VER-SUS DO OESTE CATARINENSE EDIÇÃO DE INVERNO Relatório das vivências temática Saúde Indígena O VER-SUS/Oeste Catarinense foi organizado ao longo dos últimos anos por diversas comissões comprometidas com a transformação social, seu objetivo é fazer com que os participantes vivenciem as realidades do Sistema Único de Saúde. Após três dias de formação, os grupos foram divididos, e formados por sete pessoas cada, de vários cursos de graduação. Fomos contemplados com o tema: Saúde Indígena, com a função de conhecer a cultura, aspectos socioeconômicos e fatores que interferem na atenção de saúde dessa população. Ao longo da semana visitamos e vivenciamos diversos locais e realidades, sendo esses: SESAI, Aldeia Condá, Conselho Municipal de Saúde: Associação Pitanga Rosa, Vigilância Sanitária, Vigilância Sanitária: Vigilância em Saúde Ambiental (VSA), Casa de Passagem e Hospital da criança. SESAI A Secretaria Especial de Saúde Indígena - SESAI, foi criado em 2011, e iniciaram-se as atividades em 2012. Vinculado ao Ministério da Saúde, desempenha atividades de cunho administrativo. A divisão foi feita por grupos étnicos pelo Brasil e foi separado em 34 distritos por todo o país. O distrito pertencente a Chapecó, contempla até a cidade de Seara. A população atendida é de 760 pessoas, sendo 100 de Seara. Desse montante, 118 crianças menores de 5 anos, o que desperta preocupação com a taxa de natalidade dessa população. Como Chapecó é o polo, o atendimento é diário, enquanto que em Seara, ocorre uma vez por semana em período integral. Durante esses anos, o SESAI estabeleceu algumas parcerias com a EPAGRI, que auxilia na educação alimentar domiciliar, oferecendo cursos de reaproveitamento de alimentos. Alguns outros serviços trabalham em conjunto, como a Pastoral da Criança, Mesa Brasil, que faz doações de alimentos, e um importante convênio com a CAIXA Econômica Federal para a realização da casa própria.
Apesar de hoje estar consolidado, esse serviço ainda tem dificuldades financeiras para a aquisição de materiais, manutenção e a burocracia que envolve todo o serviço. Há também dificuldades em levantamentos epidemiológicos de óbitos, e também, a difícil conscientização dessa população na promoção e prevenção de enfermidades. Os serviços prestados para a comunidade indígena são os mais variados, desde a atenção básica, que é feita na própria aldeia, como os de média e alta complexidade, que são no município de Chapecó que é o pólo-base. A saúde da mulher é bem trabalhada, fornecendo educação em saúde, conscientização do planejamento familiar, vacinação, serviço odontológico, preventivos e pré-natal. ALDEIA CONDÁ No dia 18 de julho, tivemos a oportunidade de estar vivenciando a realidade do povo indígena da tribo Kaingang da Aldeia Condá. Na visita, os alunos foram acompanhados pelo médico cubano Carlos da Fonseca Mendes e pelo agente comunitário de saúde da aldeia, o qual nos guiou durante todo o trajeto, explicando sobre as famílias, costumes, como é a subsistência de vida etc. Durante o caminho, o médico Carlos fazia suas visitas domiciliares de rotinas, o que foi muito enriquecedor para nós estudantes, pois, enquanto ele prestava o atendimento aos moradores, o mesmo ia explicando cada procedimento e o por que deles. Ainda, falou sobre as patologias mais frequentes da aldeia, que são a H.A.S (hipertensão arterial sistêmica), DM (diabetes mellitus), alguns casos de parasitose como ( Áscaris Lumbricóides) muito comum nas crianças, e anemia como resultado de uma alimentação pouco diversificada. Fonseca é médico da comunidade há dois anos e conhece muito bem a realidade do povo indígena e, relata que ainda o maior problema além da fragilidade da renda das famílias é o saneamento básico que é precário, não existe tratamento de esgoto, os detritos fecais são depositados em fossas sépticas e a água é clorada apenas que, provém de uma caixa d água instalada na aldeia e através de canos chega até as casas com grandes riscos de contaminação.
A população retira sua subsistência através do auxílio do bolsa família que o governo disponibiliza, recebem doações de alimentos como cestas básicas e os seus famosos artesanatos que confeccionam na aldeia logo saem para vender na cidade. CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE Na tarde do dia 18/07 nos dirigimos até a reunião do conselho municipal de saúde de Chapecó, nessa tarde aconteceu a aprovação de algumas atas, além de ser discutido fortemente a questão do suicídio, que acomete cerca de 10 milhões de pessoas no mundo anualmente, tornando-se assim uma questão de saúde pública. A participação na reunião do conselho municipal de saúde foi muito importante para discutirmos a importância da participação dos representantes e da população nesses espaços. ASSOCIAÇÃO PITANGA ROSA Na manhã do dia 19, tivemos a oportunidade de conhecer a Associação Pitanga Rosa, localizada na Linha Faxinal dos Rosas. Trata-se de uma propriedade de camponesas que dispõem suas terras para pesquisas acadêmicas com as plantas. Dentre os principais trabalhos estão o grupo das sementes, que as prepara para o solo, o adubo e o plantio, também o resgate de flores antigas. É composto desde mulheres com graduação até semianalfabetas, cada uma contribuindo como pode, e a produção não tem custo algum para as que trabalham. O maior desafio que elas encontram é o de manter as mulheres na terra com sustentabilidade, sem nenhum tipo de repreensão e liberdade no cultivo sem necessidade de utilização de agrotóxicos. No próprio local também é oferecido o curso de Homeopatia pela proprietária, dona Rosalina Nogueira da Silva, que consegue oferecer esses produtos da matéria prima de suas terras.
VIGILÂNCIA SANITÁRIA Na manhã do dia 20, obtivemos a oportunidade de adquirir melhor conhecimento sobre a vigilância sanitária. Foram apresentados a distribuição das equipes responsáveis por cada afazer, a função de cada qual dentro do setor de vigilância. Foram abordados vários assuntos dentre eles a liberação alvarás de funcionamento, fiscalização dos estabelecimentos, descartes de matérias de saúde, deslocamento de pneus velhos para seu devido lugar sem prejudicar o meio ambiente, amostras dos gráficos estatísticos de melhora e organização dentro do município de Chapecó - SC, mas dentro eles a dengue, zika vírus teve maior êxito de explanação, obtivesse melhoras, todos os profissionais e pessoas da comunidade se uniram para melhoria da comunidade. VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL (VSA) Também na manhã do dia 20, conhecemos melhor a Vigilância em Saúde Ambiental. O principal assunto abordado foi dengue, que conta com 808 casos autóctones registrados até julho de 2016 em Chapecó. Nesse mesmo ano, foram identificados 480 focos do mosquito. Chapecó, que conta com cerca de 205 795 habitantes, é alvo de uma epidemia da doença. Foi interessante nos inteirarmos mais sobre as ações de educação em saúde que estão sendo feitas. Entre as diversas ações voltadas ao combate à Dengue, Zikavírus e Febre Chikungunya, foram cobertas 1559 cisternas, e foi borrifado inseticida em 9222 residências (medida com eficiência de apenas 20%). CASA DE PASSAGEM No dia 21 de julho foi realizada uma visita na Casa de Passagem João Piltz, instituição que foi fundada pela Ação Social Diocesana (ASDI), entidade que pertence à igreja católica, e que hoje conta não somente com a ASDI, mas também com o convênio com a prefeitura de Chapecó e com as prefeituras das cidades vizinhas para que possa se manter. A Casa de Passagem também é conhecida como o Albergue de Chapecó, nome que mudou após a instituição se adequar à Política Nacional de Assistência Social.
A Casa de Passagem é referência na região, realizando o acolhimento de pessoas que necessitam de abrigo ou alimentação, atendendo e fornecendo hospedagem para moradores de rua, imigrantes, indígenas e pacientes de tratamentos de saúde (principalmente tratamento oncológico) de outras cidades. Os atendimentos não se limitam apenas ao fornecimento de hospedagem, lá também os profissionais da área de psicologia e enfermagem atendem aqueles que necessitam de algo, assim como uma profissional da assistência social. É importante salientar que esta instituição se articula com outras instituições públicas para que seja possibilitada a promoção da saúde, exemplos de instituições que fazem parte desta articulação são os CAPS e CREAS. Esta visita foi muito importante para que pudéssemos desconstruir a ideia de caridade por trás da instituição e perceber que a moradia e a alimentação é um direito de todos, independente de quem for, isso justifica um reivindicação por uma atenção maior dos governos, fazendo com que assim haja um maior incentivo e investimento. Além disso, foi possível perceber a importância da articulação entre as várias instituições da área da saúde e assistência social e do trabalho multidisciplinar para que seja possível uma promoção de saúde de qualidade. HOSPITAL DA CRIANÇA No dia 22 de julho fomos até o hospital da criança Augusta Muller Bohner, que conta com 161 profissionais sendo equipes multiprofissionais e interdisciplinares, possui 51 leitos para internação e é referência no atendimento de crianças e adolescentes. Para uma melhor organização utiliza o sistema de Manchester na triagem dos atendimentos, realiza também algumas cirurgias de baixa e média complexidade sendo as mais comuns Adenoidectomia e varizes. O hospital preza muito a importância do lúdico e possui duas brinquedotecas uma utilizada para internação pediátrica e outra para a oncológica. A estrutura física do hospital é boa possui todos os materiais necessários e profissionais qualificados para prestar o atendimento. No atendimento dos indígenas a enfermeira relatou que eles não possuem resistência e realizam o tratamento certo, os casos de internação mais comum que atinge essa população são problemas respiratórios e viroses, mais presentes no verão.
CONCLUSÃO Vivemos em um mundo, em que todas as sociedades possuem manifestações culturais diferentes, sendo a dos indígenas uma das mais antigas. Realizando essa experiência, se teve um importante acréscimo na formação profissional de cada um de nós e olhar como humanos, na busca por igualdade de direitos.