SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA- DOCE ORIUNDOS DE SEMENTES BOTÂNICAS COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL.
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- Adriano Fraga Diegues
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1 SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA- DOCE ORIUNDOS DE SEMENTES BOTÂNICAS COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL. Maiko Emiliano Souza 1 ; Ildon Rodrigues do Nascimento 2. 1 Aluno do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; maikoemiliano.agro@hotmail.com: PIBIC/CNPq. 2 Orientador (a) do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; ildon@uft.edu.br: RESUMO O trabalho teve por objetivo avaliar, caracterizar e selecionar genótipos de batata-doce pertencentes ao Programa de Melhoramento Genético da Universidade Federal do Tocantins/Laboratório de Sistemas de Produção de Energia a partir de Fontes Renováveis LASER, com base na produtividade e alto teor de matéria seca destinada a produção de etanol. Utilizou-se 19 genótipos de batata-doce sendo três cultivares testemunhas (Bárbara, Ana Clara e Amanda) e 16 genótipos experimentais. Foram avaliadas as seguintes características: Produtividade; Cor da casca e polpa; Formato das raízes; Incidência de danos causados por insetos e Teor de matéria seca. Os genótipos BDGU#11 (48,32 t ha -1 ) e BDGU#93 (43,16 t ha -1 ) foram os mais produtivos. O genótipo BDGU#51 foi o mais resistente a insetos de solos. Para teor de matéria seca destacou-se o genótipo BDGU#04. Palavras-chave: [Ipomoea batatas (L.) Lam.]; Matéria seca; Melhoramento genético. INTRODUÇÃO A batata-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.] tem se mostrado uma alternativa bastante promissora para produção de etanol, principalmente para os pequenos produtores. Segundo Boas et al. (1999) a batata-doce é uma cultura antiga, bastante disseminada e cultivada principalmente pelos pequenos produtores, sendo propagada através de ramas (estacas) ou mudas (brotos). A cultura é de fácil manutenção, boa resistência contra a seca e ampla adaptação. Apresenta uma grande variabilidade genética, possível de exploração pelos melhoristas, pois cada planta
2 oriunda de semente botânica é geneticamente diferente de todos os outros e representa, potencialmente, uma nova cultivar (Gelmini, 1992). Além disso, é considerada como uma das espécies mais eficientes no processo de conversão da energia solar em energia química (Silva & Lopes, 1995), que é armazenada principalmente na forma de amido, um carboidrato constituído por duas frações: amilose e amilopectina (Venturini Filho & Mendes, 2003). Apesar dos resultados mostrarem que há potencial no estado para exploração do etanol em quantidade e qualidade suficiente a partir da batata-doce, esforços devem ser concentrados para o desenvolvimento de cultivares que atendam as exigências das indústrias para fins de produção de etanol, incorporando nestas as principais características agrícolas desejáveis, como: elevada produtividade, alto teor de matéria seca e resistência a insetos do solo e doenças. Para essa finalidade é imprescindível a seleção de genótipos adaptados para fins de produção de etanol para que a cultura se torne uma opção real no programa brasileiro de bioenergia. O trabalho teve por objetivo avaliar, caracterizar e selecionar genótipos de batata-doce pertencentes ao Programa de Melhoramento Genético da Universidade Federal do Tocantins/Laboratório de Sistemas de Produção de Energia a partir de Fontes Renováveis LASER, com base na produtividade e alto teor de matéria seca destinada a produção de etanol. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal do Tocantins UFT, no campus experimental de Gurupi-TO. Foram plantados 19 genótipos de batata-doce sendo três cultivares testemunhas (Bárbara, Ana Clara e Amanda) e 16 genótipos experimentais obtidos de sementes botânicas, que são: BDFMI-10; BDFMI-88; BDFMI-58; BDFMI- 59; BDFMI-04; BDFMI-36; BDFMI-35; BDFMI-93; BDFMI-11; BDFMI-78; BDFMI- 51; BDFMI-38; BDFMI-40; BDFMI-57; BDFMI-89; BDFMI-16. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com 4 repetições. Cada parcela foi formada por seis plantas, sendo considerado como parcela útil as 4 plantas centrais. O espaçamento entre plantas e entre camalhões de plantio foi de 0,80 m x 0,45 m, respectivamente. A área experimental foi gradeada, arada, corrigida e adubada segundo recomendação da análise de solo e exigências nutricionais da cultura. Os tratos culturais (capinas e irrigações) foram feitos sempre que necessários, no decorrer do experimento.
3 A colheita do ensaio foi feita aos 150 dias após o plantio. As características avaliadas foram: Produtividade, avaliada pelo peso das raízes obtidas em cada parcela, convertendo-se os valores para ; ¹ t/ha Cor da casca, avaliada segundo uma escala de notas, em: branca, rosada, salmão e roxa; Cor da polpa que foi definida após um corte transversal das raízes; Formato das raízes que foi definido conforme escala de notas em que: 1 - Atribuída para raízes com formato fusiforme, regular; 2 - Raízes com formato considerado bom; 3 - Raízes com formato desuniforme; 4 - Raízes muito grandes, com veias e rachaduras; 5 - Raízes totalmente fora dos padrões comerciais, muito irregulares e deformadas. Foi avaliado também a incidência de danos causados por insetos, segundo uma escala de notas, em que: 1 - Atribuída para raízes livres de danos; 2 - Raízes com poucos danos; 3 - Raízes com danos verificados sem muito esforço visual; 4 - Raízes com muitos danos; 5 - Raízes totalmente imprestáveis para fins comerciais. E por fim a determinação do teor de matéria seca dos clones foi feita através da determinação de umidade, obtendo-se o peso constante através da seguinte equação: Matéria seca (%)=Peso da placa com amostra seca Peso da placa vazia x 100 Peso da amostra fresca sem placa As variáveis avaliadas foram submetidas à análise de variância e as comparações das médias foram feitas pelo teste de Scoot-Knott (p=0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença significativa para todos os caracteres, mostrando que existe variabilidade genética para os caracteres avaliados (Tabela 1). A produtividade média de raízes variou de 12,35 a 48,32 ton ha -1, nos genótipos BDGU#51 e BDGU#11, respectivamente. Entre os mais produtivos, destacaram os genótipos experimentais BDGU#11 (48,32 t ha -1 ) e BDGU#93 (43,16 t ha -1 ), sendo estes superiores às três testemunhas utilizadas no trabalho (AMANDA com 43,15 t ha -1 ; ANACLARA com 19,85 t ha -1 e BARBARA com 24,22 t ha -1 ) (Tabela 1). Quanto ao formato de raízes, os genótipos estudados apresentaram notas de formato variando de 0,75 a 2,75 (Tabela 1), sendo considerados de formato próximos do ideal (notas de 1 a 2), que é o formato fusiforme (Azevedo, 1995). Quanto à resistência a insetos do solo, observou-se que o genótipo BDGU#51 apresentou a menor nota, 1,50, diferenciando dos demais genótipos
4 avaliados como também das cultivares comerciais AMANDA, ANACLARA e BARBARA. A avaliação da ocorrência de insetos de solo é importante porque esses são responsáveis por danos diretos à produção, afetando a produtividade, a qualidade, a conservação e o aspecto comercial das batatas. O teor de matéria seca é de grande importância para a indústria na extração de amido. Nesse aspecto, o genótipo BDGU#04 apresentou o maior teor (40,45%), não diferindo dos clones BDGU#40 (38,97%), BDGU#11 (37,62%) e BDGU#93 (37,55%), mas sendo superior aos teores de matéria seca das cultivares comerciais AMANDA, ANACLARA e BARBARA. Para as características de coloração da polpa, apenas o genótipo BDGU#58 possui polpa de coloração roxa (Tabela 1). Os demais genótipos apresentaram coloração creme. A escolha de um material pela coloração de sua polpa depende do objetivo do programa de melhoramento. Para a cor da casca, destacaram-se os genótipos BDGU#04 e BDGU#35, por apresentarem coloração roxa (Tabela 1). Vale ressaltar que a maior resistência ao ataque de insetos são materiais de coloração de casca roxa, o que não demonstrou aqui nos resultados, boa parte dos danos é de efeito visual, como ferimentos ou galerias superficiais na casca, que não reduzem a proporção de aproveitamento do produto, em especial quando sua utilização é destinada a obtenção de etanol combustível. LITERATURA CITADA BOAS, B. M. V.; OKUMURA, H. H.; MALUF, W. R. Cultivares de Batata-Doce: Boletim Técnico de Hortaliças Disponível em: < Acesso em: 21 abr GELMINI, G. A.Cultura da batata-doce f. Trabalho apresentado a disciplina de Hort. de Raízes, Tubérculos e Rizomas, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP, Piracicaba, SILVA JBC; LOPES CA Cultivo de batata- doce[ipomoea batatas (L.) Lam.]. Brasília: EMBRAPA-CNPH, 18 p. (Instruções Técnicas- CNPH,7). VENTURINI FILHO, W. G.; MENDES, B. P. Hidrólise do amido. In: CEREDA, M. P. e VILPOUX, O. (Coord.). Tecnologia, usos e potencialidades de tuberosas amiláceas Latino Americanas. São Paulo: Fundação Cargill, 2003.
5 SURMELY, R.; CEREDA, M. P.; VILPOUX, O. Hidrólise do amido. In : CEREDA, M. P. e VILPOUX, O. (Coord.). Tecnologia, usos e potencialidades de tuberosas amiláceas Latino Americanas. São Paulo: Fundação Cargill, p v. 3. SILVEIRA, M.A. et al. A cultura da batata-doce como fonte de matéria prima para a produção de etanol. Boletim Técnico UFT. Palmas-UFT, p. 45, FRANÇA, F. H.; MIRANDA, J. E. C.; FERREIRA, P. E.;MALUF, W. R. Comparação de dois métodos de avaliaçãode germoplasma de batata-doce visando resistência a pragas do solo. In:CONGRESSO BRASILEIRO DEOLERICULTURA, 23., 1983, Rio de Janeiro Resumos... Rio de Janeiro: SOB, 1983a.p AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil. Tabela 1 Médias para produtividade de raízes comerciais, formato de raiz, danos causados por insetos de solo, teor de matéria seca e colorações de polpa e casca em 19 genótipos de batata-doce. UFT, Gurupi Genótipos Prod.(ton. ha -1 ) Formato raiz Danos Insetos TMS(%) Cor Polpa Cor Casca AMANDA 43,15 A 2,00 A 2,25 A 35,80 A Creme Branca ANACLARA 19,85 B 1,75 A 1,75 A 21,52 B Creme Branca BARBARA 24,22 B 0,75 B 2,25 A 21,75 B Creme Branca BDGU#04 33,50 A 2,25 A 3,00 A 40,45 A Creme Roxa BDGU#10 18,22 B 1,75 A 2,25 A 25,27 B Creme Rosada BDGU#11 48,32 A 2,50 A 2,50 A 37,62 A Creme Rosada BDGU#16 25,72 B 2,75 A 2.75 A 32,62 A Creme Branca BDGU#35 29,77 A 2,25 A 3,00 A 36,55 A Creme Roxa BDGU#36 23,65 B 2,00 A 2.50 A 34,72 A Creme Branca BDGU#38 32,55 A 2,25 A 3,25 A 32,10 A Creme Salmão BDGU#40 31,90 A 2,25 A 2,75 A 38,97 A Creme Rosada BDGU#51 12,35 B 0,75 B 1,50 B 14,37 B Creme Rosada BDGU#57 14,57 B 0,75 B 2,00 A 23,10 B Creme Rosada BDGU#58 33,45 A 2,75 A 3,00 A 35,77 A Roxa Rosada BDGU#59 22,67 B 1,75 A 2,25 A 24,57 B Creme Rosada BDGU#78 15,40 B 1,50 A 2,25 A 23,32 B Creme Rosada BDGU#88 33,02 A 2,75 A 3,50 A 36,07 A Creme Rosada BDGU#89 27,95 A 2,50 A 2,75 A 35,17 A Creme Rosada BDGU#93 43,16 A 2,00 A 2,75 A 37,55 A Creme Rosada Média Geral 31,02 2,38 2,94 35,47 C.V.(%) 14,16 18,19 22,84 8,32
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