Mesmo com um ambiente aparentemente favorável e cheio de expectativas, o setor aéreo no Brasil parece



Documentos relacionados
TARIFA OPERADORA TAM. Procedimentos e orientações para consulta, reserva e emissão de bilhetes TAM Tarifa Operadora. Julho/2013

6 Dica c s a p s a p r a a r c a omp mp a r r a pa pa ag a e g n e s n a r é e r a e s a mu m ito t m o a m i a s bar a a r t a a t s a

A entrada da Gol no mercado aéreo brasileiro

Press Release 9 de dezembro de 2007

Preciso anunciar mais...

MARKETING PARA TURISMO RODOVIÁRIO. Rosana Bignami Outubro_2015

TAM: o espírito de servir no SAC 2.0

Os desafios do Bradesco nas redes sociais

COMO INVESTIR PARA GANHAR DINHEIRO

Política aeroportuária: as dúvidas e as questões

Aéreas terão subsídios para operar rotas já existentes

Consórcio quer 'popularizar' compra de helicóptero e avião

Lições para o crescimento econômico adotadas em outros países

NOTA DA SECRETARIA DE AVIAÇÃO CIVIL - Perguntas e Respostas sobre o processo de concessão Viernes 30 de Septiembre de :32

CÂMARA DOS DEPUTADOS COMISSÃO DE VIAÇÃO E TRANSPORTES. (Do Sr. JÂNIO NATAL) Senhor Presidente,

De entre vários direitos que o diploma contém destacamos os seguintes:

Reposicionamento Oi Velox Fora Mancha R1

Matemática. Aula: 02/10. Prof. Pedro. Visite o Portal dos Concursos Públicos

1. A retomada da bolsa 01/02/2009 Você S/A Revista INSTITUCIONAL 66 à 68

produtos que antes só circulavam na Grande Florianópolis, agora são vistos em todo o Estado e em alguns municípios do Paraná.

ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA CADASTRO NO PORTAL VIAJA MAIS

COMO PARTICIPAR EM UMA RODADA DE NEGÓCIOS: Sugestões para as comunidades e associações

Como a Copa do Mundo 2014 vai movimentar o Turismo Brasileiro

Como a Copa do Mundo 2014 vai movimentar o Turismo Brasileiro

site: balcaodoconsumidor.upf.br

Dicas de vendas para postos de combustível

ERP. Enterprise Resource Planning. Planejamento de recursos empresariais

O papel do CRM no sucesso comercial

Por Denize BACOCCINA. Isto é Dinheiro - sexta-feira, 03 de maio de 2013 Seção: Economia / Autor: Por Denize BACOCCINA

CRM estratégico criamos uma série de 05 artigos 100

Inflação castiga mais o bolso dos que menos têm

SAP Customer Success Story Turismo Hotel Urbano. Hotel Urbano automatiza controle financeiro e internaliza contabilidade com SAP Business One

INFORMES SETORIAL Aeronáutica fala sobre a segurança nos céus do Brasil

Analista de Sistemas S. J. Rio Preto

COMPRE DO PEQUENO NEGÓCIO

1 USE SUA RAZÃO E DEIXE AS EMOÇÕES POR ÚLTIMO

Entrevistado: Almir Barbassa Entrevistador: - Data:11/08/2009 Tempo do Áudio: 23 30

PARA QUE SERVE O CRM?

Distribuidor de Mobilidade GUIA OUTSOURCING

INTRODUÇÃO. Fui o organizador desse livro, que contém 9 capítulos além de uma introdução que foi escrita por mim.

Instituto Assaf: nota de R$ 100 perde 80% do valor em 21 anos do Plano Real

Boletim Econômico Edição nº 86 outubro de Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico

FAQs Novo Programa de Fidelidade Copa Airlines 2015

Fundamentos da Matemática

Roteiro para apresentação do Plano de Negócio. Preparamos este roteiro para ajudá-lo(a) a preparar seu Plano de Negócio.

ESTRUTURA DA ENTIDADE

ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA CADASTRO NO PORTAL VIAJA MAIS

Atraso e Cancelamento de Voo e Preterição de Embarque Dicas ANAC

TRANSPORTE AÉREO BRASILEIRO POR QUE AS EMPRESAS PERDEM DINHEIRO?

CAPÍTULO 7 - ÁRVORES DE DECISÃO

RELATÓRIO DA ENQUETE SOBRE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES

INQUÉRITO - PROJECTO DE TUTORIA A ESTUDANTES ERAMUS OUT

Sistema LigaMagic de Torneios

GANHE R$50.000,00 POR MÊS!!

Módulo 4 O que é CRM?

Você sabia. As garrafas de PET são 100% recicláveis. Associação Brasileira da Indústria do PET

Ministério do Esporte. Cartilha do. Voluntário

Saiba o que vai mudar no seu bolso com as novas medidas econômicas do governo

PERGUNTAS FREQUENTES

Mercado de Capitais. O Processo de Investir. Professor: Roberto César

Azul cada vez mais perto de seus clientes com SAP Social Media Analytics e SAP Social OnDemand

Matemática. Atividades. complementares. ENSINO FUNDAMENTAL 7- º ano. Este material é um complemento da obra Matemática 7. uso escolar. Venda proibida.

1. LAhotels apresenta planos e estratégias para o Brasil

Estudo de Caso. Cliente: Rafael Marques. Coach: Rodrigo Santiago. Duração do processo: 12 meses

ICANN COMUNIDADE AT-LARGE. Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números POLÍTICA SOBRE VIAGENS DA AT-LARGE

Controle Financeiro. 7 dicas poderosas para um controle financeiro eficaz. Emerson Machado Salvalagio.

PESQUISA DIA DAS CRIANÇAS - NATAL

O século XIX ficou conhecido como o século europeu; o XX, como o americano. O século XXI será lembrado como o Século das Mulheres.

, 3.919, 2011, 15% 1) O

S E M A N A D O COACHING

Guia do uso consciente do crédito. O crédito está aí para melhorar sua vida, é só se planejar que ele não vai faltar.

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

#BANRIDICAS. Dicas para sair do buraco ou virar milionário

Empresas aéreas continuam a melhorar a rentabilidade Margem de lucro líquida de 5,1% para 2016

NOVIDADES TRANSPORTE COLETIVO

Instituto Isaac Martins

paraíso Novo rumo no Inspiração one experience Relatos de quem tem história

Estudo Comparativo

SONHOS AÇÕES. Planejando suas conquistas passo a passo

UWU CONSULTING - SABE QUAL A MARGEM DE LUCRO DA SUA EMPRESA? 2

APURAÇÃO DO RESULTADO (1)

Crescimento sem precedentes

Os fundos de pensão precisam de mais...fundos

Cesta básica tem alta em janeiro

Argumentos de Vendas. Versão Nossa melhor ligação é com você

20 de dezembro de Perguntas e Respostas

TÍTULO: COMERCIO ELETRÔNICO (E-COMMERCE) CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS SUBÁREA: ADMINISTRAÇÃO

Claudinei Tavares da Silva Celular: (44)

PLANEJAMENTO OPERACIONAL: RECURSOS HUMANOS E FINANÇAS MÓDULO 16

Felipe Oliveira, JPMorgan:

Freelapro. Título: Como o Freelancer pode transformar a sua especialidade em um produto digital ganhando assim escala e ganhando mais tempo

Programa de pontos da IAESTE Brasil

BLACK FRIDAY 2015 PREPARE-SE PARA A MELHOR SEXTA DO ANO! Desenvolvido pela Equipe da:

Lista de Revisão do Enem 3ª Semana

Informações Acadêmicas - Intercâmbio

PERÍODO AMOSTRA ABRANGÊNCIA MARGEM DE ERRO METODOLOGIA. População adulta: 148,9 milhões

Dólar pode fechar o ano a R$ 3,50

Welcome Call em Financeiras. Categoria Setor de Mercado Seguros

Matemática Financeira II

Transcrição:

Economia Tem prejuízo no ar Companhias aéreas transportarão 28 milhões de pessoas a mais até 216, projeta IATA. No Brasil, mesmo com expansão do mercado, tarifas devem ficar mais caras e serviços cada vez mais escassos Por Rafael Oliveira rafael@revistanordeste.com.br 3 AGOSTO / 213 A Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) divulgou que as companhias aéreas devem receber nos próximos anos mais de 8 milhões de passageiros no mundo. O Brasil, com uma projeção de crescimento de 8% ao ano, pode chegar a ser o terceiro maior mercado mundial, atingindo a marca de 127 milhões de passageiros/ ano voando em destinos e inter, perdendo apenas para os Estados Unidos (71,2 milhões) e China (415 milhões). A projeção é um pouco menor do que o volume registrado no ano passado, quando o número de passageiros transportados na aviação civil superou 9,48%, saltando de 92.574.975 passageiros em 211 para 11.354.228 em 212. Mesmo com um ambiente aparentemente favorável e cheio de expectativas, o setor aéreo no Brasil parece seguir com cautela. As duas maiores empresas aéreas brasileiras, GOL e TAM, operam no vermelho. A GOL teve um prejuízo operacional de R$ 35 milhões no segundo trimestre e ainda assim, comemora uma melhora de R$ 32 milhões sobre o igual período do ano passado. A TAM registrou prejuízo ainda maior: de R$ 928,124 milhões no segundo trimestre deste ano números muito ruins, se comparado a 211, quando a empresa obteve lucro operacional de R$ 6,264 milhões. A GOL revisou algumas de suas projeções para 213, reduzindo a expectativa de custo operacional por assento disponível por quilômetro (excluindo combustível), entre 9,5 centavos e 1 O Brasil deve passar a ser o terceiro maior marcado mundial, atingindo 126 milhões de passageiros por ano

Ranking dos voos nas capitais do Nodeste São Luis (MA) 23 6 6 inter (Miami, Frankfurt, Lisboa, Madri) Natal (RN) inter (Panamá, Miami, Frankfurt e Lisboa) Maceió (AL) inter João Pessoa (PB) 3 28 16 4 Teresina (PI) Fortaleza (CE) Aracaju (SE) inter (Roma, Lisboa e Milão) inter inter 16 8 25 5 inter inter (Roma, Lisboa e Milão) centavos de real. Isso significa que, em um trecho entre Recife (PE) e São Paulo (SP), cada passageiro tem custo médio de R$ 267,2. Além disso, anunciou redução da malha aérea para 214. Em nota, a companhia disse que, por questões estratégicas, não divulga quais trechos sofrerão redução nas viagens. A TAM, apesar do prejuízo quase bilionário, teve receita total de R$ 3,231 bilhões no último trimestre, ou seja, 5,8% acima dos R$ 3,53 bilhões obtidos entre abril e junho de 211. Os dados foram divulgados no balanço da LATAM, empresa formada pela fusão da TAM e a chilena LAN, cujo processo foi concluído em junho de 212 o que garantiu novo fôlego à operação. A GOL e a LATAM foram procuradas pela Revista NORDESTE, mas nenhuma quis comentar os números. Fotos: Divulgação inter Quem não está operando no vermelho é a companhia aérea Azul, que registrou lucro líquido de R$ 3,6 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante um prejuízo de R$ 2,6 milhões em igual período do ano passado. A empresa informou os dados em seu prospecto de oferta de ações enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O lucro operacional foi de R$ 128,7 milhões, o que representa uma alta de 257% sobre o registrado um ano antes. A margem operacional passou de 6% para 1,3%. O aumento foi impulsionado, em grande parte, pelas receitas geradas pela expansão da malha aérea com a aquisição da Trip, assim como os ganhos de economia de escala e do aprimoramento de nossa eficiência operacional, informou a companhia no documento. AGOSTO / 213 31 Recife (PE) 13 Fonte: Infraero Salvador (BA) 138

Empresas operam no vermelho Professor explica que as companhias aproveitam bom momento para lucrar Como as empresas conseguem manter suas operações, mesmo com os prejuízos? O professor Marcos José Barbieri Ferreira, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/Unicamp), disse que o mercado das companhias aéreas sofre uma variação muito grande, e por isso, elas aproveitam os bons períodos para ter um fôlego financeiro que segura os momentos difíceis. Em 24, por exemplo, o setor aéreo obteve lucros altíssimos. No entanto, mesmo com os tempos atuais não sendo tão bons, elas conseguem manter a operação por um tempo, até que voltem a ter o lucro esperado, explicou. Barbieri afirmou que o setor aéreo é muito sensível, com fatores que podem mexer com o mercado em caso de variação. A manutenção dos aviões, que deve ser impecável, é um tópico importante, porque um avião novo tem um custo menor do que um mais velho, com sete ou oito anos de operação. Os aviões são utilizados o dia inteiro. Eles não podem voar sem um parafuso sequer no lugar. Além disso, tem também o custo com o combustível e o financiamento dos aviões, já que a maioria não é comprado à vista e sim em sistema de leasing. E boa parte destes gastos é dolarizado, disse. O tempo que uma empresa pode permanecer operando no vermelho é incerto, analisa o professor. Tem empresas que conseguem se manter por quatro ou cinco anos voando no prejuízo, mas outras têm capacidade financeira de suportar dois ou três anos, no máximo. Para equilibrar os gastos, elas reduzem a malha aérea, suspendem a encomenda de aviões novos, fazem remanejamentos, entre outros cortes, descreveu. Entretanto, mesmo com os prejuízos, as companhias conseguem fazer promoções de passagens. A gente sempre brinca dizendo que um pas- Tarifas aéreas mais caras 32 AGOSTO / 213 Dentro deste cenário, a consequência vai para o bolso do consumidor. As passagens aéreas estão ficando mais caras. Uma pesquisa realizada pelo comparador de viagens Mundi revelou que as passagens aéreas aumentaram entre 15% e 25% nos últimos meses. O problema é a alta do dólar, já que cerca de 6% dos custos das companhias são feitos em moeda estrangeira. Quem confirma a informação é o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Ele admitiu que pode ocorrer mais reajuste nos preços caso a moeda norte- -americana continue subindo. Se essa tendência de alta no dólar se verificar, as coisas ficarão mais complicadas. Espero que isso não ocorra, mas se a moeda subir não há como descartar o aumento, porque tudo está vinculado, disse. Ele afirma que as companhias vinham fazendo ajustes internos, como demissões e redução de número de voos, mas todas as medidas possíveis foram tomadas e as companhias chegaram ao que ele classifica como o limite do impossível. Sem solução, TAM, Gol, Azul e Avianca recorreram ao governo federal para amenizar os prejuízos. Apresentaram uma lista de nove reivindicações, entre elas, a inclusão do transporte aéreo na medida provisória 617, que zera as alíquotas de PIS e Cofins para empresas de transporte rodoviário, metroviário e ferroviário. Também contam com a revisão da política de preços de combustível pela Petrobras e unificação do ICMS. As empresas não estão dispostas a pagar por seis meses tarifas aéreas que representam hoje 6% dos custos, como não aceitam que os usuários paguem tarifas aeroportuárias, que seriam bancadas pelo Fundo Nacional de Aviação Civil. Eduardo Sanovicz admitiu que podem ocorrer novos reajustes, caso o dólar volte a subir

A secretária de Turismo de Maceió, Cláudia Pessoa, disse que mesmo com o crescimento, a malha aérea da capital alagoana ainda não é coerente ao crescimento turístico da região. Inauguramos 19 hotéis nos últimos anos e a ocupação também vem aumentando na mesma proporção. Maceió é o destino turístico que mais cresce no país, mas se não houver oferta aérea, o investimento hoteleiro e as ações públicas de fomento terão sido em vão. Ruth Avelino, presidente da Empesa Paraibana de Turismo, lamentou a redução dos voos. Ela acredita que o momento é de crescimento. Temos recebido reclamações de turistas, de operadores e agentes de viagens com relação à falta de voos para João Pessoa e Campina Grande, ao mesmo tempo em que as companhias reduzem a oferta alegando que não há demanda. Estamos em contato permanente com as empresas aéreas para tentar mudar esse quadro, mas a resistência é grande. O secretário de Turismo de Pernambuco e presidente da Fundação CTI Nordeste (formada pelos órgãos oficiais de turismo do Nordeste), Alberto Feitosa, acredita que o maior problema é a malha intrarregional. Recife, assim como Salvador e Fortaleza, tem boas ligações com Sul, Sudeste e Centro- -Oeste, e voos inter. No entanto, falta comunicação entre os estados do Nordeste. Quem sai do Recife sageiro não paga o mesmo valor pela passagem. A grosso modo, é mais ou menos por aí, afirma Marcos Barbieri. Ele acrescentou que há uma estratégia no sistema de tarifação das passagens. Os voos têm uma tarifa cheia e as classes fracionadas que vão sendo disponibilizadas à medida que o avião vai ficando cheio e a data da viagem vai se aproximando. Por isso, quem pega os primeiros assentos ou reserva com pelo menos três meses de antecedência, consegue preços mais baratos do que quem precisa viajar de última hora, contou. Ainda assim, há assentos que as companhias preferem ocupados. Segundo o especialista, esses são considerados um produto perecível. Se ele vai vazio, certamente dá mais prejuízo do que se ele viesse com um passageiro viajando a preço de custo. E ainda há a variação do tamanho das aeronaves. Um avião com capacidade Secretários chiam Cláudia: faltam voos em Maceió e vai para Fortaleza, por exemplo, tem que passar por São Paulo ou Brasília. Parece ilógico, mas é uma questão de mercado, pois não há voos entre esses estados da mesma região. Isso dificulta inclusive o acesso do turista regional. O secretário de Turismo do Rio Grande do Norte, Renato Fernandes, informou que a CTI vem tendo várias reuniões consecutivas com a ANAC e a Infraero. Estamos conversando. Precisamos de um estudo de composição dos preços dos bilhetes. Outra solução a ser buscada é a utilização dos aeroportos do interior. Uma empresa aérea está interessada em pousar em Natal, mas queremos que ela também faça escala em Mossoró, por exemplo. Temos um planejamento que envolve 21 aeroportos, integrando cidades importantes como Imperatriz (MA), Parnaíba(PI), Campina Grande (PB) e outras do interior, observou. para 1 pessoas que viaja com 8 tem um custo. Outro com capacidade para 2 pessoas em que viajam as mesmas 8, a possibilidade de prejuízo é bem maior, comparou Barbieri. Por isso, muitas companhias preferem investir em horários alternativos, com aeronaves menores. A concorrência também é um fator considerado de risco, já que quanto mais companhias disputando o mesmo trecho, maior é a possibilidade dos voos seguirem com assentos vazios. Capitais perdem voos regionais A crise vem fazendo várias capitais do Nordeste perderem voos. Em fevereiro deste ano, os passageiros do Aeroporto Castro Pinto, em João Pessoa (PB), perderam a opção de voos diretos de João Pessoa para Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e Campinas (SP), operados pela GOL. No mês seguinte os passageiros de Natal (RN) sofrerem o impacto. Cinco voos diários da GOL, um voo direto Natal-Rio de Janeiro (RJ) e Natal-São Paulo (SP) deixaram de operar. A TAM retirou da malha dois voos diretos SP e RJ e outro Natal-Salvador (BA)-São Paulo. Foram 7 vagas a menos nos voos potiguares. Desde 23 de setembro, a Azul cancelou a única rota regional que ligava Salvador a Fortaleza (CE), com escalas em Maceió (AL) e João Pessoa. Antes disso, a empresa aérea também encerrou a frequência entre Salvador e Campina Grande (PB). Uma situação ainda mais desastrosa foi revelada em um levantamento feito pela PanRotas, publicação especializada no gênero. Entre janeiro de 212 e julho de 213, o número de voos semanais caiu em sete das nove capitais nordestinas. Apenas Maceió teve um acréscimo de 44 voos. João Pessoa ficou estável, com 13 voos em 212, e 14 em 213. Fotos: Antoninho Perri (Ascom - Unicamp) / Divulgação (Abear) / Assessoria Secom (Maceió)

34 AGOSTO / 213 Era de ouro da aviação Quem podia viajar de avião até o fim dos anos 8 consegue se lembrar até hoje da chamada era de ouro da aviação. O alto preço dos bilhetes era compensado com um serviço de bordo impecável, com direito a robustas refeições servidas em pratos de porcelana e talheres de inox, poltronas largas e até mimos como caixas de chocolate suíço e os vidrinhos de perfume francês. Hoje, os preços dos bilhetes despencaram e junto com eles vieram as poltronas espremidas e o serviço de bordo a base de balas toffee, barrinhas de cereal e batatas chips. A GOL foi a primeira a adotar esse novo modelo e a única a oferecer serviço de bordo pago. Desde o início do ano passado, os passageiros recebem um cardápio com opções de sanduíches (R$ 13 cada) e snacks (que custam R$ 5), bebidas quentes, cervejas, refrigerantes e sucos (entre R$ 5 e R$ 15). A água (em copo) é dada gratuitamente ao cliente que solicitar, mas a garrafa custa R$ 3. No início, os clientes poderiam optar entre o serviço pago e o gratuito (a base de amendoins, barrinhas de cereal e refrigerante). Agora, a empresa só trabalha com o A TAM tenta diversificar o serviço de bordo com parcerias. No ano passado, por exemplo, uma ação de marketing entre a companhia e a Nestlé permitiu que em diversos voos domésticos fossem distribuídos iogurtes e os lançamentos da empresa. Esta foi mais uma ação do nosso serviço Leve o Dia Leve, que orienta as nossas iniciativas para oferecer ao passageiro, logo cedo, produtos que inspiram o bem-estar a bordo, afirmou Manoela Amaro, diretora de Marketing da TAM Linhas Aéreas. Já para a parceira Nestlé, o momento foi de fazer propaganda na linha saudável da empresa. Tivemos o objetivo de oferecer aos passageiros uma experiência gostosa e nutritiva serviço pago. Apesar de copiar um formato que já funciona com sucesso na Europa e Estados Unidos (em empesas do tipo low-cost/baixo custo), os viajantes brasileiros ainda não se adaptaram com o novo serviço de bordo. A blogueira de viagem Cris Marques publicou em seu blog Dentro do Mochilão uma experiência nada agradável. Sabendo que a GOL está com o novo serviço, fiquei tranquila porque não precisaria comer aquelas goiabinhas insuportáveis e sim ter a opção de escolha da minha refeição matinal. A comissária chegou, fiz meu pedido e a mesma me entregou o lanche. Aí veio a surpresa do dia: ao estender a nota de R$ 5 ela falou que não havia troco. Você não tem cartão de crédito?. Como não havia levado cartão, o lanche foi recolhido. O empresário Joeliton Tardelli defendeu o sistema, alegando que esse tipo de serviço faz com que os passageiros tenham bilhetes mais baratos. É bastante coerente com a política de voos da GOL, visto que ela utiliza o sistema de low-cost, low-fare, ou seja a pessoa está interessada no voo unicamente como um meio de transporte, sem exce- para um novo momento de consumo, destacou Pedro Feliu, diretor da Nestlé/ DPA Brasil. Na Azul, não há carrinhos de bebidas. As comissárias passam pelos assentos anotando os pedidos e depois vêm distribuindo-os pelos assentos. Você recebe a lata inteira da bebida escolhida acompanhada por um copo com cubos de gelo. Na hora de comer, as comissárias passam um grande cesto no qual estão dispostos pacotes de batatas fritas, amendoim, biscoitos salgados, doces e mini waffles, todos eles em embalagens personalizadas com a marca da Azul. O passageiro escolhe o que quer e pega quantos pacotes achar conveniente, descreveu a empresa dentes. A consequência dessa política é a redução do preço das passagens aéreas, tornando-as mais acessíveis a consumidores de baixa renda, argumentou. Questionadas, TAM, Azul e Avianca afirmaram que não pretendem começar a cobrar pelo fornecimento de bebidas e lanches. Parceria melhora serviço A blogueira Cris Marques critica em sua página o serviço dispensado pelas companhias Ação de marketing entre TAM e Nestlê permite maior satisfação do cliente com os lanches servidos Fotos: Arquivo pessoal / Arquivo Varig / Divulgação TAM / Divulgação Gol / Divulgação Azul / Arquivo pessoal

Espaços apertados Quem viaja tem a impressão de que os passageiros da classe econômica têm cada vez menos espaços para acomodar os joelhos ao sentar nas poltronas. E não é ilusão. Desde o início dos anos 8, as companhias aéreas diminuíram em 7,6 centímetros, em média, a distância entre o encosto de um assento e as costas do assento à frente. Aproveitando quem não abre mão do conforto (que, em geral, está disposto a pagar mais caro por isso), as companhias estão oferecendo poltronas mais espaçosas aos passageiros da classe econômica, mediante pagamento de uma taxa adicional. O benefício são alguns centímetros a mais de distância em relação ao assento da frente. Na Azul Linhas Aéreas cobra-se uma taxa entre R$ 2 e R$ 25 no valor da passagem por um assento nas cinco primeiras fileiras da aeronave, chamada de Espaço Azul. Lá, a medida entre as cadeiras é de 86 centímetros, enquanto, nas demais, é de 79. A TAM também oferece o Espaço+, com a alternativa das cadeiras que ficam na primeira fila ou entre as saídas de emergência. O custo é de R$ 3 para voos e até R$ 198 para inter. A GOL através da assessoria. A Avianca é a única que tenta manter o padrão do serviço de bordo. Não medimos esforços para oferecer um serviço diferenciado. Em todos os voos os serviços e bebidas são cortesia. Oferecemos refeições, sobremesas, pães e frutas, com trocas de cardápios em ciclos. Também servimos bebidas variadas como refrigerantes, água, sucos e café. Já em voos inter, temos snack quente, além do café da manhã com frutas, bolos, pães variados, e duas opções de pratos quentes à escolha do passageiro para o almoço e jantar. Para beber, vinho branco e tinto, uísque, vodka, cerveja e chás, informou a empresa, em nota. Poltronas mais espaçosas são mais caras e a Avianca informaram que não fazem este tipo de cobrança. O aval para este tipo de cobrança foi dado no ano passado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que já vinha tratando a questão como um diferencial competitivo. Pela lei, as tarifas aéreas são livres. Portanto, uma empresa aérea pode praticar preços diferentes, de acordo com o serviço que oferece, afirmou o superintendente de Segurança Operacional da Anac, Carlos Eduardo Pelegrino. Além disso, ele observa que a ANAC não tem motivos para interferir nessa questão. Cerca de 95% dos passageiros são atendidos pela distância atual entre as poltronas. Exigir uma maior distância obrigaria os aviões a terem menos assentos, diminuindo a oferta e provocando aumento de preços do transporte aéreo no geral, argumentou. 35 AGOSTO / 213