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Transcrição:

ESPÉCIES DE PENAS Profª Ms. Simone Schroeder

Espécies de Pena : Hoje de acordo com o código penal, no seu artigo 32, as penas são: * Privativas de liberdade - Reclusão / Detenção / Prisão simples art. 33 do CP *Restritivas de Direito art. 43 do CP *Multa art. 49 do CP

Penas Privativas de Liberdade do CP Reclusão - prevista no Código Penal Detenção - prevista no Código Penal Prisão Simples - prevista no decreto das contravenções penais (dec. - lei 3688/41)

PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA * LEGALIDADE - ART.5º INC. XXXIX CF/88 * PESSOALIDADE - ART. 5º INC. XLV DA CF/88 * INDERROGABILIDADE * HUMANIDADE - ART. 5ª INC. XLVII ao L DA CF/88 * INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA - ART.5ª INC. XLVI DA CF/88 * PROPORCIONALIDADE - proibição de excesso e proibição de proteção deficiente (princípio implícito)

Penas Art. 32 CP Pena privativa de liberdade Art. 33 ao 42 CP Penas Restritiva de Direito 43 ao 48 CP Pena de Multa Art. 49 ao 52 e 60 CP Reclusão CP Detenção CP Prisão Simples Dec. Lei 3688/41 Prestação pecuniária 43 Inc. I Perda de Bens e Valores 43 Inc. II Prestação de serviços a comunidade ou a entidades públicas 43 Inc IV Interdição temporária de Direitos 43 Inc. V Limitação de Fim de semana 43 Inc. VI Comum Substitutiva art. 60 Parág. 2º CP

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE *PREVISTAS NO CP: RECLUSÃO DETENÇÃO * PREVISTAS FORA DO CP: CONTRAVENÇÕES PENAIS PRISÃO SIMPLES

Na verdade, não existe diferença em termos conceituais entre reclusão e detenção, pois, ambas deverão ser cumpridas em estabelecimento penal, desde que observados os requisitos pertinentes aos regimes penais, previstos no artigo 33 do Código penal e em seus parágrafos. Todavia, é importante dizer que a prisão simples, apesar de ser uma espécie de privativa de liberdade, prevista para as contravenções penais não possui tal funcionalidade, atualmente, em razão de as contravenções serem erigidas a delitos de menor potencial ofensivo e sofrerem as políticas do Juizado Especial Criminal, segundo a Lei n.9.099/95.

As penas privativas de liberdade que precisam ser diferenciadas na sua aplicabilidade. Vejamos: Reclusão Detenção Mais Grave (cumprimento em primeiro Lugar) Art 76 CP Inicia em qualquer Regime Art. 33 Perda do Poder Familiar Art. 92 II CP Se réu for Inimputável ( Se o delito prevê a pena de reclusão, a medida de segurança será a internação/ Reclusão) art. 97 CP Mais Leve Inicia só no regime aberto e semiaberto Art. 33 CP Não há perda do Poder familiar Se o réu for inimputável ( Se o delito prevê a detenção, a medida de segurança a ser aplicada pode ser a Internação ou o tratamento ambulatorial / Detenção) art. 97 CP

Regime Penal Quantidade da Pena Art. 33, parágrafo 2º, alínea A, B e C do CP. Qualidade da Pena (reclusão/detenção / prisão simples ) Art. 33 CP Reincidência Art. 63 CP As circunstâncias Judiciais / Art 59 CP Art. 33, parágrafo. 3º CP

REINCIDÊNCIA: art. 63 do CP. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Crime + crime gera reincidência. Art.63 do CP Crime + contravenção gera reincidência. Art. 7 do Decreto Lei n 3.688/41 Contravenção + crime não gera reincidência, porque não há previsão legal, e não é possível fazer analogia in malan partem em matéria penal. Contravenção + contravenção gera reincidência.art. 7º do Decreto Lei nº 3.688/41.

Súmulas 718 / 719 do STF Súmulas 440 e 269 do STJ Lembretes: Súmula 269 do STJ. É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Súmula 440 do STJ. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) editou súmula segundo a qual, fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. Súmulas do STF 718. A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. 719. A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.

Individualização da Pena art. 5, LXVI, da CF/88 Fundamentar a pena é apreciar todas as variáveis que dizem respeito a cada uma das fases. Uma sentença que desrespeita a exigência de fundamentação é nula no tocante à aplicação da pena. ( art.93 inciso IX da CF/88)

Para a aplicação de pena, devemos observar os limites previamente fixados em lei, segundo o princípio da legalidade, que norteia o direito penal. Dessa forma, a Constituição vincula-se à ordenação sistemática, no qual são reconhecidos aos cidadãos os direitos fundamentais e as garantias de proteção contra os titulares do poder político. Partindo desta premissa, é possível afirmar que as garantias constitucionais são de aplicação obrigatória, segundo as diretrizes descritas no seu artigo 5º, que trata dos direitos e garantias fundamentais, segundo o inciso XXXIX, que é visto como o marco do princípio da legalidade na constituição ao prever que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Assim, na aplicação de uma sanção penal, se estiverem reunidos os elementos de uma conduta descrita como típica, não amparadas pelas excludentes, provadas a materialidade e autoria, teremos que aplicar uma sanção penal. Mas, para a aplicação da sanção penal devemos individualizá-la. Segundo as bases constitucionais, ao verificarmos o fato, as circunstâncias, os limites mínimos e máximos cominados em lei, passaremos a observar o processo de individualização da pena.

Assim, é preciso observar o quanto é relevante e criteriosa, a observância da aplicação da pena e as garantias dali decorrentes. Todavia, como estamos levantando os aspectos que merecem ser delineados na aplicação da pena, ficaremos adstritos à individualização judicial. Dessa forma, para a aplicação da pena nos interessa no primeiro momento, o método trifásico, trazido por Nelson Hungria, no qual delimita como o julgador fará a aplicação da pena. Assim, a pena dividir-se-á em três fases, segundo o que dispõe o art. 68 do CP: Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

Nos termos do art. 59 do CP, o juiz deve: 1º) Estabelecer as penas aplicáveis, dentre as cominadas. A cominação, na norma incriminadora, pode ser isolada (uma só pena), cumulativa (duas penas - privativa de liberdade e multa) ou alternativa (uma ou outra pena). A escolha de uma ou outra deve ter sua razão. 2º) Graduar a pena escolhida dentro dos limites legais. ( Observar os regramentos do método trifásico) 3º) Determinar o regime inicial de cumprimento da pena.( segundo as diretrizes do art. 33 e parágrafos do CP) 4º) Dispor sobre a substituição da pena, se cabível. (Verificar se é possível substituir a pena privativa por pena restritiva de direitos, segundo as regras do art. 44 do CP

2. Penas Restritivas de Direito: As penas restritivas de direito, conforme lei 9.714 de 25 de novembro de 1998 que alterou o art. 43 do CP são: - Prestação pecuniária - Perda de bens e valores - Prestação de Serviços à Comunidade ou a entidades públicas - Interdição Temporária de direitos - Limitação de fim de semana

2.1 Características: As penas restritivas de direito são chamadas de Autônomas e Substitutivas, pois somente serão aplicadas se presentes alguns requisitos, na sentença criminal. Em face à falência do sistema prisional e dos anseios da sociedade em relação às penas privativas de liberdade de não atenderem as expectativas da sociedade, a tendência foi buscar novas alternativas, reavaliar novos substitutivos penais e novas sanções penais, sem retirar o condenado do convívio social.

2.3 Aplicação: As penas restritivas de direito são aplicadas em sentença, por que substituem as penas privativas de liberdade (regra geral) art. 59 inc. IV, desde que preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. (Via substituição de pena) E também podem ser aplicadas na execução penal, por força do art. 180 da LEP, através do instituto da conversão imprópria - art. 180 da LEP, que ocorrerá somente em sede de execução criminal, ou seja, (via conversão imprópria): ART.180 da LEP - Lei n.7210/84. A pena privativa de liberdade, não superior a 02 anos, poderá ser convertida em pena restritiva de direito quando: ( Leia-se : 04 anos em razão da alteração da lei 9714/98 ser mais benéfica e ter alterado o Código Penal) I- condenado esteja cumprindo pena em regime aberto II- tenha sido cumprido ao menos ¼ da pena III - os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável A conversão está situada dentro do sistema progressivo: *Regime Fechado *Regime semiaberto *Regime aberto *Conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direito *Livramento condicional.

2.4 Requisitos para substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos: Frente à lei 9714/98. Art. 44 CP. Se o crime for doloso: Art. 44 I. Quanto à pena: Pena privativa aplicada não superior a 04 anos (inc. I do art. 44 do CP) Quanto ao delito: Que o delito não seja praticado com violência ou grave ameaça à pessoa. (inc. I do art. 44 do CP). Importante! OBS: No que tange aos delitos cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa há alguns doutrinadores que entendem que embora o delito seja praticado com violência ou com grave ameaça à pessoa, mas que poderia ser de competência do juizado especial criminal (JECrim), o julgador poderia fazer uso da substituição de pena, embora haja presença da violência. Cuidado! Prova objetiva há a descrição completa e literal do artigo de lei. art. 44 II. Quanto ao réu: Que não seja reincidente em crime doloso (Regra geral inc. II do art. 44 do CP). Entretanto há uma exceção prevista no parágrafo 3º do art. 44 do CP, que fica a critério do julgador. Se o juiz entender que a medida é socialmente recomendável, mesmo que haja reincidência em crime doloso, o juiz pode substituir a reprimenda, mas desde que não seja reincidente específico, ou seja, na prática do mesmo delito doloso. Lembrese! Nem toda a reincidência em crime doloso, impede a substituição da pena. Art. 44 III. Quanto às circunstâncias judiciais Que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. Assim, as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP servem de baliza para a substituição de pena, exceto as consequências e o comportamento

2.5 Requisitos das penas restritivas de direito se o crime for culposo: I- Não há limite do quantum se o crime for culposo. Importante! Todo o delito culposo pode ter pena restritiva de direito aplicada II e III são iguais (art. 44 do CP)

3. Incidência Algumas observações devem ser efetuadas para a incidência das penas restritivas de direitos. No parágrafo 2º do art. 44 do CP verificamos por quantas penas o magistrado deverá substituir a reprimenda. Quando for cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, há que se levar em conta: 3.1. Se a pena imposta for igual (=) ou inferior a 1 ano,(seja crime doloso ou culposo) substitui-se a Pena Privativa de Liberdade : Por uma pena de multa ou Por uma restritiva de direito 3.2. Se a pena imposta for superior a 1ano substitui-se: Por duas restritivas de direito Por uma restritiva de direito e uma pena de multa

Lembre-se! Ainda, se o réu for reincidente em crime doloso (que em tese é impeditivo de substituição), o magistrado pode substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direito, desde que o réu não seja reincidente específico no mesmo crime, ou seja, não tenha decorrido da repetição idêntica nos crimes dolosos e a substituição seja socialmente recomendável. Portanto, em regra, não há possibilidade de substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito se o réu for reincidente em crime doloso, mas permite-se ao julgador se entender que o réu não é reincidente na prática do mesmo crime doloso e que a substituição seja socialmente recomendável (parágrafo 3º do art. 44 do CP) poderá substituir a pena.

4. Conversão da Pena Restritiva de Direito em Privativa de Liberdade: Caso o réu descumpra a pena restritiva de direito aplicada em sentença, sem ao menos, justificar os motivos ensejadores do descumprimento das condições das penas restritivas de direito, caberá a conversão da pena alternativa, em prisão, mas com o desconto do tempo que fora efetivamente cumprido. Entretanto, antes de haver qualquer privação de liberdade, deve ser aberto as partes o contraditório e a ampla defesa ( inc. LV do art. 5º da CF/1988). O art. 44 parágrafo 4º do CP dispõe; caso a pena restritiva de direito for descumprida sem motivo justificado, haverá a conversão da pena restritiva de direito em privativa de liberdade, mas será possível descontar o tempo de pena restritiva já cumprida, respeitado, contudo, saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão. O que se vislumbra no caso é uma crítica reiterada ( Maurício Antonio Ribeiro Lopes, p. 344) de estarmos diante de uma manifesta inconstitucionalidade a última parte do parágrafo 4º do art. 44, que prevê um saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão pelo bis in idem que poderia representar. Assim, se houver descumprimento que reste mais de 30 dias a cumprir de pena, desconta-se todo o tempo de pena que foi cumprido, porém, caso o lapso temporal seja igual a 30 dias, necessariamente, o preso deverá cumprir no mínimo 30 dias. Importante refletir!

5. Compatibilidade de cumprimento da pena restritiva de direito com a pena privativa de liberdade art. 44 parágrafo 5º do CP Caso o condenado no curso do cumprimento da pena restritiva de direito, obtenha nova sentença penal condenatória com trânsito em julgado com pena privativa de liberdade, o juiz da vara das execuções criminais decidirá se, converterá a pena restritiva aplicada em privativa de liberdade ou se manterá as duas penas, sendo executadas simultaneamente. O juiz ao verificar o regime penal aplicado na pena privativa de liberdade, poderá manter o cumprimento de ambas, em razão de a prisão ser a ultima ratio. Os critérios que o julgador poderá utilizar estão consubstanciados no regime prisional. Se o regime penal aplicado for o aberto, não há qualquer incompatibilidade. Se o regime prisional for semiaberto e o agente já estiver trabalhando externamente, também não haverá qualquer incompatibilidade. Assim, se o réu tiver um regime prisional compatível com a pena restritiva de direito, o réu poderá cumprir as duas penas diversas, (PPL e PRD), simultaneamente.

6. Duração da Pena Restritiva de Direito. Atenção! Em regra as penas restritivas de direito que substituem as privativas de liberdade deverão ser cumpridas em tempo igual ao que foi estabelecido para a pena privativa de liberdade. Exceção: O tempo de duração da pena restritiva de direitos de prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas, se for aplicada pena superior a 01 ano, é facultado ao condenado cumpri-la em menor tempo, desde que até a metade da pena privativa de liberdade fixada (art. 55 do CP). Existe somente uma pena restritiva de direito que não possui lapso temporal igual ao da privativa de liberdade; qual seja: A PRESTAÇÃO DE SERVÇO À COMUNIDADE OU ENTIDADES PÚBLICAS COM PENA SUPERIOR A 01 ANO art. 46, parágrafo 4º e 55 ambos do CP. Exceções: No caso de descumprimento da pena restritiva de direito, o tempo já cumprido será descontado, contudo será respeitado o saldo mínimo de 30 dias de reclusão ou detenção. Atenção! A prestação de serviço à comunidade é a única pena restritiva de direito que o condenado poderá escolher em cumpri-la em menor tempo, sem ficar atrelado à regra geral das penas restritivas, mas desde que cumpra a metade da pena aplicada.

7. Espécies: As PENAS RESTRITIVAS SÃO: Prestação pecuniária Perda de Bens e valores Prestação de serviço à comunidade ou entidades Públicas Interdição temporária de Direitos Limitação de fim de semana Dentre as novas penas restritivas de direitos, temos a do art. 43 I do CP c/c com o art. 45 parágrafo 1º do CP - Prestação Pecuniária: Consiste no pagamento em dinheiro à vítima e seus dependentes ou entidades públicas ou privadas, em importância a ser definida pelo juiz no momento da substituição, entre 1 a 360 salários mínimos.

Importante! Não há qualquer semelhança entre esta pena de prestação pecuniária e a pena de multa, de vez que a prestação pecuniária é atribuída à vítima, dependentes ou entidades de cunho social, enquanto a pena de multa é destinada ao fundo penitenciário nacional (art. 49 do CP). Se houver condenação penal, e houver aplicação dessa espécie de pena restritiva, há ainda, a possibilidade de o valor pago ser abatido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. (art. 45 parágrafo 1º do CP). No parágrafo 2º do art. 45 ainda estabelece que, se houver aceitação do beneficiário a prestação pecuniária pode ser substituída por prestação de outra natureza. Importante! Já a pena de multa jamais pode ser convertida em prisão, de acordo com a revogação do parágrafo 1º e 2º do art. 51 do CP, que foi alterado com a lei 9.268/96.

Quanto ao descumprimento da Prestação Pecuniária: A doutrina majoritária entende, se caso houver descumprimento no pagamento da prestação pecuniária, o réu deverá ter sua pena restritiva convertida em prisão, descontados o valor já pago. Ex: Condenado a pena de 08 meses de detenção, o julgador substituiu a reprimenda por prestação pecuniária, cujo valor total foi de 50 salários mínimos, permitidos pelo juízo que houvesse parcelamento em duas vezes. O réu, apenas, pagou a primeira parcela, de 25 salários, sem ter cumprido o valor acordado. O juízo, depois de ouvir o réu, converteu a pena em prisão e, determinou que o réu cumprisse, em regime aberto, os 04 meses restantes que faltaram, ou seja, a metade da pena que deixou de ser cumprida.

- Perda de Bens ou Valores: art. 43 II e art. 45 parágrafo 3º do CP. A perda de bens e valores como modalidade de pena restritiva de direito é uma sanção autônoma caracterizada como uma apropriação de coisas móveis ou imóveis pertencentes ao autor do crime e que devem ser transferidos ao fundo penitenciário nacional, ressalvado outro destino conforme a legislação especial. Exceções: crime de tráfico ilícito de entorpecentes, qualquer bem apreendido será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializado no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico.

Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas. (art. 43 inc.iv do CP e art. 46 e seus parágrafos. Aplica-se esta pena substitutiva quando a pena privativa de liberdade for superior a 06 meses. E durante a restrição imposta deve o condenado prestar tarefas gratuitas em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres. As tarefas deverão ser cumpridas à razão de 1 hora de tarefa por dia de condenação, sem prejuízo da jornada normal de trabalho. Quanto ao cumprimento das penas restritivas de direito na espécie de Prestação de serviço à comunidade: O condenado nesta modalidade de pena, ou seja, prestação de serviço à comunidade, caso seja condenado, com pena superior a 1 ano, pode cumprir esta pena em menor tempo, desde que respeitado o limite da metade da pena aplicada. Não esqueça!

- Pena de Interdição Temporária de Direitos: Foi inserida nova espécie de interdição temporária de direitos, a proibição de frequentar determinados lugares (art. 47 inc. IV do CP), cuja restrição que já era utilizada como condição do sursis especial, art. 78 parágrafo 2º do CP. Obviamente tais lugares deverão guardar correspondência com o delito praticado. As demais espécies de interdições são vinculadas às funções públicas, aos cargos exercidos ou em relação a profissões e, ainda, há a suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor. Mas, no tocante a essa espécie de pena, como o Código de Trânsito Brasileiro estabelece tal pena cumulativamente com a pena privativa de liberdade, por exemplo, o art. 302 do CTB, afasta-se a incidência da parte geral, se a lei especial dispuser de modo diverso. Também há a proibição de frequentar determinados lugares, bem como a proibição de inscrever - se em concurso, avaliação e exames públicos( Inserida na Lei12.550 de 15.12.2011 - art. 47 inc. V do CP).

- Limitação de Fim de Semana: Segundo o Código penal, o apenado com a pena restritiva de direito deverá ficar durante os Sábados e Domingos, durante 5 horas, no estabelecimento indicado. art. 48 do CP

Art. 44 CP / Art 44 parág. 2 CP. Crimes Dolosos: Pena até 4 anos (art. 44 inc I CP) Crime Cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa (art. 44 inc. I CP) Réu Não reincidente em crime Doloso (art. 44 Inc. II CP) Exceção (Art 44 parágrafo 3º CP) Circunstâncias judiciais favoráveis (Art. 44 Inc. III CP). Crimes Culposos: Não Há Requisitos (art 44 inc. I CP) Substituição da Pena

8. Prescrição das penas restritivas de direito: Como as penas restritivas de direito são substitutivas, o prazo prescricional de tais penas será o mesmo da pena privativa de liberdade, conforme dispõe o art. 109, parágrafo único do CP.

3. Pena de multa 3.1 Conceito: A pena de multa consiste na imposição, ao condenado, da obrigação de pagar ao fundo penitenciário nacional, determinada a quantia em dinheiro, calculada na forma de dias-multa. É uma sanção que atinge o patrimônio do condenado.

3.2. Cominação: A pena de multa vem estabelecida no art. 49 do CP e seu parágrafo 1º do CP. O sistema adotado no Brasil foi o do dias-multa, em que em primeiro lugar há que fixar os dias-multa, que serão estabelecidos entre 10 dias-multa a 360 dias-multa, de acordo com a necessidade e reprovação do fato. (conforme as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP), sendo que para cada dias-multa será fixado o valor entre 1/30 a cinco vezes o maior salário mínimo vigente à época do fato(o valor será estabelecido de acordo com a situação econômica do réu). Assim: Fixação dos dias-multa: Gravidade do crime - análise do art. 59 CP Fixação do valor do dias-multa: Situação Econômica do réu - análise do art. 60 do CP

3.3 Aplicação da pena de multa: Há duas fases obrigatórias que o julgador deve observar: Para fixar os dias-multa: o juiz deve verificar a gravidade do crime. (art. 59 do CP) Para fixar o valor do dia-multa: verificar a situação econômica do réu. (art. 60 do CP) Fase facultativa: Aplicação do parágrafo 1º do art. 60 do CP. Se o julgador entender que a multa fixada é ineficaz, pode aumentá-la até o triplo, embora fixada no máximo.

Importante! 10 dias ------- 360 dias : deverá ser proporcional ao quantum aplicado na pena-base. Observa-se a gravidade do crime, de acordo com o art. 59 do CP. 1/30 do salário mínimo ----- 5 X salário mínimo : deverá ser observada a situação econômica do réu (art. 60, CP). Mas também deve ser observado o salário mínimo vigente na época do fato, que é um dos fatores para podermos calcular a pena, como dispõe o parágrafo 1º do art. 49 do CP. Não esquecer do disposto no art. 60, 1º, do CP: a multa pode ser aumentada até o triplo, se embora fixada no máximo, o juiz entender que é ineficaz.

4. Substituição da pena privativa de liberdade por multa: Antes da lei 9714/98 Multa substitutiva: art. 60 parágrafo 2º do CP. Poderia substituir a pena privativa de liberdade por multa desde que : A pena fosse não superior a 6 meses Requisitos do art. 44 inc. II e III do CP fossem também preenchidos. Todavia, com a lei 9714/98 que alterou o CP, na atualidade há possibilidade da substituição da pena privativa de liberdade por multa, segundo o art. 44 parágrafo 2º do CP, que mudou o prazo de 6 meses para 1 ano. ( Houve maior incidência da aplicação da pena de multa substitutiva).

IMPORTANTE! Se não houver possibilidade de substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito, em razão de o delito ter sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, nada impede que haja a substituição da pena de prisão por multa, desde que observados os requisitos do art. 60 parágrafo 2º do CP. Mas é importante que o lapso temporal para fazer a substituição deve ter o acompanhamento da alteração legislativa. É preciso esclarecer: * No momento em que é possível aplicar uma pena restritiva de direito ou multa em substituição à privativa de liberdade igual a 01 ano ou inferior a 01 ano conforme art. 44 parágrafo 2º do CPB: por multa ou por restritiva, caberá ao intérprete aplicar a pena de multa substitutiva com pena não superior a 1 ano. (Compare o art. 44, parágrafo 2º do CP - lei posterior mais benéfica, em comparação com o art. 60 parágrafo 2º do CP que estabelece 06 meses).

5. Execução da pena de multa: Antes da lei 9268/ 96, havia a possibilidade de converter a pena de multa em prisão, caso o condenado frustrasse o pagamento da multa, embora solvente, burlasse os fins da execução da pena. Porém, com a lei 9268/96, a pena de multa passou a ser considerada dívida de valor, impossibilitando a conversão da pena de multa em prisão. Assim, a pena de multa jamais poderá ser convertida em prisão. Importante!!! Deverá ser inscrita como dívida ativa da fazenda pública. art. 51 do CB. Nucci analisa a pena de multa como sendo dívida de valor. A partir da alteração do artigo 51 do CP, aplicam-se as normas da Fazenda Pública. A multa, porém não perdeu sua identidade, ou seja, sua natureza jurídica ainda é uma sanção penal e não civil, observando o artigo 5º, inciso XLV, da Constituição Federal que afirma que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, assim ocorrendo a morte do réu a pena que lhe foi imposta não poderá ser cobrada de seus herdeiros. Luiz Regis Prado destaca essa mudança mencionando que com o surgimento da Lei que alterou a parte geral do Código Penal, a multa penal passou a ser considerada dívida de valor e sendo assim deve respeitar a Lei que rege as dívidas da Fazenda Pública, Lei 6.830/1980. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal, Editora Revista dos Tribunais, p. 389. PRADO, Luiz Regis. Comentários ao Código Penal, 2ª edição revista e atualizada, Editora Revista dos Tribunais, p. 274.

Pena de multa jamais será convertida em prisão (art 51 CP) Multa Comum Prevista cumulativamente imposta Fixação de Acordo com dias-multa Fixação situação econômica do Réu Multa Substitutiva Art. 60 Parág. 2º CP Pena 6 meses (1 ano Art. 44 Parág 2º) Art. 44 inc. II CP Art. 44 Inc III CP Lembrete: Observar as regras do art. 44 parágrafo 2ª do CP

6. Prescrição da pena de multa: Pena multa: quando for a única cominada ou a única aplicada - prescreve em 2 anos : art. 114 do CP. Pena de multa: quando for alternativa ou cumulativamente cominada ou aplicada com a privativa de liberdade - prescreve no mesmo prazo da pena privativa de liberdade. Art. 118 do CP.