CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE GREGO PRODUZIDO POR UMA AGROINDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE GUARANI, MG.

Documentos relacionados
ELABORAÇÃO DE RICOTA FERMENTADA EM PASTA POTENCIALMENTE SIMBIÓTICA

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE REFRIGERANTE SABOR ABACAXI (ANANÁS COMOSUS) COM HORTELÃ (MENTHA X VILLOSA)

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ANIMAIS INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE BEBIDAS LÁCTEAS ADQUIRIDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA DO SUL DE MINAS GERAIS 1

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

ADEQUAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MINAS ARTESANAL PRODUZIDO NA REGIÃO DE UBERLÂNDIA-MG

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE IOGURTES COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

EFEITO DE DIFERENTES SUBSTITUTOS COMERCIAIS DE SÓDIO NAS CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS DE RICOTA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE CRU E DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADOS NO OESTE DE SANTA CATARINA

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE UNAÍ, MG, BRASIL

ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA ACIDIFICADA

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE COZIMENTO DA MASSA DE QUEIJO SOBRE A UMIDADE DE QUEIJO PRATO DURANTE A MATURAÇÃO

Bebida Fermentada de Soja

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 23, DE 30 DE AGOSTO DE 2012

INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA Nº 30, DE

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA DURANTE SHELF LIFE

ACEITAÇÃO E PREFERÊNCIA DE DERIVADOS LÁCTEOS POR ESTUDANTES DA UNIVIÇOSA/ESUV (MG) 1. Introdução

ANEXO REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE NATA

QUALIDADE DA FARINHA DE MANDIOCA COMERCIALIZADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO ACRE S. da S. Torres 2, M. T. Furtado 1,

QUEIJO MINAS ARTESANAL DA SERRA DA CANASTRA: INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA MATURAÇÃO.

QUEIJO PETTIT SUISSE PROBIÓTICO SABOR AÇAÍ COM ABACAXI

QUANTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM AMOSTRAS DE QUEIJOS COLONIAIS PRODUZIDOS PELA AGOINDUSTRIA FAMILIAR DA REGIÃO DE TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - BRASIL

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE MORTADELA 1. Alcance

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE SORO DE LEITE 1. Alcance

A QUÍMICA PRESENTE NAS INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS

AVALIAÇÃO FISICO-QUIMICA DO QUEIJO COALHO ARTESANAL E INDUSTRIAL FABRICADO EM SALGUEIRO PE. Apresentação: Pôster

Análise da qualidade no processo produtivo de leite pasteurizado do tipo C em um laticínio de pequeno porte

AVALIAÇÃO FISICO-QUÍMICA DE BEBIDAS LACTEAS PRODUZIDAS NA REGIÃO DO SERTÃO PERNAMBUCANO E COMERCIALIZADAS EM SALGUEIRO-PE Apresentação: Pôster

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE IN NATURA UTILIZADO NO PROCESSO PRODUTIVO DE UM LATICÍNIO NA REGIÃO DO CURIMATAÚ PARAIBANO

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE FIAMBRE

COMPARAÇÃO DOS PROCESSOS FERMENTATIVOS DA POLPA DE COCO VERDE E DO LEITE POR BACTÉRIAS LÁCTICAS. Karina Fernandes Pimentel 1 ; Eliana Paula Ribeiro 2

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA CARNE BOVINA COMERCIALIZADA IN NATURA EM SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE ARAPONGAS-PR

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

PROPRIEDADES REOLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DE IOGURTE E BEBIDA LÁCTEA DA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PATÊ.

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO DE MANTEIGA COMERCIALIZADO NA FEIRA LIVRE DO MUNICÍPIO DE SOLÂNEA-PB. Apresentação: Pôster

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE APRESUNTADO

Aceitação sensorial de bebida láctea, sob diferentes concentrações de soro

Disciplina: Controle de Qualidade Série: 2ª Turmas: L/N/M/O. Curso: Técnico em Agroindústria. Professora: Roberta M. D.

ASPECTOS PARA QUALIDADE E HIGIENE DO LEITE CRU BOVINO (Bos taurus) PRODUZIDO EM BANANEIRAS-PB

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE ALMÔNDEGA

Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE QUEIJO AZUL

ANÁLISE DO TEMPO DE MATURAÇÃO NA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO SERRANO

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE FUNCIONAL DE LEITE DE CABRA COM SABOR DE FRUTOS TROPICAIS

CHAVES, Raliéli de Almeida 1 PENTEADO, Bruna Gonçalves 2 DOLINSKI, Juliana Gorte 3 ALMEIDA, Mareci Mendes de 4 CHIQUETTO, Nelci Catarina 5

DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE UMIDADE E CINZAS DE PEIXE SALGADO-SECO COMERCIALIZADO NA ZONA OESTE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO RJ

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE SALAME

Avaliação da vida de prateleira do iogurte sabor morango, enriquecido com concentrado proteico de soro, quinoa e linhaça dourada

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE REQUEIJÃO CREMOSO COM BAIXO TEOR DE SÓDIO E DE GORDURAS

VII Semana Acadêmica da UEPA Marabá

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO MEL DE ABELHA Apis mellifera DO SERTÃO PARAIBANO

ANEXO I REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PALETA COZIDA

20/05/2011. Leite de Qualidade. Leite de qualidade

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE NATURAL COM POLPA DE ABACAXI BASE MEL

PODER CONSERVANTE E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO ÓLEO ESSENCIAL DE CRAVO DA ÍNDIA ADICIONADO EM BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA

Elaboração de bebida láctea pasteurizada à base de soro de queijo de coalho

Aspectos físico-químicos e microbiológicos do queijo Canastra durante a maturação em duas épocas do ano

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Agricultura familiar na atividade leiteira no Brasil: Pressupostos e proposta metodológica

Brazilian Applied Science Review

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO SALAME TIPO MILANO

Produção de alimentos e sustentabilidade

ANÁLISE DA QUALIDADE DO LEITE BOVINO EM DIFERENTES ESTAÇÕES DO ANO EM UM LATICÍNIO NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA-MG

Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos. Brasília: Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 1997.

XI Encontro de Iniciação à Docência

ANEXO III REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE LINGÜIÇA

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE LEITE ACIDÓFILO SABOR MANGA.

XI Encontro de Iniciação à Docência

AVALIAÇÃO DA CONTAGEM BACTERIANA TOTAL NO LEITE DE TANQUES COM DIFERENTES CONTAGENS DE CÉLULAS SOMÁTICAS. Apresentação: Pôster

DETERMINAÇÃO DA UMIDADE E VERIFICAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE QUEIJO MINAS ARTESANAL FRESCAL

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE IOGURTE EM PÓ DE LEITE DE OVELHA

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE KIBE

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE

APLICAÇÃO DE ALTA PRESSÃO EM CONSERVAÇÃO DE SALSICHA

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE CREME TIPO FRAÍCHE OBTIDO A PARTIR DE SORO DE LEITE BOVINO

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE LOMBO

ENUMERAÇÃO DE COLIFORMES A 45 C EM LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO EM CAXIAS, MA

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS DE MESA TIPO SECA COMERCIALIZADAS EM BELÉM PARÁ

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 26, DE 12 DE JUNHO DE 2007 (*)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA

DESENVOLVIMENTO E ACEITAÇÃO DE IOGURTE GREGO COM LICOR DE FRUTAS DE DESCARTE

Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

COMPARAÇÃO DOS ÍNDICES DE PROTEÓLISE DE QUEIJOS ARTESANAIS DAS REGIÕES DO CERRADO E ARAXÁ

INTRODUÇÃO. Leites Fermentados LEITES FERMENTADOS. Leites Fermentados. Leites Fermentados 30/07/2014

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE BEBIDAS LÁCTEAS FERMENTADAS POTENCIALMENTE PROBIÓTICAS PRODUZIDAS A PARTIR DO APROVEITAMENTO DA CASCA DA JABUTICABA.

Leite de qualidade LEGISLAÇÃO DO LEITE NO BRASIL. Leite de Qualidade. Histórico 30/06/ Portaria 56. Produção Identidade Qualidade

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE SUCO DE CAJU. Iwalisson Nicolau de Araújo 1 Graduando em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual da Paraíba.

D E C R E T A: Art. 2.º Revogam-se as disposições em contrário. Art. 3.º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Programa Analítico de Disciplina TAL453 Tecnologia de Produtos Lácteos Fermentados

PERFIL MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE LEITE PASTEURIZADO DE ACORDO COM AS ESPECIFICAÇÕES MUNICIPAIS (SIM) E ESTADUAIS (IMA)

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PRESUNTO

VIABILIDADE DE BACTÉRIAS LÁTICAS EM LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE MONTES CLAROS, MG.

Processamento artesanal do leite e seus derivados

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE QUEIJO DE LEITE DE CABRA TIPO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE BACTÉRIA PROBIÓTICA

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE BACON E BARRIGA DEFUMADA

QUALIDADE DO LEITE CRU REFRIGERADO PRODUZIDO EM DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DE GOIÁS

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE GREGO PRODUZIDO POR UMA AGROINDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE GUARANI, MG. T. C. Nascimento 1, P. V. S. Ferreira 1, C. R. Bento 1, R. C. Vale 1, S. P. Oliveira 1, J. M. Martins 1. 1 Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba CEP: 36180-000 Rio Pomba Minas Gerais MG Brasil, Telefone: (32) 3571-5700 Fax: (32)3571-5710 e-mail: jose.manoel@ifsudestemg.edu.br. RESUMO O iogurte grego tem se tornado um produto fermentado de grande destaque no Brasil, sendo produzido pelos principais laticínios com vendas que superaram a expectativa da indústria. O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físico-químicas e microbiológicas de iogurte grego, produzido por uma agroindústria familiar de leite e derivados. As análises foram realizadas nos tempos 0, 15, 30, 45 e 60 dias após a fabricação, nos laboratórios do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Sudeste de Minas Campus Rio Pomba. Dois tratamentos foram elaborados: iogurte grego com adição de açúcar (T1) e sem adição de açúcar (T2). No tempo 0, as características físico-químicas do iogurte grego com e sem adição de açúcar foram, respectivamente: ph (4,74; 4,72), % ácido lático (0,93; 0,95), % cinzas (0,75; 0,77), % cloretos (0,12; 0,22), % gordura (4,0; 4,5); % proteína (5,32; 5,42) e % umidade (79,5; 87,02), havendo diferença (p<0,05) para umidade e cloretos. Os demais tempos apresentaram o mesmo comportamento, com exceção do tempo 60 dias que apresentou diferença (p<0,05) para acidez, cloretos, proteína e umidade. As contagens microbiológicas atenderam às exigências da legislação. A contagem de bactérias láticas apresentaram valores superiores a 7 ciclos log. PALAVRAS-CHAVE: labneh, composição, aceitação. ABSTRACT Greek yogurt has become a main highlight of fermented product in Brazil, being produced by the major dairy products with sales that exceeded the expectations of the industry. The objective of this study was to evaluate the physicochemical and microbiological Greek yogurt, produced by a family agribusiness dairy products. The analyzes were performed at 0, 15, 30, 45 and 60 days after manufacture, in the laboratories of the Department of Food Science and Technology of the Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Rio Pomba. Two treatments were prepared: Greek yogurt with added sugar (T1) without added sugar (T2). At time 0, the physicochemical characteristics of Greek yogurt with and without added sugar were, respectively: ph (4,74; 4,72), % lactic acid (0,93; 0,95), % ash (0,75; 0,77), % chloride (0,12; 0,22), % fat (4,0; 4,5); % Protein (5,32; 5,42) and % moisture (79,5; 87,02), with significant differences (p<0.05) for moisture and chlorides. Other times showed the same behavior, except for the time 60 days was different (p<0.05) for acid, chlorides, protein and moisture. Microbiological counts met the requirements of the legislation. The count of lactic acid bacteria showed values greater than 7 log cycles. Acceptance testing indicated that the T1 had a better score than the T2, in all attributes, except for the aroma, indicating greater consumer preference for this type of product. KEYWORDS: labneh, composition, acceptance.

1. INTRODUÇÃO O iogurte grego se apresenta como uma ótima alternativa de venda para a indústria, sendo considerado um dos lácteos fermentados de bom valor agregado. Trata-se de um produto que possui maior consistência que o iogurte líquido, mais cremoso, comercializado em diferentes sabores, na tentativa de atrair um maior número de consumidores. Grandes empresas tem apostado sistematicamente nesse produto, que chegou a poucos anos no Brasil, alavancando o consumo de iogurte, com o apelo de ser utilizado como uma refeição completa, de grande valor nutricional e de consistência agradável (Fani, 2015). Aproveitando o marketing promovido pelas grandes empresas, a busca crescente por este produto pelos consumidores e uma metodologia mais simplificada, adotada no Brasil (Moraes, 2015), empresas pequenas como as agroindústrias, têm a oportunidade de apostar no iogurte grego, visualizando uma forma de aumentar o valor agregado de seus derivados e, consequentemente, seus lucros. Apesar das pequenas indústrias possuírem sistema de processamento limitado, com tecnologia de fabricação muitas vezes adaptada, elas tem recorrido à parceria com instituições de ensino e pesquisa, utilizando-se de amparo tecnológico e estrutural capaz de atender a seus objetivos. Dessa forma, uma agroindústria produtora de leite e derivados do município de Guarani, buscou uma parceira com o Instituto Federal de Rio Pomba no sentido de auxiliá-la na colocação de mais um derivado no mercado, o iogurte grego, indo de encontro à sua filosofia que é ofertar ao consumidor produtos diferenciados, de qualidade e rico nutricionalmente. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características físico-químicas e microbiológicas de iogurte grego produzido por uma agroindústria familiar produtora de lácteos. 2. MATERIAL E MÉTODOS O iogurte grego foi fabricado em uma agroindústria produtora de leite e derivados no município de Guarani, Minas Gerais. Foram elaborados dois tratamentos: T1) iogurte grego sem adição de açúcar e T2) iogurte grego com adição de açúcar. A metodologia de fabricação do iogurte grego, para nenhum dos tratamentos, não foi disponibilizada pela agroindústria. Amostras dos dois tratamentos foram coletadas na agroindústria e transportadas, devidamente refrigeradas, até os laboratórios de Análises Físico-químicas e Microbiológicas do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba, onde foram analisadas. As amostras foram avaliadas em duplicata, em duas repetições, sendo realizadas análises nos tempos: 0, 15, 30, 45 e 60 dias. As análises físico-químicas realizadas foram: ph, acidez titulável (% de ácido lático), gordura, proteína, umidade, sólidos totais, cinzas e cloretos (BRASIL, 2006). Também foram realizadas análises microbiológicas de bolores e leveduras, coliformes totais, termotolerantes e contagem em placa de bactérias láticas totais (BRASIL, 2003).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Análises físico-químicas Os resultados das análises físico-químicas de amostras de iogurtes grego fabricados com e sem adição de açúcar estão presentes na Tabela 1. Tabela 1 Valores médios das análises físico-químicas de iogurte grego fabricado com adição de açúcar (T1) e sem adição de açúcar (T2). Análises Tempo 0 15 30 45 60 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 Acidez 0,93a 0,95a 0,94a 0,97a 0,96a 0,94a 0,98a 1,00a 0,77b 0,81a (%AL) Cinzas 0,75a 0,77a 0,73a 0,73a 0,70a 0,70a 0,79a 0,69b 0,73a 0,73a Cloretos 0,12b 0,22a 0,11b 0,23a 0,12b 0,22a 0,12b 0,22a 0,12b 0,22a Gordura 4,00a 4,50a 4,10a 4,50a 4,25a 4,25a 4,00a 4,38a 4,00a 4,38a ph 4,74a 4,72a 4,55a 4,55a 3,98a 3,96a 4,41a 4,41a 4,44a 4,44a Proteína 5,32a 5,42a 5,29a 5,37a 5,23a 5,40a 5,45a 5,28a 5,22a 4,45b Umidade 79,53b 87,02a 79,57b 86,75a 76,54b 87,61a 79,29b 86,54a 79,29b 86,54a AL: ácido lático. Médias seguidas pela mesma linha, dentro de cada tempo, não diferem entre si pelo teste T ao nível de 5% de significância. Nos tempos 0, 15 e 30 dias de armazenamento, o iogurte grego adicionado de açúcar (T1) apresentou diferença (p<0,05) em relação ao iogurte grego sem açúcar (T2) para umidade e cloretos. A adição de açúcar no T1 pode justificar o menor teor de umidade para este tratamento. Aos 60 dias de armazenamento, acidez, cloretos, proteína e umidade, diferiram (p<0,05) entre os dois tratamentos, devido a uma possível menor estabilidade do produto ao longo do tempo, principalmente em relação à acidez. Se comparado com o iogurte líquido, o iogurte grego apresentou acidez mais elevada, provavelmente em razão do maior teor de sólidos de caráter ácido que ele possui, como as proteínas, por exemplo. Os valores de acidez encontrados para os dois tratamentos, estão de acordo com a legislação de leites fermentados que prevê percentual de ácido lático entre 0,60 e 2,0% (Brasil, 2007). O ph seguiu uma tendência de constância ao longo do tempo, exceto aos 30 dias para os dois tratamentos, quando o ph foi inferior a 4,0. A legislação brasileira para leites fermentados (Brasil, 2007), estabelece valores de ph entre 3,5 a 4,6 depois de 48 horas do processo fermentação, fazendo com que os dois tratamentos atendessem a tais parâmetros durante a sua vida de prateleira, com exceção do tempo 0, onde os iogurtes grego com e sem açúcar apresentassem valores ligeiramente superiores.

O teor de gordura do iogurte grego fabricado com adição de açúcar foi ligeiramente menor que o iogurte grego fabricado sem adição de açúcar, em razão do maior teor sólidos. Entretanto, todos os dois tratamentos se encontram dentro dos padrões preconizados pela legislação vigente, que é no mínimo de 3% para iogurte integral (Brasil, 2007). Os valores obtidos para proteína foram muito similares entre os dois tratamentos, exceto aos 60 dias para o tratamento sem adição de açúcar, que apresentou menor valor, mas manteve-se acima do exigido pela legislação (Brasil, 2007), que determina o mínimo de 2,90%. Considerando que o produto sofre dessoragem durante o seu processamento, o teor de umidade para os dois tratamentos apresentou-se elevado, com exceção do iogurte grego adicionado de açúcar no tempo 0. A umidade presente nos dois tipos de iogurte apresentaram valores próximos aos encontrados por Medeiros et al. (2007), relativamente elevado para este tipo de produto. Assim, como não há legislação especifica para iogurte grego, o mesmo segue o padrão para leites fermentados, e devido à sua concentração os resultados físico-químicos foram facilmente alcançados. 3.2. Análises microbiológicas Os resultados das análises microbiológicas de iogurte grego fabricado com e sem adição de açúcar estão presentes na Tabela 2. Tabela 2 Resultados médios dos parâmetros microbiológicos de amostras de iogurte grego fabricado com adição de açúcar (T1) e sem adição de açúcar (T2). Tempo Análises 0 15 30 45 60 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 T1 T2 Coliformes (30 C) < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 (NMP/g) Coliformes (45 C) < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 < 3 (NMP/g) Fungos e leveduras < 1 < 1 2x10 < 1 < 1 1,8x10 2 < 1 < 1 < 1 < 1 (UFC/g) 1 Bactéria Láticas (Log UFC/g) 8,72 7,08 9,46 7,78 8,90 7,30 8,28 7,23 7,68 7,12 NMP: número mais provável; UFC: Unidade formadora de colônia; CA: iogurte grego com adição de açúcar; SA: iogurte grego sem adição de açúcar; Para os parâmetros microbiológicos avaliados, com relação às boas práticas de higiene na elaboração do produto, tanto o iogurte com açúcar quanto o sem adição de açúcar, atenderam os requisitos estabelecidos pele legislação (Brasil, 2007), com valores < 0,3NMP/g. Para contagem de fungos e leveduras, o iogurte com açúcar apresentou uma contagem de 2 x 10¹ UFC/g no tempo 15 dias e no sem açúcar apresentou contagem de 1,8 x10¹ UFC/g no tempo 30 dias, contudo, não interferiu na qualidade do produto pois ainda atende a legislação vigente que estabelece que em cinco amostras analisadas duas podem conter entre 5,0 x 10 0 e 2,0 x 10 2 UFC/g. Para a contagem total de bactérias láticas a legislação também foi atendida, com o mínimo de 10 7 UFC/g durante um período de 45 dias, que é o tempo esperado de vida de prateleira do iogurte grego. Todos os micro-organismos patogênicos analisados são sensíveis termicamente, sendo o processo de pasteurização uma etapa importante para eliminação destes patógenos.

O resultado revelado nessas análises pode estar relacionado às boas condições higiênicosanitárias durante o processamento do iogurte grego, visto que os coliformes totais são consideravelmente sensíveis ao tratamento térmico e ao uso de sanitizantes e detergentes nos processos de higienização (Tebaldi et al., 2007). Outra condição desfavorável para o desenvolvimento desses microrganismos são os baixos valores de ph, pois os leites fermentados se caracterizam por apresentarem ph reduzido devido à fermentação realizada pelas bactérias láticas, cujo ácido lático produzido resulta na diminuição do ph do meio levando ao estresse das células microbianas, que porventura possam estar presentes no produto, impedindo sua proliferação (Ferreira, 2005). Diante do exposto, é importante lembrar que o papel do ph na inibição do crescimento de possível contaminante, contribui para a promoção da segurança do produto, porém esse benefício não exime da realização das ações de Boas Práticas de Fabricação para garantir a qualidade do produto em todas as etapas da cadeia produtiva. 4. CONCLUSÃO Os valores encontrados para os parâmetros físico-químicos e microbiológicos para os produtos lácteos estavam dentro dos limites estabelecidos pela legislação vigente. Estes resultados comprovam que o iogurte grego apresenta uma garantia de qualidade e condições higiênicas sanitárias favoráveis, sendo mais uma opção de mercado para a pequena agroindústria familiar. 5. AGRADECIMENTOS À FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. À Agroindústria de Leite e Derivados Queijos e Queijos. Ao Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais Campus Rio Pomba. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. (2003). Métodos analíticos oficiais para análises microbiológicos para controle de produtos de origem animal e água (Instrução Normativa n 62, 26 de agosto de 2003). Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (2006). Oficializa os Métodos Analíticos Oficiais Físico-Químicos, para Controle de Leite e Produtos Lácteos (Instrução Normativa nº. 68, de 12 de dezembro de 2006). Diário Oficial da República Federativa do Brasil. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (2007). Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) de Leites Fermentados (Instrução Normativa n. 46, de 23 de outubro de 2007). Diário Oficial da República Federativa do Brasil.

FANI, M. (2015). O saudável mercado dos iogurtes. Revista Aditivos ingredientes. Disponível em: http://aditivosingredientes.com.br/artigos/artigos-editoriais-geral/o-saudavel-mercado-dos-iogurtes FERREIRA, C. L. L. F. (2005). Produtos lácteos fermentados aspectos bioquímicos e tecnológicos. 3. ed. Viçosa: UFV. MEDEIROS, F. C.; Andrade, L. F.; Apolinário, J. R.; Silva, A. O.; Santos, E. P. (2007). Composição centesimal de iogurtes comercializados no município de Bananeiras-PB. II Jornada Nacional da Agroindústria, Bananeiras, PB. MORAES, A. E. A. (2015). Iogurte grego. Por que gostamos tanto? Milkpoint. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/industria/radar-tecnico/probioticos/iogurte-grego-por-que-gostamostanto-93017n.aspx TEBALDI, V. M. R.; Resende, J. G. O. S.; Ramalho, G. C. A.; Oliveira, T. L. C.; Abreu, L. R.; Piccoli, R. H. (2007). Avaliação microbiológica de bebidas lácteas fermentadas adquiridas no comércio varejista do sul de Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, Minas Gerais, Brasil. Vol. 31(4).