Produção de mudas de cultivares de morangueiro no Norte de Minas Gerais João Guilherme Barbosa (1), Mário Sérgio Carvalho Dias (2), Antônio Paulo Barbosa (3), Juliana Carvalho Simões (4), Samuel Gonçalves Caldeira (5) (1) Bolsista BIC FAPEMIG/EPAMIG, jguilhermeagro@yahoo.com.br; (2) Pesquisador EPAMIG - Nova Porteirinha, diasmsc@epamig.br; (3) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, paullo2006@yahoo.com.br; (4) Pesquisadora EPAMIG - Belo Horizonte, MG, jcsimoes@epamig.br; (5) Estagiário EPAMIG, samuelcaldeiraagro@yahoo.com.br Introdução O morangueiro cultivado (Fragaria x ananassa Duch) é uma cultivar obtida do cruzamento entre as espécies Fragaria chiloensis, Fragaria virginiana e Fragaria ovalis, todas oriundas do continente americano (PASSOS, 1991). É uma planta herbácea, com hábito rasteiro pertencente à família Rosaceae (GROPPO et al., 1997). Embora cresçam melhor em regiões mais frias, os morangueiros podem-se desenvolver bem em clima quente e seco. No Brasil, o morangueiro adaptou-se bem desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul (STEINBERG, 1988). O morangueiro propaga-se preferencialmente por via agâmica por meio de mudas de estolhos emitidas pela planta, o que favorece o enraizamento da planta selecionada. O uso de técnicas culturais apropriadas, ao lado da produção de mudas de boa qualidade, ocupa lugar de destaque na produção de morango. O bom crescimento das mudas contribui para exploração do potencial produtivo das cultivares e são responsáveis, também, pelo desempenho após a colheita (PASSOS; PIRES, 1999). Para obter o máximo de retorno econômico com a cultura do morangueiro, um dos fatores fundamentais é a disponibilidade de mudas de boa qualidade, oriundas de matrizes isentas de pragas e doenças (RONQUE, 1998).
2 A cultura do morangueiro exige muita dedicação e conhecimento técnico de alto nível, por se tratar de uma atividade agrícola especializada. Dessa forma, obtêm-se ótimos resultados em termos de produtividade, o que tem levado a uma crescente expansão dos cultivos em diferentes regiões (DIAS, 1993). Os cultivos de morango no Norte de Minas Gerais ainda são recentes, entretanto, as primeiras safras mostraram o grande potencial da cultura nessa região. Portanto, a escolha da época de plantio, o espaçamento entre plantas e a forma de condução do matrizeiro são muito importantes. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de produção de mudas de quatro cultivares de morangueiro nas condições do Norte de Minas Gerais. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental de Gorutuba, (FEGR) do Centro Tecnológico do Norte de Minas (CTNM) da EPAMIG, no ano de 2008, em Nova Porteirinha, MG. Foram utilizadas quatro cultivares de morangueiro: Dover, Oso Grande, AGF-80 e Toyonoka, sendo as plantasmatrizes obtidas a partir de cultura de tecidos com atestado de qualidade varietal e fitossanitária. No pré-plantio, o terreno foi arado e gradeado e subsequentemente foram preparados os canteiros compostos por quatro parcelas, contendo 12 plantas cada. O espaçamento utilizado foi de 1,30 m entre plantas e 1,70 m entre as linhas. Com base na análise de solo, realizou-se a adubação de plantio e, juntamente, foi fornecido 150 t/ha de esterco de curral curtido, 20 dias após esta operação foi realizado o transplantio das mudas. As adubações de cobertura foram iniciadas aos 30 dias após o transplantio das mudas, semanalmente, sendo que em uma semana eram fornecidos nutrientes via solo e, em outra, via pulverização foliar de modo intercalado. Utilizou-se irrigação por microaspersão, sendo as plantas irrigadas por uma hora no período da manhã e por mais uma hora no período da tarde. O controle químico de doenças e pragas foi realizado com aplicação periódica de
3 calda bordalesa e óleo de nim. Tendo também sido utilizado o fungicida Folicur, quando constatada alta severidade da mancha-de-micosferela. O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados num esquema fatorial de 4x4x12. Após 150 dias do plantio foram iniciadas avaliações semanais por meio da contagem do número de mudas por hectare, número de mudas por estolho e número de estolhos por planta. Resultados e Discussão A partir dos dados apresentados na Tabela 1, constata-se que todas as variedades avaliadas apresentaram elevada capacidade de produção de mudas, no Norte de Minas Gerais. Segundo Brazanti (1989), uma planta-matriz pode produzir cerca de 50 plantas-filhas úteis. Contudo, esse número pode variar notavelmente segundo a capacidade de produzir estolhos de cada variedade e de acordo com a maior ou a menor eliminação de flores das plantas. A maior produção foi verificada na cultivar AGF-80, que demonstrou uma eficiência produtiva bastante superior às outras cultivares. A cultivar Toyonoka foi a que apresentou a menor produtividade, porém, ainda assim apresentou médias superiores às citadas por Brazanti (1989). Os resultados referentes ao número de mudas por estolho apontam a cultivar Dover como a que mais produziu mudas por estolho, diferindo estatisticamente das outras cultivares. As demais cultivares apresentaram produção semelhante e as médias estatísticas não diferiram significativamente. Com relação à produção de estolhos por planta, a cultivar AGF-80 mostrou-se mais produtiva, apresentando uma produção cerca de três vezes maior que as outras cultivares, sendo também a única que apresentou médias significativamente diferentes das médias das outras cultivares. Este fato permite fazer uma correlação direta entre produção de estolhos e produção de mudas/planta, já que ao se compararem estes dados, pode-se constatar que a cultivar AGF-80 mostrou-se mais produtiva para as duas variáveis analisadas. As médias das demais cultivares não diferiram estatisticamente.
4 A produtividade de mudas por hectare foi maior na cultivar AGF-80, seguida pela cultivar Dover e Oso grande, respectivamente. A cultivar Toyonoka foi a que apresentou menor produtividade de mudas por hectare. Conclusão Todas as cultivares analisadas apresentaram potencial produtivo de mudas nas condições do Norte de Minas, tendo, no entanto, destacado satisfatoriamente a cultivar AGF-80 como excelente produtora de mudas nessa região. Referências BOTELHO, J. S. Situação atual da cultura do morangueiro no estado de Minas Gerais. Informe Agropecuário. Morango: tecnologia inovadora, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.22-23, maio/jun. 1999. BRANZANTI, E.C. La fresa. Madrid: Mundi-Prensa, 1989. 386p. CASTELLANE, P.D.; CRUZ, M.C.P. Nutrição e adubação de morangueiro. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE HORTALIÇAS, 1990, Jaboticabal. Anais... Nutrição e adubação de hortaliças. Piracicaba: 1993. p. 261-279. DIAS, M.S.C. Variações patogênicas, morfológicas e culturais entre Colletotrichum acutatum Simmonds e Colletotrichum fragariae Brooks causadores de antracnose em morangueiro (Fragaria sp.). 1993. 73p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, SP. GROPPO, G.A.; TESSARIOLI NETO, J.; BLANCO, M.C.S.G. A cultura do morangueiro. 2. ed. Campinas: CATI, 1997. 27 p. (CATI. Boletim Técnico, 201).
5 PASSOS, F.A. Desenvolvimento de cultivares de morangueiro. In: SIMPÓSIO SOBRE A CULTURA DO MORANGUEIRO, 1., Campinas, 1986. Anais... Campinas: CATI, 1991. p. 1-14. ; PIRES, R. C. de M. Técnicas culturais utilizadas na cultura do morangueiro. Informe Agropecuário. Morango: tecnologia inovadora, Belo Horizonte, v.20, n.198, p.43, 46-47, 49-51, maio/jun. 1999. RONQUE, E.R.V. A cultura do morangueiro: revisão e prática. Curitiba: EMATER- Paraná, 1998. 206p. STEINBERG, E. Morango. São Paulo: Nobel, 1988. 64 p. (Campo & Cidade). Tabela 1 - Número médio de mudas produzidas por matriz de morangueiro, número médio de mudas produzidas por estolho de matriz de morangueiro, número de estolhos produzidos por matriz de morangueiro e número total de mudas por hectare no Norte de Minas Gerais Cultivar N o de mudas por planta N o de mudas por estolho N o de estolhos por planta N o total de mudas/ha AGF-80 70,.75a 15a 45,75a 3.197.534 Dover 464,75b 26b 16,50a 2.102.938 Oso Grande 283,50c 14a 15,25a 1.282.803 Toyonoka 186,25d 14a 14,25b 842.759 NOTA: Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. CV (%) = 9.22.