MODA PEDAGÓGICA: ESTUDO SOBRE DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS POR INTERMÉDIO DAS ROUPAS

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MODA PEDAGÓGICA: ESTUDO SOBRE DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS POR INTERMÉDIO DAS ROUPAS PEDAGOGIC FASHION: A ESTUDY OF DEVELOPMENT AND LEARNING OF CHILDRENS BY HELP FROM CLOTHES Autor: Michele Santos Tentor estudante da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: mitequinha@hotmail.com Co-autor: Livia Marsari Pereira estudante da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: lilimarsari@hotmail.com Orientadora: Ivana Guilherme Simili, doutora em História, professora da Universidade Estadual de Maringá- Uem-PR. E-mail: ivanasimili@ig.com.br RESUMO Este pôster apresenta alguns resultados da pesquisa que é desenvolvida em nível de Iniciação Científica, a qual visa analisar as roupas como artefato pedagógico de educação dos gêneros através da coleção Zig Zig Zaa, da Malwee, lançada no mercado de moda infantil em 2007, para crianças de um a seis anos. Pretende-se, com isso, desvelar e conhecer a relação entre moda e educação. PALAVRAS-CHAVE: Moda. Educação. Gêneros. ABSTRACT: This poster presents some results of research developed in level of Scientific Initiation, that pretends analyze clothes likes pedagogic thing of education genders into de collection Zig Zig Zaa, of Malwee, throwing fashion child market in 2007, for kids between one to six years old. Intend to do with this, show up and know the relation between fashion and education. KEY-WORDS: Fashion. Education. Genders. Introdução Esta pesquisa tem por objetivo analisar as roupas como artefato pedagógico de educação dos gêneros, por intermédio da análise da coleção Zig, Zig Zaa, da Malwee, cuja proposta norteadora dos trajes para meninos e meninas de um a seis anos foi à associação dos conhecimentos pedagógicos na produção de moda infantil.

Lançada no mercado em 2007, assinada pela estilista Ana Cristina Nardelli, a coleção Zig Zig Zaa, foi criada com o propósito de produzir roupas que fizessem contribuições para o desenvolvimento e a aprendizagem de crianças. Para tanto, a estilista trabalhou com pedagogos para desenvolver peças com detalhes que estimulassem nas crianças as percepções de espaço, auxiliassem na psicomotricidade, contribuíssem para a interação afetiva com os adultos e despertassem a criatividade. Ao abordar os diversos significados envolvidos no conceito de gênero, Dagmar E. Meyer (2003, p.16), afirma que um deles, diz respeito à maneira pela qual as diversas instituições e práticas sociais nos constituem como homens e mulheres, num processo que não é linear, progressivo ou harmônico e que também nunca está finalizado ou completo. Esta noção possibilita conceber as roupas como prática social e pedagógica de gênero, que ensinam as crianças a serem meninos e meninas. Nesse aspecto, vale lembrar o que afirma Carmen Soares (2003 apud SANT ANNA, 1994), que os corpos são educados nas roupas escolhidas para meninos e meninas. Isto quer dizer que, por intermédio das vestimentas as crianças são educadas, aprendendo pelo ato de vestir-se, a ser meninos e meninas. Desenvolvimento Na história da infância, as roupas ocupam lugar de destaque. Philippe Ariès (1986) abordou aspectos da relação entre infância e roupas, ao mostrar que o surgimento do sentimento de infância, no XVII, teria mudado o panorama dos trajes. Até aquele período, a idéia de que as crianças eram um adulto em miniatura teria se refletido nas vestimentas, porque elas eram vestidas com roupas iguais as dos adultos. As concepções que acompanham o sentimento de infância, como uma etapa da vida diferente da dos adultos, foram produtoras de um modo de vestir as crianças, com roupas apropriadas à idade. Nas interpretações para a moda infantil, a contribuição de Jean Jacques Rousseau é considerada fundamental para o entendimento das mudanças observadas a partir do século XVIII. De acordo com Maria Rita Moutinho e Máslova Teixeira Valença (2005), Rousseau no livro A moda no século XX, defendeu a idéia de que a educação é um processo espontâneo e destacava a importância de que a criança vivesse em contato com a natureza. Para tanto, era necessário mudar o seu traje. Elas deviam ser vestidas com roupas folgadas para que se movessem com facilidade e não restringisse o movimento e o crescimento. Isso permanece válido e útil até hoje, visto que o que a indústria da moda vem incutindo nas meninas e nos meninos é a idéia de usarem miniaturas das roupas e acessórios das mães e dos pais.

A pesquisa permitirá equacionar questões importantes acerca do papel desempenhado pelas roupas na educação infantil. Ela possibilitará pensar a relação entre roupa e infância estabelecida pela sociedade contemporânea, cuja marca principal tem sido a miniaturização da criança e, por conseguinte, a erotização infantil, que é estimulada pela indústria da moda e do consumo. Tem sido prática social os pais vestirem seus filhos como adultos em miniatura, fazendo com que assimilem junto com as roupas certos comportamentos. A criação da moda pedagógica parece ser questionadora dos princípios que estão regendo a indústria e o consumo infantil. Examiná-la, poderá, portanto, ajudar a entender os mecanismos sociais e culturais presentes no cotidiano. Ao tratar da relação entre moda e identidade, Diane Crane (2006), tece comentários acerca da maneira como o conceito de gênero tem servido para criticar as noções fixas de identidade. Em sua teorização, ela retoma Judith Butler, segundo a qual o gênero é comunicado através de desempenhos sociais que envolvem, por exemplo, a adoção de certos estilos de vestimentas e tipos de acessórios e maquiagem, mas o eu não é inerentemente masculino ou feminino. (BUTLER apud CRANE, 2006, p. 50). O que Crane destaca é que não existe uma identidade masculina e feminina, mas que ela é produto de uma construção social e cultural. Nela, as roupas desempenham papel significativo na transformação dos sujeitos e na constituição de suas identidades como masculino e feminino. Metodologia Para a realização desta pesquisa serão fontes de consulta, documentos de três espécies: materiais de propaganda da coleção Zig Zig Zaa, disponibilizado no site da Malwee (www.zigzigzaa.com.br); entrevistas com a estilista Ana Cristina Nardelli e com as pedagogas que estiveram envolvidas no projeto da moda pedagógica da Malwee, finalmente, os de cunho bibliográfico sobre moda, educação e gênero que fornecerão os suportes teóricometodológicos para a análise e compreensão das informações coletadas. As fontes são importantes, conforme afirma Ruth Sabat (2003, p.152-153), pois é comum na propaganda a utilização de imagem de pessoas para vender os mais diferentes produtos. O emprego das imagens de crianças, adolescentes, homens e mulheres carregam sentidos que são constituintes dos sujeitos e de suas identidades de gênero, tendo como referenciais os modelos sociais, econômico e cultural hegemônicos. O ponto metodológico a ser retirado das reflexões de Sabat e trazido para a pesquisa é o de que nas imagens produzidas pela Malwee para vender a coleção da Zig Zig Zaa,

disponibilizada no site da empresa, estão significados para a infância criados com base nas concepções e representações de gênero presentes no universo social e cultural em que as roupas foram produzidas. Ou seja, o que é ser menino e menina, os significados para o masculino e feminino, os conhecimentos concebidos como adequados aos sexos na operação realizada pela educação e a moda para a produção das peças, podem ser captados nos trajes, analisando-se os diversos elementos que o compõem e o caracterizam como pertencentes a cada um dos sexos. O conceito de moda que vai orientar a análise das propagandas bem como será usado para ajudar na organização do roteiro de entrevista com a estilista e com as pedagogas. Porque a moda é uma linguagem modeladora dos sujeitos, agregando novos sentidos ao corpo biológico, buscaremos descobrir por intermédio de nossas fontes, a linguagem criada pela moda pedagógica e o papel por ela desempenhado na educação dos gêneros. Conclusão Esta pesquisa buscou detectar nas peças que compõem a coleção da Zig Zig Zaa, as idéias, imagens e representações criadas para saber o que é ser menino e menina e as noções de feminilidade e masculinidade que veiculam. Por meio desses procedimentos, almejou-se identificar a contribuição das roupas na construção das aparências e na formação dos gêneros. Portanto, mostrar os conceitos pedagógicos que guiaram a produção de moda. Minicurrículo Michele Santos Tentor, 23 anos, acadêmica do 4 ano de Moda da Universidade Estadual de Maringá-CRC. Certificada pelo III Colóquio de moda em Belo Horizonte com publicação e comunicação oral de artigo. Publicação de artigo na revista Costura Perfeita de novembro/dezembro de 2007. Certificada pelo I Encontro Centro-Oeste de design de moda com publicação e comunicação oral de artigo. Referências ALBERTI, Verena. Histórias dentro da História. In: PINSKY, Carla et. all. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. ARIÈS, Phillipe. História social da criança e da família. Tradução Dora Flaksman. 2 ed. RJ: Editora Guanabara, 1986. CASTILHO, Kathia. Moda e linguagem. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi,2004

CRANE, Diana. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. Tradução Cristiana Coimbra. São Paulo: Editora Senac, 2006. MEYER, DAgmar Estermann. Gênero e educação: teoria e política. In: LOURO, Guacira Lopes; NECKEL, Jane Felipe; GOELLNER, Silvana Vilodre (Orgs.) Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis, RJ:Vozes, 2003, p. 9-27. MOUTINHO, Maria Rita; VALENÇA, Máslova Teixeira. A moda no século XX. RJ: Editora Senac, 2005. SABAT, Ruth. Gênero e sexualidade para consumo. In: LOURO, Guacira Lopes; NECKEL, Jane Felipe; GOELLNER, Silvana Vilodre (Orgs.) Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis, RJ:Vozes, 2003, p. 149-159. SOARES, Carmen Lúcia. Pedagogias do corpo. Labrys. Estudos Feministas. n.5, ago./dez. 2004. Disponível em: < www.unb.br/ih/his/gefem>. Acesso em dez.2007.