PRINCÍPIOS DE DIREITO DO TRABALHO DEFINIÇÃO: Linhas diretrizes que informam algumas normas e inspiram direta e indiretamente uma série de soluções; Normas fundamentais e informadoras da organização jurídica trabalhista. SÃO VALORES FUNDAMENTAIS QUE IMPRIMEM CARACTERISTICAS PECULIARES A CADA ÁREA DO DIREITO SÃO O DNA DE UM RAMO DO DIREITO
FUNÇÕES: INFORMADORA: inspiram o legislador, servindo de fundamento para o ordenamento jurídico; NORMATIVA: atuam como fonte supletiva, no caso de ausência de lei; INTERPRETADORA: operam como critério orientador do Juiz ou do intérprete. Art. 19, pg. 8º, Constituição da OIT (Princípio favor laboriis) Em caso algum, a adoção, pela Conferência, de uma convenção ou recomendação, ou a ratificação, por um Estado-Membro, de uma convenção, deverão ser consideradas como afetando qualquer lei, sentença, costumes ou acordos que assegurem aos trabalhadores interessados condições mais favoráveis que as previstas pela convenção ou recomendação.
PRINCÍPIOS GERAIS APLICADOS AO DIREITO DO TRABALHO Boa-fé nos contratos (lealdade recíproca) Razoabilidade PRINCÍPIOS DE DIREITO DO TRABALHO Princípio da proteção Princípio da irrenunciabilidade de direitos Princípio da continuidade da relação de emprego - Princípio da primazia da realidade PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO O direito do trabalho cria uma tela deproteção hipossuficiente proteção ao hipossuficiente, criando uma vantagem jurídica que procura atenuar a desigualdade existente no plano fático, uma vez que o empregador é o polo economicamente e politicamente mais forte da relação de emprego. Godinho aponta que o protetor abarca quase, senão todas, os princípios essenciais do D. do Trabalho. Portanto, é o inspirador de todo o contexto de princípios do Direito do Trabalho.
O PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (TUITIVO OU TUTELAR 1. IN DUBIO PRO OPERARIUM 2. NORMA MAIS FAVORÁVEL 3. CONDIÇAO MAIS BENÉFICA PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO MISERO OU PRO OPERÁRIO Consiste em resolver UM CONFLITO DE INTERPRETAÇÕES DE UMA ÚNICA REGRA OU NORMA JURÍDICA (intranorma intranorma), optando-se pela interpretação mais benéfica para o empregado, ou seja: sempre que uma norma permitir mais de uma interpretação, opta-se pela interpretação que beneficia o empregado.
PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO MISERO OU PRO OPERÁRIO 1) AQUI TEMOS APENAS UMA NORMA E DUAS OU MAIS INTERPRETAÇÕES. O CONFLITO EXISTE DENTRO DE UMA MESMA NORMA, É INTRANORMA. EX. ART.473, II, CLT.. 2) Essa regra é de direito material e não processual. No caso de dúvida processual sobre a existência ou inexistência de um fato, o juiz deve resolver o problema com base na moderna divisão do ônus da prova, decidindo contra quem tinha o dever de produzir a prova e não se desincumbiu do encargo PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL. Consiste em resolver-se um conflito de NORMAS VÁLIDAS E APLICÁVES A UMA MESMA HIPOTÉSE (internomas) optandose pela norma mais favorável ao empregado, ou seja: Havendo mais de uma norma de classes diferentes aplicáveis a uma mesma situação jurídica, deve preferir-se a que favoreça ao empregado. Por exemplo: quando a convenção coletiva de trabalho trata mais generosamente um benefício para o trabalhador que uma dada lei.
PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL. Ressalte-se a existência de mais de uma norma, o conflito dá-se entre duas ou mais normas; Considerando que a norma posterior revoga a anterior quando trata da mesma matéria de forma diferente, para a aplicação do princípio da norma mais favorável é essencial que elas sejam de origens, categorias ou classes diferentes. CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA O conflito aqui é entre cláusulas ou condições ajustadas expressa ou tacitamente entre as partes. Não há duvida interpretativa nem choque entre normas (em tese) Garante a preservação de cláusulas contratuais mais vantajosas ao trabalhador, relacionando-se à teoria do direito adquirido, esta com previsão no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal de 1988, in verbis: Art. 5º, XXXVI/CF/88: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA SOBRE O TEMA, DESTACAMOS AS SÚMULAS 51, I, E 288 DO TST: SÚMULA 51. NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT. I - AS CLÁUSULAS REGULAMENTARES, QUE REVOGUEM OU ALTEREM VANTAGENS DEFERIDAS ANTERIORMENTE, SÓ ATINGIRÃO OS TRABALHADORES ADMITIDOS APÓS A REVOGAÇÃO OU ALTERAÇÃO DO REGULAMENTO. II HAVENDO A COEXISTÊNCIA DE DOIS REGULAMENTOS DA EMPRESA, A OPÇÃO DO EMPREGADO POR UM DELES TEM EFEITO JURÍDICO DE RENÚNCIA ÀS REGRAS DO SISTEMA DO OUTRO. SÚMULA 288. COMPLEMENTAÇÃO DOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA. A COMPLEMENTAÇÃO DOS PROVENTOS DA APOSENTADORIA É REGIDA PELAS NORMAS EM VIGOR NA DATA DA ADMISSÃO DO EMPREGADO, OBSERVANDO-SE AS ALTERAÇÕES POSTERIORES DESDE QUE MAIS FAVORÁVEIS AO BENEFICIÁRIO DO DIREITO. PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DEFINIÇÃO Impossibilidade jurídica de privar-se voluntariamente de uma ou mais vantagens concedidas pelo Direito Trabalhista em benefício próprio. FUNDAMENTO O ESTADO DE NECESSIDADE D EOBTER OU MANTER-SE NO EMPREGO EM GERAL UÚNICA FONTE DE RENDA E DE SOBREVÊNCIA DO TRABALHADOR
PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE FUNDAMENTOS Indisponibilidade protetiva; imperatividade das normas trabalhistas; caráter de ordem pública; limitação a autonomia da vontade. PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE INDISPONIBILIDADE PROTETIVA Implica a nulidade da renúncia pelo trabalhador, dos benefícios estabelecidos por normas de direito inderrogável; A indisponibilidade assume as modalidades da irrenunciabilidade e intransigibilidade. OBJETIVA PROTEGER A COLETIVADADE DOS TRABALHADORES, POIS SE POSSIVEL FOSSE RENNCIAR SEM LMITES SERIAM FORÇADOS PELO EMRPEADOR A ABRIR DE DIREITOS PARA MANTER O EMPREGO. SE UM RENUNCIASSE FORÇARIA OS DEMAIS TAMBÉM
PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE Baseia Baseia-se no interesse e na necessidade de organizar a economia e de proteger os hipossuficientes. PROIBIÇÃO DE RENÚNCIA Resulta de um ato unilateral, na qual o titular de um direito dele se despoja; Difere-se da transação, pois nesta as partes fazem concessões recíprocas. Extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas. PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE. A irrenunciabilidade obsta o titular do direito de privar-se das garantias conquistadas e tem como escopo não somente a proteção individual, mas sobretudo, a proteção da coletividade assegurada pela ordem pública social. Corolário de tal limitação objetiva ao poder de dispor, que nulifica inclusive decorrentes atos da vontade livremente manifestos na esfera individual, é a forte restrição que as transações extrajudiciais encontram para serem admitidas no direito brasileiro. Em regra, são inválidas, sendo que as legitimamente realizadas perante as CCPs não têm o condão de obstar o acesso à justiça (CRFB, art. 5º, XXXV), mormente quando a pretensão refere-se a direitos que não foram expressa e especificamente transacionados, em res dubia. Recursos não providos. (TRT-1 - RO: 2093820105010301 RJ, Relator: Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva, Data de Julgamento: 09/01/2013, Sétima Turma, Data de Publicação: 04-03-2013)
OJ-SDC n. 30: Nos termos do art. 10, II, "a", do ADCT, a proteção à maternidade foi erigida à hierarquia constitucional, pois retirou do âmbito do direito potestativo do empregador a possibilidade de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravídico. Portanto, a teor do artigo 9º da CLT, torna-se nula de pleno direito a cláusula que estabelece a possibilidade de renúncia ou transação, pela gestante, das garantias referentes à manutenção do emprego e salário. 1. A CF, em seu artigo 7º, XXVI, somente assegura o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho, validando as suas normas coletivas, quando estas não contrariam direito previsto em norma de caráter cogente, máxime com prejuízo para o empregado. 2. O pagamento de horas in itinere está assegurado pelo artigo 58, 2º, da consolidação das Leis do Trabalho, que constitui norma de ordem pública. Sua supressão mediante norma coletiva afronta diretamente normas legais de caráter cogente, porquanto caracteriza ofensa às condições mínimas de proteção ao trabalho asseguradas pela Lei Maior. Sua validade não encontra suporte, portanto, no artigo 7º, XXVI, da Constituição da República. (TST; AIRR 233/2008-094-03-40.7; 1ª. T.; Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa; DEJT 18/12/2009; Pág. 961)
PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE FUNDAMENTO Visa não apenas dar segurança ao trabalhador, como também trazer benefícios a própria empresa; Contribui para aumentar o lucro pela garantia doe manutenção de nível de consumo adequado. Contribui para garantir a livre e justa concorrencia PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE ALCANCE Existe preferência pelos contratos de duração indeterminada. Justifica Justifica-se: se: a) maior tendência a durar; b) o contrato de duração limitada prescinde da indenização por despedida e obriga mais o trabalhador, pois não existe possibilidade de denúncia.
PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS Nada constando, presume-se se que o contrato é de duração indefinida; Quando for de duração determinada, caso prorrogado, converte-se em indeterminado; Ocorrendo a sucessão ininterrupta de contrato determinado, configura-se em indefinido. PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE CARACTERÍSTICAS Permanência apesar da existência de cláusulas nulas; Permanência apesar da existência de violações; A A despedida como anomalia jurídica; Estabilidade.
PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE PERMANÊNCIA APESAR DA EXISTÊNCIA DE CLÁUSULAS NULAS Existindo cláusulas contrárias ao ordenamento jurídico, será preservado a relação, substituindo-se se a cláusula viciada; Reconhece Reconhece-se todos os direitos ainda que nascidos de um trabalho ilícito. PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE PERMANÊNCIA APESAR DA EXISTÊNCIA DE VIOLAÇÕES / NULIDADES Existindo inadimplemento ou violação por parte do empregador, cabe ao trabalhador optar pela continuidade do contrato ou pretender a caracterização da despedida indireta, invocando a culpa patronal.
PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE DESPEDIDA COMO ANOMALIA JURÍDICA Principal expressão deste princípio; Consiste na resistência a que o empregador possa romper o contrato por sua vontade exclusiva. PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE ESTABILIDADE Consiste no direito de não ser despedido arbitrariamente. O O empregador não tem o direito de despedir senão quando haja causa justificada.
PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE CLASSIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE Absoluta Absoluta: : determina a ineficácia da despedida e garante a reintegração efetiva; Relativa Relativa: : subdivide-se se em própria e imprópria. PRINCÍPIO DE CONTINUIDADE ESTABILIDADE RELATIVA Própria Própria: : considera nulo o ato da despedida, permanecendo intacta a relação contratual; Imprópria Imprópria: : não afeta a eficácia da despedida. Sanciona o inadimplemento contratual com indenizações administrativas.
Súmula 212, TST: O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Sucessão de empregador -Arts 10 e 448 da CLT: (alterações na estrutura jurídica da empresa ou na propriedade não afetam os direitos adquiridos nem os contratos individuais de trabalho) -Exceção: Lei 11.101/2005, art. 141, I: não haverá sucessão do arrematante
ADIn. 1721-3. Rel. Min. Ilmar Galvão Declarou a inconstitucionalidade do 2 o. do art. 453 da CLT, em 11.10.2006. Efeito Vinculante OJ-361 da SDI-I do TST: A aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de trabalho se o empregado permanece prestando serviços ao empregador após a jubilação. Assim, por ocasião da sua dispensa imotivada, o empregado tem direito à multa de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósitos efetuados no curso do pacto laboral. (DJ 20, 21 e 23.05.2008) PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE CARACTERÍSTICAS Estabelece a primazia dos fatos sobre as formas, as formalidades ou aparências; Entre o que ocorre no mundo real dos fatos efetivos e o mundo formal dos documentos deve prevalecer o primeiro;
verdade real > verdade formal contrato-realidade: a relação de trabalho se caracteriza não pelo ajuste de vontades, mas pelo fato em si (serviço prestado). Mário de La Cueva CASUÍSMOS: Súmula 12 do TST: As anotações apostas pelo empregador na CTPS do empregado não geram presunção juris et de jure, mas apenas juris tantum. Súmula 6, III, TST - Cargo x Função é irrelevante a denominação dos cargos Súm. 338, III, do TST: Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.
VÍNCULO DE EMPREGO. Contrato de fato. O contrato de trabalho na feliz assertiva de Mário de La Cueva, é um contrato realidade, posto que sua existência é determinada pelas condições reais em que os serviços são prestados e não pelo acordo abstrato de vontades, sendo por isso irrelevante o que tenham as partes pactuado expressamente, basta que tenha existido a prestação de serviços, a subordinação e a onerosidade. Ac. TRT 9a. Reg., 2a. T, RO 16172/94, Rel. Juiz Luiz Eduardo Gunther, DJ/PR 01/09/95, p. 32.