DPA GUIA TÉCNICO. Volumosos suplementares. Planejamento bem feito garante a alimentação do gado quando o pasto não está disponível

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Transcrição:

DPA Volumosos suplementares Planejamento bem feito garante a alimentação do gado quando o pasto não está disponível Ano 1 Número 5 Set./Out. 2014 GUIA TÉCNICO Eficiência e qualidade na produção leiteira Nesta Edição Como alimentar bem sempre Planejar é indispensável Opções para as regiões brasileiras Como produzir uma boa silagem de milho Caso de sucesso

Guia Técnico DPA Caminhos para alimentar sempre bem o rebanho Um dos principais desafios do produtor leiteiro é alimentar corretamente o rebanho. Os nutrientes presentes na dieta dos bovinos, na qualidade e quantidade adequadas, contribuem para: A mantença, ou sustento, dos animais. O crescimento das crias. As boas condições para reprodução. A produção leiteira de acordo com a genética das vacas e com o manejo que recebem. Assim, a boa alimentação do gado contribui diretamente para a rentabilidade do produtor e seu progresso na atividade. Quando o pasto não é suficiente A produção de leite a pasto é uma ótima alternativa para trabalhar com baixo custo e uma das expectativas mais desejadas em sistemas de pastagem é a distribuição uniforme da forragem durante o ano. No entanto, uma dificuldade é a sazonalidade da produção das plantas forrageiras, que consiste na redução da oferta de pasto em determinadas épocas do ano provocada por baixa disponibilidade de chuva, luz, temperatura e pela própria espécie utilizada na pastagem. A sazonalidade ocorre em todos os países e obedece a padrões e intensidades variáveis. Segundo o professor Sila Carneiro da Silva, da USP/ Esalq, na maior parte do Brasil o desequilíbrio entre a produção de forragem na época das águas e na seca é muito grande, com até 90% da produção anual se concentrando nos meses de maior precipitação, luminosidade e temperatura. Cabe ressaltar que na região Sul (principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina) a sazonalidade tem características diferentes. As pastagens são formadas com forrageiras anuais e perenes de verão e anuais de inverno e a transição entre elas provoca vazios forrageiros, ou seja, baixa disponibilidade de pasto na transição do outono para o inverno e na transição da primavera para o verão. É diferente, portanto, do Sudeste e do Centro-Oeste, em que o ponto crítico é o período da seca. Por ser indispensável manter equilibrada a relação entre a necessidade do rebanho e a disponibilidade de volumosos, é mandatório fazer uso de fontes alternativas de alimento no período seco, os chamados volumosos suplementares. O que pode ser oferecido São diversas as opções de volumosos suplementares. As mais frequentes são: Silagens de milho, de sorgo, de cana-de-açúcar, de gramíneas tropicais e temperadas Feno Cana-de-açúcar picada corrigida com ureia Pastagem diferida Capineira A escolha do volumoso suplementar precisa ser feita com antecedência e com cuidado. Uma escolha mal feita ou mal trabalhada pode até comprometer a viabilidade econômica da propriedade, independentemente da eficiência do uso das pastagens na época das águas. 2

Volumosos suplementares Planejar é indispensável A oferta do volumoso suplementar no cocho quando o pasto não está disponível começa com um planejamento bem feito. Nele, é necessário considerar as exigências dos animais, características da propriedade, condição dos conjuntos mecanizados disponíveis, capacitação da mão de obra, avaliação das culturas mais apropriadas, entre outros aspectos. Milho, sorgo, capins tropicais, cana-de-açúcar são culturas que se configuram como excelentes opções se tiverem, individualmente, suas exigências específicas atendidas. Para quem tem experiência na produção de determinado volumoso silagem de milho, digamos e produz rotineiramente esse alimento com qualidade, a decisão fica facilitada. Como diz o professor Flávio Augusto Portela, da USP/ Esalq, quem é bom na silagem de milho dificilmente muda. É necessário produzir a mais por causa das perdas da produção à oferta e para se garantir caso as chuvas atrasem É indispensável considerar: O planejamento forrageiro não se constitui em opção, mas em necessidade. O planejamento precisa ser feito, de preferência, com a ajuda do técnico que atende a propriedade. Pontos a considerar: Ele deve levar em conta todas as categorias (vacas em lactação, vacas secas, novilhas), o possível crescimento do rebanho e o tempo que a forragem será servida no cocho. Com base nisso, calcula-se a quantidade a ser produzida, considerando o consumo diário por categoria multiplicado pelo período de cocho, para chegar à área necessária para essa produção. Cada propriedade deve definir o período de suplementação, deixando sempre uma reserva para perdas envolvidas no processo que vai da colheita até o fornecimento aos animais. É necessário também considerar uma reserva para eventual atraso da volta do período chuvoso. É indispensável refletir sobre os resultados dos anos anteriores para corrigir eventuais falhas nas práticas utilizadas. Com base nos custos de produção de cada fonte de forragem é possível calcular quanto custa o nutriente a ser fornecido por ela e, em seguida, o custo da suplementação com concentrado para diferentes categorias de animais. Lembrar que os estudos sobre custos devem levar em conta o momento específico em razão da frequente oscilação de preço dos insumos. É importante considerar que o processo deve ser flexível e possuir margens de segurança e, sempre que possível, é interessante antecipar as negociações de insumos e preparar o terreno a partir dos resultados de análise de solo para evitar a produção de pouco alimento. Ainda é comum, na tentativa de economizar, decisões que levam ao corte nas doses recomendadas de corretivos de solo, fertilizantes, herbicidas e sementes melhoradas. No entanto, é necessário considerar que a maior preocupação não deve estar associada aos custos propriamente ditos, mas à perspectiva de obter as produtividades que foram planejadas. A ausência de planejamento provoca estresses nutricionais nos animais, que se refletem em perda de peso e de produção leiteira, ou condições inadequadas de utilização das pastagens (sub ou superpastejo), podendo gerar prejuízo no primeiro caso e degradação das pastagens no segundo. 3

Guia Técnico DPA Ser também um agricultor Além de escolher bem a cultura para alimentar o gado no cocho, é necessário produzir de forma eficiente atendendo às exigências técnicas da cultura. Não se pode perder de vista que o produtor leiteiro deve ser, também, um bom agricultor. Isso inclui: Coletar amostras e providenciar análise do solo. Aplicar as quantidades de corretivos indicados pela análise. Proceder às devidas aplicações de adubos e nutrientes recomendados de forma correta. Aplicar os defensivos no momento certo. Isso tudo permite aumentar a produtividade do alimento volumoso por hectare, caracteriza o bom uso do solo e é condição para alimentar os animais com a qualidade e a quantidade necessárias. Diferentemente do clima, a condição do solo pode ser controlada e melhorada pelo produtor. Apoio Técnico Para um planejamento competente, condição para o sucesso da cultura, a presença do apoio técnico tem que ser sempre considerado. Isso contribui para evitar perdas econômicas e nutricionais do alimento Diferenças entre regiões brasileiras SUL Nesta região os produtores conseguem trabalhar com duas pastagens: De verão, com gramíneas como Tifton, Coast croos, Milheto, Capim Sudão ou Aruana, por exemplo, com a primeira aparecendo com mais frequência. De inverno, em que as gramíneas azevém e aveia predominam, apesar de existirem outras opções como as leguminosas por exemplo, trevo branco, trevo vesiculoso, trevo vermelho, ervilhaca e cornichão além da consorciação destas com as gramíneas. A necessidade de volumoso suplementar acontece duas vezes por ano, na passagem de uma forrageira para outra e na volta da anterior, momentos em que pode se caracterizar o vazio forrageiro. Se não houver um bom planejamento, cada vazio forrageiro pode durar até três meses. Quando é utilizado o Tifton, que produz com alta qualidade da segunda quinzena de setembro a março (a partir do segundo ano, é possível estender sua utilização até abril se o produtor investir em adubação hidrogenada). Uma opção de manejo na pastagem com Tifton é realizar a sobressemeadura com aveia e/ou azevém em março/abril. Com isso, quando sua produtividade cair, a aveia e/ou o azevém estarão em plena produção, reduzindo o vazio forrageiro provocado entre a queda da produção da gramínea de verão e a produção de gramíneas de inverno. Como volumoso suplementar, a silagem de milho é a mais utilizada. Mas outras silagens também são produzidas: de sorgo, de Tifton, de aveia e de azevém, por exemplo. O feno tem menor utilização e a cana-de-açúcar é uma opção pouco presente no Sul. 4

Volumosos suplementares SUDESTE E CENTRO-OESTE Normalmente as vacas usam o pasto entre novembro e março. De abril/maio a setembro/outubro, é necessário recorrer aos volumosos suplementares. As opções mais comuns são as silagens de milho, de gramíneas e de cana-de-açúcar. Cana-de-açúcar fresca corrigida com ureia também é usada, apesar de ser trabalhoso picar cana e preparar a mistura diariamente. Fenos e diferimento de pastagens são outras opções, porém menos frequentes. NORDESTE As opções de volumosos suplementares dependem de onde se localiza a propriedade: Zona da Mata O pasto é capaz de oferecer o volumoso necessário ao gado entre fevereiro e junho. Fora desse período, o produtor pode fazer uso de silagens de milho ou de cana-de-açúcar, cana fresca corrigida e, caso tenha criado uma capineira, com Capimelefante, por exemplo, será possível dar, no mínimo, dois cortes para a suplementação no cocho. Semiárido As chuvas variam muito no semiárido. Há regiões em que chove até 900 mm/ano, que é uma quantidade razoável. Em outras, a pluviosidade não excede 300 ou 400 mm/ano. Nas duas situações, há um agravante: a má distribuição desses volumes. É indispensável o produtor preparar na época das chuvas o volumoso que vai utilizar para a suplementação durante a seca. Nas regiões com chuvas em torno de 900 mm/ano é possível manter os animais no pasto de fevereiro a junho. Os meses de janeiro e julho são de transição, quando os animais usam o pasto mas recebem suplementação no cocho. Nos demais meses (agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro), os volumosos são oferecidos no cocho. Nas regiões com índice pluviométrico menor, os meses de transição costumam ser junho e dezembro. O pasto é utilizado de janeiro a maio e nos demais meses a alimentação é com volumosos suplementares e os mais utilizados são silagem de milho ou de sorgo, cana corrigida e principalmente palma-forrageira. No semiárido é praticamente obrigatório considerar a palma-forrageira como opção. Produz bastante, em torno de 150 a 250 toneladas de matéria natural por ha/ano com pouca ou nenhuma chuva, podendo chegar a até 650 toneladas ha/ano com correção e adubação de solo. Sobre a palma-forrageira: Problema sério que afeta a produção é a infestação por cochonilha. Por isso, deve-se procurar variedades mais resistentes a essas pragas. A palma deve ser tratada como uma cultura e receber o manejo adequado. O plantio não pode ser superadensado. É indispensável criar ruas entre as linhas para, se for notada a presença de alguma praga, facilitar a aplicação de medidas de controle necessárias. O consumo médio por animal é de 40 kg/dia. Por ser pobre em fibras, a palma deve ser oferecida com forragem para evitar problemas digestivos. 5

Guia Técnico DPA Silagem de milho, opção mais frequente Para se chegar à definição do melhor volumoso suplementar para uma determinada propriedade é necessário considerar alguns fatores: Área disponível para plantio. Aspectos agronômicos da cultura, como a produtividade. Características nutricionais e oportunidade de inclusão em dietas completas. Custo de produção da forragem para aquele momento específico. Características físicas da propriedade em relação à topografia, fertilidade, clima, índices pluviométricos. Logística da produção. Capacitação da mão de obra. Não se pode afirmar, portanto, que a silagem de milho é o volumoso ideal para todas as propriedades, em todos os anos agrícolas. No entanto, ela é uma ótima opção em termos nutricionais. Não é de se estranhar que seja a opção mais utilizada em todo o Brasil. Pode-se dizer que qualquer produtor sabe o mínimo necessário para produzi-la e, além disso, do plantio do milho ao fornecimento da silagem no cocho, o processo todo demora apenas 140 dias aproximadamente. Produzir uma boa silagem de milho depende do planejamento adequado e do correto atendimento de várias exigências. Acompanhe: Híbrido A recomendação é escolher o que apresenta maior produtividade, maior participação de grãos na matéria seca, bom equilíbrio nutricional entre FDN, FDA e NDT e que seja adequado à região, lembrando que o custo para ensilar um milho de baixa ou alta qualidade é o mesmo. Portanto, economizar no híbrido pode ser um erro. Convém pensar em híbridos que permitem janela de corte prolongada ou plantar híbridos de ciclos diferentes. Assim, há mais tempo para a colheita. Preparo e plantio O plantio direto é o mais recomendado: além de agredir menos o meio ambiente, contribui para preservar as características físicas e químicas do solo. Outros benefícios: Há maior retenção da umidade, o que leva a maiores rendimentos em anos secos. Evita erosão. Oferece mais tempo para a semeadura: no plantio convencional é possível semear entre 3 e 6 dias após uma chuva forte; no plantio direto, é possível semear entre 6 e 12 dias após a chuva forte. No plantio convencional, é necessário um bom preparo do solo (aração e gradagem), além da correção e adubação. Técnicos da Embrapa recomendam que a aração seja feita com 20 a 25 cm de profundidade e, depois, duas gradagens (a segunda na véspera do plantio). O espaçamento mais usado varia de 80 a 90 cm entre linhas. Providências antes da colheita Deixar a ensiladeira pronta, com facas afiadas e contra facas e correias reguladas para picar o material em tamanho entre 0,5 cm e 1,5 cm. Limpar os silos e tapar as rachaduras ou outros pontos abertos para evitar entrada de ar e água. Colheita O ponto exato é quando o milho atinge entre 30 a 37% de matéria seca (dependendo do híbrido), sendo o ideal com 35%, o que acontece entre 90 e 110 dias após o plantio. Para identificar esse ponto, deve-se observar a linha do leite, limite entre a parte mais endurecida (amarelo mais forte) e mais pastosa (amarelo mais fraco), que deve estar entre 50 e 75% do grão. É possível identificar o ponto de colheita pela consistência do grão: ao ser espremido com os dedos, esfarinha-se, indicando que está na hora de colher. Outra forma é raspar com a ponta do canivete a parte leitosa, delimitando-a da parte 6

Volumosos suplementares farinácea para identificar melhor a proporção. O tamanho de partículas deve ficar entre 0,5 cm a 1,5 cm porque isso facilita a compactação, expulsando com mais eficiência o oxigênio do silo (vilão da silagem), melhora as condições de fermentação, o valor nutricional da silagem e o consumo pelos animais, além de possibilitar a estocagem de maior quantidade de silagem por metro cúbico de silo (600 a 700 kg/m³). Fechamento do silo Colhido e picado, o material deve seguir para o silo. O ideal é que dentro de um dia esteja pronto. A compactação é importante para garantir a qualidade da silagem: tem que ser bem feita, por horas, independentemente do trator utilizado. É um erro querer economizar com hora/trator nesse momento, pois as perdas ocorrerão por conta da má fermentação. Depois da compactação, o silo deve ser vedado com uma lona (sobre ela pode-se colocar pneus, palha e até mesmo telhas) por pelo menos 30 dias. Abertura e fornecimento Após os 30 dias, se todo o processo foi realizado corretamente, a silagem está pronta para ser fornecida ao gado. Deve-se retirar fatias uniformes (toda a face do silo), necessárias para o consumo do dia. Cada fatia com no mínimo 15 cm, o que ajuda a manter a qualidade da silagem remanescente no silo. Fornecer a silagem duas vezes por dia é suficiente (por ordenha). Mas, se houver condições, fornecer em mais vezes. Se a retirada for bem planejada, não sobrará silagem no cocho. Mas se isso acontecer, a sobra precisa ser jogada fora no final do dia, pois ela perde o valor nutritivo e fica menos palatável. Investimentos a considerar diária do alimento. Se houver sobra de silagem, um dos silos pode permanecer fechado até o ano seguinte. A produção de silagem de milho permite alternativas interessantes. Todas, porém, representam investimentos que devem ser bem medidos. Número de silos Ter mais de um silo representa uma vantagem, já que silos menores são mais fáceis de compactar e permitem melhor conservação da silagem. As retiradas podem ser mais profundas, o que preserva a qualidade Produzir além da necessidade Isso traz três vantagens: 1 Garante que o rebanho não vai passar fome. 2 Sobras servirão para alimentar o gado no ano seguinte. 3 Pode permitir ao produtor uma renda extra vendendo a silagem excedente para outros produtores, já que não é raro encontrar quem produziu menos volumoso suplementar do que o necessário. Quanto maior a presença de produtores leiteiros na região, maior a possibilidade de encontrar interessados na compra. A silagem pode ser carregada e reensilada, mas isso tem que ser feito no menor tempo possível para minimizar as perdas com a refermentação. Fonte: Revista Leite DPA. Revisão: Amário Nuno Meireles Duarte, engenheiro agrônomo, e Leandro De Conto, engenheiro agrônomo e mestre em Zootecnia, Pastagens e Forragicultura FAEM-UFPEL. Guia Técnico DPA - Uma publicação do Serviço ao Produtor de Leite DPA spl.faleconosco@br.nestle.com www.dpamericas.com.br Coordenação: Bárbara P. Solléro Bernardes, Serviço ao Produtor de Leite, tel.: (62) 3250 2726 Jornalista responsável: Luiz Laerte Fontes (MTb-SP 8346) LLfontes@Lfcomunicacoes.com.br Direção de arte e editoração: Arco W Comunicação & Design www.arcow.com.br atendimento@arcow.com.br Tiragem: 5.000 exemplares Fotos capa e páginas 2 a 7: Arquivo DPA/Gerson Sobreira. Foto página 8: Arquivo DPA Sítio Santa Maria. 7

Guia Técnico DPA Caso de Sucesso Sítio Santa Maria Produção constante Planejamento garante o equilíbrio na quantidade de leite produzida diariamente segurança, acrescentamos o equivalente a mais dois meses e aí definimos a área necessária para as duas culturas". Rosilei e Edemilton: dois tipos de silagem e irrigação para estender o uso do pasto Durante o ano todo, a produção do Sítio Santa Maria, em Glicério (SP), é praticamente a mesma: entre 1.000 e 1.050 litros/dia. Com esse resultado, uma coisa é certa: animal nenhum passa fome. Seus proprietários, o casal Edemilton José Jorge e Rosilei Maestá Jorge, estão na atividade leiteira desde 1999 e têm plena consciência do que é preciso fazer para alimentar muito bem seu rebanho Girolando, com 60 a 65 vacas em lactação. Junto com o engenheiro agrônomo Amário Nuno M. Duarte, técnico do NATA que dá assistência à propriedade, fazem os planejamentos necessários e seguem as recomendações com profissionalismo. A propriedade tem uma área para agricultura com plantações de tomate, milho e cana-deaçúcar e o trabalho na pecuária leiteira fica mais com Rosilei. Ela explica que o gado dispõe de dois pastos: um com Tifton, implantado em 2006, e outro com Tanzânia, implantado no ano seguinte: "Reservamos o Tifton para vacas em lactação, já que a gramínea tem uma qualidade melhor, e deixamos o capim Tanzânia para as vacas secas e novilhas." Também em 2006, os proprietários instalaram um sistema de irrigação, por enquanto só para o Tifton. Com ele é possível estender o uso do pasto e, em geral, o gado só precisa de alimentos no cocho entre três e quatro meses no ano. Duas silagens Para alimentar o gado no período seco, os proprietários trabalham com duas silagens: de milho e de cana-de-açúcar. O planejamento agrícola é feito em finais de agosto, quando já é possível saber com mais precisão a composição do rebanho no ano seguinte. Amário Duarte explica: "Consideramos o consumo diário de 30 kg de silagem de milho para as vacas em lactação, de 20 kg de silagem de cana para as vacas secas e de 10 a 15 kg de silagem de cana para as novilhas. Multiplicamos as quantidades pelo número de cabeças para saber o consumo diário e depois multiplicamos por 120 dias, período de alimentação no cocho. Mas por Segundo Rosilei, o rebanho todo era alimentado com silagem de milho. Mas o casal resolveu fazer uma experiência ensilando cana para vacas secas e novilhas. Ela afirma: "Usando ureia para corrigir o teor de proteína da cana e misturando a silagem com concentrado, o resultado foi muito bom e passamos a também ensilar cana". Rosilei faz uma ressalva: "A silagem de cana dá mais trabalho porque o trator precisa de um redutor para fazer a colheita e isso exige mais tempo". Mesmo assim, compensa: uma pequena área é suficiente para produzir uma grande quantidade de silagem e em razão dos cuidados com a plantação, é possível fazer cinco ou seis cortes no canavial antes de renová-lo. Ou seja, além de alimentar bem uma parte do rebanho, a silagem tem custos menores. Ela conclui: "Aqui trabalhamos de um jeito, outros produtores podem fazer diferente. Mas, para mim, é essencial sempre contar com uma reserva". Ou seja, em questão de alimento para o rebanho é melhor sobrar do que faltar. 8