Cobertura vacinal contra a Hepatite B dos profissionais de saúde do Centro de Saúde de Queluz

Documentos relacionados
Palavras-chave: Hepatite viral humana; Vigilância epidemiológica; Sistemas de informação; Saúde pública.

Área de Intervenção: Detecção Precoce e Prevenção do VIH e SIDA e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).

Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

Vacina Anti-Hepatite B

AVALIAÇÃO DA IMUNIDADE PARA INFECÇÕES DE TRANSMISSÃO VERTICAL NA POPULAÇÃO DE MULHERES DA MATERNIDADE

SITUAÇÃO VACINAL, IMUNIDADE E CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM SOBRE HEPATITE B

Vacinação contra HPV nos rapazes

DELINEAMENTO DA COBERTURA DE IMUNIZAÇÕES CONTRA O PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV)

Programa Nacional de Vacinação (PNV) Avaliação 2013

DISTRIBUIÇÃO DA HEPATITE B NA PARAÍBA: ANÁLISE DOS CASOS NOTIFICADOS PELO SINAN

6.3. INFECÇÃO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA Introdução

Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais

Nara Rubia Borges da Silva Vitória Maria Lobato Paes

Acidentes Ocupacionais com Material Biológico

Regina Helena Santos Amaral Dias

HEPATITE B: Diagnóstico e Prevenção - Adesão dos acadêmicos à investigação da soroconversão Uma avaliação de 10 anos de atividade

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical

UNIVERSIDADE PAULISTA CENTRO DE CONSULTORIA EDUCACIONAL DELANE CRISTINA DA SILVA AVALIAÇÃO CITOLÓGICA DO PAPILOMAVÍRUS HUMANO-HPV

TAXA DE COBERTURA VACINAL COM IMUNIZAÇÃO PARA O VÍRUS DA HEPATITE B

A vacinação HPV em Portugal

Qual impacto da vacina na diminuição da incidência de condilomatose e alterações citológicas?

VACINANDO O PROFISSIONAL DE SAÚDE. Luciana Sgarbi CCIH - FAMEMA

INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C EM CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS EM GOIÂNIA, GOIÁS

Study of Personal Dosimetry Efficiency in Procedures of Abdominal Aortic Aneurism in Interventional Radiology

CAPÍTULO 1 PLANO DE AVALIAÇÃO 2005

Semana Europeia da Vacinação (24 Abril 1 Maio 2010)

12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

MANEJO HEPATITES VIRAIS B/C

ANEXO I PLANO DE AVALIAÇÃO REGIÃO CENTRO

doi: / v58n3p

VACINAÇÃO CONTRA A GRIPE SAZONAL AVALIAÇÃO DA ÉPOCA 2005/2006

I Dados epidemiológicos e de cobertura vacinal

Pandemia de Gripe, Lições em Saúde Pública. Margarida Tavares

Vacinas contra HPV: recomendações

UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO Faculdade de Medicina. Acadêmicas do 2º ano Priscilla Maquinêz Veloso Renata Maia de Souza

25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas

HEPATITE B INTRODUÇÃO À PATOLOGIA

VACINAÇÃO CONTRA A GRIPE SAZONAL AVALIAÇÃO DA ÉPOCA 2009/2010

GRAVIDEZ E INFECÇÃO VIH / SIDA

Doença meningocócica pelo serogrupo C e estratégia vacinal

O consumo de álcool por estudantes do ensino médio da cidade de Maringá-Pr: relações com os aspectos sociodemográficos

Índice. Índice... ii Sumário... iii Abstract... v

SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA E DA SIDA NA REGIÃO NORTE DE PORTUGAL EM DEZEMBRO DE 2003

Hepatites. Introdução

A PREVENÇÃO. faz a diferença CANCRO DO COLO DO ÚTERO. #4 Junho de 2016 Serviços Sociais da CGD

As vacinas na prevenção das IACS

CLASSIFICAÇÃO GOLD E SINTOMAS RESPIRATÓRIOS EM IDOSOS ESTUDO GERIA

Avaliação do Programa Regional de Vacinação a 31/12/2016

Acidentes Ocupacionais com Material Biológico

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM HIV NO BRASIL NA DÉCADA

Riscos Biológicos. Acidente Ocupacional com Material Biológico. HIV, HCV e HBV

Método epidemiológico aplicado à avaliação de intervenções (ênfase em vacinas)

8. DETERMINANTES DA SAÚDE

Carla A. S Domingues. Coordenadora Geral do Programa Nacional de Imunizações

DOENÇA MENINGOCÓCICA EM PORTUGAL:

Vacina Tríplice (DTP Acelular) Contra - Difteria/Tétano/Coqueluche

EXCELÊNCIA NA VACINAÇÃO

Resiliência e burnout em trabalhadores de enfermagem

Custo Benefício Tratar F0-F1

1º ENCONTRO DOS INTERLOCUTORES. Clínica, Epidemiologia e Transmissão Hepatite B e C. Celia Regina Cicolo da Silva 12 de maio de 2009

RESUMO OBESIDADE E ASMA: CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE UMA ASSOCIAÇÃO FREQUENTE. INTRODUÇÃO: A asma e a obesidade são doenças crônicas com

Análise de custo-efetividade regional da vacinação universal infantil contra hepatite A no Brasil

PROJECTO HIDIA HIPERTENSÃO DIA A DIA: CONTROLO DA HTA

DISTRIBUIÇÃO DA HEPATITE B NA PARAÍBA: ANÁLISE DOS CASOS NOTIFICADOS PELO SINAN NO ANO DE 2015

REGIÃO CENTRO. PROGRAMA NACIONAL DE VACINAÇÃO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA COBERTURA VACINAL ANO 2008 e TRIÉNIO

Notificações da Hepatite B no Estado da Bahia, Brasil

Idosos Ativos, Idosos Saudáveis

Estudo comparativo de alguns indicadores em municípios do Estado de São Paulo segundo a implantação do Saúde da Família *

Revista Brasileira de Saúde Ocupacional ISSN: Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA CABO VERDE. Avaliação da Cobertura Vacinal Contra o Sarampo e a Rubéola, de Outubro de 2013.

Julian Perelman Escola Nacional de Saúde Pública

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE NATÁLIA DI GIAIMO GIUSTI PERFIL SOROLÓGICO PARA HEPATITE B EM EXAMES ADMISSIONAIS NO IAMSPE

Brasil vai incluir meninos na vacinação contra HPV

Cuidados Paliativos no AVC em fase aguda

Palavras chaves: Taxa de mortalidade; Câncer de tireoide; Brasil Sudeste. Keywords: Mortality rate; Thyroid cancer; South East Brazil.

Prevalência da Asma em Portugal:

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HEPATITE A NOTIFICADOS EM UM ESTADO NORDESTINO

TROCANDO IDÉIAS XX 16 e 17 de junho de 2016 Windsor Flórida Hotel - Rio de Janeiro - RJ

Estudo da mortalidade por Diabetes Mellitus em Portugal

Colaborar: Missão impossível? Lições da área da saúde mental. José Miguel Caldas de Almeida 17 de Janeiro de 2017

Programa de Luta contra a Tuberculose na região de saúde do Norte. Caracterização da Utilização dos Testes IGRA 2010

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 821/XIII/2.ª MEDIDAS PARA AUMENTAR A COBERTURA VACINAL EM PORTUGAL

INCIDÊNCIA DE NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO EM PEDIATRIA

Imunização. Prof. Hygor Elias. Calendário Vacinal da Criança

Existem, atualmente, em todo o mundo, cerca de 350 milhões

O CLINICO GERAL E A SUA INTERFACE COM O PEDIATRA. Luis Bernardino 8 de Novembro de 2017

BIBLIOGRAFIA. Babor, T. e Higgins-Biddle, J. (2001). BRIEF INTERVENTION For Hazardous and Harmful Drinking. A Manual for Use in Primary Care. WHO.

Epidemiologia. Tipos de Estudos Epidemiológicos. Curso de Verão 2012 Inquéritos de Saúde

JADIR RODRIGUES FAGUNDES NETO Gerência DST-AIDS e Hepatites virais

O Risco de morrer por doença crónica em Portugal de 1980 a 2012: tendência e padrões de sazonalidade

Baltazar Nunes, Mafalda Sousa Uva, Rita Roquette, Teresa Contreiras e Carlos Matias Dias

Pé Diabético Epidemiologia Qual a dimensão do problema?

Inquérito epidemiológico *

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

ADESÃO A TRIAGEM TUBERCULINICA E AO ACOMPANHAMENTO CLINICO ENTRE PROFISSIONAIS DE LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA EM MATO GROSSO DO SUL

Vacina contra HPV no SUS Esquema vacinal e adesão?

AVISO N.º 13/2016 NÚCLEO DE GESTÃO DOS PROGRAMAS DE APOIO FINANCEIRO

Revista de Saúde Coletiva da UEFS

Transcrição:

628 Cobertura vacinal contra a Hepatite B dos profissionais de saúde do Centro de Saúde de Queluz Joana Severo de Almeida,* Susana Gomes* RESUMO Introdução: A Hepatite B é uma importante causa de morbilidade e mortalidade a nível mundial, existindo transmissão relacionada com exposição ocupacional.a vacinação contra a hepatite B induz protecção elevada, encontrando-se incluída no Plano Nacional de Vacinação e prevista para grupos de risco, nomeadamente para os profissionais de saúde. Objectivo: Determinar a prevalência da vacinação contra a Hepatite B nos profissionais de saúde do Centro de Saúde de Queluz. Tipo de estudo: Descritivo, transversal, observacional. Local: Centro de Saúde de Queluz População: Profissionais de saúde pertencentes a grupos de risco Métodos: Os dados foram obtidos através do Sistema de Informação para as Unidades de Saúde (SINUS) ou da consulta directa do Boletim Individual de Saúde e na ausência destes por inquérito aos profissionais. Foram consideradas as variáveis - sexo, idade, profissão, estado vacinal relativamente à hepatite B. Resultados: A população foi constituída por 132 indivíduos, obtendo-se resultados respeitantes a 104 indivíduos. Entre estes, 81,7% apresentaram vacinação completa, 5,8% incompleta e 12,5% não apresentaram qualquer vacinação. Apresentaram uma vacinação completa 92,1% dos enfermeiros, 79,7% dos médicos e 42,9% dos auxiliares. Os auxiliares de acção médica foram o grupo com maior percentagem de ausência de vacinação 28,6%, seguidos dos médicos 16,9% e dos enfermeiros 2,6%. Conclusões: Será importante avaliar se estes dados revelam, efectivamente, baixas taxas de cobertura vacinal contra a hepatite B nos profissionais de saúde, alargando este estudo a outros profissionais de outros centros de saúde. Dada a indicação clara no sentido da vacinação destes profissionais, poder-se-á actuar junto dos indivíduos não vacinados de modo a veicular informação de forma perceptível, enfatizando os benefícios obtidos com a prevenção primária. Contudo, deverá ser ponderada a possibilidade de realização de futuros estudos, no sentido de avaliar os motivos que levam a esta não vacinação. Palavras-Chave: Vacinação; Hepatite B; Profissionais de Saúde. INTRODUÇÃO Ahepatite B é uma importante causa de morbilidade e mortalidade a nível mundial, dada a sua tendência para causar infecção persistente, hepatite crónica e a possibilidade de evolução para carcinoma hepatocelular. 1,2 A incidência desta neoplasia, na Europa, em indivíduos com cirrose, é de 2 a 6%/ano ao fim de cinco anos de doença. 3 *Assistente Eventual de Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde de Queluz Unidade de Saúde Familiar de Mactamã Estima-se que exista seropositividade para a hepatite B, fora de um contexto de vacinação, em cerca de um terço da população mundial. 2,3 Na Europa Ocidental observa-se uma prevalência de Hepatite B de 2% a 7% existindo, na região sul da Europa, uma incidência anual aproximada de 6%. 3,4 Portugal é um país de endemicidade baixa a intermédia, com cerca de 1,4% de portadores crónicos. 3 Nos Estados Unidos da América (EUA) foram identificados, entre 1984 e 1993, 53.000 novos casos, entre os quais 8.000 eram relacionados

629 com exposição ocupacional. 5 A infecção pelo Vírus da Hepatite B (VHB) resulta da exposição percutânea e das mucosas a sangue e outros fluidos orgânicos nomeadamente esperma, saliva, suor ou leite de indivíduos infectados. Apresenta diversas vias de transmissão, sendo as mais frequentes a parentérica, a sexual e a vertical. 2,3,6,7 Existe ainda a possibilidade de transmissão através de fluidos orgânicos como por exemplo a saliva, suor, leite, que contêm grandes quantidades de partículas de AgHbs, embora poucas partículas víricas infecciosas, reduzindo assim o risco de transmissão. 3,7 A hepatite B pode ser prevenida através de medidas específicas como a imunização. 8 A vacina contra a hepatite B tem eficácia e segurança elevadas, apresenta um elevado poder imunogénico e induz protecção em cerca de 90% a 97% dos indivíduos vacinados. 1,2 Em Janeiro de 2000, a vacinação contra a hepatite B foi incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV) sendo, desde então, administrada a todos os recém- -nascidos e a todos os jovens dos 10 aos 13 anos. Além da vacinação universal está ainda indicada a vacinação de grupos de risco, entre os quais destacamos o pessoal dos serviços de saúde, excluindo os que têm tarefas exclusivamente administrativas. 9 Em estudos efectuados, observou-se uma prevalência de vacinação entre profissionais de saúde variável, existindo em Portugal um estudo que refere haver, entre médicos de uma instituição Centro de Saúde de Sete Rios, uma prevalência de vacinação de 53%, embora esta fosse superior noutros grupos profissionais, 10 situação também evidenciada noutros estudos fora da realidade portuguesa. 11 Estes dados chamam a atenção para a eventual necessidade de acções de sensibilização junto dos grupos profissionais referidos. Este estudo tem como objectivo determinar a prevalência da vacinação contra a hepatite B nos profissionais de saúde do Centro de Saúde de Queluz. MÉTODOS Foi realizado um estudo descritivo, transversal e observacional, em todos os profissionais de saúde a exercer funções no Centro de Saúde de Queluz médicos, enfermeiros e auxiliares de acção médica, pelo que não foi criada amostra. As variáveis estudadas foram o sexo, a idade, a profissão, o estado vacinal relativamente à hepatite B. O estado vacinal foi operacionalizado da seguinte forma: Vacinação completa Três ou mais doses, de acordo com o esquema vacinal previsto no PNV. Não vacinado Nunca efectuou nenhuma dose. Vacinação incompleta Situações não incluídas nas outras categorias. A lista de profissionais envolvidos foi fornecida pela Direcção do Centro de Saúde após pedido de consentimento para realização do estudo, tendo sido divulgada aos profissionais informação acerca da realização do mesmo. Os dados foram obtidos através do registo informatizado do SINUS - Sistema de Informação para as Unidades de Saúde ou, na falta de dados informatizados, através da consulta directa do Boletim Individual de Saúde solicitado ao profissional. Quando não foi possível obter os dados pelo SINUS ou pelo Boletim Individual de Saúde, foi efectuado inquérito através de entrevista aos profissionais, tendo-se pedido previamente o consentimento informado destes. Foi utilizada uma folha de registo de dados (Anexo 1), preenchida para cada profissional da lista fornecida pelo Centro de Saúde. A recolha de dados decorreu durante o mês de Julho de 2007, tendo o tratamento dos dados sido feito através de uma matriz do Microsoft Office Excel. RESULTADOS A população foi constituída por 132 indivíduos, tendo- -se obtido os resultados respeitantes a 104 indivíduos (Quadros I e II). Os dados foram obtidos por consulta do SINUS/Boletim Individual de Saúde em 57,7% e por questionário directo em 42,3% dos indivíduos. Entre os indivíduos estudados, 73,5% eram do sexo feminino e 26,5% do sexo masculino, com uma média de idades de 44,2 anos e mediana de 45 anos. Entre os indivíduos estudados, 81,7% apresentaram vacinação completa, 5,8% incompleta e 12,5% não apresentaram qualquer vacinação (Quadro III). No que se refere aos grupos profissionais, os dados sugerem que os enfermeiros apresentaram uma vacinação completa em 92,1%, os médicos em 79,7% dos indivíduos e os auxiliares em 42,9% dos indivíduos. Os auxiliares de acção médica foram o grupo com maior percentagem de ausência de vacinação 28,6%, seguidos dos médicos

630 QUADRO I. Distribuição da população de acordo com o grupo profissional e a obtenção de resposta ao estudo Frequência Médicos Enfermeiros Auxiliares Total relativa (%) Respondeu 59 38 7 104 78,79 Não respondeu 16 11 1 28 21,21 Total 75 49 8 132 100,00 QUADRO II. Distribuição da população de acordo com o grupo profissional, sexo e idade Médico Enfermeiro Auxiliar Grupos etários/ /Sexo Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino 20-29 anos 6 2 3 0 0 0 30-39 anos 7 5 11 3 0 1 40-49 anos 10 8 26 2 3 0 50-59 anos 21 12 4 0 3 0 60 anos 2 2 0 0 1 0 16,9% e dos enfermeiros 2,6%. (Quadro IV). Em termos de distribuição por idade, entre os dados obtidos sobre a vacinação completa, a percentagem foi semelhante dos 20 aos 49 anos (87,5% a 89,2%), mas inferior no grupo etário dos 50-59 anos (65,5%) (Quadro V). DISCUSSÃO Os resultados deste estudo correspondem a 78,8% dos profissionais do Centro de Saúde de Queluz. Os restantes não foram incluídos por se encontrarem ausentes do Serviço 7 indivíduos, ou por desconhecerem o seu estado vacinal 21 indivíduos. De referir que nenhum indivíduo recusou participar no estudo. Durante a realização deste trabalho foi notória a dificuldade na obtenção dos Boletins Individuais de Saúde, pelo que houve necessidade de recorrer, por diversas ocasiões, ao questionário directo. Este facto poderá ter condicionado um viés de informação pela possibilidade de indução de resposta, dado não se tratar de um questionário anónimo. Por outro lado, a fiabilidade da informação recolhida, por terem sido utilizados métodos diferentes de recolha de dados, está dependente, no questionário directo, da memória dos intervenientes relativamente à vacinação. No entanto, esta forma de obtenção de dados não ocorreu na maior parte dos casos. A percentagem de respostas ao estudo foi elevada. Este facto poder-se-á dever à realização de questionários directos em 42,3% dos indivíduos, o que poderá ter motivado a sua maior adesão. Os enfermeiros constituem o grupo profissional que apresentou maior percentagem de vacinação completa (92,1%). No que se refere ao grupo dos médicos, 79,7% apresentaram vacinação completa. Estes valores são superiores aos apresentados noutros trabalhos, entre os quais um realizado no Centro de Saúde de Sete Rios 10 em 1996, em que estes resultados foram de 74,1% e 47,0%, respectivamente. A variação encontrada entre estes dois estudos, poderá sugerir que nos 11 anos que decorreram entre ambos, poderá ter havido não só uma maior divulgação da importância da vacinação, como também uma maior consciencialização da mesma, junto destes grupos profissionais. Para esclarecer as causas que motivaram esta diferença deverão ser realizados estudos posteriores. O grupo profissional que parece apresentar a maior percentagem de não-vacinação é o dos auxiliares de acção médica (28,6%) dois indivíduos entre um total

631 QUADRO III. Estado vacinal dos profissionais de saúde do Centro de Saúde de Queluz Número de Frequência indivíduos relativa (%) Vacinação completa 85 81,73 Vacinação incompleta 6 5,77 Sem vacinação 13 12,50 Total 104 100,00 QUADRO IV. Estado vacinal distribuído por grupo profissional Médicos Enfermeiros Auxiliares Vacinação completa 47 35 3 Vacinação incompleta 2 2 2 Sem vacinação 10 1 2 Total 59 38 7 QUADRO V. Percentagem da população com vacinação completa de acordo com o grupo etário Percentagem de indivíduos Percentagem de indivíduos Percentagem de indivíduos com vacinação completa com vacinação incompleta não vacinados 20-29 anos 87,50% 0,00% 12,50% 30-39 anos 88,46% 3,85% 7,69% 40-49 anos 89,19% 8,11% 2,70% 50-59 anos 65,52% 6,90% 27,59% 60 anos 75,00% 0,00% 25,00% de sete. Este valor é semelhante ao encontrado no estudo já referido (20%). 10 Dada a indicação clara no sentido da vacinação nestes profissionais poder-se-á actuar juntos dos grupos profissionais que apresentaram maior percentagem de não vacinação, tendo em conta as suas características específicas, de modo a veicular informação de forma perceptível, em cada grupo envolvido, enfatizando de forma objectiva e clara os benefícios obtidos com a prevenção primária. Será importante avaliar se estes dados revelam, efectivamente, baixas taxas de cobertura vacinal contra a hepatite B nos profissionais de saúde, alargando este estudo a outros profissionais de outros centros de saúde e melhorando o método de recolha desses dados. Poder- -se-á ponderar a realização de futuros estudos no sentido de avaliar os motivos que levam a esta não vacinação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Lemon SM, Thomas DL. Vaccines to prevent viral hepatitis. N Engl J Med 1997 Jan 16; 336 (3): 196-204. 2. Ministério da Saúde; Direcção Geral de Saúde. Avaliação do Programa Nacional de Vacinação e melhoria do seu custo-efectividade: 2º inquérito serológico nacional: Portugal Continental 2001-2002, principais resultados. Lisboa: DGS; 2004. 3. Marinho C, Agostinho C. Hepatite B. In: Cotter J, editor. Hepatites Víricas (monografia na Internet). Núcleo de Gastroenterologia dos Hospitais Dis- tritais. p. 53-98. Disponível em: http://ww.aidsportugal. com/hepatites/3_8.pdf [acedido em 28/11/2009]. 4. Roure C. Overview of epidemiology and disease burden of hepatitis B in the European region. Vaccine. 1995; 13 Suppl 1: S18-21. 5. Barash C, Conn M, DiMarino AJ Jr, Marzano J, Allen ML. Serologic hepatitis B immunity in vaccinated health care workers. Arch Intern Med 1999 Jul 12; 159 (13): 1481-3. 6. Poland GA, Jacobson RM. Clinical practice: prevention of hepatitis B with the hepatitis B vaccine. N Engl J Med 2004 Dec 30 ;351 (27): 2832-8. 7. Murray PR, Rosenthal KS, Kobayashi GS, Pfaller MA. Medical microbiology. 3rd ed. St. Louis: Mosby; 1997. 8. Carmona H. Hepatite viral: novos vírus, novos métodos de diagnóstico e novas terapêuticas. Lisboa: Hospital de Santa Maria; 1999. 9. Direcção-Geral da Saúde. Vacina contra a hepatite B: actualização da vacinação gratuita de grupos de risco. Circular Normativa Nº. 15/DT. 2001. 10. Pereira M. Vacina anti-hepatite B: razões para a não vacinação dos profissionais de saúde. Rev Port Clin Geral 2000; 16: 15-20. 11. Ali NS, Jamal K, Qureshi R. Hepatitis B vaccination status and identification of risk factors for hepatitis B in health care workers. J Coll Physicians Surg Pak 2005 May; 15 (5): 257-60. Os autores declararam não possuir conflitos de interesses ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA Carla Susana Alves Gomes Rua Adelino Amaro da Costa, nº 21, 2º Dto. 2720-002 Amadora E-mail: gomessusana@hotmail.com Recebido em 01/01/2008 Aceite para publicação em 09/11/2009

632 ABSTRACT HEPATITIS B: VACCINATION COVERAGE OF HEALTH CARE PROFESSIONALS AT THE QUELUZ HEALTH CENTER Introduction: Hepatitis B is an important worldwide cause of morbidity and mortality, which transmission is related to occupational exposure.vaccination against hepatitis B induces a high protection in vaccinated individuals, and it is therefore found included in the National Vaccination Plan and contemplated for risk groups, namely for health care professionals. Objective: To establish the prevalence of the hepatitis B vaccination status in health care professionals at the Queluz Health Center. Design: Descriptive, cross sectional study, observational Setting: Queluz Health Center Population: Health care professionals at risk. Method: The data were obtained by computerized registered information from SINUS or by directly confirming each individual health bulletin and in the absence of these, by a questionnaire to the professionals. The following variables were considered: sex, age, profession, hepatitis B vaccination status. Results: The population included 132 individuals, having obtained results for 104 of those individuals. Of these, 81,7% had completed vaccination, 5,8% incomplete and 12,5% had no vaccination whatsoever. In relation to the professional groups, 92,1% of nurses had complete vaccination, 79,7% of physicians and 42,9% of nursing assistants. The nursing assistants were the group with the highest absence of vaccination - 28,6%, followed by the physicians - 16,9% and the nurses - 2,6%. Conclusion: It would be important to evaluate if these data really indicate low vaccination rates against Hepatitis B in health care professionals, by developing new studies including other health care professionals belonging to different Health Centers. Given the clear indication for the vaccination of these professionals, the possibility of working with non-vaccinated individuals can be a way of spreading information in a perceivable way, emphasizing the benefits obtained with primary prevention. A future study to evaluate the motives that lead to non-vaccination can be considered. Keyword: Vaccination; Hepatitis B; Health Care Professionals. 1. Profissão a. Médico/a b. Enfermeiro/a c. Auxiliar de Acção Médica 2. Sexo a. Feminino b. Masculino 3. Idade 4. Estado Vacinal a. Completo (3 doses) b. Incompleto c. Nunca se vacinou ANEXO 1 FOLHA DE REGISTO DE DADOS