CAPITAL DE RISCO EM MUDANÇA



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Transcrição:

CAPITAL DE RISCO EM MUDANÇA Realizaram-se na passada semana dois acontecimentos que reputo de importância ímpar para a promoção do Empreendedorismo em Portugal O Dia Europeu do Empreendedor e o Encontro sobre a Cultura Empreendedora em Portugal e na Europa considerando o impacto positivo que poderá produzir ao nível do surgimento de novas empresas, identificação sistemática de novas oportunidades de negócios e fomento de uma dinâmica de concretização de projectos inovadores. Tendo por base esta realidade, e considerando que não poderia ser mais oportuno, não resisto a lançar um apelo à reflexão sobre o legítimo papel que o Capital de Risco assume na sustentação da produtividade e da competitividade das empresas. Neste quadro, tem vindo a merecer especial destaque uma importante medida de desenvolvimento e inovação empresarial denominada Fundo de Sindicação de Capital de Risco PME-IAPMEI (FSCR PME-IAPMEI), o qual foi lançado em Fevereiro de 2003, tendo alcançado uma dotação de 70 milhões de Euros, destinando-se à realização de operações combinadas na área do capital de risco, tendo em vista, entre outros aspectos, o reforço dos capitais próprios das PME. A propósito desta medida, e com vista a proporcionar uma delimitação objectiva sobre a mesma, vejamos então o gráfico a seguir apresentado, o qual contempla as modalidades de intervenção do FSCR PME IAPMEI:

FORMAS INTERVENÇÃO DO FSCR PME IAPMEI I VI Em obrigações emitidas por PME participadas pela SCR V Em obrigações emitidas por SCR para realizar intervenções de CR em PME - Em partes do Cap. Social de empresas NEST - Em obrigações emitidas por SCR para financiamento das intervenções no Cap. Social de empresas NEST FSCR PME IAPMEI Entidade Gestora: PME Investimentos, SA IV Em obrigações emitidas por SCR para financiamento das Intervenções no Cap. Social de Empresas SIME e PRASD II Em Unid. Part. em FCR geridos por SCR, para Constituição ou reforço do capital desse FCR, com vista ao apoio de novas intervenções em PME III Em partes de capital social de PME em regime de Sindicação com a SCR Vejamos, então, sinteticamente, as linhas caracterizadoras das principais formas de intervenção do FSCR PME-IAPMEI em operações combinadas com as SCR, acima enunciadas: I - Esta primeira forma de intervenção prevê a possibilidade de participação directa na empresa NEST a realizar simultaneamente pelo promotor e pelo FSCR PME-IAPMEI, bem como a subscrição de obrigações emitidas por uma SCR; II Nesta segunda forma de intervenção, a participação do FSCR PME-IAPME não poderá exceder 45% do valor global previsto para a constituição ou reforço do capital do FCR, tendo como limites de subscrição, o mínimo de 500.000 e o máximo de 5.000.000. A par

disso, em cada uma das intervenções individuais do FCR, a SCR deverá assegurar que o pró-rata da participação do FSCR respeitará o limite mínimo e máximo de, respectivamente, 125.000 e 1.500.000 por operação. III Nas operações combinadas desta terceira forma de intervenção, consideram-se elegíveis as subscrições a realizar em condições idênticas pela SCR e pelo FSCR PME- IAPMEI, na proporção 55% - 45%. Esta subscrição terá como limites mínimo e máximo por operação, respectivamente, 125.000 e 1.500.000. IV - Nesta quarta forma de intervenção, a emissão do empréstimo obrigacionista da SCR junto do FSCR tem como valor mínimo 500.000 e o valor máximo 2.500.000 e, por operação, o valor mínimo de 125.000 e o valor máximo de 1.5000.000. Ora, considerando que os limites mínimos de intervenção do Fundo a que acima é feita referência, fixados em 125.000, dificilmente se coadunam com o apoio de projectos empresariais de menor dimensão, sobretudo aqueles que se encontram no primeiro estágio de vida das PME, é com enorme agrado que acolhemos - neste contexto temporal de comemoração do Dia Europeu do Empreendedor - as alterações que foram recentemente introduzidas no âmbito deste Fundo, designadamente em matéria de redução destes limites mínimos de 125.000 para 75.000 e do aumento do limite máximo das intervenções no âmbito da sindicação de operações de 45% para 50% do total das referidas intervenções, as quais irão seguramente carrear uma nova dinâmica e acessibilidade à intervenção do FSCR PME-IAPMEI. Vejamos, então, qual o alcance prático que, em concreto, estas duas medidas anunciadas produzem: Cenário 1 Cenário 2 Limite Mínimo de Intervenção FSCR Proporção Investimento FSCR vs. SCR 125.000 Limite Mínimo de Intervenção FSCR 75.000 45% Proporção Investimento FSCR vs. SCR 50% Participações Projecto SCR+FSCR % Capital Social Valor Participações Projecto Empreendedor Valor global SCR+FSCR % Capital projecto Valor % Capital Social Valor Social % Capital Social Empreendedor 20% 80% 1.111.111 1.388.889 20% 80% 600.000 750.000 30% 70% 648.148 925.926 30% 70% 350.000 500.000 40% 60% 416.667 694.444 40% 60% 225.000 375.000 50% 277.778 50% 277.778 555.556 50% 150.000 50% 150.000 300.000 60% 40% 185.185 462.963 60% 40% 100.000 250.000 70% 30% 119.048 396.825 70% 30% 64.286 214.286 80% 20% 69.444 347.222 80% 20% 37.500 187.500 Valor Valor global projecto

Em face dos dois cenários apresentados, afigura-se notória a diferença resultante da variação do limite mínimo de intervenção do FSCR e do aumento do limite máximo da proporção de Investimento das operações sindicadas. Para tal, basta comparar-se a situação em que, existindo uma intervenção combinada de 80%, no Cenário 1, onde o limite mínimo de intervenção do fundo é significativamente superior, impõe-se um valor global do projecto em aproximadamente 350.000, em contraposição com o Cenário 2, onde para a mesma percentagem de intervenção combinada, o limite mínimo de intervenção do fundo, fixado de acordo com a medida anunciada, permitirá reduzir aquele montante para aproximadamente 200.000, possibilitando a realização de operações em projectos com necessidades de financiamento inferiores. Feita a abordagem sistemática sobre o assunto em referência e sem a pretensão de efectuar uma análise profunda ou casuística mas apenas de carácter meramente elucidativo - resta-me manifestar o forte ensejo de este importante instrumento financeiro de apoio à criação, crescimento e desenvolvimento das PME nacionais, vir a contribuir, a muito breve trecho, de forma ainda mais significativa, para a dinamização do sector de capital de risco em Portugal, como forma evidente de investimento produtivo na modernização empresarial e como contributo assinalável para o aumento da competitividade nacional. Pelo menos, parece estarmos a caminhar na direcção certa, atentas as medidas que ora se perfilam - tendo em consideração os horizontes de visibilidade, e bem assim a nova dinâmica e proactividade subjacentes à actuação evidenciada pela Entidade Gestora do Fundo, a PME Investimentos as quais, uma vez implementadas, irão certamente permitir o preenchimento do enorme Gap ainda existente nas fases de capital semente actualmente não coberta pela actuação das Sociedades de Capital de Risco Institucionais. Esperemos que agora, na senda deste movimento estruturante, outras medidas igualmente importantes se imponham num horizonte muito próximo, e, sobretudo, que venham a reflectir importantes resultados práticos, todos eles forjados em prol da Industria de Capital de Risco e do Empreendedorismo em Portugal.

Assim, esperemos que os desafios que há muito venho lançando se convertam, de uma vez por todas, numa meta alcançável. Assim, espero que, a muito breve trecho, se proceda ao lançamento de um CONCURSO NACIONAL DE PLANOS DE NEGÓCIOS, com o objectivo de apoiar a criação de empresas em áreas estratégicas de forte potencial de crescimento e de inovação. A par disso, espero que venham a ser criados, à escala nacional, FUNDOS UNIVERSITÁRIOS SEED CAPITAL, bem como se promova o lançamento de medidas favoráveis à actuação de REDES REGIONAIS DE BUSINESS ANGELS. E, não menos importante, seria que, no âmbito das intervenções combinadas do FSCR fossem lançadas melhores condições para entidades especializadas em Capital de Risco que actuem neste mercado exercendo uma actividade similar à das SCR, designadamente através da redução do limite mínimo dos capitais próprios consolidados, actualmente fixado em 750.000 (montante do capital social mínimo das Sociedades de Capital de Risco). Estou certo que estes desafios serão uma importante provação, agora que a meta já tem novos limites! Texto elaborado por: Francisco Manuel Banha Director Geral da Gesventure, Lda fbanha@gesbanha.pt www.gesventure.pt