O USO DO SIMULADOR ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA BÁSICO PARA O ENSINO DE QUÍMICA Mariane Gama NABIÇA 1 mariane_gama@hotmail.com Davi Henrique Trindade AMADOR 1 henriquetrindade9@yahoo.com.br 1 Universidade Federal do Pará (UFPA) RESUMO o objetivo deste trabalho foi analisar as concepções dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Osvaldo Brito de Farias Sede, localizada na cidade de São Caetano de Odivelas do Pará, sobre a eficácia e a inserção do simulador Estados Físicos da Matéria básico como instrumento pedagógico e auxiliador no ensino de Química. A atividade teve início com o levantamento bibliográfico, a seleção do simulador educativo, o planejamento da aula, seguido do desenvolvimento da pesquisa na escola. Inicialmente foi realizada a explanação do conteúdo Estados físicos da matéria, após a explicação, os alunos foram submetidos a um questionário, a qual continha oito perguntas, com a finalidade de extrair informações sobre o aceitamento da disciplina de química pelos educandos, o uso do computador e a opinião sobre o uso do referido simulador. As análises dos resultados obtidos indicaram que o simulador facilitou a aprendizagem dos estudantes enriquecendo de maneira significativa o processo ensino aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE: Concepções dos alunos. Simulador. Instrumento pedagógico. Ensino de Química (ENQUI) INTRODUÇÃO Na ciência Química apesar de encontrarmos, estudos de fenômenos macroscópicos, a maior parte do universo das transformações estudadas ocorrem a nível microscópico (RIBEIRO, 2003, p.544) e isso reflete na aprendizagem dos educandos. Desse modo para uma melhor compreensão dos conteúdos químicos por parte dos alunos, é importante que o educador utilize didáticas pedagógicas que venham auxiliar o estudante a visualizar esses fenômenos. Atualmente é notório que a sociedade vem se submetendo a mudanças de todo o tipo, havendo transformações significativas na forma de vida do ser humano e assim o ensino não passa incólume a essas mudanças (Silva, 2001, p. 1). A inserção do computador no ensino é um exemplo do avanço tecnológico e mudanças na forma de ensinar. O computador por meio de suas ferramentas representa uma alternativa viável, pois pode contribuir no processo educacional e na tentativa de contextualizar a teoria e prática (Souza, 2004, p. 489) além de possibilitar através de 387
representações, como animações, que os alunos observem o aspecto microscópico da ciência Química. Devido as possíveis vantagens que a inserção do computador pode proporcionar ao ensino de Química, o objetivo deste trabalho foi analisar as concepções de alunos de uma escola pública, a eficácia e a inserção do simulador Estados Físicos da Matéria básico como instrumento pedagógico e auxiliador no ensino de Química. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada com vinte e cinco alunos do 1 ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Osvaldo Brito de Farias Sede, localizada na cidade de São Caetano de Odivelas no estado do Pará, podendo ser inserida como um procedimento de pesquisa de campo, de caráter exploratório, quantitativo e qualitativo. A atividade teve início com o levantamento bibliográfico, a seleção do simulador educativo, o planejamento da aula, seguido do desenvolvimento da pesquisa na escola. Os alunos inicialmente assistiram a explicação sobre o assunto Estados físicos da matéria, onde foram destacadas as principais características dos três principais estados físicos (sólido, líquido e gasoso) como: o grau de agregação e a energia das moléculas em cada um dos referidos estados, bem como a influência da temperatura e da pressão na mudança do comportamento das partículas. No intuito de promover nos educandos uma melhor compreensão do assunto abordado, recorreu-se ao uso do simulador Estados Físicos da Matéria básico. Para tanto, os alunos foram divididos em 5 equipes de 5 alunos cada e foram auxiliados a executarem as simulações do referido programa anotando observações relacionadas ao comportamento molecular a nível microscópico, bem como a influência da temperatura e pressão no grau de agitação das moléculas. Os alunos realizaram simulações para quatro principais sistemas de estudo, um contendo a água (H 2 O), outro contendo argônio (Ar), um terceiro contendo Neônio (Ne) e o quarto contendo gás oxigênio (O 2 ). As simulações foram realizadas variando a temperatura e/ou a pressão dos sistemas. Para o desenvolvimento desta atividade utilizou-se seis computadores um data-show e um total de quatro aulas de quarenta minutos cada, em março de 2015. Ao termino da aula, os estudantes responderam ao questionário com oito perguntas abertas, para a obtenção de informações em nível de aceitamento da disciplina, o uso do computador e a opinião sobre o uso do referido simulador. 388
RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a explanação do conteúdo químico, os alunos responderam a um questionário com oito perguntas. Os dados foram analisados qualitativamente e quantitativamente. 1 Pergunta: Você gosta de Química? Faça uma breve justificativa. Em relação a essa pergunta, a maioria dos estudantes (72%), afirmaram que gostam da disciplina, e 28% que gostam um pouco. Os alunos que responderam sim, dentre as justificativas, destacaram que gostam de Química por ser uma matéria interessante e pelo fato de estarem aprendendo pequenas coisas que não se pode visualizar a olho nu, nesse caso os alunos se referem aos níveis microscópicos que a disciplina de Química apresenta, como explica Ribeiro e Greca (2003, p. 544) apesar de encontrarmos, às vezes, estudos de fenômenos macroscópicos, a maior parte do universo dos fenômenos estudados nesta ciência aborda fenômenos que ocorrem a nível microscópico. A análise quantitativa se encontra no Gráfico 1. Os estudantes que responderam um pouco acham a disciplina difícil e possuem dificuldades em entender. Barão (2006, p.2) sugere que a escola deve possuir professores que desempenhem o papel de facilitador, que saibam atrair a atenção do aluno para a Química, através de práticas, de forma interativa e lúdica. 2 Pergunta: Você sente dificuldades na aprendizagem dos conteúdos de Química? Faça uma breve justificativa. Como mostra o Gráfico 2, a maioria dos alunos (55%), sentem um pouco de dificuldades na aprendizagem dos conteúdos de Química, dentre as justificativas, os estudantes afirmam que acham a disciplina complicada devido ao aspecto abstrato e pelo fato de possuir cálculos matemáticos. Esse resultado vai ao encontro do sugerido por Silva (2003, p. 1), que relata a disciplina de Química como uma matéria complexa, pois envolve cálculos matemáticos, equações, símbolos químicos e conhecimentos específicos. Os educandos que responderam que não (31%), destacaram que não possuem dificuldades pelo fato de acharem fácil a matéria, e por que o assunto é bem explicado pelo professor da escola. 3 Pergunta: Você gosta usar o computador? Faça uma breve justificativa. De acordo com a análise do Gráfico 3, a maioria dos estudantes (80%) gostam de usar o computador e 20% afirmaram não gostar de usar. Os que responderam sim, justificaram que usavam o computador para acessar as redes sociais e pesquisar 389
trabalhos. Os que responderam não, destacaram a preferência em usar livros e o fato de não saberem usar computador. Esse resultado reforça a afirmação de Ferreira (2007, p.46) que explica a presença de recursos tecnológicos como cada vez mais intensa, nos ambientes de trabalho, de lazer, familiar, etc. Coloca-se, portanto, a necessidade de familiarizar o aluno com esses recursos, seus princípios básicos de funcionamento e, especialmente, com a sua efetiva utilização. 4 Pergunta: Na sua opinião, a utilização do simulador Estados Físicos da Matéria é de: Fácil, médio ou difícil uso? Faça uma breve justificativa. Para esta pergunta, a maioria dos alunos (56%) acharam fácil o uso do simulador educacional, dentre as justificativas, os estudantes afirmaram que entenderam como era o funcionamento do simulador, a partir da explicação do professor. Os alunos que afirmaram como sendo um simulador de médio e difícil uso, justificaram que não sabem mexer no computador. A análise quantitativa se encontra no Gráfico 4. 5 Pergunta: Você classificaria o layout do simulador Estados Físicos da Matéria como: boa ou ruim? Como pode observado na Tabela 1, a maioria dos estudantes (25 alunos) classificaram o layout do simulador Estados Físicos da Matéria como bom, logo, o simulador possui aparência favorável aos educandos. 6 Pergunta: Você acha que com a utilização do simulador Estados Físicos da Matéria, você pode compreender melhor a explicação do assunto ministrado? Faça uma breve justificativa. O resultado obtido é apresentado no Gráfico 5. 92% dos alunos afirmaram que com a utilização do simulador Estados Físicos da Matéria, foi possível compreender melhor a explicação do assunto ministrado, dentre as justificativas, os estudantes destacaram o fato de poderem visualizar através da animação das figuras, as moléculas, de acordo com cada estado físico. Para o ensino de Química, como ratifica Santos e Arroio (2013), é importante ao aluno entender a parte microscópica, que é invisível aos estudantes, com a finalidade de facilitar a compreensão do assunto. Vale destacar que os estudantes que responderam não não justificaram. 7 Pergunta: Em sua opinião, qual é a nota, de 0 a 10, que você daria ao simulador e suas ferramentas para o ensino do assunto Estados Físicos da Matéria? Como pode ser visualizado no gráfico 6, as notas dos estudantes para o simulador, reflete a aceitação do simulador como um recurso auxiliador nas aulas de química. 390
8 Pergunta: Você gostaria que nas aulas de Química, a utilização de simuladores educativos fosse mais frequente? Faça uma breve justificativa. Em relação a essa pergunta, todos os alunos afirmaram que gostariam da utilização de simuladores educativos fossem mais frequentes nas aulas de Química, os estudantes destacaram a melhor compreensão do assunto e aulas mais interessantes. CONCLUSÕES Diante das análises dos questionários, conclui-se que os estudantes, devido a nova experiência com o uso do computador para aprender Química, aprovaram o uso do simulador Estados Físicos da Matéria básico, podendo esse ser utilizado como um auxiliador educacional, pois facilita a visualização do aspecto microscópico do assunto atraindo a atenção dos alunos e facilitando a compreensão dos conteúdos. GRÁFICO 1: Você gosta de Química? 28% Sim 0% 72% Não Um pouco GRÁFICO 2: Você sente dificuldades na aprendizagem dos conteúdos de Química? 55% 31% 14% Sim Não Um pouco 391
GRÁFICO 3: Você gosta usar o computador? 20% Sim 80% Não GRÁFICO 4: Na sua opinião, a utilização do simulador Estados Físicos da Matéria é de: Fácil, médio ou difícil uso? 4% 40% 56% Fácil Médio Difícil Tabela 1- Você classificaria o layout do simulador Estados Físicos da Matéria como: boa ou ruim? Categoria Número de alunos Boa 25 Ruim 1 392
GRÁFICO 5: Você acha que com a utilização do simulador Estados Físicos da Matéria, você pode compreender melhor a explicação do assunto ministrado? 8% Sim 92% Não GRÁFICO 6: Em sua opinião, qual é a nota, de 0 a 10, que você daria ao simulador e suas ferramentas para o ensino do assunto Estados Físicos da Matéria? 4% 48% 28% 7 8 9 8% 12% 9,5 10 REFERÊNCIAS BARÃO, Gladis Constancia. Ensino de química em ambientes virtuais. Universidade Federal do Paraná. 2006. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacão.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1702-8.pdf>. acesso em: 28 dez. 2014. DA SILVA, S. G. As Principais Dificuldades na Aprendizagem de Química na Visão dos Alunos do Ensino Médio. In: IX Congresso de Iniciação Científica do IFRN, 2003, Rio Grande do Norte. IX Congresso de Iniciação Científica do IFRN. Rio Grande do Norte, 2003, p. 1612-1616. 393
FERREIRA, Benedito J. P. Experiências de Informática Educativa no Município de Belém: Um Quadro Inicial de Diagnóstico. Revista Brasileira de Informática na Educação, vol. 15, n.1, p. 45-49, 2007. RIBEIRO, Angela A; GRECA, Ileana Maria. Simulações computacionais e ferramentas de modelização em Educação Química: Uma Revisão de Literatura Publicada. Revista Química Nova, vol. 26, n. 4, p. 542-549, 2003. SANTOS, Valéria Campos; ARROIO, Agnaldo. A química nos modos macroscópico, microscópico e simbólico: Uma revisão sobre as contribuições para pesquisas em ensino de química. In: VII ENCONTRO PAULISTA DE PESQUISA EM ENSINO DE QUÍMICA, 2013, São Paulo. VII Encontro Paulista de Pesquisa em Ensino de Química. São Paulo, 2013, p. 1-3. SOUZA, Marcelo P; SANTOS, Neide; MERÇON, Fábio; RAPELLO, Cláudio N.; AYRES, Antônio César S. Desenvolvimento e Aplicação de um Software como Ferramenta Motivadora no Processo Ensino-Aprendizagem de Química. in: XV Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, 2004, Rio de Janeiro. XV Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Rio de Janeiro, 2004, p. 487-496. 394