pontos dão poder trator ao veículo.

Na Figura 1 tem-se: 1. DD posição eixo Direcional Direito 2. DE posição eixo Direcional Esquerdo 3. TDE posição eixo Tração Direito pneu Externo 4. TDI posição eixo Tração Direito pneu Interno 5. TEE posição eixo Tração Esquerdo pneu Externo 6. TEI posição eixo Tração Direito pneu Interno 7. RDE posição eixo Truck Direito pneu Externo 8. RDE posição eixo Truck Direito pneu Interno 9. REE posição eixo Truck pneu Externo 10. REI posição eixo Truck Esquerdo pneu Interno Na Figura 1 observa-se que no eixo Truck mostram-se três setas, que indicam ser um eixo suspenso (quando a carreta está vazia ou o caminhão está desengatado da carreta este eixo pode ser suspenso e seus pneus não ficam em contato com o solo e não somam quilometragem). Outra variável que deve ser analisada é a diferença entre os eixos, tanto nos caminhões quanto nas carretas, e os diferentes esforços que os pneus são submetidos nestes diferentes eixos. Um eixo de Tração é o eixo responsável em transmitir todo o torque do motor diesel para os pneus e este, por sua vez, transmitir com a melhor aderência possível ao solo. O eixo Direcional é responsável em dar a dirigibilidade ao caminhão, tendo um esforço considerável nas curvas devido às forças centrípetas, e principalmente manter estas características em diferentes solos e situações (dias de chuva, tempo quente, etc). Já o eixo Truck é um eixo de apoio onde o engate da carreta se localiza entre o eixo da Tração e do Truck e este é submetido a esforço somente quando o veículo está carregado e possui um arraste lateral bastante diferenciado, pois os dois pontos principais de apoio são os eixos Direcionais e o da Tração e em curvas os pneus do eixo Truck sofrem um arraste lateral que é agravado à medida que há uma diminuição no raio da curva. Devido estas diferentes características há diferentes desenhos da banda de rodagem dos pneus (área do pneu que permanece em contato com o solo) se adaptando a tais características para obter o melhor desempenho. Os eixos Direcionais devem ter um desenho que proporcione ao motorista uma melhor resposta direcional, o eixo da Tração deve possuir um desenho que tenha resistência ao esforço trator com a melhor aderência possível e o eixo do Truck deve possuir um desenho que resista aos esforços de arraste lateral. 2.2. Família de Pneus O sistema gerencial de pneus tem como guia a identificação de famílias de pneus. Cada família é caracterizada basicamente por três variáveis: 1. Tipo de veículo que será aplicado o pneu: caminhão dois eixos, três eixos, carretas três eixos, carretas Bitrem, etc; 2. Eixo do veículo: eixos direcionais, eixos de tração, etc; 3. Características dos pneus: medidas, marcas, vidas (sem reforma, primeira reforma, etc), com câmara, sem câmara, etc. Caso uma destas variáveis seja modificada é identificado como uma nova família. Estes procedimentos são essenciais para que os níveis de comparações sejam confiáveis, principalmente devido as diferentes características entre os eixos e os veículos

descritos acima. Todas as comparações são executadas considerando famílias semelhantes, alterando somente as características dos pneus (marcas, modelos, medidas, etc) e mantendo as variáveis 1 e 2 como pilar central, e mantendo este padrão pode-se comparar os desempenhos de quilometragem de diferentes marcas e modelos de pneus nas mesmas aplicações. 2.3. Coleta de Dados Para aquisição das informações e manutenção de um banco de dados com volume significativo, são executadas inspeções periódicas nos caminhões (aproximadamente a cada 60 dias) onde é medida a altura do sulco do pneu na banda de rodagem em três pontos diferentes, conforme pode ser verificado na Figura 2, com um instrumento denominado profundímetro cuja unidade é dada em milímetros. a) b) FIGURA 2 a) Processo de medição da altura do sulco dos pneus durante inspeções; b) Pontos no pneu onde são executadas as leituras com o profundímetro. Estas inspeções são registradas em uma ficha padrão emitido pelo próprio sistema (Figura 3), que mostra todos os números de séries, marcas, modelos, etc, dos pneus montados no veículo que será inspecionado. Nesta ficha há também a altura do sulco da última inspeção e a quilometragem percorrida pelo pneu até o presente momento. FIGURA 3 Ficha padrão de inspeção de pneus. (A) Altura do sulco na última inspeção; (B) Quilometragem percorrida desde a última inspeção; (C) Previsão da altura do sulco até o presente momento. (Fonte: Del Pozo Transportes Rodoviários, 2006) Após a execução da inspeção no caminhão, estas três novas medidas são inseridas no sistema que identifica como medida principal o menor valor das três medições, pois, para o pneu, o mais importante é se conhecer a menor altura de sulco para determinação de reformas e até a retirada do pneu de circulação por critério de segurança. Juntamente com a inserção das medições dos sulcos, são registradas também a quilometragem percorrida pelo pneu, e toda vez que este pneu passar por uma inspeção de pneus somam-se as quilometragens, fornecendo a quilometragem total do pneu e a quantidade de borracha consumida para percorrer a determinada quilometragem.

3. Resultados As características existentes entre os eixos de um mesmo veículo são distintas, e observa-se que os pneus possuem rendimentos quilométricos diferenciados, como mostra a Tabela 1 abaixo. TABELA 1 Comparação do rendimento de quilometragem de uma mesma marca de pneus alocadas em diferentes eixos. Marca Eixo Rendimento km/mm Dianteiro 8.771 Marca A Truck 9.929 Tração 4.463 Fonte: Delpozo Transportes, 2006 O eixo dianteiro é afetado pelas forças centrípetas em curvas, e estes pneus mantêm a direção do veículo durante a sua execução, resultando em um rendimento 11% inferior a um pneu de mesma marca alocada no eixo do truck. O eixo truck é um eixo que auxilia no apoio da carreta, pois o seu ponto de apoio se localiza entre o eixo da tração e o eixo do truck, e possui um arraste lateral diferenciado nas curvas, mas estas forças são menos prejudiciais ao seu rendimento comparado ao eixo dianteiro. Os pneus alocados no eixo da tração possuem uma queda substancial em termos de rendimento, pois este eixo está em tração constante, e todo o poder trator gerado pelo motor diesel é transmitido aos pneus para que o veículo entre em movimento. Estes pneus possuem um volume maior de borracha para melhorar a aderência ao solo, reduzindo patinações. Com embasamento nos históricos referentes a rendimentos quilométricos dos pneus, podem-se diagnosticar problemas nos veículos que podem acarretar o seu desgaste excessivo. Este histórico permite comparações dos pneus consumidos anteriormente com os montados atualmente, pois durante a inspeção de pneus é verificado qual o rendimento médio da determinada marca e compara-se com os inspecionados. Em situações que esteja ocorrendo um desgaste mais acelerado na borracha dos pneus, esta é diagnosticada através destas comparações, possibilitando um exame mais detalhado no veículo para localizar a causa do desgaste excessivo. Conforme acompanhamentos na frota em estudo, cerca de 10% do total no consumo de borracha é devido a problemas que levam os desgastes excessivos e prematuros nos pneus. A Tabela 2 apresenta os principais motivos de desgastes prematuros. TABELA 2 Principais motivos de consumo excessivo dos pneus na frota de caminhões em estudo. Descrição Perdas Eixos desalinhados BiTrem 18% Pressão de ar baixa nos pneus 18% Travamento dos freios 14% Patinar os Pneus da Tração 11% Eixos desalinhados Cavalo 10% Eixos desalinhados LS 9% Picotamento na Banda de Rodagem 9% Outros motivos 11% Fonte: Delpozo Transportes, 2006 Verifica-se que mais de 60% de todo desgaste prematura concentra-se somente em 4 itens: alinhamento de eixos, operação dos pneus com pressão de ar inferior ao recomendado, frenagem do veículo com travamento dos freios e patinação dos pneus da tração ao movimentar o veículo.

Com base nestas informações pode-se fazer um trabalho preventivo tanto na manutenção do veículo quanto aos motoristas que operam o caminhão, pois parte destas perdas dependem diretamente da operação do motorista com o veículo, reduzindo patinações e travamento de freios. 4. Conclusões Para um controle efetivo de pneus é necessária a comparação dos rendimentos de pneus em mesmos eixos e não compará-los em eixos distintos, pois há diferenças significativas nos resultados finais. O sistema gerencial deve permitir um acompanhamento contínuo e detalhado, pois cerca de 10% de toda a borracha consumida dos pneus são derivadas de desgastes provocados excessivamente devido a falhas, logo estas devem ser identificadas e quantificadas para auxiliar na redução destas perdas. É necessário um acompanhamento ininterrupto nos resultados de rendimentos dos pneus para verificar se estão em limites aceitáveis conforme o histórico da frota, e prevenir aumento das perdas. 5. Referências Bibliográficas FIGUEIREDO, Sandra e CAGGIANO, Paulo C. Controladoria: Teoria e prática. São Paulo: Atlas. 1992. KATO, Jerry Miyoshi. Cenários estratégicos para o transporte rodoviário de cargas no Brasil. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC. 2005. LAUDON, Kenneth C. Sistema de Informação: com Internet. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 1999. MAÑAS, Antônio Vico. Administração de Sistemas de Informação. São Paulo: Érica. 1999 OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de. Uma Reflexão dos Impactos da Tecnologia da Informação no Brasil: A visão da Sociedade, das Empresas e dos Sindicatos. São Paulo: Érica. 1999. PIMENTA, Hugo Luis do Nascimento; MACEDO, Marco Aurélio; SOARES DE MELLO, João Carlos C. B. Decisão da Realização de Investimentos em Tecnologia da Informação com Análise Envoltória de Dados. In: VI Simpósio de Pesquisa Operacional da Marinha e VII Simpósio de Logística da Marinha, 2003, Rio de Janeiro. Anais do SPOLM. 2003.