UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA. Profª Nereide Stela Santos Magalhães.

Documentos relacionados
Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular Disciplina de Introdução a Bioquímica.

Biomoléculas mais abundantes Terra

Biomoléculas mais abundantes Terra

Estrutura e Função dos Carboidratos. Ana Paula Jacobus

Carboidratos (sacarídeos)

Biomoléculas mais abundantes Terra

- A energia é armazenada em suas ligações químicas e liberadas na digestão

Carboidratos FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS - FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

Vilma Fernandes Carvalho

Biomoléculas: Carboidratos

- laboratório multimídia

Pr P o r f o a f Al A essan a d n r d a r a B ar a o r n o e n

Biomoléculas mais abundantes Terra

Universidade Federal de Pelotas Instituto de Química e Geociências Departamento de Bioquímica BÁSICA EM IMAGENS

Carboidratos. Introdução à Bioquímica. Dra. Fernanda Canduri. Departamento de Física.. UNESP. Laboratório de Sistemas BioMoleculares.

Carbohidratos. e alguns contêm azoto, fósforo ou enxofre. Estão divididos em 3 classes; Monossacáridos, Oligossacáridos e Polissacáridos.

DEFINIÇÃO. Carboidratos são compostos de função mista, polialcool-aldeídos ou polialcoolcetonas.

3/6/2010. Biomoléculas orgânicas mais abundantes na

Semana 3 Os Carboidratos

Bioquímica. Fundamentos da Bioquímica Carboidratos. Profª. Ana Elisa Matias

LIPÍDIOS / MEMBRANAS

Biomoléculas mais abundantes Terra

CARBOIDRATOS BIOENGENHARIA I PROFª. SHARLINE FLORENTINO DE MELO SANTOS UFPB - CT DEQ

Carboidratos. Carboidratos: Nomenclatura

CARBOIDRATOS 12/4/2011. Mark William Lopes CARBOIDRATOS

Carboidratos. Profa. Alana Cecília

BIOQUÍMICA GERAL. Classificação. Monossacarídeos. Prof. Dr. Franciscleudo B Costa UATA/CCTA/UFCG

UEAP ENG. AMB.CARBOIDRATOS / PROFESSORA ANA JULIA SILVEIRA

Bioquímica Glicídios (carboidratos)

Carboidratos. Prof. Henning Ulrich

CARBOIDRATOS: função, classificação, química, digestão e absorção

Biomoléculas mais abundantes Terra

Fonte de energia Estrutura celular Sinais. Função biológica. Monossacarídeos Oligossacarídeos Polissacarídeos. Classificação

BIOLOGIA. Os Carboidratos. Os monossacarídeos. Cláudio Góes

Monossacarídeos. Solução aquosa. Cadeia carbonica 3 a 7 C Grupamento carbonila (Aldose ou cetose) e hidroxilas Isomeria D e L (2 n )

LZT Bioquímica e Metabolismo Animal Carla Maris Machado Bittar

alexquimica.blog Professor:Alex

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Departamento de Biologia Bioquímica CARBOIDRATOS

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL

Bioquímica: Componentes orgânicos e inorgânicos necessários à vida. Leandro Pereira Canuto

CARBOIDRATOS: Estrutura e Função

A estrutura única de cada macromolécula determina sua função.

Metabolismo dos Glicídios

A QUÍMICA DOS CARBOIDRATOS

Açúcares. Prof Karine P. Naidek Agosto/2016

Professora: Letícia F. Melo

Introdução ao metabolismo

Carboidrato. Curso: Farmácia 3º período Prof. Helder Braz Maia

Prof André Montillo

O Observatório de Educação em Direitos Humanos / Unesp (SP) está iniciando uma campanha educativa em defesa da "democracia".

ESTUDO DOS CARBOIDRATOS

Dra. Kátia R. P. de Araújo Sgrillo.

Equipe de Biologia. Biologia

CARBOIDRATOS (uma rápida revisão)

Constituintes químicos dos seres vivos

Glicídios Pro r f o. f. D a D n a i n el M ag a al a hã h e ã s

Pr P o r f o a f. a A l A essan a d n r d a r a B ar a o r n o e n

objetivos Carboidratos I 32 AULA Pré-requisitos

CARBOIDRATOS 23/08/2016. Carboidratos. Monossacarídeos. Classificação (quanto ao número de monômeros)

Como as células são estudadas? Métodos de Estudo da Célula Biomoléculas:Estrutura e Função 28/03/2017. Microscópio. Robert Hooke (1665): Termo Célula

Classificar pelo: Grupo funcional Numero de carbonos da molécula Imagens especulares ou estereoisômeros (D ou L) Isômero ou (para moléculas cíclicas)

Carboidratos 18/03/2010. Douglas Siqueira de A. Chaves

GLÚCIDOS. Os glúcidos são poli-hidroxialdeídos ou polihidroxiacetonas

Biomoléculas e processos Passivos/Ativos na célula

Bioquímica Celular. LIVRO CITOLOGIA Capítulo 02 Itens 1 a 3 págs. 19 a 30. 3ª Série Profª Priscila F Binatto Fev/2013

O carbono e a diversidade química da vida

Fundamentos de Bioquímica

Glicídios - Carboidratos. Professor: Paulo Disciplina: Biologia Campus Aquidauana

Biologia Molecular - I. Prof. Fernando Belan - Classe A

Biomoléculas e processos Passivos/Ativos na célula

AÇÚCARES OU CARBOIDRATOS

Equipe de Biologia. Biologia

Cap. 3: Componentes orgânicos celulares As moléculas energéticas. Equipe de Biologia

MACRONUTRIENTES INTRODUÇÃO

Biologia e Geologia 10º ano. Natércia Charruadas 2011

Constituintes básicos de uma célula - Biomoléculas. Biomoléculas

Função. Fonte de energia. Reserva de energia. Função estrutural 29/03/2012. Função, digestão e disponibilidade e metabolismo dos carboidratos

As bases bioquímicas da vida

Prof André Montillo

Composição química. Profª Maristela. da célula

Água, Sais e Carboidratos

Podem ser poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, isto é, possuem um grupo que pode ser aldeído ou cetona, respectivamente, e várias hidroxilas.

Funções dos polissacarídeos estruturais em animais 1

Carboidratos. Disciplina: Bromatologia Profa.: Gilcelia Lino

STRYER, L.; TYMOCZKO, J.L.; BERG, J.M.

Módulo 1 - A Ciência e os Blocos Construtores da Vida

QUÍMICA ENSINO MÉDIO PROF.ª DARLINDA MONTEIRO 3 ANO PROF.ª YARA GRAÇA

Bromatologia Básica. Carboidratos

Monômero. Dímero O P S. Polímero

QUÍMICA. Química Orgânica. Glicídios, Lipídios, Aminoácidos e Proteínas Parte 1. Prof. Giselle Blois

Bioquímica I. Profa Eduarda de Souza

/belan.biologia. /fbelan. Carboidratos. Prof. Fernando Belan - CMCG

CARBOIDRATOS. INTRODUÇÃO -Biomoléculas mais abundantes -Base da nutrição animal

Biomoléculas. * Este esquema não está a incluir as Vitaminas que são classificadas no grupo de moléculas orgânicas. Biomoléculas

Prof André Montillo

Composição química celular Parte I. Natália Paludetto

Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA Profª Nereide Stela Santos Magalhães Recife, 2004 http://www2.ee.ufpe.br/codec/gslc/nereide.html

Algodão: fibras de celulose.

DEFINIÇÃO São poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, ou substâncias que, por hidrólise, liberam esses compostos. FÓRMULA GERAL: [C n (H 2 O) n ] Pode conter N, P, ou S na estrutura química.

FUNÇÃO Nutrição Humana e Animal Energia Elementos Estruturais Elementos de Proteção Lubrificantes das Articulações Moléculas Sinalizadoras Constituintes de Glicolipídeos e Glicoproteínas Constituintes dos ácidos nucléicos (ribose e desoxiribose)

INTRODUÇÃO Biomoléculas (Carboidratos, Glicídeos Sacarídeos) ou Plantas e Algas (Fotossíntese 100 bi ton/ano CO 2 e H 2 O em celulose e outros produtos vegetais) FOTOSSÍNTESE clorofila 6 CO 2 + 6 H 2 O C 6 H 12 O 6 + 6 O 2 luz

Número de UNIDADES MONOMÉRICAS (Resíduos): MONOSSACARÍDEOS DISSACARÍDEOS OLIGOSSACARÍDEOS POLISSACARÍDEOS 1 resíduo 2 resíduos 3 a 20 resíduos > 20 resíduos

Número de UNIDADES MONOMÉRICAS (RESÍDUOS): MONOSSACARÍDEOS, OSES OU AÇÚCARES SIMPLES São as unidades monoméricas básicas. Consistem de uma única unidade de poliidroxialdeído ou poliidroxicetona. FÓRMULA GERAL: [C n (H 2 O) n ] onde n 3 R C = O R = H a ld os e C=O R = C H (H -C -O H ) 2 O H c e to s e n (H-C-OH)4 C H 2 O H H Ex: Glicose (n=6) CH 2 OH

Características: Sólidos Incolores Cristalinos Solúveis em Água (insolúveis em solventes apolares) Sabor Doce (maioria) Redutores Quanto as Famílias: ALDOSES CETOSES

. Classificação Quanto ao Número de Carbono No. Carbonos Aldoses Cetoses 3 aldotrioses cetotrioses 4 aldotetroses cetotetroses 5 aldopentoses cetopentoses 6 aldohexoses cetohexoses 7 aldoheptoses cetoheptoses

Trioses 3 carbonos Gliceraldeído Aldose Diidroxiacetona Cetose Tetroses 4 carbonos Eritrose, treose Aldose Eritrulose Cetose Pentoses 5 carbonos Ribose, arabinose, xilose, lixose Aldose Ribulose, xilulose Cetose Hexoses 6 carbonos Alose, altrose, glicose, manose, gulose idose, galactose, talose Aldose Heptoses 7 carbonos sedoheptulose Psicose, frutose, sorbose, tagatose Cetose

. CONFIGURAÇÕES ESTRUTURA DAS ALDOSES - série D

ALDOSES Lehninger, 2000

. CONFIGURAÇÕES ESTRUTURA DAS CETOSES - série D

CETOSES Lehninger, 2000

Trioses Lehninger, 2000

Trioses Lehninger, 2000

Trioses Lehninger, 2000

Pentoses Lehninger, 2000

Hexoses Lehninger, 2000

Assimetria dos Carboidratos: Isomeria Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Reações dos Carboidratos Lehninger, 2000

O grupo aldeídico ou cetona reage com um grupo álcool no mesmo açúcar formando um anel hemiacetal ou hemicetal, resultando na criação de um Carbono Anomérico na posição: C 1 de uma Aldose C 2 de uma Cetose

Configurações α - OH do C anomérico abaixo do plano β - OH do C anomérico acima do plano Anel furanose

Configurações α - OH do C anomérico abaixo do plano β - OH do C anomérico acima do plano Anel piranose

Lehninger, 2000

Conformações em Cadeira de Piranoses Lehninger, 2000

CONFORMAÇÕES CADEIRA BARCO e e a a a e a e O a e e a e a a e a e a e a = axial ( paralelo ao plano) e = equatorial (perpendicular ao plano)

Lehninger, 2000

Moléculas quirais têm atividade óptica, isto é, giram o plano da luz polarizada. Isômeros ou Estereoisômeros : Apresentam a mesma fórmula química, mas diferem na posição da hidroxila (OH) em 01 ou mais C assimétricos. N o. Isômeros = 2 n onde n = número de centros quirais (assimétricos) Ex: Gliceraldeído tem 2 1 = 2 isômeros Aldohexoses tem 2 4 = 16 isômeros

Isômeros: Epímeros Epímeros: são isômeros que diferem na posição de apenas uma hidroxila. Lehninger, 2000

Enanciômeros Isômeros que são imagens especular um do outro. Os dois membros do par são designados isômeros D e L. Fórmulas: Projeção de Fischer Espelho Fórmulas: Perspectiva

Diastereosômeros São isômeros não sobreponíveis que diferem na posição da OH em dois ou mais carbonos assimétricos 1 1 D-Eritrose 2 3 2 3 D-Treose 4 4

Reações de Carboidratos: Monossacarídeos Fosforilação Aminação Metilação Sulfonação Oxidação

1. OXIDAÇÃO Lehninger, 2000 C 1 C 6 C 1 e C 6 : Ácido aldônico : Ácido urônico : Ácido aldárico

Açúcares Redutores Açúcares redutores: apresentam uma carbonila livre em potencial que sofre oxidação a ácido ou éster, reduzindo íons de Cu 2+ (cúprico) para Cu + (cuproso). Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Oxidação Enzimática da Glicose Lehninger, 2000

2. REDUÇÃO CHO H-C-O H HO-C-H H-C-O H H-C-O H CH 2 OH glicose N a B H 4 CH 2 OH H-C-O H HO -C-H H-C-O H H-C-O H CH 2 OH glic itol

3. ESTERIFICAÇÃO/FOSFORILAÇÃO Lehninger, 2000

4. AMINAÇÃO Lehninger, 2000

AMINO AÇUCARES Exemplos: Quitina, Glicoproteínas e Glicosaminoglicanos CH 2 OH HO O OH OH H NH 2 galactosamina CH 2 OH H HO O OH OH NH 2 glicosamina COOH CH 2 OH O O OH O HO OH HNCOCH 3 ác. hialurônico COOH S OCH 2 O O OH O S O O S HN S heparina Ácido Hialurônico (lubrificante) Heparina (anticoagulante)

DESOXI-AÇÚCARES Desoxirribose (DNA) L-raminose, L-fucose (polissacarídeos e glicoproteínas) HOH 2 C O H H H H OH OH H 2-deoxiribose H HO CH3 H H OH O H OH H L-ramnose OH H O H H CH 3 HO HO OH OH H α L-fucose

Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Obs: Os oligo e polissacarídeos não têm a fórmula empírica C n (H 2 O) n porque é eliminada água durante a formação do polímero.

Dissacarídeos Redutores Lehninger, 2000

Dissacarídeos Lehninger, 2000

Açúcares redutores Apresentam a hidroxila do carbono anomérico livre Maltose Lactose

Açúcares não redutores Não apresentam a hidroxila do carbono anomérico livre (OH participa da ligação glicosídica) Sacarose Trealose

Lehninger, 2000

Polímeros com mais de 20 Oses unidas por ligações glicosídicas CH 2 OH O CH 2 OH O CH 2 OH O OH OH O OH OH O OH HO O CH 2 O CH 2 OH O AMIDO 2 tipos de polímeros: amilose e amilopectina polissacarídeo de reserva Glcα1-4 e α1-6 Glc HO OH OH O OH OH CH 2 OH O OH O CH 2 OH O OH O CH 2 OH O OH O CH 2 OH O OH CELULOSE homopolissacarídeo linear de glicose OH OH OH OH Glcβ 1-4 Glc CH 2 OH CH CH 2 OH 2 OH CH O 2 OH O O O OH O OH O OH O OH NHCOCH 3 NHCOCH 3 NHCOCH 3 NHCOCH3 QUITINA componente estrutural do exoesqueleto de invertebrados esta presente também na parede celular de muitas algas NAGβ 1-4NAG

Amido e Glicogênio Lehninger, 2000

Amido Lehninger, 2000

Glicogênio Lehninger, 2000

Amido: Polissacarídeo Ramificado de Glicose Açúcar redutor: porção terminal redutora Lehninger, 2000

Polissacarídeos: Amido e Glicogênio Cadeia ramificada: Ligações α -1,6 (ponto de ramificação) Lehninger, 2000

Amido: Amilose e amilopectina Lehninger, 2000

Amilose: estrutura em hélice Lehninger, 2000

Complexo Amido-Iodo Leningher, 2000

Lehninger, 2000

Glicogênio: Polissacarídeo Ramificado de Glicose Grânulos de glicogênio em hepatócitos. Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Celulose Lehninger, 2000

Celulose Lehninger, 2000

Celulose Lehninger, 2000

Quitina Homopolímero de unidades de N-acetil-D-glicosamina unidos por ligações β-1,4. Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Peptideoglicanos Lehninger, 2000

Glicosaminoglicanos Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Glicoconjugados: Proteoglicanos, glicoproteínas e glicolipídeos Proteoglicanos: macromoléculas da superfície celular ou da matriz extracelular ligadas a uma proteína de membrana. Tecido conectivo (cartilagens). Glicoproteínas: um ou mais oligossacarídeo ligado covalentemente a uma proteína. Membrana plasmática (superfície externa), matriz extracelular, sangue, complexo de Golgi, grânulos secretores e lisossomas. Glicolipídeos: lipídeos de membrana ligados a oligossacarídeos para reconhecimento celular.

Glicoconjugados: Proteoglicanos, glicoproteínas e glicolipídeos Lehninger, 2000

Proteoglicanos Lehninger, 2000

Proteoglicanos Lehninger, 2000

Proteoglicanos: Interações entre células e matriz extracelular Lehninger, 2000

Glicoproteínas Lehninger, 2000

Lipopolissacarídeos Membrana externa de Salmonellatyphimurium Lehninger, 2000

Lehninger, 2000

Lectinas: proteínas de membrana que reconhecem carboidratos Lehninger, 2000

Oligossacarídeos: reconhecimento e adesão na superfície de células Lehninger, 2000