Teorias Científicas e bases epistemológicas das Ciências Humanas



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Transcrição:

Teorias Científicas e bases epistemológicas das Ciências Humanas Análise da produção científica publicada nas últimas três décadas nos periódicos científicos Educação e Sociedade, Revista da Anppoll, Revista Brasileira de História (RBH) e Revista Serviço Social e Sociedade. Projeto interdisciplinar apresentado para a constituição da linha de pesquisa Teorias Científicas e bases epistemológicas em Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas, dentro Programa de Iniciação Científica PIC do Centro Universitário Barão de Mauá, em março de 2013. Pesquisadores responsáveis pela elaboração do projeto Curso Profa. Dra. Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa Profa. Dra. Marlene de Cássia T. Ferreira Prof. Ms. Rafael Cardoso de Mello Prof. Ms. Carlo Guimarães Monti Profa. Dra. Cristiane Rodrigues de Souza Profa. Dra Carolina Donega Bernardes Prof. Dr. Rodrigo Marques de Oliveira Profa. Dra. Nainôra Maria Barbosa de Freitas Profa Ms. Regina Aparecida Furlan Volpe Profa Dra Abigail Aparecida de Paiva Franco Profa Ms. Inês da Silva Moreira História Pedagogia e Psicologia História e Letras História Letras Letras e Psicologia Letras História Serviço Social Serviço Social Serviço Social Março 2013

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Compreendemos neste projeto as Ciências Humanas como o conhecimento organizado e sistematizado segundo metodologia própria, de modo a criar teorias explicativas para as ações humanas (MANOEL, 2012, p. 1). Com base neste pressuposto esta proposta de pesquisa se justifica na medida em que se propõe a investigar as perspectivas teóricas da produção científica divulgada em periódicos de reconhecimento nacional e internacional. Num momento no qual as bolsas de estudo em iniciação científica destinadas às humanidades caem em volume nos programas federais, urge compreender as contribuições destas pesquisas para a formação de uma rede de conhecimento que perpassa as publicações científicas e chega até a sala de aula. Nas três últimas décadas, as mais diferentes áreas de conhecimento nas ciências humanas se atentaram ao problema das teorias científicas e, especialmente, à construção das bases epistemológicas que as sustentam. Com isso, a necessidade de refletir, descrever, explicar, contestar e até mesmo teorizar as teorias se fez crescente nos mais diversos trabalhos científicos. O desenvolvimento de estudos que se colocaram a discutir os pressupostos fulcrais das teorias (a metalinguagem teórica) fomentou justamente a maior aproximação entre os campos de saberes nas humanidades, em razão de uma perspectiva mais abrangente e sólida sobre o fazer científico. Se no início do século XX as áreas de conhecimento se voltaram à definição da especificidade de seus objetos de estudo, nas últimas décadas fizeram o percurso oposto, o que tornou mais do que imprescindível o diálogo entre História, Sociologia, Filosofia, Psicologia, Estudos Linguísticos, Serviço Social, entre outros. Em virtude tanto dessas necessárias reflexões teóricas como da maior integração entre os campos do saber nas Ciências Humanas, apresenta-se nesta proposta de linha de pesquisa a realização de estudos voltados às áreas de conhecimento de História, Letras, Educação, Psicologia e Serviço Social, a partir de uma perspectiva não somente sincrônica, mas também diacrônica das apropriações de conceitos teóricos utilizados em artigos científicos publicados nas revistas Educação e Sociedade, Revista Brasileira de História, na Revista da Anpooll e na

Revista Serviço Social e Sociedade, nas últimas três décadas. Pretende-se, assim, problematizar os usos e escolhas das mais diversas perspectivas teóricas orientadoras, observando os fundamentos que nortearam a produção acadêmica nessas áreas. A escolha de periódicos científicos como fonte para a coleta de dados e análise justifica-se por constituírem o meio mais importante para a comunicação científica. Foi através deles que se tornou possível a comunicação formal dos resultados de pesquisas originais e a manutenção do padrão de qualidade na investigação científica. OBJETIVOS Visando contribuir para o aprofundamento das reflexões no período proposto, busca-se compreender e interpretar os usos e aplicações dos conceitos fundamentais de História, Letras, Educação e Cultura utilizados na produção científica difundida nos dossiês publicados na revista Educação e Sociedade, na Revista da Anpool e na Revista Brasileira de História. Para tanto, objetiva-se: 1) Revisar a literatura teórica e temática relativa à produção renovada das áreas em questão, de maneira a revelar o objeto de pesquisa na atual situação desse campo do conhecimento; 2) Mapear e analisar a filiação ou gênese acadêmica dos autores dos artigos que fazem parte do material de pesquisa, com vistas a identificar o lugar social do qual falam esses autores; 3) Realizar a análise do material de pesquisa selecionado, objetivando o mapeamento das perspectivas teóricas que orientaram os usos e interpretações de conceitos fundamentais para as áreas de História, Letras, Educação, Psicologia e Serviço Social, inscritos na prática de pesquisa difundida por meio dos periódicos científicos em questão; 4) A partir desse levantamento, propor a quantificação do perfil dos autores e propostas teóricas que fomentam a formação dos pesquisadores/educadores das áreas em questão; 5) Contextualizar historicamente o período de publicação dos dossiês das duas revistas selecionadas, cruzando essa análise com os estudos interpretativos das estruturas teóricas e com os resultados quantitativos do perfil dos autores e propostas teóricas.

METODOLOGIA E MATERIAL DE PESQUISA Poderão ser empregadas de maneira associada, ou não, as análises qualitativa e quantitativa do material selecionado. No que tange a primeira tarefa, deve-se levar em conta que uma das primeiras tarefas próprias ao ofício do pesquisador da área das Ciências Humanas seria formular a pergunta e orientar o debate sobre as possibilidades de compreensão e articulação dos sentidos no conhecimento (DIEHL, 2006). A contemporaneidade exigiria a compreensão de dimensões que vão além do fato de apenas referenciarmos os objetos de pesquisa [...] (DIEHL, 2006, p. 377). Isso significa que o pesquisador dedicado à teoria do conhecimento deve refletir a sua produção como [...] uma expressão textual organizada a partir de pontos de vistas de interesses pelo conhecimento, de perspectivas de orientação teórica, de estratégias metodológicas e de estruturas narrativas [...] Portanto e para além do conhecimento propriamente dito, o sentido está também relacionado com as linguagens e símbolos discursivos (DIEHL, 2006, p. 379). Com essa afirmação, Diehl indica que dentro de uma variada gama de elementos, existem dois parâmetros básicos que devemos considerar em relação à pesquisas deste tipo são: (a) a formação da atividade científica na comunidade e (b) a estrutura e concepções na produção do conhecimento [...] (DIEHL, 2006, p. 391). Acrescenta-se ainda, neste caso, a contribuição de Pierre Bourdieu, quando afirma que é fundamental ao analisar-se a produção científica, levar em conta o capital cultural acumulado. Esses dois últimos elementos são os que mais interessam a esta proposta, tendo em vista que se busca o conjunto de teorias que iluminam a prática teórica nas áreas propostas, identificadas nos artigos científicos selecionados como material para esta pesquisa. Na relação entre teoria e prática, particularmente, a reflexão da primeira em relação à segunda, pode fornecer modelos interpretativos que expandam o que se pode analisar em um texto. Isso significa analisar as estruturas teóricas que fundamentaram as perspectivas diretoras da interpretação durante a produção do conhecimento científico naquele determinado período histórico (RÜSEN, 2010). Baseando-se na genealogia proposta por Foucault busca-se localizar as estruturas teóricas principais, como elas foram interpretadas pelos autores e com quais argumentos foram vivenciadas no texto acadêmico.

De acordo com Michel de Certeau (2007), a obra publicada, seja ela um artigo ou um livro, é, ao mesmo tempo, [...] um resultado e um sintoma do grupo que funciona como um laboratório. Como o veículo saído de uma fábrica, o estudo histórico está muito mais ligado ao complexo de uma fabricação específica e coletiva do que ao estatuto de efeito de uma filosofia pessoal ou à ressurgência de uma realidade passada. É o produto de um lugar (CERTEAU, 2007, p. 73). Partindo da concepção de Certeau sobre a, ao escolher como material de pesquisa dois periódicos científicos editados por instituições renomadas, privilegia-se como escolha metodológica a reflexão sobre textos que supostamente são originários de vários lugares, de várias instituições históricas (CERTEAU, 2007, p. 69). Isso proporcionaria o contato com produções ligadas a centros de estudo e pesquisa diferentes. Ao mesmo tempo será possível interpretar se as publicações apresentam em seu discurso elementos que possam dar indícios das características do movimento de renovação do conhecimento nas áreas pretendidas. No que diz respeito ao projeto que, dentro deste programa, optar pela análise quantitativa, o pesquisador responsável deverá atentar-se para o emprego dos conceitos de Bardin (1977), para a construção de categorias de análise do conteúdo dos textos que, posteriormente, serão submetidos a análises estatísticas apropriadas aos objetivos do presente estudo. Quanto ao material de pesquisa a ser utilizado pelo curso de História neste projeto, o mesmo é composto pelos dossiês publicados entre os anos de 1978 e 2010, em duas revistas científicas reconhecidas internacionalmente: a Revista Brasileira de História, editada pela Associação Nacional de História (ANPUH), Revista da Anpooll, editada pela associação Nacional de Pós-Graduação de Pesquisa em Letras e a revista Educação e Sociedade, publicada Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES). A data inicial justifica-se porque a revista Educação e Sociedade iniciou a sua publicação no ano de 1978. No caso da RBH, os dossiês a serem estudos estão listados a seguir: Dossiês Revista Brasileira de História (1981-2010) Vol. Núm. Ano Dossiê 3 6 1983 À Luta, Trabalhadores

4 7 1984 Hay gobierno? 5 8/9 1984/85 Cultura e cidades 5 10 1985 Cultura e cidades 5 11 1985/86 Sociedade e Trabalho na História 6 12 1986 Terra e Poder 6 13 1986/87 Cultura e Linguagens 7 14 1987 Instituições 7 15 1987/88 Sociedade e Cultura 8 16 1988 Escravidão 9 17 1988/89 Família e Grupos de Convívio 9 18 1989 A mulher e o espaço público 10 19 1989/1990 História em quadro negro 10 20 1990 Reforma e revolução 11 21 1990/91 América, Américas 11 22 1991 Estruturas Agrárias e Relações de Poder 12 23/24 1991/1992 Política e cultura 13 25/26 1992/1993 Memória, história e historiografia 14 27 1994 Brasil 1954-1964 14 28 1994 Espaço plural 15 29 1995 Representações 15 30 1995 Historiografia propostas e práticas 16 31/32 1996 Confrontos e perspectivas 17 33 1997 Biografia, biografias 17 34 1997 Travessia: migrações 18 35 1998 Arte e Linguagens 18 36 1998 Ensino de História: novos problemas 19 37 1999 Infância e Adolescência 19 38 1999 Identidades/alteridades 20 39 2000 Brasil, Brasis 20 40 2000 Estado e controle social 21 41 2001 Ciência e sociedade 21 42 2001 Espaços da política 22 43 2002 Tempos do Sagrado 22 44 2002 Viagens e viajantes 23 45 2003 O ofício do historiador 23 46 2003 Experiências urbanas 24 47 2004 Brasil: do ensaio ao golpe (1954-1964) 24 48 2004 Produção e divulgação dos saberes históricos e pedagógicos 25 49 2005 História e manifestações visuais 25 50 2005 Poder, tramas e tensões 26 51 2005 Natureza e cultura 26 52 2006 Escravidão 27 53 2007 Cidades 27 54 2007 História e gênero 28 55 2008 Imprensa, Impressos 28 56 2008 Darwinismo 29 57 2009 O Brasil visto de fora 29 58 2009 Repúblicas 30 59 2010 História e historiadores 30 60 2010 História, educação e interdisciplinaridade Fonte: Revista Brasileira de História. Disponível em: <http://www.anpuh.org/revistabrasileira/public>. Acesso em: 29 mar. 2012

A coleta de dados a ser realizada pelas docentes que representam o Serviço social será realizada através de pesquisas bibliográfica e estudo descritivo realizados na biblioteca Dr. Nicolau Dinamarco Spinelli do Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto SP, nas revistas de Serviço Social entre estas, a revista Serviço Social e Sociedade da editora Cortez. Porém como não foram encontrados todos os exemplares necessários para compor a amostragem da pesquisa nesta biblioteca, optou-se pelas mais recentes ou seja, do nº 95 ao nº 112. Nº 95 Serviço Social, Memória e História; Nº 96 Memória do Serviço Social e Políticas Públicas; Nº 97 Serviço Social, História e Trabalho; N 98 Mundialização do capital e Serviço Social; Nº 99 Direitos, Ética e Serviço Social; Nº 100 O Congresso da virada e os 30 anos da Revista; Nº 101 Fundamentos críticos para o exercício profissional; Nº 102 Serviço Social e Saúde: múltiplas dimensões; Nº 103 Formação e Exercício profissional; Nº 104- Crise social: trabalho e mediações profissionais; Nº 105- Direitos sociais e Política Pública; Nº 106 Educação, Trabalho e Sociabilidade; Nº 107 Condições de trabalho e Saúde; Nº 108 Serviço Social no mundo; Nº 109 Sociedade Civil e controle social; Nº 110 Questão Agrária e Pobreza; Nº 111 Questão social expressões contemporâneas; Nº 112 (neo) desenvolvimentismo e Políticas Públicas. No que tange aos dossiês da revista Educação & Sociedade e Revista da Anpooll, pretende-se como primeira ação do grupo de pesquisadores um inventário completo dos mesmos antes do início do projeto. RESULTADOS ESPERADOS Ao final de três anos de pesquisa espera-se como resultado a conclusão do mapeamento e da interpretação das apropriações dos conceitos fundamentais para as áreas de História, Educação, Letras e Serviço Social na produção acadêmica difundida pelas quatro revistas já citadas. Principalmente, obter resultados que indiquem nos artigos analisados as relações entre a teoria e a prática.

Durante a pesquisa os pesquisadores responsáveis por cada projeto integrado a este programa deverão reunir-se e produzir um relatório um relatório ao final de cada ano letivo do PIC, apresentando um estudo comparativo dos estudos realizados nos diferentes periódicos. Neste texto, os orientadores deverão apresentar reflexões sobre as perspectivas teóricas orientadoras e analisar possíveis convergências e divergências nas apropriações dos conceitos.

CRONOGRAMA Projeto integrado O cronograma de pesquisa apresentado neste projeto procurou adequar-se ao Sistema de Avaliação da pós-graduação implantado pela CAPES, em 1976, que prevê o acompanhamento anual e a avaliação trienal do desempenho dos programas e cursos que integram o Sistema Nacional de Pós-graduação, SNPG. Além disso, cumpre destacar que a definição por um triênio de pesquisa diz respeito à observância das normas de avaliação do desempenho docente adotadas. Dessa maneira, programou-se a elaboração de relatórios parciais anuais e um relatório final da pesquisa, a ser entregue ao CUBM, juntamente com as publicações que resultarem da pesquisa empreendida. 2013 2014 2015 2016 Etapas do projeto 2º. 1º. 2º. 1º. 2º. 1º. Revisão da literatura (teórica e temática) Levantamento das fontes e dados Leitura e análise das fontes Relatórios anuais parciais Relatório final

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