Palavras chave: Leitura, Produção de Texto, EJA

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Transcrição:

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA: PROBLEMAS E POSSIBILIDADES Rafaela Dayne Ribeiro Lucena (UEPB/PPGLI/CAPES) E-mail: rafaela-dayne-bb@hotmail.com RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar alguns problemas e possibilidades existentes na EJA (Educação de Jovens e Adultos) com relação as práticas de leitura e produção de texto principalmente nas aulas de Língua Portuguesa. Sabemos que a leitura é uma atividade muito importante para o sucesso escolar do indivíduo, a partir dessa atividade de ler é que o aluno poderá ter sucesso ou não nas interpretações de textos que precisará fazer durante toda a sua trajetória de vida. Tomamos como aporte teórico os postulados de Bagno (20020), Martins (2003), Geraldi (2006), Koch (20 06) dentre outros, para demonstrar a importância das práticas de leitura e de produção de texto na sala de aula. Palavras chave: Leitura, Produção de Texto, EJA

ABSTRACT This work has the objective to show some problems and possibilities existents in the EJA (Education of youngs and adults) with report the practices of reading and text output mainly in the language portuguese class. We know the reading is an important activity to the academic sucesso of individual, starting these activity of read the student may have sucess or no in the interpretation of texts during his life. As theoretical support, we can point the works bay Bagno (2002), Martins (2003), Gerald (2006), Koch (2006), among others, in order to demonstrate the importance of practic es of reading and text output in the class. Key words: Reading, Text Output, EJA

INTRODUÇÃO As práticas de leitura e de produção textual na sala de aula são discussões cada vez mais frequentes em nosso meio, a artificialidade que se instituiu no cotidiano escolar quanto ao uso da linguagem chama a atenção de muitos estudiosos e pesquisadores dessa área. Na prática escolar, institui-se uma atividade linguística artificial: assumem-se papéis de locutor/interlocutor durante o processo, mas não é só locutor/interlocutor efetivamente. Essa artificialidade torna a relação intersubjetiva ineficaz, porque a simula (GERALDI, 2006, p. 89). Em algumas escolas de nosso país a situação é bastante caótica, os alunos não lêem os textos, eles fazem simulação de leitura ao iniciarem os exercícios de interpretação e análise de texto. Outra abordagem pertinente a se fazer é com relação às sugestões de propostas de produção de texto nas aulas de Língua Portuguesa, vejamos: O exercício de redação, na escola, tem sido um martírio não só para os alunos, mas também para os professores. Os temas propostos têm se repetido de ano para ano, e o aluno que for suficientemente vivo perceberá isso. Se quiser, poderá guardar redações feitas na quinta série para novamente entregá-las ao professor da sexta série, na época oportuna: no início do ano, o título infalível Minhas férias ; em maio, O dia das mães ; em junho, São João ; em setembro, Minha pátria ; e assim por diante... Tais temas além de insípidos, são repetidos todos os anos, de tal modo que uma criança de sexta série passa a pensar que só se escreve sobre essas coisas (GERALDI, 2006, p. 64). É importante que o espaço escolar tenha uma representação mais efetiva e significativa na vida dos alunos, que os mesmos possam executar o que aprenderam na sala de aula fora dela também. Quando o aluno descobre que pode realmente aprender durante a aula e sair dela com o pensamento preenchido pelos novos conhecimentos assimilados, este ambiente de aprendizado denominado sala de aula passa a ter um novo sentido para ele.

Quando o aluno percebe que pode estudar nas aulas, discutir e encontrar pistas e encaminhamentos para questões de sua vida e das pessoas que constituem seu grupo vivencial, quando seu dia-a-dia de estudos é invadido e atravessado pela vida, quando ele pode sair da sala de aula com as mãos cheias de dados, com contribuições significativas para os problemas que são vividos lá fora, este espaço se torna espaço de vida, a sala de aula assume um interesse peculiar para ele e para seu grupo de referência (MASETTO, 1997, p. 35). A leitura é uma das habilidades fundamentais do indivíduo letrado. Na realidade é frequentemente uma atividade solitária. Podemos ler algo por prazer ou para obter informação, mas fazemos essas atividades, dentre outros aspectos, por razões próprias e pessoais. A leitura é também uma das habilidades mais pessoais de um idioma. Falar e ouvir requer outra pessoa, a escrita normalmente precisa de alguém para quem escrever, a leitura, contudo, pode ser feita sem a participação de qualquer outra pessoa. No entanto, um dos principais problemas que nossos alunos enfrentam em provas de vestibulares é a falta de conhecimentos que os auxiliem na compreensão das ideias contidas nos textos de Língua Portuguesa e de outras disciplinas, consequentemente apresentam dificuldades para elaborar textos discursivos e coerentes. Nessa perspectiva, o presente estudo objetiva construir um perfil sobre as condições de produção de texto na modalidade EJA na Escola Estadual de Ensino Médio Senador Humberto Lucena, na cidade de Cacimba de Dentro PB, abordando os problemas e as possibilidades dessas atividades na contemporaneidade. É pertinente lembrar que, para toda e qualquer leitura e/ou produção textual, precisamos levar em consideração algum conhecimento prévio do material a ser lido e/ou produzido. As observações que fazemos nas diversas situações do nosso dia-a-dia são peças fundamentais da engrenagem de iniciação para a compreensão da leitura e da produção de texto. Todas as interações de condições, sejam elas internas ou externas (internas e subjetivas ou externas e objetivas), representam fatores fundamentais para desencadear e desenvolver o processo da leitura e da produção.

Quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos, a partir das situações que a realidade impõe e da nossa atuação nela; quando começamos a estabelecer ralações entre as experiências e a tentar resolver os problemas que nos apresentam ai então estamos procedendo leituras, as quais nos habilitam basicamente a ler tudo e qualquer coisa (MARTINS, 2003, p. 17). No entanto sabe-se que em algumas situações do cotidiano escolar as práticas de leitura e produção de texto fogem ao sentido de uso da língua. Antes de mais nada, é preciso lembrar que a produção de textos na escola foge totalmente ao sentido de uso da língua: os alunos escrevem para o professor (único leitor, quando lê os textos.) A situação de emprego da língua é, pois, artificial. Afinal, qual a graça em escrever um texto que não será lido por ninguém ou que será lido apenas por uma pessoa (que por sinal corrigirá o texto e dará uma nota para ele)? (GERALDI, 2006, p. 65). Nesse contexto, o problema proposto pelo presente trabalho consiste em fazer uma abordagem sobre as práticas de leitura e produção de texto na sala de aula da EJA a partir da dualidade existente entre os problemas e as possibilidades aqui propostos para essas atividades.

PROCEDIMENTOS METODODLÓGICOS O presente projeto buscará, através de uma pesquisa qualitativa construir um trabalho que compreenda a questão da leitura e da produção textual nas aulas de Língua Portuguesa na EJA, admitindo a hipótese de que existem muitos problemas em algumas escolas brasileiras e porque não mencionar paraibanas também, que dificultam essas atividades no âmbito escolar, a partir de então pretendemos mostrar as possibilidades que tornam essas atividades viáveis, para isso tomaremos como objeto de estudo a modalidade de ensino EJA da Escola Estadual de Ensino Médio senador Humberto Lucena, na cidade de Cacimba de Dentro PB. As técnicas de pesquisa previamente selecionadas para o encaminhamento do trabalho consistem nas entrevistas semiestruturadas fundamentadas nas práticas de leitura e de produção textual nas aulas de Língua Portuguesa na EJA, com o intuito de explorar os conhecimentos prévios e o nível dos alunos com relação a essas atividades. A observação participante é tomada também como uma técnica de pesquisa, na medida em que permite o registro dos problemas e das possibilidades vivenciadas pelos alunos no cotidiano escolar. A análise do conteúdo extraído das entrevistas semiestruturadas e da observação participante será feita inicialmente, através de uma densa descrição das narrativas dos alunos da escola supracitada, o que permitirá posteriormente analisar as narrativas com o intuito de identificar os elementos que contribuem e que dificultam o desenvolvimento das atividades de ler e produzir textos na sala de aula da EJA.

ANÁLISE DOS RESULTADOS Durante a pesquisa pudemos observar que um dos principais problemas enfrentado pelos alunos durante as atividades de leitura e produção de texto nas salas de aulas da EJA é a falta de tempo para se dedicar a essas atividades, visto que a maioria dos alunos são adultos que estudam à noite e trabalham durante o dia, sendo assim faltalhes o tempo necessário para se dedicar a produção de texto em casa o que seria uma atividade complementar que os ajudariam a melhorar o nível das suas escritas. Durante as aulas esses alunos encontram-se cansados e muitas vezes sem estímulos para ler, interpretar e consequentemente produzir. As possibilidades encontradas para essas atividades aqui propostas são basicamente o interesse de alguns alunos em aprender cada vez mais, a vontade de concluir o ensino médio e conseguir se firmar no mercado de trabalho, além disso alguns poucos alunos demonstram interesse em participar de seleções e/ou vestibulares para dá continuidade ao estudos cursando um ensino superior. CONCLUSÃO Através dessa pesquisa pudemos perceber que ainda falta muito para que as atividades de leitura e produção de texto possam de fato despertar o gosto e o interesse dos alunos da modalidade EJA pela escrita, mas que são basicamente essas atividades que poderão fazer toda a diferença em suas vidas e contribuir para o sucesso profissional dos mesmos, foi possível verificar também que mesmo diante de tantas dificuldades enfrentadas por esses alunos a vontade de concluir essa etapa do ensino e buscar novos horizontes em suas vidas faz com que eles voltem ao espaço escolar todos os dias.

REFERÊNCIAS BAGNO, Marcos. Língua materna: letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola, 2002. BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola O que é como se faz. 6ª Ed. São Paulo: Loyola, 1998. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007. DURANTE, Marta. Alfabetização de adultos: leitura e produção de textos. Porto Alegre: Grupo A, 1998. GERALDI, at alli. O texto na sala de aula. 4ª Ed. São Paulo: Ática, 2006. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2006. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6 ed. São Pulo: Ática, 2002. LEAL, at alli. Alfabetizar letrando na EJA: fundamentos teóricos e propostas didáticas. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2003. MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. 4 ed. São Paulo: FTD, 1997.