A SISTEMATIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS NOS ESPORTES COLETIVOS: A CONCEPÇÃO DE DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR

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Transcrição:

A SISTEMATIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS NOS ESPORTES COLETIVOS: A CONCEPÇÃO DE DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR Osmar Souza Júnior Fernanda Impolcetto Valéria Maciel Heitor Rodrigues Laércio Iório Luciana Venâncio Telma Gaspari Luís Fernando Rosário Aline di Thomazzo Janaína Terra André Barros Gisely Fontalva Carolina Strausser Sá Ana Cristina Bonfá Suraya Darido 1. Introdução Uma das questões que o grupo Letpef 1 tem discutido e pesquisado com certa freqüência refere-se à necessidade da elaboração de referenciais que possibilitem uma seleção e organização dos conteúdos a serem trabalhados na Educação Física escolar que atendam às necessidades da educação dos dias de hoje que busca a formação de cidadãos críticos e atuantes na sociedade. O grupo considera extremamente relevante proporcionar aos professores subsídios que sustentem sua prática pedagógica de maneira objetiva. Durante este estudo estaremos discutindo a sistematização dos esportes coletivos 2. Segundo Tubino (2001) e Tubino et all (2000), o Esporte pode ser classificado sob três aspectos de sua manifestação: o esporte-participação; o esporte-performance ou de rendimento, e o esporte-educação. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) incluem os esportes dentro de seus blocos de conteúdos da Educação Física, compondo por meio destes blocos um conjunto de conhecimentos classificado como cultura corporal do movimento. De acordo com Darido (2003), na década de 1970 a Educação Física passou a ser sinônimo de esporte, passando a ser questionado seu caráter de rendimento apenas no final da década de 80 quando surgem novas abordagens pedagógicas na área. Entretanto, Venâncio et all (2003) admitem que estas contestações não repercutem na prática pedagógica, predominando ainda para muitos profissionais a visão esportivista onde este conteúdo é trabalhado de uma maneira mecanicista/ tecnicista (Kunz, 1991), e não na sua totalidade. Assim como Rangel-Betti (1995) destacamos que criticar o esporte não significa negá-lo. Uma possibilidade de se ampliar o significado do esporte é trabalhá-lo em suas dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais, como sugere Zabala (1998). A categoria conceitual refere-se à abordagem de conceitos, fatos e princípios relacionados ao esporte. A categoria procedimental expressa um saber fazer ; tomar decisões e construir instrumentos para analisar

processos e resultados obtidos. Já a categoria atitudinal refere-se a normas e regras que orientam padrões de conduta e valores que possibilitam fazer juízo crítico. 1.2. Objetivo A preocupação do presente trabalho foi verificar qual a concepção que alguns professores que trabalham com as modalidades esportivas coletivas futebol, voleibol, basquetebol e handebol no Ensino Superior possuem a respeito da sistematização desses conteúdos ao longo do Ensino Fundamental e Médio. 2. Metodologia O presente estudo consiste em uma pesquisa qualitativa baseada na aplicação de questionários semi-estruturados a professores de instituições de Ensino Superior 3 que são ou já foram responsáveis pelas disciplinas futebol, voleibol, basquetebol e handebol. O questionário contemplava as opiniões com relação a quais conteúdos os alunos devem aprender e como estes conteúdos podem ser organizados ao longo da escolaridade, além da questão da existência ou não de conteúdos considerados pré-requisitos para a aprendizagem de outros 4. 3. Resultados e discussão 3.1. Voleibol 5 Os resultados indicam que da 1ª à 4ª série o ensino deva se centrar nas habilidades motoras básicas, priorizando o rebater, além da utilização de brincadeiras com bola de vôlei e o mini-vôlei. Com relação aos conceitos sugere-se a abordagem da história da modalidade e a utilização de vídeos de jogos. Já a dimensão atitudinal deve favorecer o desenvolvimento da cooperação, socialização, respeito e disciplina. Os professores apontam que na 5ª e 6ª séries deve-se priorizar os fundamentos básicos (saque, manchete e toque) e o sistema 6X0 ou o mini-vôlei ao invés do jogo propriamente dito, como sugere um dos participantes. Do ponto de vista conceitual indica-se o ensino das regras da modalidade abordando a evolução e mudança das mesmas. As atitudes a serem desenvolvidas referem-se à cooperação, respeito e disciplina. Na 7ª e 8ª séries incluem-se os fundamentos ataque, bloqueio, saque por cima e defesa, além dos sistemas 6X0 e 4X2, repetindo-se os conteúdos atitudinais e conceituais do ciclo anterior. Enfim, para o Ensino Médio recomenda-se a inclusão do sistema 5X1 e movimentações técnicas e táticas mais avançadas. Com relação aos conceitos recomenda-se as discussões sobre o jogo e suas influências políticas, sociais e econômicas. Quanto às atitudes prioriza-se a valorização da personalidade dos alunos, da cooperação e tomada de decisão. Com relação à questão dos conteúdos pré-requisitos, os professores apontam a importância de se entender a dinâmica do jogo antes de se aprender a técnica e de se partir das habilidades motoras básicas para posteriormente aprender as técnicas específicas que também devem obedecer, assim como os sistemas, a lógica seqüencial do simples para o complexo. 3.2. Basquetebol 6 No primeiro segmento do Ensino Fundamental, recomenda-se o ensino dos 6 fundamentos relacionados à modalidade (dominar o corpo, a bola, driblar, passar, arremessar e pegar o rebote), enfatizando-se o domínio de corpo e de bola na 1ª e 2ª séries e situações ligadas ao passe, recepção e drible na 3ª e 4ª séries. Já na 5ª e 6ª séries enfatiza-se as finalizações, rebotes e

sistemas, finalizando o trabalho no Ensino Fundamental com as ações e os fundamentos específicos do basquetebol na 7ª e 8ª séries. Com relação ao Ensino Médio, se no Ensino Fundamental o aluno aprender, conhecer e vivenciar determinadas práticas na modalidade, possibilita-se trabalhar com a modalidade em situações mais complexas do ponto de vista técnico e tático adquirindo autonomia. Os professores reconhecem ainda a importância de se trabalhar o relacionamento entre os alunos e de se ensinar mais do que o simples gesto técnico a conhecer o basquete, sendo que um dos participantes destaca 4 pontos que devem ser levados em conta no planejamento: inclusão, cooperação, diversificação e autonomia. Reconhecem também a importância de se utilizar a mídia por meio de discussões de filmes, análise de atitudes de atletas, além da inclusão do ensino das regras da modalidade de forma contextualizada historicamente. Quanto aos pré-requisitos os professores apontam para uma elevação progressiva do grau de complexidade que ocorre de forma natural, sem necessariamente haver conteúdos que possam ser considerados como pré-requisitos. 3.3. Futebol 7 Durante o 1 segmento de 1ª à 4ª série - do Ensino Fundamental entre as sugestões apontadas, podemos destacar a ênfase no desenvolvimento de atividades de bola com os pés e jogos com regras simplificadas em pequenos grupos. Quanto à dimensão conceitual, um dos colaboradores indica pesquisas e atividades que envolvam a história, os principais jogadores e equipes de futebol e a importância de suas regras e adaptações do jogo. Do ponto de vista atitudinal indica-se o desenvolvimento da cooperação, respeito e socialização. Na 5ª e 6ª séries, os fundamentos básicos do futebol assim como a dinâmica do jogo e táticas podem ser desenvolvidos por meio de jogos da cultura popular. Quanto à dimensão conceitual, recomenda-se que se discuta a história do futebol e das Copas analisando suas interfaces aproveitando oportunidades interdisciplinares e questões de gênero, além das regras. Deve-se valorizar ainda o trabalho em grupo, o respeito, a disciplina, a cooperação e o desenvolvimento afetivo e cognitivo. Na 7ª e 8ª séries podem ser feitas pesquisas sobre ex-jogadores, enquanto na prática o objetivo volta-se para o desenvolvimento da lógica e da tática do jogo. No Ensino Médio, sugere-se relacionar a prática do futebol com aspectos políticos, sociais e econômicos, e como utilizar o futebol para o lazer e a saúde. No aspecto procedimental a ênfase recai sobre a tática, dos posicionamentos e regras do jogo de forma aprofundada. Formação da personalidade, liderança, tomada de decisão e responsabilidades sobressaem-se entre os conteúdos atitudinais. Dentre as estratégias apontadas por um dos professores podemos destacar a utilização de vídeos (como o filme Boleiros ) e a realização de debates sobre questões polêmicas. Com relação à existência de pré-requisitos, um dos professores admite que inicialmente deve-se desenvolver a coordenação motora geral, posteriormente o trabalho volta-se para atividades com bola visando uma adaptação ao material, para em seguida desenvolver os fundamentos específicos, as regras do jogo e finalmente as táticas. 3.4. Handebol 8 Apesar de divergirem com relação à duração dos ciclos de ensino, ambos conjugam a idéia de que nas séries iniciais - 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental - os alunos devem vivenciar habilidades mais gerais, como correr, saltar, arremessar, driblar, através de pequenos jogos. Com relação aos conceitos os professores sugerem o trabalho do valor do gol, o que é brincadeira e o

que é jogo, em uma linguagem simples. Na dimensão atitudinal deve-se desenvolver o respeito, a cooperação, tolerância e autonomia através da modificação e construção de novas regras nas brincadeiras e jogos, como salientou um dos professores. Nas séries seguintes - 5ª e 6ª - os professores apontam para aprendizagem de habilidades não tão especificas da modalidade, mas que sejam comum a vários jogos esportivos, como jogar sem bola, ataque/defesa e troca de marcação. Na dimensão conceitual indica-se o ensino das regras, espaços físicos, o que é esporte e o que é handebol. Com relação às atitudes atentar para diversidade e a não-exclusão. Para o último ciclo do Ensino Fundamental - 7ª e 8ª séries - os professores sugerem a aprendizagem técnico-tática do handebol, através de jogos e exercícios que dão ênfase aos arremessos, recepção, passe, bloqueio, sistemas defensivos e combinações ofensivas. Sobre os conceitos propõem-se o ensino da história do handebol e suas regras oficiais. Na dimensão atitudinal deve-se preocupar com o ensino das diferenças entre violência e contato físico, aprender a ouvir orientações e conversar com os colegas dentro de quadra. Já no Ensino Médio os professores recomendam a aprendizagem de elementos técnicotáticos mais complexos, como coberturas, variações de passes conforme a defesa e reposição de bola. Para a dimensão conceitual propõem discussões sobre o handebol na mídia, lesões comuns no handebol, a diferença entre alto nível e lazer, e como são as bases ofensivas mais complexas. 4. Considerações finais Por meio dos resultados apresentados podemos inferir que existe uma lógica na organização dos conteúdos durante a Educação Básica para o trabalho com os esportes coletivos. As respostas dos professores, em geral, indicam que durante o 1 segmento do Ensino Fundamental deve-se priorizar as habilidades motoras básicas, ficando os fundamentos esportivos específicos voltados para o 3 e 4 ciclos do Ensino Fundamental, com uma maior ênfase nos sistemas de jogo a partir do 4 ciclo (7ª e 8ª séries). Já no Ensino Médio a ênfase é dada nos sistemas, técnicas e situações específicas de cada modalidade com um grau maior de complexidade. Analisamos como extremamente significativa e relevante a afirmação de um dos professores que aponta para a necessidade de se conhecer a dinâmica do jogo (neste caso extrapolamos para qualquer uma das modalidades) antes de se desenvolver trabalhos com os fundamentos técnicos. Acreditamos que esta contextualização trará um maior significado à aprendizagem das técnicas. Dentro da mesma perspectiva um dos professores aponta ainda para a necessidade dos alunos entenderem o porquê das regras de uma determinada modalidade. Podemos concluir ainda que os conteúdos procedimentais representam o foco maior da sistematização elaborada por nossos colaboradores, que, contudo, reconhecem a importância de se ensinar conteúdos conceituais, especialmente aqueles relacionados à história e regras dos esportes, e dos atitudinais desenvolvendo valores como o respeito, a cooperação, a disciplina e outros. Os autores, Osmar Souza Júnior, Fernanda Impolcetto, Valéria Maciel, Heitor Rodrigues, Laércio Iório, Luciana Venâncio, Telma Gaspari, Luís Fernando Rosário, Aline di Thomazzo, Janaína Terra, André Barros, Gisely Fontalva, Carolina Strausser Sá, Ana Cristina Bonfá e Suraya Darido são do LETPEF do Departamento de Educação Física da UNESP-Rio Claro. Notas: 1 O presente trabalho foi desenvolvido pelo grupo de estudos LETPEF (Laboratório de Estudos e Trabalhos Pedagógicos em Educação Física) coordenado pela professora doutora Suraya Cristina Darido, sediado no Departamento de Educação Física da Unesp, campus de Rio Claro, estado de São Paulo.

2 O presente estudo consultou alguns professores de Instituições de Ensino Superior buscando subsídios para a organização dentro dos programas de Educação Física escolar de alguns conteúdos que o grupo Letpef considerou importantes no desenvolvimento destas aulas. Devido às dificuldades encontradas para contatar professores de algumas áreas, nem todas acabaram fazendo parte dos resultados deste estudo. O grupo optou por apresentar os resultados da pesquisa em 4 diferentes estudos. Neste estudo, estaremos tratando especificamente dos esportes coletivos (futebol, voleibol, handebol e basquetebol). 3 Os questionários foram enviados a 22 professores por e-mail ou contatos pessoais, sendo que apenas 10 responderam às questões. Com base nos resultados obtidos foi feita uma análise específica de cada um dos esportes coletivos, possibilitando a apresentação de uma síntese das sugestões destes docentes com relação à organização destes conteúdos na Educação Básica. 4 Em sua estrutura, o questionário oferecia a possibilidade do docente responder às questões de sistematização por meio de um quadro que categorizava os conteúdos em atitudinais, conceituais e procedimentais e se subdividia por ciclos da Educação Básica ou de optar por responder de forma aberta a estas questões. 5 O questionário da modalidade voleibol foi enviado por e-mail ou contato pessoal a 7 professores do Ensino Superior, dos quais, 4 responderam. 6 O questionário da modalidade basquetebol foi enviado por e-mail para 6 professores do Ensino Superior, dos quais apenas 2 responderam. 7 Com relação ao conteúdo futebol foram contatados 4 professores, dos quais apenas 2 responderam ao questionário. 8 O questionário da modalidade de handebol foi enviado por e-mail a 5 professores do Ensino Superior, sendo que apenas dois foram respondidos. Referências bibliográficas BRASIL. Ministerio da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. DARIDO, S.C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. RANGEL-BETTI, I. C. Esporte na escola: mas é só isso, professor? Motriz. v. 1, n.1, jun. p. 25-31, 1995. TUBINO, M.J.G. et all. Telecurso 2000 Educação para o Esporte. São Paulo: Editora Globo, 2000. TUBINO, M.J.G. Dimensões sociais do esporte. São Paulo: Cortez, 2001. VENÂNCIO, L. et alli A realidade dos professores de Educação Física na escola: suas dificuldades e sugestões. In: VII Seminário de Educação Física Escolar. São Paulo: USP, 2003, p. 54. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998.