APELAÇÃO COM REVISÃO N o 754.280-0/7 - São Paulo Apelante: Humana Seguros Pessoais Ltda. Apelada : Marinalva Souza Cardoso



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Transcrição:

APELAÇÃO COM REVISÃO N o 754.280-0/7 - São Paulo Apelante: Humana Seguros Pessoais Ltda. Apelada : Marinalva Souza Cardoso SEGURO DE VIDA EM GRUPO. ESTIPULANTE QUE, NO CASO, É PARTE LEGÍTIMA. Estipulante é a pessoa que, em nome do Segurado, contrata com a empresa Seguradora a Apólice de Seguro de Vida em Grupo. Quando ela se porta perante o contratante aderente como esta, assume a obrigação decorrente da apólice. PAGAMENTO. DIREITO DE REGRESSO. O pagamento da indenização por invalidez devia ser exigido de empresa(s) seguradora(as), uma vez que somente podem operar em seguros privados as sociedades anônimas ou cooperativas devidamente autorizadas. Mas, neste caso, a Requerida e Estipulante assumiu deliberadamente essa postura, fazendo incidir a teoria da aparência, o que a legitima para figurar no pólo passivo da ação, podendo, se pertinente, promover ação de regresso contra a Seguradora. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO-OCORRÊNCIA. Não houve cerceamento de defesa de qualquer ordem. O julgador sentiu-se habilitado para a entrega da prestação jurisdicional diante das provas existentes e que lhe ofereceram elementos de convencimento. Cumpriu a norma do artigo 330 do Código de Processo Civil. Voto n o 8.811. Visto, MARINALVA SOUZA CARDOSO ingressou com "ação ORDINÁRIA" (folha 2 - destaques do original) contra HUMANA SEGUROS (identificada nos autos como Humana Seguros Pessoais Ltda.), qualificação e caracteres das partes no processo, perseguindo a indenização originária do "... Certificado de Seguro Individual..." (folha 2), substituído em renovação por outro, porque, portadora de escoliose lombar, tornou-se inválida de forma permanente e total. Recebeu os benefícios da assistência judiciária. Formalizada a angularidade, a Requerida habilitou-se e apresentou contestação, que foi - 1 -

impugnada. As partes exibiram documentos. Em audiência não houve conciliação. Seguiu-se a entrega da prestação jurisdicional e, procedente a pretensão, foi a Requerida condenada ao pagamento de R$ 6.890,40, com correção de acordo com a Tabela Prática do Tribunal de Justiça desde a constituição do crédito, com juros de 0,5% a.m. a contar da citação, custas, despesas processuais e honorários advocatícios de 10% sobre o valor da causa. HUMANA SEGUROS PESSOAIS LTDA. interpôs recurso. Argüiu: 1. cerceamento de defesa porque, "... havendo um ponto controvertido de natureza fática, que dependia de provas, não poderia o magistrado ter sentenciado o feito preterindo-as" (folha 79); 2. ilegitimidade de parte porque figurou no contrato como Estipulante e, por isso, "... partes legítimas para responder pelos seguro contrato pela autora seriam as seguradoras..." (folha 79); 3. não caracterização do sinistro de invalidez por doença e cerceamento de defesa, pois, na época do sinistro estava em vigor a Circular SUSEP 17/95, que conceituava a invalidez permanente e total por doença, não tendo a Apelada atendido aos requisitos. MARINALVA SOUZA CARDOSO fez encarte de contra-razões defendendo o acerto da decisão, porque: 1. pela posição intermediária assiste à Requerida o direito de regresso; 2. as provas foram substanciais e afastam a argüição de cerceamento de defesa. - 2 -

É o relatório, adotado no mais o da r. sentença. As razões e as contra-razões estão centralizadas com exclusividade nas provas, entre elas, de forma especial nos contratos firmados pelas partes. O recurso passa a ser apreciado nos limites especificados para satisfação do princípio tantum devolutum quantum appellatum, refletindo-se, desde logo, pela diretriz sumular sobre o não-reexame em caso de recursos constitucionais, tanto sobre o reexame das provas como em relação à interpretação da cláusula contratual 1. A questão sobre a ilegitimidade de parte foi afastada pela r. sentença, com fundamento nos documentos oferecidos pela própria Requerida (folha 71) que, também, não negou a existência do contrato de seguro, tanto que realizou descontos para que a Requerente tivesse condições de ser incluída no plano de seguro pessoal. Agora, no momento de honrar o compromisso, quer afastá-la. Estipulante é a pessoa que, em nome do Segurado e em favor dele, contrata com a empresa Seguradora a Apólice de Seguro de Vida em Grupo ou de Acidentes Pessoais. A sua responsabilidade no contrato de seguro pode ser direta ou indireta, dependendo das provas, dos fatos e das circunstâncias. O pagamento da indenização prevista na apólice, em tese, devia ser exigido da empresa seguradora, uma vez que somente podem operar em 1 - STF. Súmula 279: "Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário". STJ. Súmula 7: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial". - 3 -

seguros privados as sociedades anônimas ou cooperativas devidamente autorizadas 2. Mas, no caso concreto, a empresa estipulante assumiu deliberadamente essa postura, o que a legitima para figurar no pólo passivo da ação, podendo, se pertinente, promover ação de regresso contra a(s) empresa(s) seguradora(s). O Certificado de Seguro Individual e o Certificado de Seguros são de responsabilidade da Requerida e empresa estipulante Humana Seguros Pessoais (folhas 11/12). Foi ela, também, pelo Departamento de Sinistro, quem fez a devolução das radiografias e dos exames (radiológicos) da Requerente e Segurada (folha 18). Nenhum desses documentos sofreu contrariedade formal. No Cartão Proposta figuram os nomes da empresa e da proponente, ocorrências que foram reproduzidas no Aviso de Sinistro de Vida em Grupo e/ou de Acidentes Pessoais e, em parte, no Certificado de Seguros (folhas 48 a 50). Nesses documentos e nos anteriores há realces nos cabeçalhos ao nome Humana Seguros Pessoais. São elementos (escritos) suficientes, pela conduta irregular da Requerida, para criar dúvida objetiva perante o contratante aderente. Não consta em nenhuma dessas peças, de forma induvidosa, que o pagamento de indenização seria de empresa de seguro. Agiu a Requerida como se seguradora fosse e, por isso, deve sujeitar-se à teoria da aparência; daí, a responsabilidade direta. Em caso análogo, que tramitou pela 10 a Câmara do extinto Segundo Tribunal de Alçada Civil de 2 - Decreto-lei nº 73, de 21/11/1966, art. 24. - 4 -

São Paulo, o ilustre Relator, Desembargador Nestor Duarte, lançou em seu voto: A questão da ilegitimidade passiva deve ser analisada segundo a conduta dos contratantes. Conforme se vê do documento de fls. (...) a ré apelante portou-se como responsável pelo pagamento.... "Assumindo, deliberadamente, essa postura, irrogou obrigação que tornou inclusive dificultosa para as autoras a verificação de quem seria a efetiva Seguradora, pois sequer tinham a apólice.... 3 O mesmo entendimento é encontrado na jurisprudência do extinto Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, v.g.: Seguro de Vida e/ou Acidentes Pessoais. Legitimidade passiva. Estipulante. Pessoa que se apresenta e age como Seguradora. Reconhecimento. Teoria da Aparência. Aplicabilidade. Coresponsabilidade da instituição financeira captadora de seguros se as circunstâncias levam o consumidor à suposição de estar por ela sendo garantida. 4 Na hipótese em que a estipulante pertence ao mesmo grupo da seguradora, age como mandatária desta e com ela se confunde, pode ser considerada parte legítima para figurar no polo passivo da ação de cobrança de indenização securitária. 5 A r. sentença registrou: 3 - Ap. c/ Rev. 727.693-0/1 - J. 08.5.2002. 4 - Ap. c/ Rev. 633.166-00/5-6ª Câm. - Rel. Juiz LINO MACHADO - J. 26.3.2003. No mesmo sentido: RT 735/289; JTA (Lex) 177/535; Ap. c/ Rev. 537.651-00/7-4ª Câm. - Rel. Juiz CELSO PIMENTEL - J. 4.3.99; Ap. c/ Rev. 592.941-00/0-8ª Câm. - Rel. Juiz MILTON GORDO - J. 23.11.2000; AI 712.436-00/5-3ª Câm. - Rel. Juiz HENRIQUE NELSON CALANDRA - J. 9.10.2001; REsp. 39.145 - SP - STJ - 4ª T. - Rel. Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO - DJ 7.2.94, pág. 1187. 5 - Ap. c/ Rev. 740.582-00/8-3ª Câm. - Rel. Juiz CARLOS GIARUSSO SANTOS - J. 14.9.2004. No mesmo sentido: Ap. c/ Rev. 480.568-00/5-5ª Câm. - Rel. Juiz LAERTE SAMPAIO - J. 3.6.97; Ap. c/ Rev. 510.483-00/8-6ª Câm. - Rel. Juiz EUCLIDES DE OLIVEIRA - J. 18.3.98; Ap. c/ Rev. 522.594-00/1-11ª Câm. - Rel. Juiz ARTUR MARQUES - J. 24.8.98. - 5 -

"... o requerido deve ser mais zeloso quando entabula contratos, bem como na manutenção de seus registros, sob pena de arcar por sua incúria, conquanto restou comprovada a cobrança e o registro frente à autora. Ora, não foi possível entender os motivos de sua recusa." (folha 72) A invalidez por doença está comprovada, não tendo nenhuma influência o entendimento da Requerida sobre a saúde da segurada, porque incide, no caso, as normas pertinentes do Código de Defesa do Consumidor. A boa-fé é presumida e não há como isentar-se a Requerida de sua responsabilidade sob alegação que fica restrita ao elemento subjetivo, uma vez que as provas por ela fornecidas não convencem sobre a caracterização da tese que defende. Não houve cerceamento de defesa de qualquer ordem. O julgador sentiu-se habilitado à entrega da prestação jurisdicional diante da prova existente e que lhe ofereceu elementos de convencimento. Cumpriu a norma do artigo 330 do Código de Processo Civil. A necessidade da produção de provas deveria evidenciar um âmbito, ou uma extensão de imperiosidade, suficiente para aferir-se sobre a possibilidade de ser alijada a prova documental. É o entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante. "Se as provas dos autos foram suficientes para o julgamento do feito, não se vislumbra caracterizado qualquer cerceamento de defesa. 6 6-2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 538.259-6ª Câm. - Rel. Juiz LUIZ DE LORENZI - J. 30.6.99. - 6 -

Os documentos comprovam o estado de saúde, inclusive que a Requerente, em razão do mal, encontra-se em gozo de benefício sob responsabilidade da entidade autárquica federal INSS. É do conhecimento público o rigor dessa instituição para a concessão de benefício ao segurado obrigatório e, também, não houve incidente algum de falsidade sobre qualquer um deles. Pondera-se que se limitou a Requerida, na contestação e nas razões do recurso, sobre a ilegitimidade de parte, não enfrentando em nenhuma oportunidade a inexistência da invalidez, embora tenha invocado as razões Circular SUSEP 17/95 que, no caso, não tem incidência. Não se afigura possível o reconhecimento ex officio sobre a responsabilidade solidária de empresa(s) seguradora(s), porque não houve denunciação da lide, ficando ressalvado o direito de regresso à Requerida para possível ressarcimento dos valores de sua condenação. "Pagamento. Direito de regresso. O pagamento da indenização por invalidez permanente prevista por essa apólice deveria ser exigido da Seguradora, uma vez que somente podem operar em seguros privados as sociedades anônimas ou cooperativas devidamente autorizadas, mas, no caso, a Estipulante assumiu deliberadamente essa postura, o que a legitima para figurar no pólo passivo da ação, podendo, se pertinente, promover ação de regresso contra a Seguradora." 7 recurso. Em face ao exposto, nega-se provimento ao IRINEU PEDROTTI Desembargador Relator. 7-2 TACivSP - Ap. c/ Rev. 634.802-0/8-10ª Câm. - Rel. Juiz IRINEU PEDROTTI - J. 8.5.02. - 7 -