ÁREA TEMÁTICA: INTRODUÇÃO

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TÍTULO: COOPERATIVISMO POPULAR: ORGANIZAÇAO E TRABALHO EM IRACEMA-RR AUTORES: Francilene S. Rodrigues, Elizanilda Ramalho Do Rêgo e Carlos Augusto M. De Carvalho e-mail: elizanilda@aol.com ÁREA TEMÁTICA: Trabalho INTRODUÇÃO Este trabalho é resultado do Projeto Cooperativismo Popular: Organização e Trabalho, vinculado ao Programa de Apoio e Desenvolvimento de Comunidades/Universidade Solidária UNISOL/MEC/Sesu, tendo sido desenvolvido nos Projetos de Assentamento Rural, Maranhão e Bem-te-vi, no município de Iracema - Estado de Roraima. O município de Iracema situa-se na BR 174 a 93 Km de Boa Vista, cuja economia baseia-se na agricultura e na pecuária, sendo beneficiado pela política de Reforma Agrária através dos Projetos de Assentamentos Rurais, do Ministério de Desenvolvimento Agrário. Os projeto de Assentamentos Rurais selecionados desenvolvem a agricultura de subsistência tendo como principais produtos o arroz, o milho, a mandioca, o abacaxi e a macaxeira. O plantio de culturas perenes é utilizado apenas para o consumo familiar e as principais culturas são: cacau, goiaba, caju e cupuaçu. A criação de animais é pouco diversificada e limita-se apenas a algumas espécies, tais como: galinhas, patos, capotes, suínos e bovinos. A formação de cooperativas é uma estratégia que vem responder a alguns dos problemas locais, inclusive a própria busca e/ou inserção dos produtos no mercado, favorecendo a geração de renda e, conseqüentemente, a melhoria da qualidade de vida dos agricultores rurais dos Projetos de Assentamentos Bem-te-vi e Maranhão, no município de Iracema. A Universidade Federal de Roraima tem incentivado a formação de Incubadoras de Cooperativas Populares, como forma de utilizar os recursos humanos e o conhecimento da universidade na formação, qualificação e assessoria de trabalhadores para a construção de atividades de auto gestão visando sua inclusão no mercado de trabalho. Uma cooperativa é urn instrumento privilegiado de aprendizagem do gerenciamento de projetos voltados para o desenvolvimento local, bem como de instrumentos de gestão

individuais, coletivos e, ao mesmo tempo, uma escola aplicada aos atores do desenvolvimento econômico e social. Neste sentido, a perspectiva de estímulo à formação de cooperativas como organizações políticas com caráter produtivo se configurou no projeto Cooperativismo Popular:Organização e Trabalho, como forma de resgatar a autoconfiança e a cidadania dos trabalhadores rurais. OBJETIVO GERAL O objetivo geral deste trabalho foi desenvolver o processo de formação e capacitação dos trabalhadores rurais em cooperativismo e o assessoramento para a criação, formação e reestruturação de cooperativas produtivas e de comercialização, no município de Iracema, Estado de Roraima. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Capacitar trabalhadores rurais para o cooperativismo; Possibilitar o conhecimento dos princípios do cooperativismo e fomentar o desenvolvimento do processo de criação e construção de cooperativas; Contribuir para a discussão de conceitos de coletividade, democracia, solidariedade e autonomia; Realizar pesquisa de mercado nos estabelecimentos de comercialização de hortifrutigranjeiros em Boa Vista-RR. Viabilizar processo de educação ambiental; Estimular a compreensão da importância da segurança no trabalho. METODOLOGIA A metodologia foi desenvolvida em 03 (três) etapas com procedimentos e ações próprias em cada fase.

1ª Fase Curso em Cooperativismo, com 40 horas totais divididos em 05 módulos e 02 ( dois) seminários. Nesta etapa a formação e capacitação foram feitas por meio de aulas teóricas, expositivas e dinamizadas com uso de apostilas, cartilhas e fitas de vídeo. Nesta fase ocorreram várias viagens da equipe ao local do desenvolvimento do curso. Modulo I - Relações Interpessoais do cotidiano. Conceitos de coletividades, democracia, solidariedade e autonomia. Modulo II Origens e princípios do cooperativismo. Modulo III Diferenciação entre empresas mercantis e cooperativas. Modulo IV Composição dos recursos financeiros, apresentação da estrutura, instrumentos e documentos constitutivos da cooperativa. Modulo V-Avaliação do processo de capacitação e formação de cooperativas. Seminário: educação ambiental Seminário: Segurança no trabalho 2ª Fase Realização da pesquisa de mercado: este estudo apresenta um caráter descritivo, pois descreveu como se relacionam os elementos do contexto em que o evento a ser pesquisado, bem como caráter exploratório, em função da inexistência de informações sobre até que ponto seria melhor criar uma cooperativa de produção ou de comercialização de produtos hortifrutigranjeiros ou ambos. Outra alternativa a ser verificada é a criação de duas cooperativas juridicamente independentes. Através de formulário foi realizada uma pesquisa de preços tendo como sujeitos os grandes supermercados selecionados, coletando os valores em moeda nacional (real) corrente, tendo a equipe se subdividido e pesquisado os preços dos produtos expostos nas gôndolas dos mesmos supermercados selecionados. Essa mesma planilha de preços foi utilizada para registrar os valores produzidos e vendidos pelos produtores rurais aos atravessadores e destes para os consumidores, sejam estes os comerciantes e/ou consumidores finais. A pesquisa de preços, portanto, é descritiva e quantitativa, posto que foram considerados os valores e suas respectivas médias na cadeia de comercialização, objetivando, no seu tratamento, definir o preço ideal e, se possível, a supressão do atravessador dessa cadeia, diminuindo inicialmente o preço final, em conseqüência da diminuição do tempo entre produção e consumo, da racionalização das ações logísticas e da diminuição de perdas no

manuseio e exposição. Tudo isso, aumenta a qualidade dos itens agregando valor, não necessariamente aumentando o preço. A pesquisa de mercado foi desenvolvida em várias etapas. A primeira etapa, foi uma discussão com o grupo sobre as metodologias de pesquisa e definição da que melhor se adequava às necessidades da equipe e que possibilitava responder às expectativas da comunidade. A segunda etapa foi à definição dos lugares a serem pesquisados optando-se pelos supermercados distribuídos espacialmente nas regiões central, sul e sudeste e, que representasse, portanto, uma amostra significativa. Decidiu-se pelos supermercados Ki- Bacana e Freire; Supermercado MM e Feijão com Arroz; Feitosa, Feira do Produtor e Sacolão das verduras - MM. A terceira etapa foi a elaboração das planilhas de forma mais gerais e coleta de preços realizada no período de fevereiro de 2002, contemplando frutas, hortaliças, cereais e ovos.esta planilha tendo sida adequada às demandas específicas da Região como por exemplo, a inclusão de frutos como: açaí, pupunha, buriti, cupuaçu, etc A quarta etapa consistiu em tabulação, sistematização e análise dos dados coletados e, por último, a apresentação dos resultados desta pesquisa às comunidades do assentamento Maranhão no dia 16/03 e, do assentamento Bem-te-vi, no dia 17/03. 3 Fase - Reuniões de avaliação. RESULTADOS 1 Fase Nos dois locais escolhidos para implantar o programa os assentados já possuíam estruturação de cooperativa e associação, no Bem-te-vi e Maranhão, respectivamente. Durante o decorrer dos módulos de capacitação em cooperativismo percebeu-se que apesar de já se ter esses sistemas implantados os assentados membros das Diretorias são pouco informados sobre o assunto e que os mesmos tinham muita dificuldade no preenchimento de formulários de entradas e saídas de seus produtos (livro caixa), atas de reunião, recibos, etc.

Foram realizadas 10 visitas em seis meses de desenvolvimento do projeto, onde foram realizados os cincos módulos previstos e mais dois cursos sobre meio ambiente e segurança no trabalho. A participação dos agricultores foi mais expressiva no PA Maranhão contando sempre com a participação da direção da Associação e com sócios-membros, em número de dezoito em todos os módulos, enquanto que no Bem-te-vi, só participaram dos treinamentos os membros da Diretoria da Cooperativa, em número de cinco. Os agricultores foram capacitados quanto aos princípios do cooperativismo e a importância da organização das cooperativas como instrumento que pode conceder benefícios sócio-culturais e, portanto, capazes de contribuir para a formação da cidadania. Durante os seis meses de reuniões e treinamento da comunidade houve o processo inicial de discussão e organização das cooperativas. Buscou-se o apoio no município para a criação da cooperativa no assentamento Maranhão e para a regularização da cooperativa do Bem-te-vi. 2 Fase Em relação às polpas de frutas os supermercados, principalmente a Freire ( 65,4%) e o Ki-Bacana ( 38,5%), são os que mais oferecem variedades de polpas. A feira do produtor aparece com apenas 38,5% devido ás condições necessárias de embalagem e conservação do produto. As polpas de frutas comercializadas na Feira do Produtor são realizadas na forma natural, ou seja, sem congelamento (Figura 1). Quanto à diversidade de frutas a Feira do Produtor oferece o maior número de diversidade de frutas, 52,1%, seguido do Ki-Bacana com 41,7%. A menor diversidade é do supermercado MM com apenas 12,5% (Figura 2). Quanto à diversidade de hortaliças, o Supermercado Ki-Bacana, apresenta o maior percentual, 65,3%, enquanto na Feira do Produtor, as hortaliças representam 46,% de todos os produtos ofertados. A menor diversidade de hortaliças é encontrada no Supermercado Feijão com Arroz, apenas 6,1% de todos os produtos pesquisados (Figura 3). Uma das explicações para este baixo percentual deve-se ao fato deste supermercado estar localizado na periferia da

cidade, onde residem pessoas com baixo poder aquisitivo e, portanto, tem que optar por uma alimentação mais substancial que saudável. Quanto à oferta de cereais, a Feira do Produtor apresenta o maior índice, 75% seguido pelo Supermercado M.M com 37,5% de todos os produtos pesquisados. Os Supermercados Ki-Bacana e Feitosa, oferecem 25% de diversidade de cereais, cada um (Figura 4). Em relação à oferta de ovos caipira, a Feira do Produtor responde com 47,4% dos produtos ofertados e, os supermercado Feitosa e MM com 31,6% e 21,1% respectivamente (Figura 5). Com a pesquisa constatou-se que, em média, os preços praticados na Feira do Produtor são mais baixos do que preços praticados nos supermercados, em relação a frutas, cereais, ovos e polpas de frutas. Em relação a hortaliças os preços mais baixos foram praticados pelo Kibacana e MM, esses cálculos foram obtidos considerando-se o número de produtos com preços a média geral, dividido pelo total de produtos ofertados pelo estabelecimento em questão. A Feira do Produtor apresentou também a maior diversidade em produtos de frutas, cereais e ovos (Figuras 2, 4 e 5). Apesar dessa boa diversidade de produtos encontrados na Feira do Produtor, nota-se, ainda, um comércio potencial para produtos da Região, tais como: hortaliças e polpas de frutas. 3 Fase No final do projeto observou-se o processo de organização do grupo, participação política e sua inserção no debate local, na busca de alternativas para a melhoria da qualidade de vida das comunidades. O processo e a atual organização dos agricultores dos Assentamentos Rurais é um aspecto que viabiliza a execução e a continuidade de outros projetos. Os agricultores contam hoje com assessoria da Universidade Federal de Roraima que continuou desenvolvendo projetos nas áreas dos assentamentos. A própria capacitação dos agricultores e a necessidade de melhorar suas condições de vida, através do aumento da renda familiar, foi o estímulo necessário para a continuidade do projeto. A Universidade Federal de Roraima, em sua fase de reestruturação, formou grupos de pesquisas em questões rurais, favorecendo a perspectiva da criação de grupos de apoio e assessoria aos projetos nessas em áreas.

Nesta fase do projeto, de avaliação, foram tomados depoimentos das comunidades e estes relataram que, ao contrário de outros grupos que haviam iniciado trabalhos junto às comunidades e não os tinham fechado, o Cooperativismo Popular sempre procurou responder às questões levantadas pelos participantes. Considerações Finais Nos assentamentos rurais pesquisados do município de Iracema, as principais culturas plantadas são feijão, arroz, milho, mandioca, mamão e maracujá (consorciados com pimenta), bem como figo, graviola e goiaba. No assentamento Maranhão o cultivo é de subsistência, onde o pequeno excedente é comercializado na feira do produtor na cidade de Boa Vista-RR. Já no assentamento Bem-tevi, parte da produção é vendida em Boa Vista e parte em Manaus, sendo que mais recentemente os agricultores começaram o processamento de polpas na própria propriedade, visando outras formas de comercialização e agregando valor ao produto. A agricultura ainda é desenvolvida com baixa tecnologia e poucos investimentos são aplicados em insumos tais como: fertilizantes, irrigação, controle de pragas e doenças. No entanto, existe um potencial de produção, principalmente, de polpas de frutas e hortaliças para o mercado local e o mercado do Estado do Amazonas. A grande dificuldade ainda continua sendo a organização do processo produtivo e de comercialização de forma comunitária e associativa, tendo em vista, a resistência cultural a esta forma de organização social. A UFRR, incentivando a continuidade dos projetos do Programa de Apoio e Desenvolvimento de Comunidades/UNISOL/MEC, criou o programa UNIVERSIDADE NA COMUNIDADE, como forma de promover o acompanhamento das comunidades, por meio de assessoria aos agricultores, uma vez que o tempo de seis meses, dado pelo UNISOL, a cada projeto é fator limitante.

Figura 1-Porcentagem de Polpas de Diferentes Frutas Ofertadas em Estabelecimentos Comerciais de Boa Vista-RR 80,0 73,0 Polpas de Diferentes Frutas (%) 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 38,5 53,8 Feira do Produtor Kibacana Supermercado Freire 0,0 Local da Oferta Figura 2 - Diversidade de Frutas Ofertadas em Estabelecimentos Comerciais de Hortifrutigrangeiros em Boa Vista-RR 70 Diversidade de Frutas (%) 60 50 40 30 20 10 52,1 41,7 14,6 12,5 16,7 20,8 Feira do Produtor Kibacana Comercial Feitosa Supermercado MM Feijão com Arroz Supermercado Freire 0 Local da Oferta

Figura 3 - Diversidade de Hortaliças Ofertadas em Estabelecimentos Comerciais de Hortifrutigrangeiros em Boa Vista-RR 70,0 65,3 Diversidade de Hortaliças (%) 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 46,9 28,6 24,5 6,1 26,5 Feira do Produtor Kibacana Comercial Feitosa Supermercado MM Feijão com Arroz 0,0 Supermercado Freire Local da Oferta Figura 4 - Diversidade de Cereais Ofertados em Estabelecimentos Comerciais de Hortifrutigrangeiros em Boa Vista-RR 80,0 75,0 70,0 Cereais Ofertados (%) 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 25,0 25,0 37,5 Feira do Produtor Kibacana Comercial Feitosa Supermercado MM Feijão com Arroz Supermercado Freire 10,0 0,0 Local da Oferta 0,0 0,0

Figura 5 - Diversidade de Ovos Ofertados em Estabelecimentos Comerciais de Hortifrutigrangeiros em Boa Vista-RR 70,0 Ovos Ofertados (%) 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 47,4 26,3 31,6 21,1 Feira do Produtor Kibacana Comercial Feitosa Supermercado MM Feijão com Arroz Supermercado Freire 10,0 0,0 Local da Oferta 0,0 0,0

Bibliografia FILHO, j. et al. Nível Tecnológico e incentivos creditíceos no Assentamento Bem-te-vi, Município de Iracema. Anais do 1 Encontro de Extensão ENEX,Universidade Federal de Roraima, 2002. GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA. Programa Comunidade Ativa. Agenda de Prioridades. Boa Vista, 1998. INCRA. Diagnóstico Participativo dos Projetos de Assentamento do Maranhão e Japão. Incra/Lurniar/Çooterra, 1999. II PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (PND) PROGRAMA DE AÇÃO DO GOVERNO PARA O TERRITÓRIO DE RORAIMA, 1979. Plano de Desenvolvimento dos Assentamentos. Cooterra. Iracema, 1999. SILVA, N.P.M. ET AL. PROJETO BEM-TE-VI, RECURSOS NATURAIS E ESTRUTURA, ANAIS DO 1 ENCONTRO DE EXTENSÃO ENEX,UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA, 2002.