Microeconomia II. Cursos de Economia e de Matemática Aplicada à Economia e Gestão



Documentos relacionados
CAPÍTULO 10 CONCORRÊNCIA IMPERFEITA. Introdução

Aula 2 Contextualização

Microeconomia II. Cursos de Economia e de Matemática Aplicada à Economia e Gestão

Prova de Microeconomia

Estruturas de Mercado. 17. Concorrência Monopolística. Competição Imperfeita. Competição Monopolísitica. Muitos Vendedores. Produtos Diferenciados

8. Mercado de Trabalho, Emprego e Desemprego

Economia Geral e Regional. Professora: Julianna Carvalho

2004 / 5 1º semestre Bibliografia: Lipsey & Chrystal cap.8, 9 Samuelson cap. 6,7

Em meu entendimento, ela foi abaixo das expectativas. Prova fácil, cobrando conceitos básicos de Microeconomia, sem muita sofisticação.

SIMULAÇÃO DE GESTÃO EMPRESARIAL

Microeconomia II. Cursos de Economia e de Matemática Aplicada à Economia e Gestão. AULA 3.4 Economia da Informação: Selecção Adversa

Resolução da Prova de Época Normal de Economia I 2º Semestre (PARTE A) Antes de iniciar a sua prova, tenha em atenção os seguintes aspectos:

Também chamada Teoria de Preços, estuda o comportamento dos consumidores, produtores e o mercado onde estes interagem.

Preço Máximo. Sumário, aula 12. Preço Máximo. Preço Máximo. Preço Máximo. Preço Máximo. Intervenções do Governo. Em termos de teoria económica,

Microeconomia 1 - Teoria da Firma - Parte 2

CADEX. Consultoria em Logística Interna. Layout de armazém. Objectivos. Popularidade. Semelhança. Tamanho. Características

Microeconomia. Prof.: Antonio Carlos Assumpção

Monopólio. Microeconomia II LGE108. Características do Monopólio:

Teoria da Firma. Discriminação de preços tarifa em duas partes e concorrência monopolística. Roberto Guena de Oliveira USP. 28 de julho de 2014

1 Macroeconomia II - Aula 11

CURSO DE MICROECONOMIA 2

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SOROCABA

Microeconomia NATÉRCIA MIRA EDIÇÕES SÍLABO

2. São grupos, respectivamente, de crédito na Conta 1 (PIB) e débito na Conta 2 (RNDB) das Contas Nacionais:

Microeconomia. Demanda

OS EFEITOS DOS CUSTOS NA INDÚSTRIA

Economia. Prof. Esp. Lucas Cruz

CURSO DE DIREITO DA CONCORRÊNCIA E REGULAÇÃO

Microeconomia II. Cursos de Economia e de Matemática Aplicada à Economia e Gestão

Mercado e a concorrência

Notas de aula número 1: Otimização *

UWU CONSULTING - SABE QUAL A MARGEM DE LUCRO DA SUA EMPRESA? 2

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular MICROECONOMIA Ano Lectivo 2014/2015

O Modelo AD-AS ou Modelo a Preços Variáveis

UNIVERSIDADE DOS AÇORES DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÂO EXEMPLO de TESTE

ESAPL IPVC. Licenciatura em Engenharia do Ambiente e dos Recursos Rurais. Economia Ambiental

Teoria Básica de Oferta e Demanda

GABARITO LISTAS. 1. Dê 3 exemplos de tradeoffs importantes com que você se depara na vida.

Testes de Diagnóstico

Antes de iniciar a sua prova, tenha em atenção os seguintes aspectos:

Capítulo 5. Custo de Produção

O MODELO IS/LM: ECONOMIA FECHADA GRANDE ECONOMIA ABERTA. Vitor Manuel Carvalho 1G202 Macroeconomia I Ano lectivo 2008/09

4) Considerando-se os pontos A(p1, q 1) = (13,7) e B (p 2, q 2) = (12,5), calcule a elasticidade-preço da demanda no ponto médio.

Começo por apresentar uma breve definição para projecto e para gestão de projectos respectivamente.

Logística e a Gestão da Cadeia de Suprimentos. "Uma arma verdadeiramente competitiva"

5-1 Introdução à Microeconomia Bibliografia: Lipsey & Chrystal cap.6, 7 Samuelson cap. 5

Instrumentos Econômicos: Tributos Ambientais.

Organização interna da empresa

Teoria pertence ao grupo das teorias objetivas, conduzindo a análise do valor para o terreno da oferta e dos custos de produção.

Pindyck & Rubinfeld, Capítulo 11, Determinação de Preços :: REVISÃO 1. Suponha que uma empresa possa praticar uma perfeita discriminação de preços de

Utilização do SOLVER do EXCEL

DETERMINAÇÃO DO PREÇO NA EMPRESA

ser alcançada através de diferentes tecnologias, sendo as principais listadas abaixo: DSL (Digital Subscriber Line) Transmissão de dados no mesmo

POLÍTICA DE PREÇO O EM PLANEAMENTO DE MARKETING

MICROECONOMIA Exercícios - CEAV

3 Literatura teórica


Microeconomia I. Bibliografia. Elasticidade. Arilton Teixeira Mankiw, cap. 5. Pindyck and Rubenfeld, caps. 2 e 4.

I - Introdução à Contabilidade de Gestão 1.5 REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS RECLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS

INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS FACTORIAIS

As leis da procura e oferta são fundamentais para o entendimento correcto do funcionamento do sistema de mercado.

Mercados de Publicidade

PARTE I MERCADO: OFERTA X DEMANDA

Instrumentos Econômicos e Financeiros para GIRH. Métodos de valoração de água e instrumentos econômicos

TOC - Mestrado em Finanças e Economia Empresarial - aula 5 Humberto Moreira

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

Calculando probabilidades

Vamos usar a seguinte definição: Aumento da taxa de cambio = Desvalorização. Taxa de cambio real : é o preço relativo dos bens em dois paises.

KA-dicas. Dicas que todo empreendedor deveria saber e seguir!

Faculdade de Economia do Porto Ano Lectivo de 2004/2005. Introdução. Equilíbrio em Autarcia e em Livre Comércio. LEC 207 Economia Internacional

CMg Q P RT P = RMg CT CF = 100. CMg

Tópicos Especiais em Redes: Introdução a Teoria dos Jogos com Aplicações a Redes de Computadores

Investimento Directo Estrangeiro e Salários em Portugal Pedro Silva Martins*

Matemática Financeira Módulo 2

O Preço da Saúde. Pedro Pita Barros Faculdade de Economia Universidade Nova de Lisboa.

FUNDAMENTOS DA ECONOMIA

Departamento de Informática. Análise de Decisão. Métodos Quantitativos LEI 2006/2007. Susana Nascimento

Legislação aplicada às comunicações

O Comportamento da Taxa de Juros. Introdução. Economia Monetária I (Turma A) - UFRGS/FCE 6/10/2005. Prof. Giácomo Balbinotto Neto 1

Efeito de substituíção

EXERCÍCIOS SOBRE: III A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS. Grupo I - Teoria do Consumidor ou da Procura

a) 150. b) 200. c) 250. d) ***300. TMS (valor absoluto)= K/2L; 2Lpl=Kpk (porque TMS=pl/pk), Kpk=200; CT=300.

CONTABILIDADE NACIONAL 1

Despesa com medicamentos: previsibilidade e controlo. Pedro Pita Barros Faculdade de Economia Universidade Nova de Lisboa

Aluguer e Venda de Bens Duráveis em Caso de Monopólio

AJUSTE COMPLEMENTAR ENTRE O BRASIL E CEPAL/ILPES POLÍTICAS PARA GESTÃO DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS CURSO DE AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA DE PROJETOS

Introdução. Procura, oferta e intervenção. Cuidados continuados - uma visão económica

Instrumentos Econômicos de Gestão Ambiental. Subsídio Ambiental

Módulo 2 Custos de Oportunidade e Curva de Possibilidades de Produção

Um estudo da correlação dos resultados patrimoniais e operacionais das seguradoras Francisco Galiza, Mestre em Economia (FGV)

CUSTOS DE PRODUÇÃO. Profª Graciela Cristine Oyamada

UNOCHAPECÓ Programação Econômica e Financeira

Jogos. Redes Sociais e Econômicas. Prof. André Vignatti

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

Microeconomia Teoria do Consumidor Oferta - Equilíbrio

Marketing Operacional

ANÁLISE FINANCEIRA. Objectivo

PLANO DE ENSINO DO ANO LETIVO DE 2011

Amigos, amigos, negócios à parte!

11-1Introdução à Microeconomia Bibliografia: Lipsey & Chrystal cap.33 Samuelson cap. 35

Transcrição:

Microeconomia II Cursos de Economia e de Matemática Aplicada à Economia e Gestão AULA 2.6 Concorrência Monopolística: Modelo Espacial e Concorrência pela Variedade Isabel Mendes 2007-2008 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 1

Na MICRO I abordou-se a concorrência monopolística quando muitas pequenas empresas produziam produtos diferenciados e substituíveis entre si. Vamos agora estudar outras formas de concorrência monopolística: a concorrência espacial e a concorrência pela variedade. 1. Concorrência Espacial Este modelo foi estudado pela 1ª vez por HOTELLING para estudar a localização das barracas dos vendedores de gelados ao longo de uma praia. A ideia básica deste modelo é que o factor LOCALIZAÇÃO é o elemento que diferencia o produto oferecido pelas empresas. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 2

2.5 Concorrência Monopolística Dados dois estabelecimentos que vendem os mesmos produtos ao mesmo preço, os consumidores tenderão a escolher o estabelecimento que fica mais próximo do local da sua residência, minimizando as despesas totais de consumo = preço do produto + custo de deslocação ou de transporte. Seja: N = 4 empresas que oferecem um bem homogéneo e que não concorrem pelos preços cada empresa vendo o seu produto a um preço firma paramétrico; p* 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 3

O custo total de produção das empresas é igual a: Onde: CT(q) = CF + cq CF = Custo Fixo; c = Custo Marginal constante. O custo médio é decrescente na quantidade as empresas têm economias de escala. O objectivo das empresas é determinar qual é a melhor localização para abarcar o maior nº de consumidores, para maximizar os seus lucros; estes são directamente proporcionais com a extensão da sua área de mercado. As empresas jogam um jogo não-cooperativo: as estratégias são as localizações escolhidas e os pagamentos os lucros (quanto maior a extensão da área de mercado maiores serão os lucros). 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 4

Os consumidores são os L habitantes de uma cidade circular e estão dispostos uniformemente ao longo do seu perímetro (ver FIG 1): X = consumidores; S i = localização das empresas medida a partir da origem no sentido dos ponteiros do relógio s 3 s 4 x x origem 0 s 1 x s 2 Sentido ponteiros do relógio x FIGURA 1 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 5

X são as localizações dos consumidores que são equidistantes de duas empresas que são indiferentes a uma e a outra; A áreas de mercado de cada empresa está delimitada por dois pontos X. O custo de transporte entre a residência do consumidor e o local de venda é pago por aquele. O custo de transporte por unidade de produto e por unidade de distância é designado por t. Logo a despesa total de consumo é igual ao preço-firma paramétrico acrescido do custo de transporte = preço de entrega. Como os pontos X são equidistantes de duas empresas então cada consumidor é indiferente entre elas (por ex para x entre s1 e s2) ( ) p t( x s ) p t x s + = + 1 2 x = s + s 1 2 2 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 6

Equilíbrio no Curto Prazo (sem entrada de novas empresas): A localização das empresas da FIG 1 não é um equilíbrio: existe a possiblidade de as empresas 1 e 4 poderem aumentar muito a sua área de mer cado (e, portanto, os seus lucros) deslocando-se para perto das empresas e e 3 do lado onde não há empresas na FIG 1 não há um equilíbrio de NASH. Só há equilíbrio de NASH quando as empresas se localizam a igual distância entre elas (FIG 2): s 1 s 4 s 2 s 3 FIGURA 2 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 7

Equilíbrio no Curto Prazo (sem entrada de novas empresas): O equilíbrio da FIG 2 é socialmente óptimo, porque minimiza a distância que os consumidores têm de percorrer. Mas será que as empresas têm um incentivo para se manterem neste equilíbrio de forma estável? Considere que: - Há apenas duas empresas L e R (vendedores de gelados) que se querem localizar numa praia; o preço de venda é fixo; M é o meio da praia. - A localização óptima que minimiza as distâncias percorridas pelos clientes é: uma emp. localiza-se no final do 1º quarto da praia e a 2ª no final do 3º quarto: L M R 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 8

Equilíbrio no Curto Prazo (sem entrada de novas empresas): - Mas os vendedores têm um incentivo para alterarem a localização. Por exemplo: L pode deslocar-se ligeiramente mais para a direita e roubar alguns clientes de R sem perder nenhum dos seus clientes antigos quota de mercado e os lucros: L M R Mas R também pode pensar da mesma forma e deslocar-se ligeiramente para a esquerda (estratégias simétricas) o único equilíbrio estável é a localização de ambos os vendedores no meio da praia no ponto M, dividindo os clientes entre si (ou no fim da praia, um em cada extremo). 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 9

Equilíbrio no Curto Prazo (sem entrada de novas empresas): - No entanto, o equilíbrio estável não é óptimo para os clientes: agora eles têm de percorrer o dobro da distância média (1/4 de u.d) que percorriam anteriormente; mas nenhum dos vendedores estaria melhor se se deslocasse unilateralmente. CONCLUSÃO: neste caso a livre concorrência entre as empresas não gera uma solução de equilíbrio Óptima à Pareto. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 10

Equilíbrio no Longo Prazo (com entrada de novas empresas): O número óptimo de localizações na óptica da sociedade é o resultado de um trade-off entre os custos de estabelecimento mais os custos fixos de abrir mais uma empresa, e a poupança em custos de transporte por parte dos consumidores: Dado que: 1 CT = tl ; transp 2N CT = Lc + NCF produçao Custo Total de Transporte da sociedade Custo Total de Produção do bem O perímetro da cidade é 1 e que existem N empresas 1/N = área de mercado para cada empresa. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 11

Equilíbrio no Longo Prazo (com entrada de novas empresas): Analiticamente, N* é o nº de empresas que minimiza a soma dos dois tipos de custos : 1 min CT + CT = tl + Lc + NCF transp produçao N* 2 N A condição de 1ª ordem é: 1 tl + Lc + NCF 2 N tl N* : = 0 = CF 2 N 2 N * declive da funçao de custo total de declive da funçao produçao de custo total de transporte 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 12

Equilíbrio no Longo Prazo (com entrada de novas empresas): Então vem que N* será igual a: N* = tl 2CF Na óptica da Sociedade, N* varia da seguinte forma: É tanto maior quanto maiores forem os custos de transporte e a densidade populacional; É tanto maior quanto menores forem os custos fixos. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 13 N

Equilíbrio no Longo Prazo (com entrada de novas empresas): A solução gráfica é: /u.t. CT produção +CT transporte CT transporte CT produção N 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 14

Equilíbrio no Longo Prazo (com entrada de novas empresas): O número óptimo de localizações na óptica das empresas é o que anula o lucro económico de cada uma das empresas equilíbrio estável,em que não há incentivo nem há entrada nem à saída de empresas. Analiticamente N* na óptica das empresas é o que anula a função de lucro de cada empresa: 1 1 π = p L CF c L = 0 N N 1 π = ( p c) L CF = 0 N p c N* = CF L 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 15

Equilíbrio no Longo Prazo (com entrada de novas empresas): Ou seja, o número óptimo de localizações na óptica das empresas é tanto maior quanto: Quanto maior for a margem de lucro p c ; E quanto menor for o racio dos custos fixos em relação à população. Aplicações do modelo espacial: Este modelo serve para analisar muitos problemas relacionados com a concorrência pela diferenciação dos produtos. Ver descrição de exemplos: No Varian: aplicação ao caso das audiências de duas estações de radio (aplica-se obviamente às audiências TV); No Frank: escolha de companhias aéreas; aplicação à análise da concorrência política. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 16

Equilíbrio no Longo Prazo (com entrada de novas empresas): O modelo espacial sugere que a concorrência pela variedade pode resultar numa diferenciação mínima dos produtos: cada empresa produz um produto similar ao produzido pelas rivais para lhes roubar clientes. Mas os clientes com gostos mais extremados ficarão claramente prejudicados. No entanto, estas conclusões não são generalizáveis. Há situações de concorrência monopolística em que existe um problema inverso ao que acabámos de descrever: o problema é o excesso de diferenciação. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 17

2. Abordagem da Preferência pela Variedade Esta abordagem da concorrência monopolística é alternativa à anterior. Considera-se que: Cada consumidor adquire todos os produtos diferenciados que se oferecem no mercado. Isto significa que os consumidores estão disponíveis para valorizarem a existência de variedade nas escolhas quanto maior a variedade maior a utilidade do consumidor. A diferenciação entre os produtos traduz-se no valor da elasticidade procurapreço cruzada: por simplificação assume-se que o seu valor é constante. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 18

2. Abordagem da Preferência pela Variedade (continuação) Formalização do Modelo de concorrência pela variedade Seja: m = nº fixo de consumidores; n = nº variável de empresas que podem entrar e sair livremente do mercado em função dos lucros realizados. as empresas produzem um único bem diferenciado (heterogéneo) e têm rendimentos crescentes à escala. p 1, p 2,, p n é o vector dos preços dos bens diferenciados e q 1, q 2,, q n as respectivas quantidades. ( ) U q,q,...,q (1) é a função de utilidade dos 1 2 n consumidores, n ρ = q i i= 1 1 ρ 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 19

2. Abordagem da Preferência pela Variedade (continuação) onde ρ é um parâmetro tal que ρ [0,1] = grau de substituição (ou, inversamente, o grau de diferenciação) entre os produtos diferenciados: Se ρ 1 então os produtos são substitutos perfeitos e não há diferenciação do produto; Se 0<ρ<1 então os produtos são substitutos imperfeitos, ou seja, são diferenciados; Se ρ 0 então os produtos são complementares pelo que são consumidos em proporções fixas ou quase fixas. Os consumidores estão sujeitos à seguinte restrição orçamental: p q + p q +... + p q = Y 1 1 2 2 n n 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 20

2. Abordagem da Preferência pela Variedade (continuação) O problema dos consumidores é escolher q*1, q*2,, q*n que maximiza a função de utilidade (que depende da variedade de produtos) tendo em consideração a respectiva restrição orçamental. Mas qual é afinal a relação entre ρ e a preferência pela variedade? Considere-se que os consumidores consomem as mesmas quantidades de todos os bens, ou seja: q = q. i Então, a função de utilidade (1) reescreve-se na forma (2) : ( ) 1 ρ ρ 1 ρ U q,q,...,q = nq = n q 1 2 n (2) 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 21

2. Abordagem da Preferência pela Variedade (continuação) Supondo agora que o número de produtos diferentes aumenta k vezes mas que o consumo de cada um dos bens se reduz na mesma proporção (ou seja, o consumo total de bens mantém-se apesar do aumento da variedade) então a utilidade (2) reescreve-se na forma (3): CONCLUSÃO: 1 1 q 1 1 ρ ρ ρ U( q,q,...,q 1 2 n ) = ( nk) = n qk (3) k O aumento da variedade tem claramente um efeito positivo sobre a utilidade. Este efeito positivo será tanto mais acentuado quanto menos substituíveis (ou mais diferenciados ρ próximo de 0 ) forem os bens vendidos. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 22

2. Abordagem da Preferência pela Variedade (continuação) Supondo agora que o número de produtos diferentes aumenta k vezes mas que o consumo de cada um dos bens se reduz na mesma proporção (ou seja, o consumo total de bens mantém-se apesar do aumento da variedade) então a utilidade (2) reescreve-se na forma (3): CONCLUSÃO: 1 1 q 1 1 ρ ρ ρ U( q,q,...,q 1 2 n ) = ( nk) = n qk (3) k O aumento da variedade tem claramente um efeito positivo sobre a utilidade. Este efeito positivo será tanto mais acentuado quanto menos substituíveis (ou mais diferenciados ρ próximo de 0 ) forem os bens vendidos. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 23

2. Abordagem da Preferência pela Variedade (continuação) CONCLUSÃO (continuação): É possível existirem modelos de competição monopolística com excesso de diferenciação. Nestes modelos cada empresa tenta convencer os consumidores (através de publicidade por ex) de que o seu produto é diferente dos produtos rivais e que, portanto, não tem substitutos procurando criar algum poder de mercado vender o seu produto mais caro do que os rivais e aumentar os lucros. 18-03-2008 Isabel Mendes/MICRO II 24