O IMPACTO DO PEDÁGIO NO TRANSPORTE DE GRÃOS E INSUMOS NO ESTADO DO PARANÁ

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Transcrição:

O IMPACTO DO PEDÁGIO NO TRANSPORTE DE GRÃOS E INSUMOS NO ESTADO DO PARANÁ CURITIBA, JUNHO DE 2011

1 INTRODUÇÃO Os objetivos do presente trabalho são mensurar os impactos das atuais tarifas de pedágio nos valores do frete no transporte de grãos e insumos no Paraná com relação aos valores das cargas transportadas e propor medidas para reduzi-los. O cálculo do efeito do pedágio sobre o transporte de grãos e insumos foi realizado com base em uma matriz origem-destino. O estudo envolve cinco simulações com as rotas rodoviárias mais representativas no transporte de cargas do Estado do Paraná. Dessa forma foi realizada a mensuração dos valores do pedágio e os impactos nos custos do frete das mercadorias, nos custos operacionais de produção da soja e milho. Para efeito da determinação do impacto do custo do pedágio no frete e nos preços das mercadorias, calculou-se o valor efetivo pago em cada rota por um caminhão com 5 eixos, que transporta 27 toneladas de produto. O estudo baseia-se em 27 praças de pedágio do Paraná com impacto para o transporte da Safra. Os cálculos realizados baseiam-se em valores do frete atuais e preços recebidos pelos produtores de soja e milho média mensal de janeiro a abril de 2011. Avaliou-se o impacto destes custos considerando as seguintes cotações: preço milho: R$ 22,38/saca de 60 kg; preço da soja: R$ 43,88/saca de 60 kg 1. Para os cálculos utilizouse as tarifas de pedágio corrigidas em dezembro de 2010. Nas cinco simulações foi determinado o número de pedágios em itinerários relevantes na produção e transporte de milho e soja do Paraná. 1 Segundo cotação média do Seab/Deral, Jan. Abril de 2011. 2

2 IMPACTOS DO PEDÁGIO 2.1 Impactos do pedágio no transporte de grãos O transporte de grãos advindo de todas as regiões do Paraná é onerado pelo pedágio. Em alguns casos, o pedágio chega a equivaler 28,83% do custo do transporte, como é o caso de cargas vindas de Cascavel. Uma carga advinda de Foz do Iguaçu, por exemplo, vai pagar R$ 589,60 em pedágio. Mesmo no caso de Ponta Grossa, mais próxima ao porto, o efeito do preço do pedágio chega a praticamente 20% do preço do frete (compare tabela 1) 2. O pedágio equivale em média 25% do custo de frete de grãos, podendo chegar até 28,8% Tabela 1 - Preço do frete, do pedágio e influência do pedágio no valor do frete por tonelada transportada. Trecho Sacas de soja necessárias Maringá/Paranaguá Cascavel/Paranaguá Campo Mourão/Paranaguá Ponta Grossa/Paranaguá Foz do Iguaçu/Paranaguá Impacto do Pedágio por carga (R$) Sacas de milho necessárias Pedágio atual (R$/t) (B) Preço Frete (R$/t) (A) Influência do Pedágio (%) (B/A) 379,20 16,94 8,64 14,04 55,00 25,53% 467,20 20,87 10,65 17,30 60,00 28,83% 304,00 13,58 6,93 11,26 50,00 22,52% 187,20 8,36 4,27 6,93 35,00 19,80% 589,60 26,34 13,44 21,84 80,00 27,30% * Ajustado de acordo com os percentuais de frete de retorno que foram estimados em 40%,conforme consulta realizada junto aos operadores de transporte. 2 Os cálculos detalhados sobre os impactos do pedágio para cada região produtiva do Paraná são apresentados no Anexo I. 3

O pedágio no Paraná tem um impacto considerável sobre a renda do produtor rural. Um produtor de milho na região de Foz do Iguaçu, por exemplo, tem sua renda diminuída em 5,85% devido ao pedágio. Na região de Cascavel, um produtor de milho tem sua renda diminuída em 4,64% (Figura 2). O pedágio retira renda do produtor rural, comprometendo em alguns casos até 5,85% do preço recebido por seus produtos. Figura 2 Impacto percentual do pedágio sobre o preço recebido pelo milho e soja O pedágio tem também um impacto bastante forte nos custos de produção da soja e do milho no Paraná. Esses custos extras afetam também significativamente a renda do produtor rural. Por exemplo, os custos operacionais de produção do milho da região de foz do Iguaçu para Paranaguá ficam 7,6% mais caros devido aos pedágios. A soja transportada dessa região fica 4,6% mais cara para o produtor rural. Vale lembrar que regiões mais distantes de Paranaguá, no Oeste e Noroeste do Paraná, tem grande peso na produção estadual de grãos. Essas regiões são bastante prejudicadas pelos preços dos pedágios. Mesmo em regiões mais próximas ao porto, como Ponta Grossa, o pedágio tem um impacto significativo nos custos de produção (compare figura 3). O pedágio onera em até 7,6% do valor do custo de produção de grãos no Paraná. 4

Figura 3- Impacto percentual do pedágio sobre o custo operacional do milho e soja. No ano de 2010 foram exportados por Paranaguá 4,3 milhões t. de soja em grãos, 2,3 milhões de t. de farelo e 1,87 milhão de t. de milho, perfazendo-se um total de 8,5 milhões de toneladas de produto. Considerando-se que 65% dessa produção (5,5 milhões de toneladas) foram transportadas por caminhões, foram necessários 205 mil caminhões de cinco eixos para o transporte da produção até o porto. Considerando uma tarifa de pedágio média nos trechos acima mencionados de R$ 385 por caminhão, obtêm-se um custo total para a produção do Paraná de soja e milho de cerca de R$ 80 milhões. Considerando-se toda a produção exportada por Paranaguá e que passa pelos pedágios paranaenses, 13,6 milhões de toneladas, verifica-se que foram desembolsados R$ 126 milhões para pagamento de pedágio. No Paraná, o transporte de grãos desembolsou em 2010 cerca de R$ 126 milhões com pagamento de pedágios. 2.2 Impactos do Pedágio no transporte de insumos O pedágio tem também impacto significativo no custo de transporte de insumos da produção agrícola. Os principais insumos afetados são aqueles consumidos em grande quantidade pelos produtores rurais, isto é, fertilizante e corretivo de solo. No caso do calcário, o pedágio representa forte impacto nos custos do transporte e no preço final do produto. Por exemplo, uma carga de calcário que vai de Almirante Tamandaré para Cascavel ou para Maringá tem custos de pedágio por tonelada transpor- 5

tada de respectivamente R$ 8,74 e R$ 6,70. Esses valores representam uma oneração de 15,68% e de 13,09% nos preços final pago pelo produtor rural pelo calcário (Tabela 4). Por exemplo, como o produtor rural paga em média R$ 67,00 por uma tonelada de calcário dolomítico a granel, posto na propriedade rural, o custo efetivo do produto é 25% do valor pago, o restante corresponde a custos de frete e pedágio. O pedágio encarece em até 15,68 % o valor do calcário. O custo de transporte de fertilizantes também é afetado pelo pedágio. Para se transportar o adubo, o pedágio representa um custo de R$ 10,81/t, se a carga for para Cascavel, e de R$ 8,78/t., se a carga é destinada a Maringá. Como o frete para esses municípios custa em média de R$ 30,00 e R$ 27,50/t., o pedágio assume um peso de respectivamente 36 e 31,9%. (tabela 5) O pedágio pode representar até quase 0,99% do valor do adubo no Paraná. Tabela 4 - Impacto do pedágio no custo do frete do calcário 3 Itens Cascavel Maringá (1) Preço do calcário em Alm. Tamandaré - (R$/t) 17,00 17,00 (2) Valor do pedágio (R$/t) 8,74 6,70 (3) Frete retorno (R$/t) 30,00 27,50 (2)/(1) Pedágio/preço do calcário na mina (%) 51,42% 39,43% (2)/(3) Pedágio/frete (%) 29,14% 24,38% (2)/(1+2+3) Pedágio/preço total do produto (%) 15,68% 13,09% Obs: considerado apenas um trecho pois comumente o calcário é transportado como frete de retorno ao interior Tabela 5 - Impacto do pedágio no frete do adubo (Paranaguá - Cascavel e Maringá) ITENS Cascavel Maringá (1) Preço do adubo em Paranaguá - (R$/t) 1.052,00 1.052,00 (2) Valor do pedágio - (R$/t) 10,81 8,78 (3) Frete retorno (R$/t) 30,00 27,50 (2)/(1) Pedágio/preço do adubo (%) 1,03% 0,83% (2)/(3) Pedágio/Frete (%) 36,05% 31,92% (2)/(1+2+3) Pedágio/preço total do produto (%) 0,99% 0,81% Obs: considerado apenas um trecho pois comumente o fertilizante é transportado como frete de retorno ao interior. 3 As referências utilizadas para a fonte de calcário é o Município de Almirante Tamandaré, principal cidade produtor de calcário, e para o frente o município de Cascavel e Maringá, maiores centros demandantes no Estado 6

A tabela 6 compara os valores pagos de pedágio para o transporte de milho e soja vindos de Foz do Iguaçu até Paranaguá com os valores arrecadados de ICMS. O valor despendido com pedágio pode ser maior do que o próprio valor de ICMS arrecadado pelo estado. Por exemplo, no caso do milho, o pedágio tem um impacto de 1,31 R$/SC sobre o custo total do produto, enquanto que o ICMS arrecadado soma R$ 0,82/sc. Tabela 6 Comparativo entre os valores do ICMS e de Pedágio por saca de soja e milho (R$/sc) Produtos Pedágio (R$/sc) ICMS (R$/sc) Soja 0,50 1,69 Milho 1,31 0,82 Fonte: Getec/Ocepar 3 CONCLUSÕES Em resumo, pode-se dizer que o pedágio: Tem um impacto no valor do frete de grãos que pode representar até 28,83% do valor do frete. Representa assim um grande ônus à produção, principalmente nas regiões com grande peso na produção agrícola, como no Oeste e Noroeste do Paraná; O pedágio pode impactar em até 5,85% no preço recebido pelo produtor pelo milho e 2,99% pela soja; O pedágio tem impacto nos custos de produção que podem chegar a 7,6% para o caso do milho e de 4,6%, no caso da soja; Os preços cobrados pelo pedágio são responsáveis por uma depreciação de renda do produtor rural; Os elevados custos de pedágio desestimulam novos investimentos nas regiões mais distantes do porto e prejudicam assim um desenvolvimento regional equilibrado no Paraná. O agronegócio é especialmente prejudicado com os preços dos pedágios, pois de forma geral o valor unitário dos produtos é baixo em comparação com os produtos da indústria. Por exemplo, para o transporte de televisores, automóveis e geladeiras de Curitiba para Foz do Iguaçu o custo do pedágio representa menos de 1% do valor do produto. Conforme visto acima o transporte de grãos é onerado em até 7,6% devido ao pedágio. Em consequência, o pedágio possui um grande peso no custo da produção agropecuária e, sobretudo sobre o preço dos produtos. 7

Já que o agronegócio tem uma grande importância à economia paranaense, faz-se necessária a criação de mecanismos para desonerar o pedágio e tornar o agronegócio mais competitivo. Os custos adicionais do pedágio no Estado do Paraná reduzem a competitividade da produção de grãos paranaense.vale lembrar que um caminhão paga no Estado até cerca R$ 12,00 de pedágio por eixo para percorrer um trecho de 80 quilômetros. Para trechos com distâncias semelhantes, as praças da Rodovia Regis Bittencourt ou da BR 376 cobram o valor de cerca R$ 1,40 por eixo do caminhão. Um ganho efetivo de competitividade para o agronegócio ocorreria somente se o custo do pedágio fosse igual ou menor do que o custo de transporte em uma situação sem o pedágio. Ou seja, deveria haver melhorias substanciais na qualidade das rodovias, de modo a reduzir custos de manutenção e de tempo de viagem. Assim, a situação atual das rodovias não justifica o impacto que elas causam nos custos de produção e transporte no Paraná. Os pedágios e as condições das estradas, geralmente de pista única, prejudicam o tempo de viagem, aumentando consequentemente os custos. Representam também risco contínuo para caminhoneiros e motoristas de carros menores. Caracteriza-se como um dos componentes do custo Paraná, causando perda da competitividade da soja e milho frente aos nossos concorrentes mundiais, principalmente a Argentina e Estados Unidos; A competitividade do agronegócio paranaense depende portanto das melhorias das condições das estradas, dos portos e da redução dos preços dos pedágios. 4 PROPOSTAS Revisão dos preços do pedágio sem ampliar o prazo de concessão. Elaboração de estudos para concessão de desconto na tarifa do pedágio para transporte de produtos agropecuários, corretivos e fertilizantes, mediante: o Implantação de sistema de cobrança unidirecional para o transporte dos produtos agrícolas, corretivos e fertilizantes (isentar do pagamento os caminhões vazios); o Estabelecimento de tarifa de cobrança diferenciada em função do valor agregado do produto transportado; o Revisão dos critérios de correção anual das tarifas acordados nos contratos de concessão. 8

Realização de levantamento e auditoria nas ações judiciais existentes do Governo, Usuários e Concessionárias, objetivando encerrar a guerra jurídica. Realização de auditorias nos contratos de concessão para atestar se as obras contratadas estão efetivamente sendo realizadas. 9

ANEXOS Tabela 7 Origem Maringá > destino Paranaguá: sacas de milho e soja necessárias para pagar a tarifa de pedágio. Nº de Sacas Necessárias Localização Preço (R$) Pedágios Milho Soja 1 Mandaguari 24,00 1,07 0,55 2 Ortigueira/Mauá da Serra 32,00 1,43 0,73 3 Imbaú 32,00 1,43 0,73 4 Tibagi 32,00 1,43 0,73 5 Witmarsum 33,00 1,47 0,75 6 Balsa Nova/Purunã 28,00 1,25 0,64 7 São José dos Pinhais 56,00 2,50 1,28 Total 237 10,59 5,40 Total/ ida e volta 474 21,18 10,80 Custo ajustado* 379,2 16,94 8,64 * Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e conseqüentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado. Tabela 8 - Origem Cascavel > Destino Paranaguá: sacas necessárias de milho e soja para pagar a tarifa de pedágio. Nº de Sacas Necessárias Localização Preço (R$) Pedágios Milho Soja 1 Cascavel/Ibema 34,00 1,52 0,77 2 Laranjeiras do Sul 34,00 1,52 0,77 3 Candói 34,00 1,52 0,77 4 Relógio 37,50 1,68 0,85 5 Irati 31,00 1,38 0,71 6 Palmeira/Porto Amazonas 37,50 1,68 0,85 7 Balsa Nova/Purunã 28,00 1,25 0,64 8 São José dos Pinhais 56,00 2,50 1,28 Total 292,00 13,05 6,66 Total/ ida e volta 584,00 26,09 13,31 Custo ajustado* 467,20 20,87 10,65 * Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado. 10

Tabela 9 - Origem Campo Mourão > Destino Paranaguá: sacas necessárias de milho e soja para pagar a tarifa de pedágio. Nº de Pedágios Localidade Preço (R$) Sacas Necessárias Milho Soja 1 Relógio 37,50 1,68 0,85 2 Irati 31,00 1,38 0,71 3 Palmeira/Porto Amazonas 37,50 1,68 0,85 4 Balsa Nova/Purunã 28,00 1,25 0,64 5 São José dos Pinhais 56,00 2,50 1,28 Total 190,00 8,49 4,33 Total/ ida e volta 380,00 16,98 8,66 Custo ajustado* 304,00 13,58 6,93 * Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e conseqüentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado. Tabela 10 - Origem Ponta Grossa > Destino Paranaguá: sacas necessárias de milho e soja para pagar a tarifa de pedágio. Nº de Pedágios Localidade Preço (R$) Sacas Necessárias Milho Soja 1 Witmarsum 33,00 1,47 0,75 2 Balsa Nova/Purunã 28,00 1,25 0,64 3 São José dos Pinhais 56,00 2,50 1,28 Total 117,00 5,23 2,67 Total/ ida e volta 234,00 10,45 5,33 Custo ajustado* 187,20 8,36 4,27 * Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e conseqüentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste, Noroeste e Centro-Sul do Estado. 11

Tabela 11 - Origem Foz do Iguaçu > destino Paranaguá: sacas de milho e soja, necessárias para pagar a tarifa de pedágio. Nº de Pedágios Localidade Preço (R$) Sacas Necessárias Milho Soja 1 São Miguel do Iguaçu 43,50 1,94 0,99 2 Céu Azul 33,00 1,47 0,75 3 Cascavel 34,00 1,52 0,77 4 Laranjeiras do Sul 34,00 1,52 0,77 5 Candoí 34,00 1,52 0,77 6 Relógio 37,50 1,68 0,85 7 Irati 31,00 1,38 0,71 8 Palmeira/Porto Amazonas 37,50 1,68 0,85 9 Balsa Nova/Purunã 28,00 1,25 0,64 10 São José dos Pinhais 56,00 2,50 1,28 Total 368,50 16,46 8,40 Total/ida e volta 737,00 32,93 16,80 Custo ajustado* 589,60 26,34 13,44 * Ajuste do impacto do pedágio no custo de transporte das cargas, considerando que, 60% dos caminhões retornam ao interior sem carga e conseqüentemente 40% voltam ao interior com frete de retorno, de acordo com levantamentos realizados com operadores de transporte das regiões Sudoeste, Oeste e Noroeste do Estado. 12