- RECUPERAÇÃO JUDICIAL - Preservação da atividade e função social da empresa. É um contrato judicial, sendo este apenas homologado pelo juiz.



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Transcrição:

Turma e Ano: Flex B (2013) Matéria / Aula: Direito Empresarial / Aula 09 Professor: Thiago Carapetcov Conteúdo: Recuperação Judicial. - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - Fundamento: Preservação da atividade e função social da empresa. Objetivo: Superação da crise. Natureza Jurídica: É um contrato judicial, sendo este apenas homologado pelo juiz. O requisito geral da recuperação é a confiança dos credores, sendo esta condição primordial para que haja a recuperação judicial. Créditos sujeitos à Recuperação Judicial (art. 49 da Lei 11.101): Consoante disposto no art. 49 da Lei 11.101, somente estarão sujeitos à recuperação judicial os créditos existentes até a data do pedido. Os débitos posteriores, oriundos da continuação da atividade, não ingressarão na recuperação. Exceções: 1) Crédito tributário O Estado não abre mão, não flexibiliza e, por isso, os créditos tributários não participam da recuperação. Na verdade, esta é uma

total incoerência, já que o Estado é o maior interessado na continuidade da atividade. 2) Promitente, Fiduciário (Alienação Fiduciária) e Arrendador (Arrendamento) - (art. 49, 3º da Lei 11.101) Nestes casos, o credor é o proprietário do bem, não havendo que se falar em recuperação judicial (não há o que se buscar na recuperação). Enunciado 51 CJF - O saldo de crédito não coberto pelo do bem e/ou da garantia dos contratos previstos no 3º do art. 49 da Lei 11.101/05 é crédito quirografário, sujeito à recuperação judicial. Portanto, se o bem não for suficiente, o credor será enquadrado na classe de credor quirografário (em relação ao saldo do saldo do crédito não coberto pelo bem), não havendo mais que se falar em garantia real. 3) Contrato de Câmbio (art. 49, 4º) - fundamento estritamente econômico. Requisitos para a Recuperação (art. 48 da Lei 11.101): 1) Regularidade por no mínimo 2 anos A regularidade deverá ser comprovada por certidão da Junta Comercial. Obs: O menor empresário não poderá estar sujeito à Recuperação, já que a comprovação da regularidade seria matematicamente impossível (16 + 2 = 18 anos).

A regularidade por no mínimo 2 anos deverá ser na mesma atividade? Mudança de ramo não é o requisito em análise, mas sim a regularidade. Portanto, a mudança de ramo pouco importa, o importante é a regularidade junto à Junta Comercial. 2) Não ser falido ou Sentença de Extinção da Falência: Se o empresário está "quebrado" (falido), não poderá se recuperar. No entanto, se houver sentença de extinção de falência, o empresário individual, por exemplo, poderá voltar a exercer empresa e um dia até mesmo se recuperar. 3) Não ter obtido a Recuperação há no mínimo 5 anos: Tratando-se de Microempresa (ME) e Empresário de Pequeno Porte (EPP) o prazo é dilatado para 8 anos. Obs: ME e EPP - não são tipos societários, mas sim enquadramento tributário em razão do faturamento. A dilação do prazo é inconstitucional, já que segundo o art. 179 da CF estes deverão ter tratamento privilegiado? Não há que se falar em inconstitucionalidade, pois com o benefício da ME e EPP, estes possuem vantagens em relação aos demais. Na verdade, trata-se de uma proteção ao instituto - punição àqueles que não o utilizam corretamente e proteção aos demais que o utilizam adequadamente. Por mais que pareça inconstitucional, economicamente é fundamental o prazo de 8 anos. 4) Não ter sido condenado em crime falimentar: Refere-se aos administradores e controladores da sociedade.

Sérgio Campinho e Jorge Lobo - Imaginemos que uma sociedade limitada deseja se recuperar, possuindo 3 administradores - 2 foram condenados anteriormente por crime falimentar em outra atividade e o outro não. Para os autores, seria possível afastar os condenados (flexibilização do requisito) e permitir a tentativa de continuidade da atividade através da Recuperação Judicial, tendo em vista que o mais importante é preservar a atividade. E se os 3 administradores já tiverem sido condenados por crime falimentar? Na Recuperação Judicial, o afastamento dos administradores é excepcional (# Falência - regra), passando a atividade a ser administrada pelo Gestor Judicial (# Administrador Judicial), que atuará em substituição aos administradores. Se a sociedade se recuperar, ela é entregue aos administradores novamente. Deferimento do Processamento da Recuperação (art. 52 da Lei 11.101): Período de Recuperação Deferimento do Processamento Indeferimento do Processamento Plano de Recuperação Apelação Objeções ao Plano Sem Objeções Objeções Recuperação Assembleia de Credores Recuperação

Ao analisar os requisitos da Recuperação Judicial previstos no art. 48 da Lei 11.101, o juiz terá dois caminhos: Deferimento ou Indeferimento do Processamento. Se o juiz entender que não foram preenchidos os requisitos, ele proferirá uma decisão judicial com o indeferimento do processamento. A decisão que indefere o processamento possui natureza de sentença, passível de apelação. O deferimento do processamento não significa que a empresa já está em recuperação, haja vista que ainda não há nem mesmo um plano de recuperação. Nesse sentido, temos o Enunciado 54 do CJF, segundo o qual o deferimento do processamento não acarreta o cancelamento da negativação do nome do devedor, pois ele ainda não está em recuperação (na recuperação há a novação, cancelandose a negativação): Enunciado 54 do CJF - O deferimento do processamento da recuperação judicial não enseja o cancelamento da negativação do nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito e nos tabelionatos de protestos. Qual a natureza da decisão que defere o processamento da recuperação judicial? No posicionamento anterior, entendia-se que a decisão que deferia o processamento possuía natureza de mero despacho, não cabendo recurso. No entanto, atualmente, é pacífico o entendimento de que se trata de um despacho com força de decisão interlocutória, cabendo agravo. Enunciado 52 CJF - A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento. imediatos: Diante do deferimento do processamento, teremos os seguintes efeitos

Suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor pelo prazo de 180 dias Isso ocorre para o devedor ter tranquilidade para elaborar um bom plano de recuperação. Esse prazo de suspensão por 180 dias poderá ser prorrogado? Enunciado 42 CJF - O prazo de suspensão pode excepcionalmente ser prorrogado, nos casos em que o retardamento do feito não possa ser imputado ao devedor. Fundamento: preservação e função social. Limite do aumento: Razoabilidade e livre convencimento do magistrado. A suspensão das ações e execuções afeta também sobre os coobrigados (avalista, fiador)? Enunciado 43 CJF - A suspensão das ações e execuções não se estende aos coobrigados do devedor. Exceções - Não serão suspensas as ações e execuções que versem sobre: Os temas que não se enquadram na recuperação - crédito tributário; arts. 49, 3º e 4º. Quantia ilíquida (Ex: reclamação trabalhista) Obs: AgRg no CC 114. 657 RS As execuções fiscais não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial. No entanto, o produto da venda de uma execução fiscal pós recuperação é do juízo estadual de recuperação judicial, entrando no plano de recuperação, e não do juízo da execução fiscal. Trata-se de uma decisão inovadora, em que há uma certa flexibilização em relação ao crédito tributário e a recuperação judicial. Ponto importante para a área federal (conflito de competência).

Meios de Recuperação (art. 50 da Lei 11.101 - Origem: CIRE - Código de Insolvência e Recuperação português): O art. 50 da Lei 11.101 prevê um rol exemplificativo de meios de recuperação. Há uma liberdade mitigada: liberdade x limites legais. a) Alienação de filiais (unidade produtiva - "parte boa"): Ex: Gol adquire a "parte boa" da Varig Na visão empresarial esta é uma forma de recuperação. No entanto, há uma crítica ferrenha no âmbito trabalhista. Na Falência, a lei dispõe que não haverá sucessão trabalhista e tributária, enquanto na Recuperação, há apenas a previsão de impossibilidade de sucessão tributária. A decisão do STF (caso Varig) foi no sentido de que apesar da ausência de previsão expressa, na recuperação judicial não haverá sucessão tributária nem trabalhista. Do ponto de vista empresarial, tal entendimento é muito vantajoso, sendo, entretanto, muito prejudicial no âmbito trabalhista. Esta decisão foi uma das maiores derrotas da seara trabalhista. Enunciado 47 CJF - Nas alienações realizados nos termos do art. 60 da Lei 11.101, não há sucessão do adquirente nas dívidas do devedor, inclusive nas de natureza tributária, trabalhista e decorrentes de acidente de trabalho. b) Ato de concentração (fusão): É muito comum a utilização do ato de concentração como tentativa de recuperação, atingindo por vezes o consumidor. Nestes casos, o CADE deverá analisar o direito de concorrência. A discordância da decisão do CADE, permite o ingresso no Judiciário.

Sérgio Campinho - não há necessidade de submissão ao CADE, com fundamento no Princípio da Especialidade - Celeridade, Indivisibilidade e Universalidade do juízo (Para que ir ao CADE e depois ir a juízo em caso de discordância?). Com isso, seria possível ignorar o CADE, recorrendo diretamente ao juízo, utilizando-o somente como órgão consultivo.