A Anestesia em Tempos de Crise: O Impacto da Troika na Anestesiologia

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Transcrição:

A Anestesia em Tempos de Crise: O Impacto da Troika na Anestesiologia Teresa Magalhães Tertúlias de Anestesia 29 de Outubro de 2011

Sumário ObjecCvo da Troika para a saúde Medidas da Troika com impacto Anestesia O que é a gestão O Departamento de Anestesiologia Custos e Proveitos

ObjecCvo Troika para a Saúde Aumentar a eficiência e a eficácia do sistema nacional de saúde, induzindo uma u"lização mais racional dos serviços e controlo de despesas; gerar poupanças adicionais na área dos medicamentos para reduzir a despesa pública com medicamentos para 1,25% do PIB até final de 2012 e para cerca de 1% do PIB em 2013 (em linha com a média da UE); gerar poupanças adicionais nos custos operacionais dos hospitais Memorando da Troika, Maio 2011

Medidas da Troika para a Saúde - impacto na gestão de um Departamento de Anestesiologia 3.57. Melhorar o sistema de monitorização da prescrição de medicamentos e meios de diagnóscco e pôr em prácca uma avaliação sistemá"ca de cada médico em termos de volume e valor, em comparação com normas de orientação de prescrição e de outros profissionais da área de especialização (peers)... Memorando da Troika, Maio 2011

Medidas da Troika para a Saúde - impacto na gestão de um Departamento de Anestesiologia 3.59. Estabelecer regras claras de prescrição de medicamentos e de meios complementares de diagnós"co e terapêu"ca (orientações de prescrição para os médicos), baseadas nas orientações internacionais de prescrição. Memorando da Troika, Maio 2011

Protocolo de colaboração entre DGS e Ordem dos Médicos As normas e as orientações clínicas que a Direcção- Geral da Saúde emite, como órgão central do Ministério da Saúde com competência técnica para o fazer, serão elaboradas, pela primeira vez, com a par"cipação formal da Ordem dos Médicos, de modo a que as afirmações nelas concdas sejam o produto da melhor compilação da evidência médica. É muito mais do que alguma vez foi feito anteriormente. Portal da Saúde em 05-09- 2011: hbp://www.min- saude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/ministerio/comunicacao/discursos+e +intervencoes/protocolo+om.htm

Normas DGS

Medidas da Troika para a Saúde - impacto na gestão de um Departamento de Anestesiologia 3.81.... Adoptar para todo o pessoal (incluindo médicos) horários flexíveis, de modo a reduzir em pelo menos 10% as despesas com horas extraordinárias em 2012 e 10% adicionais em 2013. Implementar um controlo mais rigoroso das horas de trabalho e das accvidades dos profissionais nos hospitais Memorando da Troika, Maio 2011 8

Horários Circular da ACSS nº 21, de 13/05/2011 organização do tempo de trabalho médico hospitalar 1 Os horários devem ser programados de forma racional, de modo a conseguir- se um máximo aproveitamento dos meios humanos disponíveis, visando a mais eficiente cobertura médica dos serviços; 2 - O período normal de funcionamento dos hospitais decorre entre as 8 e as 20 horas, de 2ª a 6ª feira, com excepção das accvidades hospitalares que devam estar submecdas a regime de laboração cononua; 7 - O trabalho médico durante o período normal de funcionamento deve ser sujeito a desfasamento para garancr a cobertura assistencial entre as 8 e as 20 horas, de 2ª a 6ª feira, devendo, quando necessário, ser acautelado um período de sobreposição de horários. Controlo de assiduidade com recurso a sistemas de informação

Medidas da Troika para a Saúde - impacto na gestão de um Departamento de Anestesiologia 3.76. Assegurar a plena interoperabilidade dos sistemas de tecnologias de informação nos hospitais 3.82. Finalizar a criação de um sistema de registos médicos electrónicos dos doentes. Memorando da Troika, Maio 2011 10

Evolução dos custos - CHS!" 120 000 000 110 000 000 100 000 000 90 000 000 80 000 000 70 000 000 60 000 000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Custos

O que é a gestão É geralmente definida como um processo com uma componente interpessoal e técnica cujo objeccvo é a transformação de recursos humanos e materiais e de tecnologias em resultados Planear Controlar Organizar Liderar In Vasco Reis, Gestão em Saúde: um espaço de diferença, ENSP, 2007

O Departamento de Anestesiologia BO Unidade Dor Departamento Anestesiologia UCI Consultas UCPA

O Departamento de Anestesiologia - característica Recursos Humanos diferenciados Procedimentos diferenciados Custos/proveitos próprios Instalações e equipamento específico 14

O Departamento de Anestesiologia Como está estruturado? Hospital de dia (Unidade de Dor) Consultas externas (Anestesia, Unidade de Dor) Internamento (Anestesia e Unidade de Dor, colaborando com os restantes serviços hospitalares BO -, UCI e UCPA) Cirurgia de Ambulatório 15

Intervenção do Departamento no circuito do doente pré e pós cirurgia ex catarata Proveito consultas cir A n Pré- op VPA Proveito: Internamento GDH 2821 Ambulatório GDH 1167 Per- op Anestesia para cirurgia Dor aguda Pós- Op Consulta Internamento Exames Pré- operatórios: Rx Tórax Eletrocardiograma Ecocardiograma Análises (hemograma + bioquimica Medicação Acto operatório Medicação consumíveis Medicação 79 Custo: internamento 920 Ambulatório - 337

Os proveitos financiamento 2010 1º ex Linhas de Produção Contratualização SNS (Contrato-Programa) Subsistemas (seguros) (Portaria 839-A/2009) Consultas Varia por nível de hospital 1as - 77 / 2as 70 30 e MCDT s Hospital de Dia da Dor 0 Facturado por acto ao preço da portaria Internamento Exemplo: Procedimentos no cristalino, com ou sem vitrectomia GDH 39 num H. Distrital Cir. Ambulatório GDH 39 num H. Distrital Preço base GDH contratualizado * ICM *DE 1936,91 * 1,5171 = 2938 Preço base GDH contratualizado * ICM 1936,91 * 0,6026 = 1167 Custo da cirurgia: Internamento 920 ; Ambulatório 337 GDH Grupo de Diagnóstico Homogéneo PR Peso relativo ICM Índice de case-mix do hospital DE Doente Equivalente Preço da portaria 1 dia 1 777,54 Preço da portaria 1 777,54

Os proveitos financiamento 2010 2º ex Linhas de Produção Contratualização SNS (Contrato-Programa) Subsistemas (seguros) (Portaria 839-A/2009) Consultas Varia por nível de hospital 1as - 77 / 2as 70 30 e MCDT s Hospital de Dia da Dor 0 Facturado por acto ao preço da portaria Internamento Exemplo: Implantação de Neuroestimulador - GDH 837 num H. Distrital Cir. Ambulatório GDH 837 num H. Distrital Preço base GDH contratualizado * ICM *DE 1936,91 * 1,5171 = 2938 Preço base GDH contratualizado * ICM 1936,91 * 0,6026 = 1167 Custo do aparelho entre 11.000 e 13.000 GDH Grupo de Diagnóstico Homogéneo PR Peso relativo ICM Índice de case-mix do hospital DE Doente Equivalente Preço da portaria 1 dia - 8.840,01 Preço da portaria 6.471,33

Os proveitos financiamento 2011 Linhas de Produção Contratualização SNS (Contrato-Programa) Subsistemas (seguros) (Portaria 839-A/2009) Consultas Varia por nível de hospital 1as 73,92 / 2as 67,2 30 e MCDT s Hospital de Dia da Dor 0 Facturado por acto ao preço da portaria Internamento Exemplo: Procedimentos no cristalino, com ou sem vitrectomia GDH 39 num H. Distrital Cir. Ambulatório GDH 39 num H. Distrital Preço base GDH contratualizado * ICM *DE 1859,43 * 1,5171 = 2821 Preço base GDH contratualizado * ICM 1859,43 * 0,6026 = 1120 Custo da cirurgia: Internamento 920 ; Ambulatório 400 GDH Grupo de Diagnóstico Homogéneo PR Peso relativo ICM Índice de case-mix do hospital DE Doente Equivalente Preço da portaria 1 dia 1 777,54 Preço da portaria 1 777,54

Custos como se dividem Custos operacionais/directos decorrentes da accvidade directa da prestação ao doente: Recursos Humanos/prestação de serviços Consumo Clínico Medicamentos Exames Custos indirectos (água, luz, telefone, por exemplo)

Custos Peso do Departamento Dep Anestesia Custos Indirectos 795 451

Custos / Proveitos - objectivo Manter produção/qualidade reduzindo custos maior eficiência Actuar nas áreas de maior despesa (quais?) Evitar desperdícios (onde estão?) Monitorizar e controlar gastos (como?) Utilização mais racional dos serviços e controlo de despesas 22

Maior eficiência sem reduzir qualidade Driver Recursos Humanos Reformular equipas e horários Redistribuição geográfica recursos Reduzir horas extra horários flexíveis Integrar equipas com funções semelhantes Evitar desperdícios Participação activa dos profissionais em articulação com os gestores acções de emagrecimento dos processos (Lean) Monitorizar e controlar gastos Melhores sistemas de informação Reporting de curta periodicidade ao DS Mais benchmarking onde podemos obter ganhos? Normas de orientação clínicas Sistemas que controlem os gastos por doente Reporting de custos por intervenção 23

Como gerir? "Não se pode gerir o que não se pode medir Estabelecer objectivos sustentáveis e controlar o seu progresso (produção; custos; proveitos) Envolver as chefias para a importância de uma gestão equilibrada financeiramente Assegurar o correcto registo de toda a actividade

A Anestesia em Tempos de Crise: O Impacto da Troika na Anestesiologia Discussão... Teresa Magalhães