1333 USO DE REDES SOCIAIS DA INTERNET COMO FERRAMENTAS DE APOIO NA EDUCAÇÃO: ESTUDOS E POSSIBILIDADES Douglas Ribeiro da Silva, Caroline Kraus Luvizotto Discente do curso de Ciências Contábeis da UNOESTE. Docente do Mestrado em Educação e do Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da UNOESTE. Pesquisa financiada pelo CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Email: doug_ribeiro_drs@hotmail.com RESUMO A Internet constitui um meio que proporciona importantes possibilidades pedagógicas, é um meio que permite a inter e a pluridisciplinaridade e oferece caminhos para uma educação global. Além disso, a Internet possibilita a utilização de ambientes apropriados para aprendizagem, ricos em recursos que proporcionam as mais diversas experiências pelo usuário. Este estudo teve como objetivo geral descrever como as ferramentas disponibilizadas pela Web 2.0 podem ser utilizadas pelos professores para divulgar seus referenciais didáticos e pedagógicos e, sobretudo, disponibilizar e compartilhar conteúdos educacionais na Internet, potencializando assim o processo de ensino-aprendizagem. Especificamente, analisou as plataformas de redes sociais e seu uso na Educação. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa, ancorado na análise da literatura relacionada ao tema. Palavras-chave: Educação; Processo ensino-aprendizagem; Internet; Redes Sociais, TIC. INTRODUÇÃO As novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) promoveram mudanças e reformularam a relação entre alunos e professores. Neste contexto, o papel da escola como meio social foi revisto, bem como, as relações existentes nesse meio, uma vez que se diversificaram os espaços de construção do conhecimento, surgiram novos processos e metodologias de aprendizagem, levando a escola a um novo diálogo com os indivíduos e com o mundo. Diante das exigências de um mundo cada vez mais globalizado e dependente do uso de TIC é de extrema importância disponibilizar o conhecimento a um número cada vez maior de pessoas e, para isso, faz-se necessário o uso de ambientes de aprendizagem que proporcionem reflexão, criticidade, desenvolvimento de pesquisas, por meio do uso de ferramentas instigadoras, facilitadoras da aprendizagem, de modo permanente, autônomo e colaborativo. Neste cenário, a Internet constitui um meio que proporciona importantes possibilidades pedagógicas, é um meio que permite a inter e a pluridisciplinaridade e oferece caminhos para uma educação global. Além disso, a Internet possibilita a utilização de ambientes apropriados para aprendizagem, ricos em recursos que proporcionam as mais diversas experiências pelo usuário (VALENTE; MATTAR, 2007).
1334 O uso de ferramentas Web 2.0 possibilita criar ambientes de aprendizagem voltados para a socialização, para a solução de problemas, com gestão compartilhada de informações, bem como o uso e manutenção de uma memória coletiva. Neste contexto, pode-se dizer que a Web 2.0 tem repercussões sociais e educacionais importantes, que fortalecem os processos de trabalho coletivo, de produção e circulação de informações, a troca afetiva e a construção social de conhecimento apoiada pelas tecnologias de informação e comunicação. As ferramentas oferecidas pela Web 2.0 não podem ser consideradas veículos para a aquisição de conhecimento, capacidades e atitudes sem estarem integradas em ambientes de ensino-aprendizagem. Esses ambientem permitem ao aluno os processos de aprendizagem necessários para atingir os objetivos educacionais desejados. O uso dessas ferramentas está abrindo novos caminhos para a educação, cujas possibilidades e limites ainda não são completamente conhecidos. Mas seu uso, sem dúvida, influenciará em grande escala o trabalho dos professores, promovendo a aprendizagem colaborativa, capaz de preparar o indivíduo para um novo tipo de trabalho profissional que envolva a atividade em equipe, a criatividade e a colaboração. Considerando as novas ou potencializadas formas de publicação e circulação de informações que a Internet apresenta no processo coletivo para a organização, disseminação e recuperação de documentos digitais, este estudo teve como objetivo geral descrever como as ferramentas disponibilizadas pela Web 2.0 podem ser utilizadas pelos professores para divulgar seus referenciais didáticos e pedagógicos e, sobretudo, disponibilizar e compartilhar conteúdos educacionais na Internet, potencializando assim o processo de ensino-aprendizagem. Especificamente, analisou as plataformas de redes sociais e seu uso na Educação. O estudo foi desenvolvido por meio da abordagem qualitativa e configura-se como uma pesquisa de caráter exploratório e descritivo, baseado na interpretação, análise e discussão da literatura relativa ao tema. A Internet como ferramenta no processo ensino-aprendizagem A utilização de ferramentas da WEB 2.0 pelos professores proporciona aos alunos uma melhor absorção de todo conteúdo, gerando troca de conhecimento e interação ativa, criando ambientes colaborativos em que os alunos constroem todo material e os professores gerenciam, criando uma ideia de educação construtivista. Além disso, atrair o aluno não é uma tarefa fácil,
1335 porém é indispensável possuir feedbacks de melhoria contínua para não só atraí-los, mas também mantê-los. Uma análise acerca da influência da Internet na transmissão de conteúdos educacionais requer uma perspectiva reflexiva baseada em teorias e conceitos capazes de abranger as variáveis da dinâmica cultural contemporânea. Nesta dinâmica cultural, as estratégias para a realização das ações a serem empreendidas no cotidiano de cada indivíduo são impulsionadas e definidas pela realidade dos sujeitos. Consequentemente, entre essas ações, encontram se as estratégias de transmissão de um lado, e busca de informações de outro. A web pode ser entendida e visualizada como uma rede na qual as informações em formato digital e reconfigurável, estão estruturadas em websites hipertextuais, aqui tratados como ambientes informacionais digitais. A Web encontra-se imersa no ciberespaço, que conforme Lévy [...] é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimenta esse universo (LÉVY, 1999, p. 17). O ciberespaço é o lugar não-material ou o locus digital onde as pessoas acessam, recuperam, organizam, ensinam, disseminam e compartilham informação e conhecimento. Cada dia mais pessoas recorrem ao ciberespaço para o ensino, a transmissão, a disseminação e a aprendizagem, utilizando ou divulgando serviços oferecidos pela Internet que respondem às suas exigências pessoais de conhecimento sob as mais diversas formas de mídia imagens, textos, sons, vídeos, etc. Não importa o quanto esses documentos estejam distantes dos usuários solicitantes. Basta um clique para acessar as memórias conectadas de outros computadores em qualquer ponto do planeta. Caracterizando a Web 2.0 Web 2.0 é o nome usado, por exemplo, para descrever a segunda geração da World Wide Web, baseada em inteligência coletiva, isto é, na construção coletiva do conhecimento. Por meio da interação, comunidades criadas em torno de interesses específicos poderão apoiar uma causa, discutir temas individuais ou de relevância coletiva, levar a opinião pública à reflexão sobre qualquer assunto, ensinar e transmitir conteúdos informacionais, disseminar informações culturais, científicas, políticas e tecnológicas, entre muitas outras ações. Pessoas físicas,
1336 movimentos populares, instituições, governos, empresas, grupos culturais e acadêmicos, entre muitos outros, já estão incorporando esta cultura para gerar conhecimento. Em lugar de simplesmente visualizar as informações em páginas da Web estáticas, os usuários agora publicam conteúdo próprio nos Blogs, Orkut, Twitter, Facebook, Linkedin, Wikis e websites que compartilham textos escritos, fotos e vídeos, por exemplo. As pessoas estabelecem colaboração, listas de discussões e comunidades online. Além disso, é possível combinar e compartilhar dados, conteúdo e serviços de várias fontes para criar experiências e aplicativos personalizados. Resumidamente, os ambientes Web devem prover um mecanismo onde os usuários sejam mais que consumidores de conteúdo e aplicativos: deve permitir que eles possam criar conteúdo e interagir com vários serviços e pessoas. Um elemento-chave do conceito da Web 2.0 é o conceito de redes sociais, comunidade, colaboração e discussão. Naturalmente, as pessoas desejam se comunicar, compartilhar e discutir. Essa comunicação é uma parte primordial do entendimento, do aprendizado e da criatividade. Na Web 2.0, a escala abrupta e o número de pessoas na Internet criam uma "arquitetura participativa", na qual a interação entre as pessoas cria informações e sistemas que ficam melhores na medida em que são mais usados e mais pessoas os utilizam. Como exemplos de sites que usam esse conceito, podemos citar: Google (Range Rank), EBay, Amazon, Wikipedia, Flickr, Delicious e Slideshare. Redes sociais na Internet De modo geral, entende-se uma rede social como uma estrutura social composta de atores, representados por pessoas, organizações ou territórios que se mantém conectados por um ou vários tipos de relações baseadas em amizade, família, relações comerciais, sexuais, entre muitas outras e, por meio dessas ligações vão construindo e reconstruindo a estrutura social, partilham crenças, conhecimento ou prestígio (MOLINA; AGUIAR, 2004). Para Recuero, Uma rede, assim, é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem de rede tem, assim, seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas conexões (RECUERO, 2009, p. 24).
1337 A partir desse conceito e, pensando nas redes sociais na Internet, pode-se dizer que a Web 2.0 tem um aspecto tecnológico muito importante e este afeta as interações sociais que são sensíveis a certos condicionamentos trazidos pela Web 2.0. De acordo com Garton, Haythornthwaite e Wellman Quando uma rede de computadores conecta pessoas ou organizações, ela é uma rede social. Da mesma forma que uma rede de computadores é um conjunto de máquinas conectadas por cabos, uma rede social é um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais) conectadas por relações sociais, como amizades, trabalho conjunto, ou intercâmbio de informações (GARTON, HAYTHORNTHWAITE; WELLMAN, 1997, p. 75). A interação realizada a partir das redes sociais é caracterizada não apenas pelas mensagens trocadas (o conteúdo) e pelos integrantes da rede que se encontram em contextos geográfico, social, político e temporal diferentes. Esta interação é caracterizada também pelo relacionamento que existe entre os integrantes. Trata-se de uma construção coletiva, inventada pelos indivíduos que agem durante o processo, que não pode ser manipulada unilateralmente nem prédeterminada (PRIMO,2007). O potencial das redes de relacionamento, uma das marcas da Web 2.0, é muito grande. Essas redes possibilitam o estudo em grupo, a troca de informações, a divulgação dos mais diversos conteúdos informacionais, por meio de mecanismos para comunicação com outros usuários, tais como blogs, microblogs, wikis, fóruns, chats, email ou mensagens instantâneas. Permite também identificar pessoas que possuem interesses comuns e assim criar uma rede de aprendizado, de transmissão de conhecimento, divulgação de conteúdos das mais diversas áreas. Redes sociais e seu uso na Educação Hoje encontramos centenas de redes sociais e o foco, neste artigo são as redes sociais voltadas para a Educação. Já existem algumas em uso como, por exemplo, a Ebah, o Facebook para Educadores, o AtePassar, o Redu, etc... As figuras 1 e 2 destacam as redes Ebah e Redu.
1338 Figura 1. Site Rede Social Educacional Ebah Fonte: Website Ebah. Disponível em <http://www.ebah.com.br/>: Acesso em: 30 outubro 2012 Figura 2. Site Rede Social Educacional Redu Fonte: Website Redu. Disponível em: < http://www.redu.com.br/> Acesso em: 30 Outubro 2012
1339 As redes sociais podem se tornar ferramentas de interação valiosas para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, contanto que sejam bem utilizadas. Trata-se de um importante caminho para gerar motivação para aprender de forma contextualizada, atribuindo significado aos conhecimentos. A informática e as redes sociais oferecem aos professores e alunos recursos e meios que podem diminuir barreiras no processo de ensino e aprendizagem, do tempo e espaço, por meio de ambientes que ultrapassam a aprendizagem em sala de aula física e convencional. Para que a introdução da Internet e das redes sociais na escola seja concretizada, é necessário que professores, programadores e pesquisadores, estudem e desenvolvam sistemas e metodologias de ensino que possibilitem a solução de problemas e a interação. O professor que utilizar as redes sociais deve estar disposto a superar as dificuldades encontradas na sala de aula e no uso das redes sociais e precisa mostrar que domina o conteúdo e os recursos tecnológicos. Deve acompanhar e aprender a elaborar atividades interessantes para os alunos, pois desta maneira poderá estimular o aluno com a finalidade de alcançar uma aprendizagem mais significativa e com qualidade. CONCLUSÕES As tecnologias da Web estão redesenhando e redefinindo a transmissão e o ensino de conteúdos informacionais, criando novas e interessantes oportunidades de divulgação, mais personalizadas, sociais e flexíveis, com um caráter de compartilhamento de informações que vem sendo de grande valia para os professores. Neste sentido, este estudo e em especial, o estudo das plataformas de redes sociais como ferramentas de apoio a Educação, como será destacado no objetivo deste projeto, faz-se necessário e é relevante, pois poderá auxiliar na compreensão do processo de ensino-aprendizado tendo a Internet como ferramenta. Por meio das ferramentas disponibilizadas pela Web 2.0 o usuário pode manter todo conteúdo informacional online de forma pública ou privada, aumentando desta forma a sua divulgação e compartilhamento, potencializando o processo de ensino-aprendizagem. A filosofia da Web 2.0 privilegia a facilidade na publicação e rapidez no armazenamento de textos, imagens, vídeo e arquivos de áudio, ou seja, tem como principal objetivo tornar a web um ambiente social e acessível a todos os usuários, um espaço onde cada um determina e controla a informação de acordo com as suas necessidades e interesses.
1340 Esperamos que este estudo possa ter evidenciado não só as possibilidades e contribuições acerca do uso das redes sociais na Educação, mas também, que possa ter alertado sobre o uso indevido dessa ferramenta nos ambientes escolares. É dever do professor e do aluno zelar por um ambiente digital sadio e comprometido com a Educação. Cabe ao professor apresentar aos alunos a maneira correta de usar as redes sociais durante um processo de ensino e aprendizado. REFERÊNCIAS Ebah - Rede Social para o compartilhamento acadêmico. Disponível em http://www.ebah.com.br. Acesso em 30 de outubro de 2012. GARTON, L.; HARTHORNTHWAITE, C.; WELLMAN, B. Studying Online Social Networks. Journal of Computer Mediated Communication, V 3, issue 1 (1997). Disponível em < http://www.ascusc.org/jcmc/vol3/issue1/garton.html> Acesso em 12 de abril de 2009. LEVY, P. Cibercultura? Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. MOLINA, J. L.; AGUILAR, C. Redes sociales y antropología: un estudio de caso (redes personales y discursos étnicos entre jóvenes en Sarajevo). In: LARREA KILLINGER, C.; ESTRADA, F. Antropología en un mundo en transformación. Barcelona: Universidad de Barcelona. Servicio de Información, 2004. OLIVEIRA, M. M. Como fazer Pesquisa Qualitativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. PRIMO, A. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007. RECUERO, R. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. Redu. Plataforma para ensino com tecnologia. Disponível em http://www.redu.com.br. Acesso em: 30 Outubro 2012. VALENTE, C.; MATTAR, J. Second Life e Web 2.0 na educação: o potencial revolucionário das novas tecnologias. São Paulo: Novatec Editora, 2007.