Certificação de produto/processo Autor(es): Publicado por: URL persistente: Berger, Isabel; Silva, Raquel Publindústria URI:http://hdl.handle.net/10316.2/25727 Accessed : 2-Jul-2017 02:05:34 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. impactum.uc.pt digitalis.uc.pt
AGRONEGÓCIO Directora de Certificação SGS ICS - International Certification Services Raquel Silva Gestora de Produto SGS ICS - International Certification Services David Lebrero CERTIFICAÇÃO DE PRODUTO/PROCESSO Por: Isabel Berger A FORMA DE ASSEGURAR A CONFIANÇA DO CLIENTE Face às preocupações crescentes dos consumidores relativamente à segurança e qualidade dos produtos alimentares, diversas opções de certificação têm sido criadas para dar resposta a essas exigências, transmitidas pelos clientes aos agroindustriais. A Certificação de Produto/Processo surge neste contexto como a ferramenta mais adequada para evidenciar a conformidade face aos requisitos especificados de uma forma independente e transparente. CERTIFICAÇÃO DE PRODUTO ALIMENTAR A Certificação de Produto Alimentar é um de tantos outros produtos de certificação disponíveis no mercado. Contudo, é o único que permite ao produtor ostentar a sua marca de certificação directamente no Produto Final e que acompanha o produto até ao consumidor final. Esta certificação corrobora a conformidade do Produto, com requisitos definidos em Normas ou Especificações Técnicas. Estes documentos normativos de referência têm não só em atenção todos os requisitos legais, mas também todos os aspectos que se prendem com a segurança alimentar e as características que o consumidor espera encontrar a nível de qualidade no Produto Final. Perante ausência de normas internacionais, europeias ou nacionais, a SGS ICS elabora ela própria a Especificação Técnica que dará suporte à avaliação da conformidade. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DA ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA Despistadas todas as possibilidades de existência de referenciais normativos, a SGS inicia o seu processo de desenvolvimento do referencial, tendo sempre como base os requisitos legais e regulamentares aplicáveis ao produto em questão. Com recurso aos clientes, Associações do sector e Peritos Técnicos o documento é elaborado e posteriormente submetido a uma Comissão Técnica de Certificação (CTC) que contemplará na sua constituição representantes das várias áreas relevantes, nomeadamente: representante dos consumidores, do sector de actividade (Associações/Instituições Sectoriais) e dos Organismos de Certificação. Para que esta validação seja verdadeiramente clara e transparente, normalmente apela-se à participação de peritos técnicos, especializados no produto em avaliação que, embora não tenham direito a voto, tal como o produtor que se vai certificar ou a pessoa da SGS envolvida na elaboração do referencial, é objectivamente quem pode apoiar tecnicamente os membros da CTC, na decisão da validação do referencial. Validado o documento, passa o mesmo a ter carácter normativo e são então desenvolvidos os documentos de suporte à avaliação do mesmo, nomeadamente o Esquema de Certificação, onde é descrita a metodologia de avaliação da conformidade. O QUE É ESPECIFICAMENTE E QUAL É A METODOLOGIA APLICADA NA CERTIFICAÇÃO DE PRODUTO? Actuando segundo a norma NP EN 45 011 Critérios Gerais para Organismos de Certificação de Produtos, os Organismos de Certificação avaliam de forma rigorosa, objectiva e isenta, a conformidade do produto, com base em ensaios e auditorias na unidade de produção. A metodologia ou Esquema de Certificação utilizado pela SGS ICS baseia-se em ensaios a produto e auditorias. Os ensaios ao produto (incluindo entre outros ensaios ao material de embalagem), para avaliação da conformidade com os requisitos fixados no documento de referência (leia-se Norma ou Especificação Técnica), são realizados em laboratório(s) acreditado(s), sobre amostras recolhidas na fábrica e/ou no comércio, pelo AGROTEC / JUNHO 2012 125
AGRONEGÓCIO Organismo de Certificação. Durante as auditorias, são avaliados os requisitos definidos no documento normativo de referência bem como parte dos requisitos da norma ISO 9001 Sistemas de Gestão de Qualidade (nomeadamente, aprovisionamento; identificação e rastreabilidade; monitorização e medição do produto; estado de monitorização e medição do produto; controlo dos dispositivos de monitorização e medição; controlo do produto não-conforme; preservação do produto; realização do produto, infraestruturas e ambiente de trabalho; controlo dos registos; acções correctivas, preventivas e reclamações) e o HACCP pelo referencial Codex Alimentarius (sistema preventivo de perigos que possam por em causa a segurança alimentar do produto). Dentro destes requisitos inclui-se o controlo interno, assegurando que ao longo do processo, desde a recepção das matérias-primas até ao produto acabado, todos os requisitos se encontram implementados transversalmente. A avaliação conforme quer dos ensaios realizados quer da auditoria efectuada ao sistema de produção e capacidade de gestão da Organização produtora, serão o output necessário para após decisão do Organismos de Certificação, dar origem à emissão do seu Certificado de Produto. Figura 1 Processo de Certificação CERTIFICAÇÃO DE PRODUTO COMO FERRAMENTA DE DISTINÇÃO NO SECTOR Para as agro-industriais portuguesas, a Certificação de Produto é a melhor ferramenta para a distinção do produto, bem como a opção estratégica para reduzir custos de não-qualidade, ganhar quota de mercado e fidelizar clientes. A Marca de Produto Certificado representa a diferença clara face a produtos concorrentes, abre novas perspectivas para a exportação de produtos nacionais, e transmite uma imagem alicerçada em valores de transparência, abertura e preocupações reais com a qualidade. Esta certificação tem a vantagem de ser facilmente integrável, sobretudo com os referenciais ISO 22000 e ISO 9001, uma vez que por si só já inclui grande parte dos mesmos. PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DO PRODUTO CERTIFICAÇÃO DE PRODUTO REFERENCIAIS APLICÁVEIS A FORNECEDORES DA DISTRIBUIÇÃO O domínio das grandes cadeias de distribuição na venda a retalho de produtos alimentares, e para mais o peso crescente das suas marcas próprias, veio levantar a questão da sua responsabilidade, estabelecida por lei, pela segurança dos produtos alimentares postos à disposição do consumidor. Não sendo elas fabricantes, quiseram dispor de um sistema que lhes oferecesse confiança nos seus fornecedores e a necessária protecção. À solicitação de análises a produtos de uma forma por vezes aleatória e realização de auditorias a fornecedores com requisitos nem sempre bem estabelecidos e variáveis entre cadeias de distribuição, tendem a substituir-se sistemas mais organizados de controlo dos fornecedores. Para além do Global Food Safety Iniciative, GlobalGAP e do FSSC 22000 aos quais já foram dedicados artigos publicados nas anteriores edições da Agrotec, iremos apresentar sucintamente os outros esquemas que têm revelado maior implantação em Portugal. Figura 2 Marca de Certificação 126
O BRC FOOD (http://www.brcglobalstandards.com/globalstandards/home.aspx) O BRC (British Retail Consortium) é a grande associação de retalhistas do Reino Unido que foi pioneira neste tipo de abordagem e que publicou a sua própria norma de segurança alimentar desde 1998, encontrando-se agora em vigor a versão 6: Global Standard for Food Safety, que designaremos por BRC Food. Esta norma estabelece as condições mínimas para produção de alimentos seguros e que cumpram os requisitos de qualidade exigidos pelos clientes. É aplicável a qualquer fornecedor dos retalhistas ingleses, independentemente do seu país de origem, e alcançou assim um reconhecimento mundial. O seu cumprimento não é estabelecido por lei, mas a certificação por esta norma é uma condição básica para penetrar no difícil e exigente mercado inglês. Existem também normas BRC semelhantes para outras áreas relevantes como empresas de armazenamento/transporte/distribuição, fabricantes de embalagens alimentares e de bens de consumo. Resumidamente a norma BRC Food baseiase em: Compromisso da Gestão baseado numa Política e acompanhamento de Objectivos, e com alocação dos recursos necessários para alcançar a conformidade com os requisitos da Norma; Sistema HACCP (baseado no Codex Alimentarius), uma abordagem passo-a-passo para a gestão dos riscos de segurança alimentar; Sistema de Gestão da Qualidade que detalha as políticas e procedimentos de gestão organizacional necessários para fornecer uma base através da qual a organização vai cumprir os requisitos do referencial; Programas pré-requisito, que são as condições ambientais e operacionais básicas da segurança alimentar necessárias para a produção de alimentos seguros, nomeadamente Condições da Unidade de Produção, Controlo de Produto, Controlo de Processo, aspectos relacionados com o Pessoal. As versões sucessivas do BRC visam sempre reflectir as tendências/desenvolvimentos mais recentes em termos de Segurança Alimentar, tendo-se nomeadamente insistido nesta última versão nos aspectos relacionados com a avaliação de fornecedores/prestadores de serviços/subcontratação de processos produtivos, controlo de corpos estranhos e gestão de alergénios. A versão 6 veio igualmente promover a possibilidade das empresas melhor preparadas realizarem auditorias não anunciadas, bem como abrir às empresas que estão a percorrer os primeiros passos para alcançar a certificação a possibilidade de evidenciarem esse status aos seus clientes. O IFS FOOD (http://www.ifs-certification.com/index.php/en/) Também de base europeia, mais especificamente para a Alemanha, a França e a Itália cujas federações do sector da distribuição promovem esta norma, mas também com peso muito significativo em países como a Espanha ou outros países onde as cadeias de distribuição alemãs ou francesas se encontram implantadas, o International Food Standard (IFS Food) tem ganho um peso crescente como reacção destes países às sucessivas crises de segurança alimentar. A norma IFS Food tem uma estrutura mais próxima da norma ISO 9001 e também incorpora o HACCP, sendo composta por 5 capítulos que tratam de: Responsabilidade da Gestão, que para além de exigir uma Política e correspondentes Objectivos, debruça-se sobre a definição da estrutura organizacional e de responsabilidades claras; Sistema de Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar, que se exige um sistema de controlo documental e um HACCP baseado no Codex Alimentarius; Gestão de Recursos, com um enfoque claro nos Recursos Humanos; Processo de Planeamento de Produção, que engloba todos os aspectos de definição dos requisitos de produto, pré-requisitos na unidade de produção e Boas Práticas; Medição, Análise e Melhoria, em que são definidas as formas de validar e melhorar o Sistema, com base em ferramentas como auditorias internas, inspecções, análises, tratamento de reclamações e acções correctivas. No início de 2012, foi publicada a versão 6 que entrará em vigor em Julho de 2012. Para além de uma melhoria da redacção e actualização dos requisitos, foi incluído um capítulo relativo a Food Defence, ou seja medidas de protecção contra bioterrorismo, indispensável para o mercado Norteamericano. O IFS publicou igualmente normas para empresas que não produzam especificamente alimentos, mas cuja actividade influencia a sua segurança: IFS Broker para importadores/exportadores, IFS Logistics para armazenamento/transporte/distribuição. O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO A certificação de acordo com estas normas segue regras perfeitamente definidas pelas entidades responsáveis pela definição dos requisitos, ou seja pelo BRC e pelo IFS. Apesar de algumas diferenças, podemos resumidamente referir as características comuns destes processos de certificação: Avaliação da conformidade baseia-se num processo de auditoria, não havendo lugar a amostragem e análise de produtos pelo Organismo de Certificação; Existem alguns requisitos considerados como mais importantes que os outros e cujo não cumprimento total inviabiliza a certificação (ex. auditorias internas, rastreabilidade); O resultado da auditoria dá origem a uma classificação que virá reflectida no certificado (3 níveis para o BRC e 2 para o IFS); O relatório de auditoria é extensamente documentado e a empresa pode disponibilizá-lo aos clientes que pretenda; O certificado emitido é válido normalmente por um ano; A marca de certificação destina-se a transmitir confiança às Empresas Cliente. CONSIDERAÇÕES FINAIS > / / Independentemente do referencial, cuja escolha dependerá das estratégias de mercado das Organizações, a Certificação continua a ser a forma de comunicação da responsabilização das Organizações, mais transparente e imparcial que permite evidenciar o esforço no cumprimento da conformidade dos requisitos do Produto Alimentar. AGROTEC / JUNHO 2012 127