A nossa sexualidade é uma construção que se inicia na vida intra-uterina e nos acompanha por toda nossa existência. Viver na idade adulta uma sexualidade satisfatória depende do desenvolvimento psicossexual que ocorre na infância e na adolescência.. Educação sexual é de fundamental importância não apenas no ambiente familiar, como também na escola por parte dos professores treinados adequadamente. A desinformação e a repressão por parte dos adultos dificultam a expressão e a curiosidade normal da criança. Todas as crianças, independentemente da idade, tem curiosidades em relação à sexualidade, como questões referentes às diferenças corporais entre meninos e meninas, como nascem os bebês, etc. As perguntas dos filhos sobre assuntos relacionados à sexualidade devem ser respondidas com clareza, mas com palavras adequadas para a idade da criança. Histórias fantasiosas como a da cegonha não devem ser colocadas, pois consequentemente no futuro estas crianças vão perdendo a credibilidade por estes adultos que não respondem satisfatoriamente seus questionamentos e curiosidades. Esta confiança é importante para a construção de uma relação equilibrada entre pais e filhos. Os pais devem estar atentos as necessidades dos filhos, onde a presença afetiva é de fundamental importância para a formação de um adulto feliz nos relacionamentos amorosos e na sexualidade. 1 / 6
Existe uma vasta bibliografia de orientação na área de educação sexual não apenas para os pais ou educadores, como também para crianças e adolescentes. A leitura é bastante enriquecedora, nos faz refletir e questionar nossas atitudes enquanto pais e educadores. Diante de problemas que não conseguem encontrar formas de superá-los a orientação de um profissional na área de psicologia infantil é de fundamental importância para prevenir futuras dificuldades psicossexuais na vida adulta. Conhecer as fases de desenvolvimento psicossexual da criança, ajuda aos pais e educadores a não ter atitudes inadequadas que podem interferir diretamente no futuro emocional desta criança. O papel do pai e da mãe na vida de um filho é de extrema importância no desenvolvimento e na formação do caráter deste futuro adulto. Conhecendo melhor a si mesmos como pais e as necessidades dos filhos, os tornam pessoas mais seguras nesta difícil tarefa de educar. O recém-nascido e os primeiros anos de vida. Na antiguidade, assim como na idade média era permitido às crianças européias manifestar abertamente sua sexualidade e que isso ainda acontece em muitas culturas não ocidentais. Após o século XVI, os europeus começaram a redefinir a criança como um ser inocente, não era considerado um ser sexuado. Até os dias atuais esta crença se conserva. Apenas gradualmente nos últimos 50 anos esta concepção foi mudando e reconhecendo que 2 / 6
crianças normais são realmente sexuadas. Durante os primeiros anos de vida as sociedades têm seu próprio padrão com relação ao tipo de homem e mulher que pretende que suas crianças se tornem. A criança vai adquirindo os papéis sexuais, aprendendo a se identificar como homens e mulheres (identidade sexual). É muito difícil para os pais de crianças menores imaginarem que seus filhos são sexualizados. Por exemplo, na maioria dos meninos, é possível observar ereções logo após o nascimento. Durante toda a infância meninos e meninas aprendem a conhecer e experimentar seu próprio corpo, cada um com seu próprio repertório e ritmos diferentes. Há muitos casos de crianças se masturbarem antes de um ano de idade sem que os pais percebam o que está acontecendo. Há diferenças no desenvolvimento sexual entre bebês amamentados no peito e os amamentados com mamadeiras. Amamentação no peito garante um contato físico e transmite confiança para o bebê. Dos dois aos quatro anos de idade são frequentemente chamados de pensamento mágico. O menino poderá estar convencido de que quando crescer, casar-se- á com sua mãe; ou a menina que virá a se casar com seu pai. Seja qual for a mágica é importante não zombar dela, ou repreender a criança. É importante apresentar explicações dos fatos com boas histórias, onde a criança possa ser orientada de uma maneira clara e adequada para sua idade. Aos três e quatro anos de idade a sexualidade da criança está se desenvolvendo juntamente com o restante do seu corpo. 3 / 6
As crianças vão desenvolver suas próprias idéias sobre de onde as crianças vêm mesmo que seus pais não lhes digam. Os jogos sexuais entre crianças do mesmo sexo ou do sexo oposto ocorrem de maneira relativamente frequente na infância, sem danos aparentes, mas que necessitam da orientação dos adultos que estão ao seu lado e não ter atitudes repressoras. Para crianças de três a quatro anos, manipular seus próprios genitais é atitude muito comum. É interessante que, apesar de inquestionável evidência de que as experiências de exploração do corpo e genitais parecem ser quase universais, muitos adultos recusam-se a aceitar que este comportamento é natural em seus filhos, e muitas vezes preferem negar a si próprios que também vivenciaram tais experiências na infância. A negação das lembranças já são consequências das rígidas proibições dos adultos da sua época. Como é importante para os pais a consciência de como a educação sexual é satisfatória para o desenvolvimento psicossexual do indivíduo. Uma educação satisfatória não só é baseada nas informações recebidas, mas principalmente em atitudes aprendidas com os pais e com as pessoas a sua volta. Sejam positivas ou negativas, essas atitudes são transmitidas as crianças, com ou sem palavras, através de uma infinidade de meios. É positivo para o desenvolvimento psicológico da criança que os pais expressem entre si mesmos afeto e carinho de uma forma espontânea. As crianças com cinco ou seis anos começam a entrar no mundo real. Adoram copiar os adultos e estão familiarizados o bastante com as diferenças entre meninos e meninas. É um período em que existe o risco da criança ser envolvida em um relacionamento sexual 4 / 6
com alguém mais velho, mas se houver uma orientação por parte dos pais, a criança estará menos propensa a ser enganada ou seduzida em uma relação indesejável. Os pais tradicionalmente têm expectativas diferentes quanto aos padrões de comportamento apropriados para meninos e meninas. As meninas são estimuladas e recompensadas por serem obedientes e carinhosas, enquanto os meninos a serem firmes, impulsivos, curiosos e assumir papéis de liderança. Os padrões tradicionais para meninos e meninas contribuem para que tenham atitudes diferentes no comportamento sexual. Estas expectativas distintas para meninos e meninas por serem diferentes, provocam danos psicológicos em ambos, não só individualmente, mais em suas relações afetivas. Dos sete aos nove anos é uma fase determinante para os pais na educação de seus filhos, pois as influências externas competem com as dos pais. Os grupos de amigos estimulam a curiosidade e começam a tentar obter domínio do seu mundo e de si próprio, e ao mesmo tempo continuam interessados em assuntos sexuais. As brincadeiras sexuais especialmente com companheiros do mesmo sexo são freqüentes nessa fase. Muitos pais de meninos nesta idade insistem demasiadamente em que estes tenham comportamento de homens, podendo fazer brincadeiras de forma áspera e violenta. 5 / 6
O contato corpo a corpo, pele a pele e olho a olho organiza e harmoniza o corpo sensível, abrindo perspectivas de afeto. São partes essenciais da grande aventura da descoberta do mundo. Em parte esse mundo é representado pelos pais e as pessoas que compartilham os cuidados com a criança. (Maria Tereza Maldonado, 1993) A partir dos 10 anos se inicia a puberdade, é um período em que os corpos da menina e do menino iniciam mudanças e se desenvolvem para alcançar sua forma adulta como homem e mulher. Semíramis Prado 6 / 6