Aula 04 EXECUÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO. O art. 43 do CP diz:
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1 Turma e Ano: Execução Penal / 2016 Matéria / Aula: Execução de Penas Restritivas de Direito / Execução das Medidas de Segurança / Aula 04 Professor: Elisa Pittaro Monitora: Kelly Silva Aula 04 EXECUÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO O art. 43 do CP diz: Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I prestação pecuniária; II perda de bens e valores; III limitação de fim de semana; IV prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V interdição temporária de direitos; VI limitação de fim de semana. O art. 44 do CP estabelece alguns requisitos para a aplicação da pena privativa de direito, que é substitutiva. Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II o réu não for reincidente em crime doloso; III a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 1º (VETADO) 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
2 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. Nesse primeiro requisito já existem duas situações polêmicas e extremamente cobradas em provas. O art. 33, 4º da Lei de Drogas (Lei /06) criou uma causa de diminuição de pena para determinados traficantes: Art. 33. (...) 4º Nos delitos definidos no caput e no 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. Além do legislador criar a possibilidade de diminuição da pena e aplicação de uma sanção um pouco melhor para aquele traficante que não tenha um juízo de periculosidade tão exacerbado, ele proibiu a conversão em penas restritivas de direito. Também tem no art. 44 da Lei de Drogas outro dispositivo que proíbe a conversão em pena restritiva de direito, conforme pode ser visto: Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. Antes da entrada em vigor da Lei nº , não havia nenhum dispositivo legal proibindo pena restritiva de direitos para o tráfico de drogas. Majoritariamente, a nossa jurisprudência entendia que o tráfico não admitiria a aplicação do art. 44 da Lei de Drogas, pois apesar de o tráfico não ser cometido com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa, haveria uma incompatibilidade implícita entre a política descarcerizadora das penas restritivas de direito e o tratamento mais rigoroso atribuído aos crimes hediondos. Em 2006, a lei , nos seus arts. 33, 4º e 44, proíbem a aplicação expressa de pena restritiva de direitos para o tráfico de drogas. Porém, a jurisprudência atualmente do próprio Senado tem a tendência a permitir que o juiz, na situação concreta analise se o indivíduo é ou não é merecedor da substituição. Em relação ao tráfico privilegiado, o próprio Senado suspendeu o efeito da expressão vedada a conversão a penas restritivas de direitos. Em
3 relação ao art. 44, existem reiterados precedentes na jurisprudência do STF admitindo a conversão, desde que o juiz na situação concreta verifique se o agente preenche ou não os requisitos para a substituição. Eu posso aplicar pena restritiva de direitos para os casos que envolvam violência doméstica? HC O STF nega a possibilidade de conversão, em razão do art. 44, CP. No inciso III do art. 44, há um requisito de natureza subjetiva. Nos parágrafos seguintes o legislador começa a dar algumas flexibilizadas. O 4º dá o motivo para a pena restritiva de direito ser revogada e a pena restritiva de liberdade ser restabelecida. Se o agente não cumprir a multa (pena restritiva de direitos) ou então outra pena restritiva de direitos de natureza pecuniária, será possível a sua conversão em pena privativa de liberdade? 1ª orientação (Régis Prado e Bitencourt) não faz nenhum sentido a conversão, pois, se a pena de multa não cumprida não é convertida em pena privativa de liberdade, não faz o menor sentido na restritiva de direitos operar a conversão, uma vez que as duas possuem natureza de sanção pecuniária. Ademais, o art. 44, 4º do CP estabelece que um dos motivos da conversão é o descumprimento da restrição imposta. 2ª orientação (Damásio e Luiz Cláudio Gomes) se observarmos o art. 51 da LEP, o descumprimento de uma obrigação imposta é uma falta grave, o que por si só justificaria a conversão. Sem contar que a pena restritiva de direitos, ainda que de caráter pecuniário, não se confunde com a pena de multa, uma vez que a pena restritiva de direitos tem natureza substitutiva. Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que: I descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; II retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta; III inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. Existe alguma possibilidade do juiz da execução penal aplicar pena restritiva de direitos? O art. 180 da LEP diz: Art A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que: I o condenado a esteja cumprindo em regime aberto; II tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena; III os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável.
4 Remissão do art. 44 do CP para o art. 180 da LEP. EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA São tratadas a partir do art. 96 do CP. Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) I Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) II sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) Parágrafo único Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) Então, temos dois tipos de medidas de segurança: a detentiva e a não-detentiva, que consiste no tratamento ambulatorial. A medida de segurança é uma sanção. Logo, se houve extinção de punibilidade, não se tem como aplicar nenhuma sanção. Daí, a redação do parágrafo único. Art. 97 Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) 1º A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) 2º A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) 3º A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) 4º Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) O 1º diz que de tempos em tempos o indivíduo deve se submeter a uma perícia médica para verificar se ainda persiste o juízo de periculosidade, que é a capacidade que o indivíduo tem de converter as suas ações em práticas criminosas. É o perito quem vai fazer essa avaliação.
5 A partir do art. 149 do CPP, é dito como será apurada a doença mental do indivíduo. O incidente de insanidade mental que irá apurar se o indivíduo tem ou não problema e, tendo problema, até que ponto este repercute ou não na sua capacidade de autodeterminação. Se o perito constatar que o agente é inimputável é razão de doença mental, ele deverá dizer também em que momento essa doença surgiu, pois dependendo do momento, isso poderá trazer consequências distintas para o processo penal. 1ª conclusão Os peritos concluem que o agente já tinha doença mental à época do crime neste caso, de acordo com o art. 151 do CPP, a ação penal prosseguirá com a presença de um curador. Se ficar comprovado que foi o agente o autor do crime, o juiz aplica na própria sentença a medida de segurança. Qual é o prazo máximo de duração da medida de segurança nessa hipótese? A súmula 527 do STJ diz que o tempo máximo da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena privativa de liberdade prevista em abstrato para aquele crime. 2ª conclusão os peritos concluem que a doença mental surgiu após a prática do crime o art. 152, 2º diz para suspender o processo e aguardar o agente se restabelecer. Além disso, tal parágrafo permite a internação do indivíduo por prazo indeterminado sem que sequer tenha sido discutida a sua culpabilidade. Toda a doutrina sinaliza a inconstitucionalidade do 2º do art. 152 e defendem que, assim como o art. 151, seja conferido curador ao agente. 3ª conclusão a doença surgiu durante a execução penal a pena será convertida em medida de segurança. Aqui, parte da pena já foi cumprida. Assim, qual é o prazo máximo da medida de segurança? 1ª hipótese (forte no TJRJ) art. 682, 2º, do CPP diz que o prazo máximo é o do restante da pena. 2ª hipótese (Mirabete) o art. 682 foi revogado pela LEP, não podendo ser aplicado. O art. 183 da LEP estabelece prazo indeterminado. 3ª orientação o prazo máximo de privação da liberdade individual compreendido entre pena e medida de segurança não pode ultrapassar o limite de 30 anos, com a aplicação analógica do art. 75 do CP. (CPP) Art Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. 1º O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente. 2º O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento. (CPP) Art Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração, irresponsável nos termos do art. 22 do Código Penal, o processo prosseguirá, com a presença do curador.
6 Súmula 527, STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. (CPP) Art Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o 2o do art º O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio judiciário ou em outro estabelecimento adequado. 2º O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado, ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem prestado depoimento sem a sua presença. (CPP) Art. 682 (...) 2º Se a internação se prolongar até o término do prazo restante da pena e não houver sido imposta medida de segurança detentiva, o indivíduo terá o destino aconselhado pela sua enfermidade, feita a devida comunicação ao juiz de incapazes. (LEP) Art Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. (Redação dada pela Lei nº , de 2010). (CP) Art. 75 O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de )
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