Hepatites. Introdução
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- Bárbara Silveira Peixoto
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1 Hepatites Introdução As hepatites virais são importantes causas de morbidade e mortalidade em todo mundo. As hepatites B e C são etiologias de grande relevância na população com cirrose hepática, sendo umas das principais causas de pacientes aguardando por transplante. Abaixo falaremos um pouco mais sobre cada etiologia Hepatite A A Hepatite A é transmitida pela via fecal-oral e contribui para sua transmissão a grande quantidade de vírus nas fezes dos indivíduos contaminados. A transmissão parenteral é mais rara, mas pode acontecer no caso de doação de sangue durante o período de viremia. Devido ao seu caráter de transmissão relacionado à contaminação de águas e alimentos, a hepatite A é mais incidente em regiões com menor índice de desenvolvimento, onde as crianças são os indivíduos mais afetados. Nesta faixa etária, a doença apresenta uma forma mais branda, podendo muitas vezes ser assintomática (apenas 10% de forma ictérica), sendo em todos os casos auto-limitada. Em adultos, a forma ictérica é mais comum (até 80% dos infectados) evoluindo com maior frequência para as formas mais graves com possibilidade de progressão para hepatite fulminante. Apesar das diferentes apresentações, este tipo de hepatite nunca evolui para forma crônica. Os pacientes que já tiveram doença pelo vírus A, adquirem imunidade para o resto da vida contra esta afecção, estando susceptíveis, no entanto, às outras formas de hepatite viral. Os pacientes com sorologias negativas podem se proteger realizando vacinação para HAV com 2 doses separadas por 6 meses. A vacina possui boa eficácia e proteção prolongada. Não há tratamento específico para as formas agudas. Sorologia:
2 Hepatite B A hepatite B é a hepatite viral de maior prevalência no mundo e estima-se que cerca de 5% da população mundial possua a forma crônica da doença. Sua prevalência varia consideravelmente ao redor do globo, sendo mais comum no Sudeste asiático, na África Sub-saariana e na região amazônica. A principal forma de transmissão é a sexual, sendo considerada uma DST, porém possuem relevância também as transmissões parenteral e vertical. Na maioria das vezes a infecção aguda passa desapercebida, estando a doença ictérica presente em apenas 30% dos casos. Nos adultos, após a infecção apenas 5-10% irão evoluir para a forma crônica, enquanto nos recém nascidos este percentual fica em torno de 90%. Sorologias:
3 O tratamento da hepatite B crônica pode ser feito com interferon convencional semanas. Nos pacientes coinfectados com HIV, a utilização de alguns análogos de nucleos(t)ídeos com ação contra o vírus B (TDF+3TC) é o tratamento de escolha para ambos os vírus. Hepatite C O HCV é uma das principais causas de hepatite crônica, sendo o maior responsável por cirrose e transplante hepático no mundo. Sua transmissão é por via parenteral, porém em um grande percentual dos pacientes não há uma clara determinação da forma de contágio. O risco de aquisição por via parenteral esta aumentado naqueles pacientes que receberam transfusão de sangue antes de 1993 (antes de haver triagem sorológica deste vírus), nos usuários de drogas injetáveis que compartilham seringas, nos usuários de drogas inalatórias que compartilham equipamentos de uso, pessoas que realizaram tatuagens ou piercigns e em pessoas com risco de exposição percutânea (profissionais de saúde). Em pacientes coinfectados HIV/HCV há maior possibilidade de transmissão sexual e vertical. A cronificação pode ocorrer em até 85% dos casos, com um quarto a um terço evoluindo para formas de acometimento histológico moderado a grave, necessitando de tratamento. O diagnóstico é feito pela sorologia. Caso o Anti-HCV seja positivo, isto pode significar infecção passada ou infecção atual. Desta forma, após o resultado positivo, deve-se solicitar o PCR (HCV RNA) para determinar o diagnóstico. Caso seja negativo, a sorologia positiva significa infecção prévia curada. Caso o PCR seja positivo, significa doença atual e o paciente precisa ser encaminhado a um centro de tratamento. O tratamento é feito com Interferon peguilado + Ribavirina por 48 dias (genótipo
4 1) ou Interferon convencional + Ribavirina por 24 semanas (genótipos 2 e 3). Vale ressaltar que diversas novas medicações estão se tornando disponíveis para o tratamento desta doença, com taxas de cura de até 99%. Hepatite D O vírus da hepatite delta é um vírus defectivo, necessitando do HBsAg para sua replicação, sendo desta forma, fundamental a coinfecção com o vírus da hepatite B. Pode apresentar desde formas assintomáticas até formas crônicas com cirrose hepática, sendo esta última mais frequente em regiões endêmicas como Itália, Inglaterra e Brasil (região amazônica). Seu modo de transmissão é semelhante ao da Hepatite B, ocorrendo por via parenteral, sexual e vertical (no caso de haver replicação viral do HBV na gestante). Os portadores crônicos são importantes fontes de infecção nas regiões endêmicas. Hepatite E A hepatite E se assemelha a Hepatite A e possui via de transmissão fecal-oral estando relacionada à contaminação da água e dos alimentos. É mais comum em países em desenvolvimento. Hepatite G Sua principal via de transmissão é a parenteral/ percutânea, com maior relevância através das transfusões sanguíneas. A via sexual não possui relevância. Casos Suspeitos de Hepatite
5 Deve-se suspeitar de hepatite nas seguintes situações: Icterícia aguda e colúria Elevação das aminotransferases Exposição percutânea ou de mucosas à sangue ou secreções de pacientes portadores ou suspeitos de infecção por HCV ou HBV. História de contato sexual ou domiciliar com paciente HBsAg positivo e/ou Anti-HBc reagente Exames sorológicos de triagem reagentes para hepatites.
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