A EDUCAÇÃO INCLUSIVA SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO PAULINO, Paulo Cesar 1 paulino@utfpr.edu.br MASCHIO, Marcelina Teruko Fujii 2 marcelina.maschio@ifms.edu.br RESUMO O presente trabalho buscou nos profissionais que atuam na educação, ouvir como e o que pensam a respeito da educação inclusiva. Foram pesquisados 42 profissionais matriculados no III Curso de Especialização em Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos na disciplina de Educação Inclusiva, ofertada pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, no Campus Cornélio Procópio, no ano de 2009. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário, divulgado pela Revista Nova Escola, edição de agosto de 2008, composto por 18 questões, que foram respondidas inicialmente, mais 4 acrescidas e respondidas ao término da disciplina. Os resultados apontaram que os profissionais conhecem a legislação sobre o tema, porém, sentem que falta preparo específico aos profissionais nesta área, ou seja, quase a metade alegou falta de qualificação no assunto em questão. Como sugestão, apontaram a necessidade de capacitação em educação inclusiva aos profissionais da educação. Aqui ressalta-se a importância da capacitação em serviço, por ser esta uma profissão que deve buscar constante atualização, entendendo ser este o verdadeiro caminho para que a escola e a sociedade sejam realmente inclusivas. PALAVRAS-CHAVE: Educação Inclusiva, Educação Continuada, Profissionais da Educação. INTRODUÇÃO O Curso de Especialização em Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos está regulamentado pelo Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) instituído pelo Decreto 5.840, de 13 de julho de 2006 com o objetivo de especializar profissionais da educação por meio do desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores pertinentes à atividade da docência no Proeja, bem como produzir 1 Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Cornélio Procópio, Especialista em Metodologia do Ensino Tecnológico pela UTFPR e Mestrando em Ensino de Ciências e Tecnologia na UTFPR Campus Ponta Grossa. 2 Pró-Reitora de Ensino do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Mestre em Educacão (UEL) e Doutoranda em Educação pela Unesp-Campus de Marilia.
conhecimentos como síntese da formulação e implantação teórico-prático da proposta integrada de educação profissional, básica e de educação de jovens e adultos (SETEC, 2007). Este curso visa especializar profissionais com capacidade para atuar na elaboração de estratégias, no estabelecimento de formas criativas para propor atividades de ensino e aprendizagem e de prever proativamente as condições necessárias e as alternativas possíveis para o desenvolvimento adequado da educação profissional integrada a Educação Básica na modalidade Educação de Jovens e Adultos, considerando as peculiaridades, as circunstâncias particulares e as situações contextuais concretas em que programas e projetos deste campo são implementados. METODOLOGIA Amostra foi composta de 42 alunos matriculados no III Curso de Especialização em Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos na disciplina de Educação Inclusiva, ofertada na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Cornélio Procópio, no ano de 2009. Os alunos responderam às 18 questões do teste ao iniciarem a disciplina e ao término, responderam a 4 questões adicionais. ANÁLISE DE DADOS Os dados obtidos nas questões 01 a 18 permitiram conhecer os posicionamentos e opiniões, assim como, sobre o conhecimento dos alunos a respeito da Educação Inclusiva: No que se refere à legislação os alunos tem ciência que recusar a matricula de um estudante com deficiência é crime (Gráfico 1) e que os pais podem exigir a matricula de seus filhos em qualquer escola, pública ou privada. (Gráfico 6) O aluno com deficiência física necessita de ajuda para se locomover e participar das atividades da escola (Gráfico 2) e que aqueles que apresentam comprometimento nos movimentos de braços e pernas, possuem deficiência múltipla (Gráfico 7).
Os surdos não são totalmente insensíveis ao som (Gráfico 5), mesmo os que já dominam a linguagem de sinais podem aprender a falar (Gráfico 17). Sabem que, com atendimento especializado podem aprender a escrever no mesmo ritmo dos demais. (Gráfico 11) Os alunos cegos ou com baixa visão podem reconhecer o rosto dos colegas (Gráfico 12) e participar das aulas de educação física (Gráfico 15). A presença de placas sinalizadoras nos corredores e portas são úteis para o deslocamento (Gráfico 8) e não necessitam de profissionais especializados para a realização de sua higiene pessoal e alimentação (Gráfico 4). Estudantes com deficiência mental conseguem desenvolver a atividade de ler, escrever, fazer contas e serem independentes. (Gráfico 16) Os alunos com deficiência necessitam de atividades com menor complexidade (Gráfico 3) e os professores podem adaptar materiais para a propiciar e incentivar a participação. (Gráfico 13) As atividades inclusivas com a participação de todos devem ser incentivadas pelos professores (Gráfico 10), sendo que os alunos deficientes possam em algumas ajudar os alunos sem deficiência em determinadas atividades (Gráfico 9). Os estudantes com deficiência devem opinar sobre as medidas que vão ser adotadas para apoiar suas atividades na escola regular (Gráfico 14). Não há a necessidade de uma escola ter alunos deficientes para ser considerada inclusiva, pois a inclusão é para todos sem distinção (Gráfico 18). O tema com maior grau de divergência foi sobre a deficiência múltipla onde a afirmação variou de 66% a 67% das opiniões sendo a única escolha majoritária abaixo de 70% (Gráfico 7). Os assuntos que sofreram maior modificação entre a opinião inicial e final foram sobre a possibilidade do deficiente mental desenvolver habilidades, afirmação variando de 77% a 93% das escolhas (Gráfico 16) e também sobre a possibilidade do surdo aprender a falar com variação na afirmação de 72% a 93% (Gráfico 17). Quanto às questões complementares 82% não se julgam capazes de atuarem na educação inclusiva (Gráfico 19), para 40% dos cursistas a principal dificuldade que encontrariam no ensino inclusivo é a falta de capacitação ou qualificação no tema (Gráfico 20), quando arguidos sobre qual curso tinha necessidade 19% optaram por temas sobre as necessidades educacionais especiais
(Gráfico 21) e 47% tem como solução para a efetivação da mudança de paradigma a capacitação adequada dos profissionais da educação. GRÁFICOS
A B C D E F G H I j Falta de qualificação/capacitação. Falta de conhecimento. Inexperiência. Não conhecer as metodologias para trabalhar as diferenças deficiências ou necessidades. Interação com o aluno. Não tenho nenhuma dificuldade. Adaptação. Estrutura familiar dos alunos. Falta de formação específica. Falta de material de apoio especializado
k Superação de conflitos sobre a qualidade na educação. A B C D E F G H I J K L M Cursos para conhecer as necessidades educacionais especiais. Estágio em instituições especializadas. Capacitação prática e não só teórica. Formação continuada. Especialização específica. Capacitação de metodologia para suprir a falta no curso de graduação. Palestras e seminários. Material e instalações adequadas e específicas. Preconceito. Linguagem de sinais. Cursos e estudos ministrados por profissionais qualificados. Estudo do comportamento humano. Capacitação Inclusiva.
A B C D E F G H I J K L M Capacitação adequada dos profissionais da educação. Comprometimento. Investimento do estado em materiais e cursos específicos. Trabalho em conjunto com interação entre pais, alunos, professores e escola. Disciplina voltada ao ensino inclusivo na graduação. Políticas educacionais concretas para a adaptação de currículo e estrutura escolar. Decisão do aluno e família quanto a melhor opção na modalidade de ensino a ser matriculado. Educação inclusiva com finalidades reais e justas. Muito estudo e reflexão. Preparação dos docentes e comunidade escolar. Cumprimento da legislação específica. Ampla divulgação do significado de Educação inclusiva. Articulação entre os sistemas educacionais (municipal, estadual e federal). CONCLUSÃO A capacitação continuada na disciplina de Educação Inclusiva para profissionais da educação se mostrou importante, pois, é função primordial da educação, preparar profissionais com capacidade de atuar no processo educacional e no processo de reabilitação de pessoas com déficits cognitivos, assim como, ampliar a compreensão dos processos cognitivos e dos problemas de
aprendizagem, estabelecendo relações entre eles, que permita conhecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com deficiência mental, assim como as adequações que devem ser realizadas para favorecer sua educação. Ressalta-se que entre os pesquisados, quase metade alegaram falta de qualificação e 15% alegaram falta de conhecimento. Cabe aqui a reflexão de que a educação continuada torna-se primordial para a segurança ao docente quanto á capacidade técnica de realmente estar realizando atendimento pertinente e adequado, assim como para a qualidade no atendimento a estes alunos. Mesmo tendo ciência de que a entrada de um aluno com diagnóstico de deficiência causa impacto na escola, pois os educadores sentem-se despreparados para atuar com alunos com essas características, tão diferentes da maioria cabe às pessoas consideradas (d)eficientes, persistirem, insistirem, lutarem por seus direitos, buscar ter acesso, permanência e êxito na educação, para que possam, desta forma, contribuir para minimizar o preconceito de que estes são incapazes, assim como, mostrar aos profissionais da educação que além de conhecimento e informação, a boa vontade e a disponibilidade em fazer o melhor, perdure sempre. REFERÊNCIAS EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica SETEC. http://www.sectma.pe.gov.br/download/julieta%20borges.pdf REVISTA NOVA ESCOLA. Inclusão: você está preparado? Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/026.shtml>. Acesso em 14 de jul. 2009 UTFPR-CP. Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos. Disponível em http://www.cp.utfpr.edu.br/pos/php/mostradisciplinas.php?id=17. Acesso em 14 ago. 2009il