1 Aplicação de Custos Indiretos de Fabricação (CIF)... 1 1.1 O problema das variações Sazonais de CIF... 1 1.2 A solução proposta... 1 1.2.1 Determinação de uma taxa prevista de aplicação de CIF... 2 1.2.2 Aplicação do CIF previsto durante o período... 2 1.2.3 Apuração da Variação entre o CIF previsto e real ao final do período... 3 1.2.4 Aplicação da variação de CIF aos produtos e ao custo do produto vendido... 4 1.3 Considerações Finais... 5 1 Aplicação de Custos Indiretos de Fabricação (CIF) 1.1 O problema das variações Sazonais de CIF Até aqui, o valor dos custos indiretos de fabricação foi apresentado de forma direta como um montante definitivo, a ser rateado. Ocorre que, em muitas situações, esse valor somente é efetivamente conhecido ao final do período. Assim, como é necessário apurar o custo dos produtos vendidos a cada mês, justamente por conta de sazonalidade das operações das indústrias, pode haver distorções. Considere, para fins de ilustração, duas indústrias: - uma empresa jornalística, cujo produto é o jornal, que é vendido normalmente de forma constante durante todo o ano; e - uma empresa de bebidas, cuja produção e vendas durante o verão é maior do que durante o inverno. Ora, os Custos Indiretos de Fabricação do jornal são formados por custos variáveis e por custos fixos, porém, como a produção e venda de jornais é praticamente constante por todo o ano, temos que o CIF unitário não varia sensivelmente durante o período. Por outro lado, os Custos Indiretos de Fabricação das bebidas, são rateados por uma produção que varia durante o ano e, portanto, o CIF unitário varia durante o período. Com isso o CIF unitário de um determinado mês pode diferir sensivelmente de seu valor ao final do período. Repare que o problema, então, se restringe a situações em que há sazonalidade e pode ser resumido nos termos a seguir apresentados. Como apresentar um valor de CIF unitário mensal coerente com o apurado ao final do período? 1.2 A solução proposta Pois bem, a solução proposta para o problema é relativamente simples, basta determinarmos um valor esperado de CIF para cada mês e considerar que ele é o CIF incorrido, aplicando-o aos produtos fabricados e vendidos. Então, ao final do período, compara-se o valor aplicado ao valor do CIF efetivo e realiza-se o ajuste, para atualizar o CIF. Luiz Eduardo Santos Página 1 de 6
1.2.1 Determinação de uma taxa prevista de aplicação de CIF A determinação de uma taxa prevista, para aplicação dos Custos Indiretos de Fabricação aos produtos, é realizada por estimativa. Para isso, em primeiro lugar, é determinado o valor esperado dos CIF, considerando-se o volume normal de produção e, em seguida, é fixado um critério de apropriação desse CIF aos produtos (com ou sem departamentalização). EXEMPLO. Considere a situação a seguir apresentada. Volume esperado de produção: 1.000 unidades de um produto no período. CIF Variável. Uso de um equipamento com: - custo correspondente a R$ 200,00 por hora e - necessidade de 1 hora e meia de uso por unidade de produto fabricada. CIF Fixo. Aluguel da fábrica: 300.000,00. Nessa situação, o CIF esperado para o período pode ser calculado conforme apresentado na memória de cálculo a seguir: ( ) Custo de uso do equipamento por hora 200,00 (*) Qtd. de horas para fabricação de uma unid. produto 1,5 (=) CIF variável unitário 300,00 (*) Produção 1.000 (=) CIF variável total 300.000,00 (+) CIF fixo 300.000,00 (+) CIF 600.000,00 1.2.2 Aplicação do CIF previsto durante o período Tendo sido calculado o CIF previsto para o período, é possível aplicar 1/12 de seu valor aos produtos fabricados em cada mês, conforme demonstrado na memória de cálculo abaixo: ( ) CIF 600.000,00 Anual (/) Número de meses do período 12 (=) CIF mensal esperado 50.000,00 a ser aplicado Esse é o valor que irá compor o custo do produto vendido a cada mês. A contabilização dessa aplicação de CIF esperado é realizada, a cada mês, da seguinte forma: D = Estoque (PEE) C = a CIF Aplicado 50.000,00 Obs. 1: Esse valor, aplicado aos produtos em elaboração e que compõe o custo de produção do período, é que deverá ser transferido para os produtos acabados e, posteriormente, ao custo dos produtos vendidos. Obs. 2: O CIF real também deve ser apurado, controlado e registrado, somente não é aplicado ao estoque em produção (e consequentemente ao custo do produto vendido) durante o ano. A figura a seguir ilustra a contabilização acima proposta. Luiz Eduardo Santos Página 2 de 6
Caixa ATIVO PASSIVO CIF aplicado 1 MD 2 MOD CIF real 3 4 PEE PAC PL DESPESA RECEITA CPV 1.2.3 Apuração da Variação entre o CIF previsto e real ao final do período Tendo sido, durante o período, aplicado um valor esperado de CIF aos produtos (fabricados e vendidos) e, adicionalmente, tendo sido registrado o CIF realmente incorrido, mas sem sua aplicação dos produtos, ao final do período, temos a seguinte situação: ATIVO PASSIVO Caixa CIF aplicado CIF real PEE PL PAC DESPESA RECEITA CPV Repare que, conforme acima apresentado, ainda há saldo referente ao valor do CIF real, que deveria ser igual a zero, e adicionalmente há um saldo de CIF aplicado. Ora, a diferença Luiz Eduardo Santos Página 3 de 6
entre esses dois valores é que corresponde à variação do CIF, que deverá ser ajustada no final do período. Então, seguindo nosso exemplo, considere que o CIF real do período tenha sido de R$ 720.000,00. Nesse caso, haverá uma variação de CIF, no valor de R$ 120.000,00, A seguir, a memória de cálculo apresentada esclarece a apuração da variação de CIF a ajustar. ( ) CIF real 720.000,00 (-) CIF aplicado -600.000,00 (=) Variação do CIF 120.000,00 a ajustar O lançamento contábil para registro do valor a ser ajustado, acima calculado se encontra apresentado abaixo: D = Variação de CIF C = a CIF real 600.000,00 D = CIF aplicado C = a Variação de CIF 720.000,00 Assim, após o lançamento acima, resta no ativo a Variação de CIF, a ser aplicada ATIVO PASSIVO Caixa Variação de CIF PEE PL PAC DESPESA RECEITA CPV 1.2.4 Aplicação da variação de CIF aos produtos e ao custo do produto vendido Uma vez apurada a variação de CIF ao final do período, resta sua alocação (em parte) aos produtos ainda em estoque, em fabricação ou acabados, e (também em parte) ao custo dos produtos vendidos. A maneira correta de alocação da variação demanda a segregação de seu valor entre os produtos em estoque e o custo dos produtos vendidos. Para ilustração, vamos considerar que, ao final do período, todos os produtos tenham sido completamente acabados e que 80% deles tenham sido vendidos. Assim, a variação de CIF Luiz Eduardo Santos Página 4 de 6
deverá ser apropriada nessa proporção aos PAC e ao CPV, conforme memória de cálculo abaixo: ( ) Variação de CIF 120.000,00 (*) Percentual de produtos vendidos 80% (=) Valor apropriado ao CPV 96.000,00 ( ) Variação de CIF 120.000,00 (-) Valor apropriado ao CPV -96.000,00 (=) Valor apropriado ao PAC 24.000,00 O lançamento contábil adequado a essa apropriação é o seguinte: D = diversos C = a Variação de CIF 120.000,00 D = PAC 24.000,00 D = CPV 96.000,00 Repare que com essa apropriação, o efeito, tanto no saldo de produtos em estoque, quanto no saldo do custo de produtos vendidos é idêntico ao da contabilização diretamente dos valores efetivamente incorridos. 1.3 Considerações Finais Visto o procedimento aplicável à grande maioria dos casos, cabe lembrar que o CIF não pode ser indefinidamente aumentado, devendo guardar relação aos valores normalmente esperados. Assim, a variação de CIF deverá ser: - na parte que estiver dentro dos limites normais, aceitos para essa variação, apropriada ao estoque de produtos e ao custo dos produtos vendidos; e - na parte que extrapolar esses limites, apropriada diretamente ao resultado. Nesse sentido, cabe reproduzir o que consta do parágrafo 13 do Pronunciamento Técnico CPC nº 16 Estoques, a seguir: 13. A alocação de custos fixos indiretos de fabricação às unidades produzidas deve ser baseada na capacidade normal de produção. A capacidade normal é a produção média que se espera atingir ao longo de vários períodos em circunstâncias normais; com isso, leva-se em consideração, para a determinação dessa capacidade normal, a parcela da capacidade total não-utilizada por causa de manutenção preventiva, de férias coletivas e de outros eventos semelhantes considerados normais para a entidade. O nível real de produção pode ser usado se aproximar-se da capacidade normal. Como consequência, o valor do custo fixo alocado a cada unidade produzida não pode ser aumentado por causa de um baixo volume de produção ou ociosidade. Os custos fixos não-alocados aos produtos devem ser reconhecidos diretamente como despesa no período em que são incorridos.... Pois bem, para ilustração da regra acima, voltaremos à variação de CIF antes apurada em R$ 120.000,00, considerando porém que apenas o montante de R$ 100.000,00 esteja compreendido dentro dos limites aceitos como normais para o CIF e que os demais R$ 20.000,00 sejam devidos a causas anormais, ficando consequentemente fora dos limites aceitáveis. Luiz Eduardo Santos Página 5 de 6
Ora, nesse caso, a memória de cálculo abaixo ilustra a alocação de valores correspondente à regra em análise: ( ) Variação de CIF 120.000,00 (-) Parcela anormal -20.000,00 (=) Variação normal de CIF 100.000,00 * reconhecida diretamente no resultado ( ) Variação normal de CIF 100.000,00 (*) Percentual de produtos vendidos 80% (=) Valor apropriado ao CPV 80.000,00 ( ) Variação normal de CIF 100.000,00 (-) Valor apropriado ao CPV -80.000,00 (=) Valor apropriado ao PAC 20.000,00 Luiz Eduardo Santos Página 6 de 6