Avaliação de Interface de Sistemas de Recuperação de Imagens Médicas por Conteúdo



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Transcrição:

Avaliação de Interface de Sistemas de Recuperação de Imagens Médicas por Conteúdo Ana Lúcia Filardi 1, Agma Juci Machado Traina 2 1 Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento por Satélite (CNPM) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Brasil 2 Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) Universidade de São Paulo (USP), Brasil Resumo - Sistemas de Informação Hospitalares (SIH) foram elaborados para armazenar informações gerais dos pacientes. O uso dos Sistemas de Arquivamento e Comunicação de Imagens (PACS) em ambientes hospitalares amplia a capacidade de integração de todas as informações do paciente. Para dar suporte a diagnósticos, técnicas de recuperação de imagens por conteúdo podem ser incorporadas aos PACS e SIH, permitindo responder consultas por similaridade. Esses sistemas são inerentemente interativos e, no entanto, pouca atenção tem sido atribuída a essa importante parte desses sistemas. Este trabalho visou analisar a interface humano-computador para sistemas CBIR (Content-based Image Retrieval), a fim de torná-los mais adequados à prática diária do hospital. Palavras-chave: CBIR, Interação Humano-Computador, HCI, Avaliação. Abstract - The general information regarding the patients are kept in the Hospital Information systems (HIS). The use of the Picture Archiving and Communication Systems (PACS) in hospital and medical centers increases the capability of integrating all the patients information together. To improve the decision making, content-based image retrieval techniques can be integrated to PACS and HIS allowing those systems to answer similarity queries. These systems are inherently interactive. However, until little attention has been paid to this important part of such systems. This work aimed at analyzing the human-computer interface requirements to CBIR (Content-based Image Retrieval) systems, in order to make them more suited to the day-to-day hospital practice. Key-words: Content-based Image Retrieval, CBIR, Human-Computer Interaction, HCI, Evaluation. Introdução A interação da ciência da computação com diversas áreas da pesquisa científica vem crescendo muito nos últimos anos e contribuindo com novos desafios. A medicina é uma das áreas mais beneficiadas com esse crescimento, através de suporte à elaboração de diagnóstico médico e à evolução dos tratamentos cada vez mais precisos e eficientes [1]. Para dar suporte a diagnósticos, imagens de exames gerados por meio de equipamentos médicos têm sido incorporadas nos sistemas de informações de pacientes, visando consolidar todas as informações em um só sistema. O interesse em utilizar imagens nos diagnósticos vem impulsionando o desenvolvimento de novas técnicas que se preocupam com a recuperação desses tipos de dados. Nesse sentido, as consultas por similaridade tornam-se muito interessantes, pois, ao analisar uma imagem, o usuário pode desejar recuperar as imagens mais semelhantes a ela com o objetivo de efetuar cruzamentos entre diagnósticos e tratamentos já realizados e auxiliar o profissional da área médica na elaboração de laudos e novos diagnósticos. Geralmente, para recuperar tais dados, as consultas são realizadas por meio de critérios de similaridades baseadas nas características intrínsecas extraídas das imagens, ou seja, em seu conteúdo. Para isso, o sistema deve prover uma interface interativa e intuitiva para facilitar a recuperação e exibição desses dados. O objetivo principal deste trabalho visou analisar a interação do usuário em um sistema CBIR e avaliar sua funcionalidade e usabilidade, aplicando técnicas de interação humanocomputador (HCI) que apresentam bons resultados em relação à performance de sistemas com grande complexidade. Metodologia As técnicas CBIR propiciam a recuperação de imagens baseada em seu conteúdo por meio de suas características visuais extraídas automaticamente por métodos computacionais.

Sistemas que utilizam tais técnicas, têm emergido nas últimas décadas, devido à necessidade de manipular grandes volumes de dados e imagens armazenadas e ao interesse de recuperar informações visuais de maneira eficiente e precisa. Um sistema CBIR consiste de três fases de procedimentos, que incluem: processamento de imagens, extração de vetores de características e indexação [2], conforme ilustra a Figura 1. Para propiciar tal auxílio efetivo à recuperação de imagens e informações de pacientes de maneira rápida e descentralizada, um projeto amplo tem sido desenvolvido dentro de um hospital escola, com a proposta de um PACS que incorpora características CBIR visando disponibilizar, além da busca baseada em conteúdo para o auxílio a diagnósticos, um sistema completo e centralizado de informações do hospital [3,4]. Este trabalho utilizou o protótipo MRI Browser (Magnetic Resonance Imaging Browser) que incorpora todas as funcionalidades de um sistema CBIR e permite realizar tanto consultas textuais como por conteúdo. É um sistema de navegação que consiste em uma ferramenta útil e prática para recuperar imagens similares baseadas em seu conteúdo, utilizando-se de uma coleção de imagens de modalidade médica. Figura 1 - Visão geral de um sistema CBIR A introdução dos PACS (Picture Archiving and Communication Systems) em ambientes hospitalares e sua integração a outros sistemas de informação hospitalares permite o acesso às informações gerais dos pacientes, bem como as imagens médicas dos pacientes, provenientes de exames gerados por equipamentos médicos, tal como Ressonância Magnética (RM), Tomografia Computadorizada (CT), Medicina Nuclear (MN), etc. Desse modo, os diagnósticos podem ser efetuados utilizando as descrições textuais e tendo o apoio visual das imagens dos exames médicos. Para análises médicas é importante cruzar diagnósticos previamente realizados e comparar imagens de exames de pacientes, a fim de comparar casos anteriores ou verificar o diagnóstico efetuado. Dificilmente imagens de dois exames médicos serão exatamente iguais, mesmo se as anomalias tiverem a mesma classificação. Assim, é muito mais interessante realizar consultas em que as imagens sejam similares à do paciente em estudo. Nesse caso, o critério mais apropriado para ser usado é o da semelhança, que utiliza como chave de busca a própria imagem. Utilizando ferramentas CBIR, pode-se responder consultas por similaridade, que são realizadas a partir do significado do conteúdo do objeto, em vez de utilizar informações descritivas associadas às imagens. Por exemplo, consultas do tipo: retorne as 5 imagens presentes na base de dados que são mais semelhantes à imagem de Raio-X de tórax do J. Silva obtida em 30/01/2008. A comparação de imagens por similaridade é essencial para tratar dados complexos e capturar o que há de mais representativo a fim de extrair informações que as represente de modo mais fiel. Figura 2 - Resultado da consulta por similaridade a partir de uma dada imagem de referência A Figura 2 exibe o resultado de uma consulta por imagens similares efetuada no protótipo MRI Browser, que ilustra um conjunto de miniaturas (thumbnails) das imagens que mais satisfizeram o critério de busca tendo como referência uma imagem de interesse selecionada pelo usuário. O protótipo MRI Browser foi utilizado para explorar a interface e avaliar a sua funcionalidade e usabilidade, aplicando técnicas de Interação Humano-Computador (Human-Computer Interaction), a fim de resolver algumas questões específicas relacionadas à recuperação de imagens similares a uma dada imagem de referência, empreendidas apenas no processo que auxilia o médico em seus diagnósticos. Um bom design de interface de usuário deve prover uma interação fácil, natural e atraente entre o usuário e o sistema, permitindo que o usuário possa realizar suas tarefas com segurança, de maneira eficiente, eficaz e com satisfação. Esses aspectos são conhecidos como usabilidade e são aplicados para medir o desempenho (eficácia e eficiência) e a satisfação do usuário, a fim de determinar quanto um

produto é usável dentro de um contexto particular [5]. Existem vários métodos destinados à avaliação da interface [6-8], cada qual possui suas potencialidades e limitações e tem sua utilidade quando aplicado adequadamente. Em geral, uma ou mais técnicas são adotadas para atender às necessidades específicas da interface a ser avaliada. Desse modo, para atender às necessidades particulares desse trabalho, foi escolhida uma combinação de técnicas que compreendeu na avaliação heurística - por ser uma das técnicas mais populares e eficientes em detectar problemas potenciais de usabilidade e também por ser uma técnica intuitiva, fácil e rápida de ser ensinada, além de possuir baixo custo. Geralmente, por não envolver usuários reais ou representativos, é usual cometer erros em predizer como os usuários reais lidam com a interface. Visando minimizar essa limitação, a avaliação foi complementada pela técnica de observação do usuário que apresenta bons resultados práticos de testes com o usuário real. Resultados O processo de análise e interpretação da usabilidade do sistema concentrou-se em transformar os dados coletados da avaliação em informações para auxiliar a tomada de decisões sobre o re-design da interface com o usuário. A análise da avaliação consistiu em coletar, resumir e examinar os dados. Em seguida os dados foram interpretados com o objetivo de decidir o que causou os defeitos identificados. Primeiramente, foram analisados e interpretados os dados da observação do usuário (especialista médico) e em seguida os dados da avaliação heurística. A observação do usuário objetiva obter informação sobre o uso real da interação do usuário com o sistema. Nessa avaliação, os usuários foram solicitados a completar uma série de tarefas pré-determinadas, sendo observados por um avaliador no cumprimento por completo de suas obrigações rotineiras, prestando atenção em suas ações e registrando-as. Em geral, não são necessários muitos participantes para empreender uma avaliação. Na prática, os primeiros participantes já conseguem prover as informações requeridas pelos avaliadores e estima-se que cerca de cinco participantes são freqüentemente suficientes [8]. Se um participante identifica um problema, não precisa de mais participantes para reconhecer o mesmo problema. Às vezes, o primeiro usuário mostra tantos problemas que o avaliador tende a achar que o teste já foi suficiente. Porém, vale a pena persistir com um pouco mais de participantes, pois sempre tem uma informação extra a adicionar. Para obter um feedback do perfil e a formação dos usuários foi aplicado um questionário pré-sessão da avaliação. Visto que a proposta de testar o sistema deveria representar o cenário que mais se aproximasse da vida real, a observação dos usuários contou com a colaboração de sete participantes da área médica do Centro de Ciências de Imagens e Física Médica (CCIFM) do Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto, que reuniu quatro médicos radiologistas, dois radiologistas residentes e um técnico em informática biomédica. Os participantes do experimento foram na sua maioria do sexo masculino (71%) e 29% do sexo feminino. Os participantes foram divididos por faixa etária, sendo 43% de adultos jovens incluídos na faixa de 18 a 30 anos, 14% de adultos de meia idade entre 31 a 44 anos, e 43% de adultos mais velhos na faixa entre 45 a 64 anos. A experiência dos participantes em informática foi estabelecida de acordo com a freqüência de uso de sistemas computacionais. Os níveis de experiência em informática indicaram que 14% foram representados por participantes principiantes, 43% com nível de experiência média e 43% experientes. Os participantes foram também classificados em novatos e experientes de acordo com o conhecimento do domínio clínico em função do tempo de atuação profissional. Os novatos representaram 42% dos participantes que possuíam menos de 5 anos de atuação profissional e os experientes consistiram em 58% acima de 11 anos. Tabela 1 - Tempo de execução de tarefas por participante Tempo de tarefa Participante Experiência em informática Faixa etária (Hora : Minuto : Segundo) Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa 3 Tarefa 4 Tarefa 5 Tempo Total P1 Principiante Adulto mais velho 0:12:08 0:11:44 0:12:03 0:04:49 0:02:57 0:43:41 P2 Médio Adulto mais velho 0:08:15 0:07:16 0:09:23 0:08:05 0:05:10 0:38:09 P3 Experiente Adulto jovem 0:00:51 0:01:00 0:03:03 0:02:05 0:02:12 0:09:11 P4 Médio Adulto mais velho 0:14:43 0:05:12 0:05:55 0:05:04 0:05:12 0:36:06 P5 Médio Adulto de meia idade 0:03:35 0:02:15 0:04:10 0:03:44 0:03:08 0:16:52 P6 Experiente Adulto jovem 0:01:23 0:00:45 0:01:31 0:02:03 0:01:15 0:06:57 P7 Experiente Adulto jovem 0:01:13 0:01:21 0:01:43 0:01:59 0:03:36 0:09:52 Tempo Médio 0:06:01 0:04:13 0:05:24 0:03:58 0:03:21 A Tabela 1 apresenta como resultado, o tempo que cada participante levou para completar as tarefas, bem como seu perfil em relação ao nível de experiência em informática e sua faixa etária. É notado que: Adultos mais jovens e com boa experiência em informática, atingiram um desempenho melhor no uso do sistema, levando menos de 10 minutos para completar todas as tarefas. Adultos de meia idade e com experiência média em informática levaram cerca de 17 minutos para realizar as tarefas.

Adultos mais velhos e com experiência média em informática levaram aproximadamente 40 minutos para completar as tarefas. Adultos mais velhos e com pouca experiência em informática levaram mais de 40 minutos para realizar as tarefas. Percebeu-se, também, que quando o participante é mais jovem e com maior habilidade computacional ele utiliza o sistema mais fácil e rapidamente, conseguindo desempenhar as tarefas com mais eficiência. No entanto, os usuários que possuem mais conhecimento profissional desempenharam as tarefas com mais eficácia. As tarefas foram elaboradas para conceber os processos de aprendizagem de uso do sistema, consistindo em três etapas: processo de exploração do sistema por tentativa e erro; processo de busca por imagens similares; e processo de reconhecimento de objetos e ações ao invés de lembrança. Observou-se que o tempo médio para completar cada processo foi diminuindo ao decorrer da sessão, devido ao aprendizado introduzido. A satisfação do usuário pôde ser medida por meio de um questionário pós-sessão, que foi elaborado baseado no questionário denominado QUIS 1 (Questionnaire for User Interaction Satisfaction), utilizado em avaliações de usabilidade, disponível tanto para uso acadêmico como pessoal. A nova versão do QUIS focou seis fatores específicos de interface: reação do sistema, tela, terminologia e informação do sistema, aprendizado, capacidade do sistema e imagens. Os resultado obtidos pela avaliação no QUIS demonstraram que os participantes se mostraram bastante satisfeitos com a interface. Os resultados resumidos e apresentados na Figura 3 foram os seguintes: Reação do sistema: o conceito geral que os participantes indicaram foi de um sistema muito satisfatório, bem estimulante, muito fácil de usar e adequado. Tela: os participantes consideraram a forma e tamanho da letra fácil de ler. Contudo, apontaram que nem sempre os itens da tela são fáceis de encontrar. Embora a seqüência de telas esteja apresentada de maneira clara, a organização da informação não está disposta tão claramente e o sistema não dispõe de muitos realces na tela em relação a cores e negrito para ressaltar as informações relevantes. Terminologia e informação do sistema: o uso de termos utilizados no sistema não 1 http://lap.umd.edu/quis/ demonstrou ser tão claro. Percebeu-se que profissionais iniciantes não têm conhecimento mais aprofundado sobre o assunto e o sistema não possui instruções para auxiliá-los. No entanto, às vezes, o sistema mantém o usuário informado sobre o que está fazendo. Além disso, as poucas mensagens que apareceram na tela não são claras e sua localização um pouco confusa e muitas vezes passa despercebida. Constatou-se que as mensagens de erro não se mostraram realmente úteis. Aprendizado: o sistema foi considerado muito fácil de aprender a operar e explorar por tentativa e erro. As tarefas quase sempre puderam ser executadas de uma maneira rápida e/ou lógica e demonstrou facilidade ao lembrar de termos e uso de comandos. A conclusão das tarefas mostrou-se bem clara. O sistema não provê mensagens de ajuda, o que poderia ser muito útil para esclarecer dúvidas durante o aprendizado. Capacidade do sistema: os participantes apontaram que o sistema possui uma velocidade rápida e quase sempre apresentou respostas confiáveis. Demonstrou facilidade na correção dos erros dos usuários. O sistema foi projetado para atender facilmente todos os níveis de usuários, tanto para iniciantes como experientes. Figura 3 - Resultado das medidas de satisfação do QUIS

Imagens: embora a qualidade das imagens tenha sido considerada boa, o tamanho não agradou muitos participantes, sendo um pouco pequeno para requerer uma visualização mais minuciosa dos detalhes da imagem. O processo de busca de imagens similares foi considerado muito interessante e relevante. Finalizada a observação do usuário, a avaliação foi complementada com as heurísticas de usabilidade para design de interface propostas por Nielsen [9-11] que apresentam bons resultados e permitem uma avaliação global do sistema [12]. Os defeitos de usabilidade foram avaliados em relação ao grau de severidade correspondentes à gravidade de cada problema em relação à freqüência com que os erros ocorrem, ao impacto do problema ocorrido e a persistência do problema. A avaliação heurística envolveu a participação de quatro inspetores, reunindo um especialista em usabilidade, um especialista do domínio e dois especialistas do domínio com algum conhecimento em usabilidade. O resultado da avaliação heurística em relação ao grau de severidade dos defeitos de usabilidade encontrados é ilustrado na Figura 4. Figura 4 - Defeitos de usabilidade encontrados por grau de severidade Cerca de 53% dos defeitos de usabilidade referem-se ao grau de severidade 3, que correspondem a problemas de usabilidade de grande impacto, sendo importante consertar e requerendo alta prioridade de correção. Com 19% são apresentados os defeitos relacionados ao grau de severidade 4 que são considerados como catástrofe de usabilidade e devem ser consertados antes que o produto seja lançado. Para os defeitos de usabilidade de pequeno impacto, de grau 2, foram registrados 17%, sendo que a prioridade deste conserto deve ser baixa. Apenas 3% dos defeitos classificados com grau 1 foram considerados como sendo somente problemas cosméticos, não precisando ser consertados a menos que haja tempo disponível. Por fim, 8% foram determinados com grau 0, isto é, não foram considerados como um problema de usabilidade. Figura 5 - Defeitos de usabilidade encontrados A Figura 5 mostra os defeitos de usabilidade encontrados na avaliação. Os maiores defeitos, correspondendo ao mesmo valor de 15,9%, são atribuídos a duas heurísticas: referente à compatibilidade do sistema com o mundo real, não expressando uma linguagem familiar para os usuários (H2) e atribuída à prevenção de erros, onde o sistema não previne que o erro ocorra antes de acontecer (H5). A falta de ajuda aos usuários a reconhecer, diagnosticar e recuperar seus erros representou 14,3% dos defeitos de usabilidade (H9). O reconhecimento ao invés de lembrança, não possuindo instruções de uso do sistema e sobrecarregando a memória do usuário indicou 12,7% dos problemas encontrados (H6). A consistência e padrões para que o sistema possa seguir as convenções de plataforma computacional, permitindo que os usuários não tenham que adivinhar que diferentes palavras, situações ou ações que significam a mesma coisa representaram 11,1% dos defeitos de usabilidade (H4). Para as duas heurísticas H1 e H7 obteve-se o mesmo valor de 7,9% de defeitos referentes à visibilidade do status do sistema, onde o sistema deve manter o usuário informado sobre o que está acontecendo (H1) e à flexibilidade e eficiência de uso, sendo um ambiente intuitivo para interação tanto dos usuários iniciantes como experientes (H7). Os menores defeitos foram encontrados em três heurísticas com 4,8% cada: referente ao controle e liberdade para o usuário quando eles, freqüentemente, escolhem funções por engano e precisam sair do estado indesejado sem ter que percorrer um extenso diálogo (H3); a estética e design minimalista, onde o sistema deve apresentar um design simples e prático, sem informações irrelevantes ou desnecessárias (H8); e a necessidade de prover ajuda ao usuário e documentação completa do sistema (H10).

Discussão e Conclusões Este trabalho abordou como as técnicas CBIR podem ser integradas aos PACS e SIH, visando centralizar em um sistema único e completo as informações dos pacientes e as imagens de exames gerados dentro do ambiente hospitalar e introduziu um esforço para testar o desempenho de um sistema CBIR típico em relação à funcionalidade e usabilidade por meio da interação de usuários reais dentro do domínio da aplicação. Para alcançar esse desafio, foram adotadas técnicas de avaliação da interação humano-computador, a fim de identificar abordagens promissoras no desempenho e satisfação dos usuários. Primeiramente, foi empreendida a técnica de observação de usuário, com o envolvimento efetivo de usuários reais, completando a seguir com a avaliação heurística, conduzida por meio da participação de especialistas. A sinergia da combinação de técnicas de avaliação proporcionou a sugestão de melhorias significativas, provendo uma estimativa da utilidade potencial do sistema por meio da participação de especialistas e revelando as reações e percepções dos usuários reais. De maneira geral, conclui-se que o uso de técnicas de interação humano-computador para avaliar a funcionalidade e a usabilidade de sistemas CBIR aplicados à medicina, são primordiais para torná-los mais usáveis, eficientes e com elevado grau de satisfação para o usuário médico. Assim, os sistemas CBIR poderão ser melhor empregados pela comunidade médica, contribuindo para aprimorar os diagnósticos e tratamentos médicos. Neste estudo pôde-se concluir que a experiência de trabalhar com usuários reais pode mudar totalmente a percepção de análise das tarefas dentro do domínio da aplicação. Nesse contexto, como sugestão para trabalhos futuros é necessário dar continuidade a pesquisas contando sempre com o envolvimento do usuário real. Referências [1] Müller H, Michoux N, Bandon D, Geissbuhler A. A review of content-based image retrieval systems in medical applications-clinical benefits and future directions. Int J Med Inform, 2004 73: 1-23. [2] Traina Jr C, Traina AJM, Figueiredo JM., Including Conditional Operators in Content- Based Image Retrieval in Large Sets of Medical Exams. Proceedings of the 17th IEEE Symposium on Computer-Based Medical Systems (CBMS'04); 2004 June 24-25; Bethesda. 2004. p. 85-90. [3] Bueno JM, Chino FJT, Traina AJM, Traina Jr C, Marques PMA. How to Add Content-based Image Retrieval Capability in a PACS., Proceedings of the 15th IEEE Symposium on Computer-Based Medical Systems (CBMS'02); 2002 June 4-7; Maribor. 2002. p. 321-326. [4] Traina AJM, Castañón CAB, Traina Jr C., MultiWaveMed: A System for Medical Image Retrieval through Wavelets Transformations., Proceedings of the 16th IEEE Symposium on Computer-Based Medical Systems (CBMS'03); 2003 June 26-27; New York. p. 150-155. [5] ISO-9241-11, Ergonomic requirements for office work with Visual Display Terminals (VDTs): guidance on usability, Genebra, 1998. [6] Preece J, Rogers Y, Sharp H. Design de Interação: além da interação homemcomputador, Porto Alegre: Bookman, 2005. [7] Dix A, Finlay J, Abowd GD, Beale R., Human- Computer Interaction, Essex: Prentice Hall, 2004. [8] Stone D, Jarret C, Woodroffe M, Minocha S. User Interface Design and Evaluation, San Francisco: Morgan Kaufmann, 2005. [9] Nielsen J, Molich R. Heuristic evaluation of user interfaces. Proceedings of the SIGCHI Conference on Human Factors in Computing Systems: Empowering People (CHI'90); 1990 April 1-5; Seattle. p 249-256. [10] Nielsen J. Heuristic evaluation, Disponível em: <http://www.useit.com/papers/heuristic/>. Acesso em: 28 jul. 2008. [11] Nielsen J. Usability Engineering, Boston: Academic Press, 1993. [12] Preece J, Rogers Y, Sharp H, B. Human- Computer Interaction, Wokingham: Addison- Wesley, 1994. Contato Ana Lúcia Filardi Embrapa Monitoramento por Satélite Av. Soldado Passarinho, 301 CEP 13070-115 - Campinas, SP Brazil Tel: +55 19-3211-6200 E-mail: ana@cnpm.embrapa.br Agma Juci Machado Traina Universidade de São Paulo Av. do Trabalhador Sao-Carlense, 40 CEP 13560-970 - Sao Carlos, SP Brazil Tel: +55 16-3373-9693 E-mail: agma@icmc.usp.br