02 Highlights NOVAREJO SAP em colaboração com a NOVAREJO O FUTURO EM TRÊS LETRAS NÃO IMPORTA O CAMINHO QUE O VAREJO ADOTE: EM ALGUM PONTO O SETOR TERÁ DE LIDAR COM A IOT OU INTERNET DAS COISAS. A SOLUÇÃO É PARTE DO FUTURO DESENHADO HOJE PELOS DADOS MOVIMENTADOS PELO BIG DATA POR CAMILA MENDONÇA Imagine que em um determinado final de semana, você decide preparar um jantar para amigos. O que fazer? A geladeira sugere uma refeição árabe, com base na análise que fez dos produtos que existem dentro dela. Como faltam alguns itens, o eletrodoméstico envia a lista para o seu celular. Basta dar OK para que a geladeira envie o pedido para o supermercado mais próximo. Este é parte do futuro que a SAP projeta. E esse futuro é desenhado pela IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas). A evolução e o futuro da Internet das Coisas é a internet de tudo. Ela vai integrar tudo. Estamos falando de evolução, afirma Elia Chatah, retail principal na SAP Brasil.
03 NOVAREJO NOVAREJO DEZEMBRO/JANEIRO NOVEMBRO 2017 2016
04 Muito falada de um lado e pouco compreendida de outro, a IoT é para muitos promessa e para tantos outros realidade. Definida como a conexão entre máquinas, a tecnologia permite capturar e transmitir informações entre qualquer objeto conectado à internet. No varejo, a tecnologia vai além do que o consumidor enxerga. Ela ajuda a entender o comportamento do cliente, o nível de estoque, o momento certo para se fazer promoções, o patamar de preços que deve ser adotado, atendimentos e campanhas personalizadas para ficar em alguns exemplos. Através de analises e simulações realizadas com milhares de informações, a máquina consegue sugerir em tempo real o que deve ser feito, explica o executivo. A IoT tem ganhado tanta relevância entre as empresas que estima-se que existirão mais de 26 bilhões de sensores conectados no mundo em 2020, segundo pesquisa da Gartner. Somente a SAP está investindo mais de 2 bilhões de Euros até 2020 em soluções de IoT. Isso é o mínimo e tende a crescer ainda mais nos próximos anos, afirma Orlando Cintra, Vice-presidente Sênior da SAP Brasil. Você ouve todo mundo falando, várias empresas de diferentes segmentos interessadas em testar cenários. O IoT será em pouco tempo a realidade no dia-a-dia dos clientes, porque vários estão testando e alguns já estão investindo e saindo na frente, afirma.
05 A SAP está investindo mais de 2 bilhões de Euros até 2020 em IoT. Isso é o mínimo e tende a crescer ainda mais nos próximos anos Orlando Cintra, Vice-presidente Sênior da SAP Brasil
06 Segundo os executivos, o aumento no interesse pela IoT tem algumas explicações. Primeiro, o consumidor brasileiro tem, cada vez mais, apetite por tecnologias. Além disso, a IoT é a tecnologia que permite inovação dentro da economia digital. Do ponto de vista do negócio, a queda de 80% nos custos dos sensores nos últimos quatro anos e a redução do tamanho desses sensores ajudam a tecnologia a ficar mais interessante. Outro ponto é o custo de processamento de dados e armazenagem que caiu 60% nos últimos dez anos, afirma Chatah. De acordo com Cintra, no cenário da IoT, o Brasil ainda está no caminho da experimentação. As empresas ainda têm receio de investir pesado e eventualmente não ver o retorno esperado. A boa notícia é que dá para experimentar e começar pequeno, com baixo investimento, para testar o modelo e ver se isso cabe para o seu negócio, afirma. Essa fase de experimentação, contudo, está para terminar, segundo Cintra. É que o varejo já entendeu que é preciso acompanhar as demandas dos consumidores e é impossível fazer isso sem investir em tecnologia. Ao mesmo tempo em que o varejo entende que o futuro é digital e que o consumidor mudou, ele também é um pouco conservador em investir. Mas isso tende a mudar a partir do momento em que os novos consumidores compram de uma maneira diferente e o varejo pode agora utilizar a IoT para melhor entender o comportamento de compras de seus consumidores, prover um atendimento mais personalizado e consequentemente gerar maior receita, diz. À medida que o varejo entender que a adoção dessa tecnologia não vai aumentar custo, mas vai sim aumentar a margem e as vendas, e reduzir custos operacionais, ele vai se convencer que a adoção de IoT deve ser adotada de forma mais acelerada, afirma Chatah.
07 EM FASE DE FUNDAÇÃO Aos ouvidos de muitos, a IoT soa como futurologia, mas já está presente no dia a dia de muitas redes do varejo brasileiro. É que a IoT não é uma tecnologia isolada. Ela em si é um meio e não o fim, afirma Cintra. A IoT é uma forma de coletar e ter mais dados e informações. E o varejo usa muita informação para entender o consumidor e fazer planejamento, explica. Quando o varejo se vale de ferramentas de Big Data e Analytics, ele está utilizando o que os executivos chamam de ferramentas fundamentais para a IoT. O Brasil tende à adotar Iot inicialmente mais para a questão analítica, para depois ir para soluções mais avançadas tais como promoções em tempo real, provador digital, self check-out, afirma Chatah. O RFID é exemplo de ferramenta que é parte da IoT e está no mercado brasileiro há bastante temo, embora ainda não massivamente adotado. Qualquer revolução tecnológica exige um tempo significativo entre a disponibilidade da tecnologia e a sua adoção mais ampla. Isso leva mais tempo no varejo, que é tradicionalmente mais lento na adoção de novas tecnologias em geral, isto em razão das margens estreitas e dificuldades de escalabilidade inerentes ao segmento, explica Chatah. Em outros mercados, porém, há processos mais maduros de adoção da IoT. Nos Estados Unidos, há exemplos de redes que utilizam a Internet das Coisas para garantir essa conexão, capturar e gerenciar dados. É o caso do Walmart, cliente da SAP. A gigante supermercadista criou uma plataforma de cupons proporcional ao seu tamanho. São mais de três anos de histórico e um volume de 250 bilhões de linhas de dados, conta Cintra. Eles criaram um imenso lago de dados e obtiveram total granularidade da informação em tempo real, afirma. Com dados particularizados, a empresa conseguiu dar informações suficientes para ajudar a força de vendas e o planejamento estratégico a entender o comportamento dos clientes através dos cupons. Para isso, eles utilizam a solução SAP Hana, plataforma de análise de dados em tempo real. Eles conseguem se planejar com demandas para cada loja
08 e cada região para ter mais lucratividade e vendas maiores, afirma. Agora, a ideia é integrar todas essas informações com sensorização, de forma a identificar o consumidor e fazer campanhas customizadas de forma instantânea. O case da marca de luxo Burberry é diferente. A rede utiliza a solução de nuvem da SAP, o Hana Cloud Plataform, para ter uma visão 360 graus do cliente e criar engajamento em tempo real. A marca está investindo em múltiplos canais, explica Cintra. O cliente pode começar a jornada com a marca montando um look em um Tablet, na loja virtual, e pode terminar a jornada dele na loja física. O diferencial é que o virtual e o físico estão integrados. O que o cliente começou a fazer no online, ele continua na loja. O vendedor consegue visualizar isso e dar prosseguimento ao que o cliente começou, afirma o executivo. Para Chatah, embora o varejo tenha o histórico de investir pouco em tecnologia, há um maior investimento em ferramentas para análise de dados. Segundo ele, as empresas dedicam 20% do orçamento de tecnologia para soluções de Big Data. Dados são a fundação do IoT e os sensores vão gerar bilhões deles a uma velocidade muito rápida, afirma o executivo. A primeira coisa que as empresas precisam fazer é transformar esses dados em informações. Esse conhecimento possibilitará a tomada de uma decisão em tempo real, e é isso que vai possibilitar o varejo a aumentar seu nível de competitividade. As empresas têm de aproveitar essa tecnologia para reimaginar os seus negócios, explica. SOBRE GANHOS Com investimentos em IoT, o varejo tem a oportunidade de converter seu cliente em fã. É o que está fazendo a Under Armour, outro cliente da companhia. Eles estão entendendo que não basta vender uma roupa para o cliente. A empresa quer participar da vida do cliente e quer mostrar que está preocupada com a saúde dele, conta Chatah. A marca de esporte iniciou um movimento de comprar vários aplicativos fitness para coletar o máximo de informação do consumidor e utilizar esses dados para ofertar aquilo que ele realmente precisa.
09 O varejo têm de aproveitar a IoT para reimaginar os seus negócios e transformar clientes em fãs. Elia Chatah, retail principal na SAP Brasil
010 Os investimentos em Internet das Coisas vão além da geração de dados dos consumidores. Com a tecnologia, o varejo consegue fazer um melhor gerenciamento de estoques, fazer promoções e personalizar atendimento. Além disso, é possível fazer ofertas georreferenciadas. Também é possível entender quais são as áreas quentes e frias da loja e, com isso, desenhar um layout mais assertivo do ponto de venda. É possível entender quanto tempo o cliente ficou parado na frente de uma arara ou gôndola, por exemplo, afirma. Ao fim, os ganhos com a IoT variam entre dois lados: aumento de vendas e redução de custos. São dois fatores que ajudam a aumentar a margem: aumento de vendas e diminuição dos custos e a IoT ajuda nos dois lados. Ajuda a vender mais com personalização e consequentemente um melhor atendimento e a reduzir custos com aumento de produtividade na operação, explica Chatah. Outro ganho é na mão de obra. As pessoas deixarão de fazer tarefas repetitivas para se concentrar nas mais estratégicas, afirma. Para chegar neste nível, porém, é preciso redesenhar o negócio. Segundo Chatah, as empresas vão ter de pensar em novas posições, reimaginar os investimentos. Em um futuro próximo, você vai ter um gerente de robótica dentro da área de TI; designers de produtos que vão precisar entender como acomodar os sensores, explica. A IoT também possibilita ao varejo fazer testes mais rápidos e assertivos. Muitas vezes o que torna o processo disruptivo é o fato de colocar algoritmos, machine learning e inteligência artificial para testar milhões de casos em um curto espaço de tempo algo que você só conseguiria fazer com centenas de pessoas trabalhando por muito tempo, explica Cintra.
011 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL De todos os debates sobre Internet das Coisas, o que é irreversível é a sua adoção. Tudo isso porque o varejo já entendeu que a transformação digital é parte da estratégia para manter a operação viva. Esse é o caminho correto: entender que os consumidores não são iguais e o varejo vai ter de se adaptar ao mundo velho, criar um mundo novo e saber coexistir com eles. A IoT vem para digerir toda essa informação, afirma Cintra. Pensando nessa estratégia, a SAP trabalha em quatro pontos: dados, cloud, plataforma e aplicativos. O SAP Hana é a base de tudo isso e de todo processamento em tempo real, que envolve análise de dados e análise preditiva. A empresa também atua com aplicativos, com prateleiras conectadas, provadores conectados, vending machines, mapeamento de áreas quentes e frias das lojas. Tudo isso se integra ao final com o objetivo de encantar o consumidor, afirma Chatah. Nesse processo, contudo, o que não pode ser substituído é o atendimento ao cliente, segundo o executivo. O ser humano ainda é fundamental e primordial para o atendimento ao cliente. Acho que a IoT vai alavancar muito a parte de relacionamentos, vai ajudar o varejo a enfrentar vários desafios de personalizar atendimentos e não trabalhar de maneira massiva, mas o ser humano continua sendo fator essencial para a construção de relacionamentos com clientes, e essa é a essência do varejo, afirma Chatah. Além disso, completa Cintra, não basta os investimentos massivos em tecnologia, sem estratégia que converse com esses investimentos. É preciso uma boa estratégia para que a transformação digital aconteça, alinhada com processos de negócios. Sem isso, é querer usar tecnologia pela tecnologia o que não traz benefício algum, afirma