ANÁLISES BROMATOLÓGICAS E MINERALÓGICAS DAS TORTAS DE AMENDOIM, GIRASSOL E MAMONA

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Transcrição:

ANÁLISES BROMATOLÓGICAS E MINERALÓGICAS DAS TORTAS DE AMENDOIM, GIRASSOL E MAMONA Álvaro Augusto Guimarães Oliveira Joelma Pereira Tânia Maria Pereira Alvarenga RESUMO Devido à busca por uma fonte de energia barata, limpa e renovável o Governo Brasileiro aprovou o projeto do Biodiesel, que consiste em misturar óleos de origem vegetal ao diesel, produto petrolífero. Com a aprovação desse projeto o cultivo de plantas oleaginosas, visando atender as metas do Biodiesel, aumentou e continua aumentando em grande escala. O processo de extração do óleo das sementes das plantas oleaginosas gera subprodutos, como as tortas, que podem ser usadas como fertilizantes, ou ainda, aproveitando melhor os seus componentes, como produtos para alimentação dos animais. Análises bromatológicas e mineralógicas das tortas de amendoim, girassol e mamona foram realizadas para comprovar os seus potenciais de uso, seja na alimentação animal, como fertilizante ou em qualquer outra área que elas se adequem. Os resultados foram comentados pertinentemente de acordo com o que foi observado e fazendo-se inferências ao uso das tortas. Comprovou que as tortas apresentam a capacidade de serem usadas na alimentação animal ou de uma forma menos nobre, como fertilizante. Palavras-chave: Biodiesel; análises bromatológicas e mineralógicas; tortas 1 INTRODUÇÃO Com a importância do biodiesel e sua crescente utilização, daqui a alguns anos, ¹Estudante do 5º módulo de Agronomia Universidade Federal de Lavras (alv.agora@ig.com.br) ²Prof.(a) Adjunto - Orientadora Departamento de Ciências dos Alimentos Universidade Federal de Lavras (joper@ufla.br) 24

³Médica veterinária - Co-orientadora Departamento de Ciências dos Alimentos Universidade Federal de Lavras (taniampavet@yahoo.com.br) haverá, por conseqüência, uma grande quantidade de subprodutos da extração do óleo vegetal, sendo um desses as tortas, como a de amendoim, girassol e mamona as quais foram objeto deste trabalho. Devemos pensar desde já o que será feito com as grandes quantidades dos subprodutos do biodiesel, para que esses possam ser aproveitados racionalmente e de forma ecologicamente correta. Para que possamos dar um destino para esses subprodutos devemos primeiro conhecer, sua composição bromatológica, mineralógica e física, para que então de posse dessas informações possamos usá-los para um ou outro fim. Essas tortas são obtidas a partir da extração do óleo, das sementes dessas respectivas plantas, por prensagem, não sendo usado nenhum reagente químico, o que faz com que esse método gere algumas perdas de óleo. Essa fração do óleo que não foi extraída irá ficar na torta, como pode ser comprovado a partir da análise. Essas tortas podem ser usadas na alimentação animal, porém deve-se saber que estas apresentam algumas substâncias tóxicas, que são fatores antinutricionais. Vale ressaltar que não foram feitas análises nas tortas para levantar o teor ou presença dessas substâncias tóxicas. Esse trabalho foi realizado para conhecer um pouco melhor a composição bromatológica e mineralógica de algumas tortas, como a de amendoim, girassol e mamona. 2 MATERIAL E MÉTODOS As análises bromatológicas das tortas foram realizadas no Laboratório de Grãos e Cereais do Departamento de Ciências dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras e a análise mineralógica foi realizada no Laboratório de Análise Foliar do Departamento de Química da mesma universidade, sendo essa análises realizadas com quatro repetições.esse trabalho foi realizado no segundo semestre do ano de 2004. Foram feitas as seguintes análises: Umidade; Extrato Etéreo; Proteína Bruta; Cinzas: método da AOAC de 1990. Fração Fibra: método gravimétrico de Kamer e Ginkel, 1952. Carboidratos (ENN): cálculo feito por diferença segundo Osborne & Voogt, 1978. FDA (Fibra em Detergente Ácido) e FDN (Fibra em Detergente Neutro): método de Van Soest, 1967. Macro e micronutrientes: segundo Malavolta, 1997. 25

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Através dos resultados apresentados na Tabela 1, pode-se conhecer a composição bromatológica das tortas de amendoim, girassol e mamona. TABELA 1 Porcentagem dos valores médios* dos componentes bromatológicos das tortas de amendoim, girassol e mamona, na matéria natural (%, b.u.). Tortas Umidade Extrato Etéreo Fibra Bruta Proteína Bruta Fibra Bruta FDA FDN Cinzas ENN Amendoim 5,99 10,93 14,25 32,65 14,25 19,91 30,04 13,54 36,18 Girassol 6,92 10,76 17,76 23,82 17,76 37,02 47,11 4,14 40,74 Mamona 8,10 7,47 15,66 32,42 15,66 36,67 39,61 5,71 36,35 * Média de 4 observações As tortas apresentaram um baixo teor de água, o quê permite um armazenamento fatisfatório, teor de extrato etéreo um pouco elevado, de acordo com o que foi observado por Jadim (1976), o que pode ser devido à característica do processo de extração, que é mecânico, ou mesmo por este ter sido realizado apenas por prensagem, não utilizando reagentes químicos para a extração do óleo. O teor de fibras apresentou-se bastante elevado, o que poderia afetar a digestibilidade, causando até um efeito laxativo em alguns animais. Todas as tortas apresentaram alto teor de proteína bruta, o que lhes caracterizam como fontes protéicas para a formulação de ração animal. Há, porém que se tomar cuidado com certos fatores antinutricionais que estas tortas apresentam e limitam seu fornecimento aos animais. A torta de amendoim pode ser contaminada pelo fungo Aspegillus flavus que produz a micotoxina conhecida como aflatoxina, que tem como limite tolerado pela ANFAR 0,5 mg/kg do concentrado. Para ruminantes adultos não apresenta restrições, porém para vacas leiteiras o uso fica restrito de 20 a 30% do concentrado. A torta de girassol apresenta como fator antinutricional o ácido clorogênico, com isso o seu uso para suínos e aves é restrito de 2,0 a 2,5% da ração e para bovinos adultos é de 1,5 kg/cabeça/dia. Essas duas tortas têm um uso 26

muito grande e de maior importância na alimentação animal, o que faz com que elas sejam direcionadas preferencialmente a esse fim. A torta de mamona pelo alto teor de proteína, como as outras tortas, é uma boa alternativa para alimentação animal, porém apresenta algumas substâncias tóxicas (ricina, ricinina e complexo alergênico CB-1ª) de difícil eliminação e isso tem inviabilizado o seu uso. Devido à inexistência de um método barato e de escala industrial para a desintoxicação da torta de mamona, essa tem sido utilizada predominantemente como adubo orgânico, porém antes do seu uso esta tem que ficar por um tempo ao ar livre, sendo revirada para perder um pouco dessas substâncias tóxicas, que além de afetar os animais, pode também afetar as plantas que a estarão recebendo como adubo orgânico. Todas as tortas, objeto deste trabalho, podem ser usadas como fertilizante, através do que pode ser percebido pela Tabela 2, porém é de uso menos nobre que na alimentação. TABELA 2 - Análise de macro e micronutrientes das tortas de amendoim, girassol e mamona Tortas Macronutrientes (%) Micronutrientes (ppm) N P K Ca Mg S B Cu Mn Zn Fé Mamona 5,31 0,83 1,22 0,45 0,43 0,36 22,1 23,6 41,1 683,7 229,2 Girassol 3,28 0,67 1,26 0,15 0,34 0,25 11,7 26,3 30,9 523 196 amendoim 5,29 0,4 1,03 0,08 0,24 0,25 3,8 29,2 89,5 276,5 3096 Obs.: Todas as unidades estão em p/p. A adição de torta de mamona no solo, com dosagens variando de acordo com a cultura e o tipo de solo e da riqueza ou não de nutrientes, além de suprir as necessidades nutricionais das plantas aumenta o ph do solo, reduz a acidez total, eleva o conteúdo de carbono e promove melhoria geral na parte física do solo, além de reduzir os nematóides (Lear, 1959), e elevar o poder tampão e a capacidade de troca de cátions do solo (Primavesi, 1980), além de reduzir a densidade aparente do ambiente edáfico em todos os tipos de solos (Kiehl, 1979), o que interfere positivamente no crescimento e no desenvolvimento radicular. As tortas apresentaram boa capacidade para uso como adubo orgânico, como pode ser visto na Tabela 2. As tortas apresentaram um bom teor de nitrogênio, destacando-se as tortas de mamona e amendoim. Apresentaram também um teor de potássio próximo entre elas. Podemos perceber que no geral a torta de mamona se sobressai às outras, sendo seguida pela torta de amendoim, porém pelo uso da torta de amendoim na alimentação animal e até mesmo na humana, ela 27

poderá ser voltada para esses fins, mais nobres, ficando a torta de mamona mais direcionada para o uso como adubo orgânico, devido a fatores já comentados. 4 CONCLUSÕES Podemos concluir com esse trabalho que as tortas analisadas apresentam boas condições de uso como alimento animal ou também como fertilizante, salva guarda algumas condições comentadas neste trabalho. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY. Official methods of analysis of the Association.12.ed. Washington, 1990. 1140p. JARDIM, W.R. Alimentos e alimentação do gado bovino. São Paulo: Agronômica Ceres, 1976. 338 p. KAMER, J.H.Van de; GINKEL, L. Van. Rapid determination of crude fiber in cereais. Cereal Chemistry, St. Paul, v.29, n.4, p.239-251, July/Aug. 1952 KIEHL, E. J. Manual de edafologia: relações solo - planta. São Paulo: Ceres, 1979. 262 p. LEAR, B. Application of castor pomace and cropping of castor beans to soil to reduce nematoide populations. PlantDis. Rep., v.43, n.4, p. 459-460, 1959. MALAVOLTA, E. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações / Eurípedes Malavolta, Godofredo Cesar Vitti, Sebastião Alberto de Oliveira. 2. ed., ver. e atual. Piracicaba: POTAFOS, 1997. OSBORNE, D. R; VOOGT, P. The analysis of nutrient in foods. London:Academic Press, 1978. p.47, 156-158 PEIXOTO, R.R.; Maier, J.C. Nutrição e alimentação animal. 2. ed. Pelotas: EDUCAT: UFPel, 1993. 169 p. PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. São Paulo: Nobel, 1980. 541 p. SILVA, D.J. da. Analise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa: UFV, 1981. 166 p. VAN SOEST, P. J. Developmet of comphrehensive system of feed analysis and its applications to forages. Journal of Animal Science, Champaign, v. 26, n.1, p.119, Jan.1967 28

I CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA. Energia e sustentabilidade. Campina Grande-PB. 2004 29