IMPLEMENTAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA A TRADUÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA A LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA NOS CURSOS DO SENAI DA BAHIA.



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Transcrição:

IMPLEMENTAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA A TRADUÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA A LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA NOS CURSOS DO SENAI DA BAHIA. Vanessa de Almeida Moura Maria Das Graças Barreto Da Silva André Luiz Lima Da Costa Neila Dantas Lara Léia de Souza Farias Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) da Bahia Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Eixo Temático: Metodologias para implementar a tradução de/para a língua de sinais. RESUMO O Núcleo de Educação à Distância (NEAD) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial da Bahia (SENAI-BA) está desenvolvendo um projeto intitulado Ambiente Virtual de Aprendizagem Acessível para Pessoas com Deficiência Auditiva - AVA-PDA, patrocinado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), cuja proposta principal é customizar o Ambiente Virtual Moodle tornando-o acessível para pessoas surdas. Objetivo deste trabalho é apresentar a metodologia implementada para traduzir os conteúdos das interfaces do AVA e o do curso de Informática Básica para Linux, em Língua Portuguesa para a Língua de Sinais Brasileira. Palavras-chave: Ambiente Virtual de Aprendizagem-AVA, Customização do Moodle; Tradução; Língua Portuguesa; Língua de Sinais Brasileira (LSB).

1. INTRODUÇÃO A problemática da tradução da Língua Portuguesa para a Língua de Sinais Brasileira (LSB) surge como objeto de pesquisa no Núcleo de Educação à Distância (NEAD) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial da Bahia (SENAI-BA) no momento em que se propõe a desenvolver soluções de inovação educacional com uso de tecnologias de informação e comunicação para pessoas com deficiência auditiva, visando a sua inclusão social e profissional. É neste contexto que o NEAD está desenvolvendo um projeto Ambiente Virtual de Aprendizagem Acessível para Pessoas com Deficiência Auditiva - AVA-PDA, patrocinado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), cujo objetivo é customizar o ambiente virtual Moodle, mundialmente conhecido, tornando-o acessível, através de uma nova interface bilíngue, que possibilita o desenvolvimento e execução de cursos para pessoas surdas. Para a validação do ambiente customizado, se atualizou o curso de Informática Básica em Linux, desenvolvido no âmbito do projeto Qualificação de Pessoas com Deficiência Auditiva (Quali-PDA) de 2007, que originou o projeto atual, mediante o prêmio de Inovação Tecnológica na categoria Tecnologia Social Norte/Nordeste dado pela FINEP. Além do ambiente, está em desenvolvimento um comunicador on-line que deverá permitir a conversação entre surdos que não saibam o Português escrito e ouvintes que não saibam a LSB, através da internet. Foi prevista ainda a execução de uma turma piloto para a validação destes produtos. Por fim, será realizado o treinamento de pessoas chave na utilização do ambiente (hospedar ambiente, criar curso, executar turma, gerenciar alunos, etc.). Para alcançar os resultados especificados acima foram definidas diretrizes baseadas no perfil do público-alvo e nas técnicas de tradução para orientar o trabalho da equipe em todas as etapas da produção. O objetivo deste trabalho é apresentar a metodologia implementada para tradução do curso e das interfaces do AVA em Língua Portuguesa para a LSB e os resultados obtidos.

2. MÉTODO O método elaborado tem como pressuposto a acessibilidade dos produtos e serviços voltados para as pessoas surdas. Isto inclui como requisito o uso da LSB, o que significa realizar a tradução dos conteúdos escritos em Português. Considerando as especificidades das duas línguas, principalmente as diferenças na modalidade (uma é oral-auditiva e outra gestual-visual), a equipe de projeto incluiu em todas as etapas de desenvolvimento profissionais de LSB: surdos e tradutor/intérprete da LSB/Língua Portuguesa/LSB, certificado pelo MEC e pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), visando uma conversão mais natural, prezando pela qualidade no conteúdo em LSB. O método requer a interação entre conteudista, roteirista, intérprete e pessoa surda e consiste em realizar: atualização/produção dos conteúdos; roteirização para estruturação e adequação da linguagem, de modo a torná-la mais simples; adaptação dos roteiros assemelhando-os à estrutura sintática da LSB (remoção dos conectivos, adaptação dos verbos ao infinitivo, alteração da ordem das palavras na sentença quando necessário, entre outras); preparação/estudo do roteiro para tradução e, finalmente, gravação dos vídeos, utilizando como estratégia a leitura do texto a ser sinalizado e o acompanhamento de uma pessoa surda na produção. A atuação da pessoa surda durante as gravações se caracterizou em: ponderar o aspecto da profissional; observar a expressão facial e corporal e adequá-la; propor substituições de vocábulos; realizar correção gramatical quando necessária; advertir sobre possível uso excessivo da articulação de palavras concomitante a sinalização. A concepção desse método se justifica ainda pela consideração de possíveis impasses para a tradução, como o requinte da linguagem dos textos que torna ainda mais complexo o processo de tradução e a dificuldade em conciliar o tempo de leitura do roteiro com o tempo de sinalização devido às notórias diferenças entre a língua fonte e a língua alvo. Tais dificuldades poderiam influenciar diretamente o tempo de gravação tornando-o mais demorado, uma vez que a quantidade de paradas para retomar as gravações aumentaria consequentemente. A sugestão de incluir uma pessoa surda na equipe, por sua vez, se constitui como um quesito estratégico para alcançar resultados positivos quanto ao tempo de gravação sem prejudicar a qualidade dos vídeos.

3. RESULTADO A metodologia de tradução se caracteriza como um importante produto desenvolvido no projeto, por indicar um processo de desenvolvimento de soluções educacionais com o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) voltadas para pessoas surdas, além de derivar resultados relevantes sob o ponto de vista educacional, profissional e social. Um desses resultados, o Ambiente Virtual de Aprendizagem traduzido para LSB é um recurso educacional, totalmente customizado, que viabiliza a produção e ofertas de cursos online acessíveis para surdos. Por tanto, a metodologia de tradução viabiliza a criação e o gerenciamento de cursos, com conteúdos totalmente acessíveis em Ambientes Virtuais de Aprendizagem que suportam materiais como texto, imagens e vídeos através de uma interface fácil e intuitiva, tanto para ouvintes quanto para surdos. Figura 1. Imagem do Ambiente Virtual de Aprendizagem Acessível Fonte: O Autor (2012) Outros resultados obtidos a partir da metodologia são evidenciados na roteirização dos vídeos de conteúdos e de contextualizações do curso de Informática Básica para Linux de 160 horas, adaptados para a estrutura da LSB: ganho na objetividade do tempo de gravação e no desempenho da tradutora, decorrentes da preocupação com a adequação da linguagem, uma vez que não necessitava fazer a tradução para a LSB em tempo real, e da presença da pessoa surda durante as gravações que contribuía substancialmente para o processo de tradução e encenação; enriquecimento dos vídeos de contextualização mediante o envolvimento da tradutora e da colaboradora surda por relevarem os aspectos da cultura surda, e do roteirista

que fazia ajustes técnicos para a produção dos vídeos; aproveitamento do tempo de gravação e a naturalidade das cenas resultante do método utilizado para a tradução que consistiu no planejamento e estudo do roteiro, ensaios das cenas que favoreceu o entrosamento entre as atrizes. Mediante o apresentado podemos ressaltar a importância dessa metodologia, não só para a customização do AVA, mas também para toda a comunidade surda, tornando-se uma poderosa ferramenta de produção e difusão de conhecimento acessível. O que torna os resultados obtidos relevantes sob o ponto de vista profissional e, principalmente, educacional.

4. DISCUSSÃO A técnica de tradução elaborada e apresentada neste trabalho se pautou nos estudos linguísticos e da tradução da LSB abordados em trabalhos como, Quadros e Karnoop (2004), Vasconcelos (2008), Ferreira Brito (2010), Gesser (2011), Massuti e Silva (2011), entre outros. Dos trabalhos que abordam o processo de tradução da LSB para um AVA destacamos o de Quadros e Souza (2008) que apresenta as técnicas desenvolvidas pelos tradutores/atores surdos para a tradução dos textos do curso Letras Libras disponibilizados no Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem (AVEA). Esses autores apresentam como foi criada uma interlíngua escrita, uma espécie de glosa em Português do texto na Língua de Sinais, para apoiar a memória da tradução sinalizada (p. 186) e a partir dela realizar a leitura do texto a ser sinalizado. Constatamos que a abordagem dessas práticas contribuiu para implementação da metodologia, desenvolvida no projeto AVA-PDA, que por sua vez colaborou para acelerar o processo desde a construção do roteiro até a gravação, resultando em vídeos com maior inteligibilidade e qualidade relativa à estrutura linguística da LSB. Dessa forma, consideramos de grande relevância a utilização dessa metodologia para produção de conteúdos em LSB, a fim de evitar falhas na estrutura da língua (a exemplo do português sinalizado ), aprimorando a produção de materiais acessíveis para a comunidade surda.

5. REFERÊNCIAS FERREIRA BRITO, L. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995. GESSER, A. Tradução e Interpretação da Libras II. Curso de licenciatura em Letras Libras. Florianópolis: UFSC, 2011. QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. QUADROS, R. M.; SOUZA, S. X. Aspectos da tradução/encenação na Língua de Sinais Brasileira para um ambiente virtual de ensino: práticas tradutórias do curso de Letras Libras. In: QUADROS, R. M. (org). Estudos Surdos III. Petrópolis: Arara Azul, 2008. VASCONCELLOS, M. L. Estudos da Tradução. Curso de licenciatura em Letras Libras. Florianópolis: UFSC, 2008 MASUTTI, M. L.; SILVA, S. G. L. Tradução e Interpretação de Libras I. Curso de licenciatura em Letras Libras. Florianópolis: UFSC, 2011.