A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA DANÇA E O ALUNO SURDO: AQUISIÇÃO DE VALORES ARTÍSTICOS NO CONTEXTO ESCOLAR

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Transcrição:

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA DANÇA E O ALUNO SURDO: AQUISIÇÃO DE VALORES ARTÍSTICOS NO CONTEXTO ESCOLAR SODRÉ, Marta Patrícia/ Universidade do Estado do Amazonas (UEA) RAMOS, Érika da Silva/ Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Eixo Temático: Práticas Pedagógicas Inclusivas Palavras chaves: Prática Pedagógica. Surdo. Dança. 1. Introdução O trabalho apresentado é resultante de uma pesquisa realizada na graduação em dança, pela Universidade do Estado do Amazonas - Manaus (Brasil). A pesquisa deu-se a partir de uma intervenção no âmbito escolar com alunos surdos, envolvendo a surdez e a arte da dança. Pensando a ênfase da dança em seu âmbito pedagógico e didático para o beneficio dos surdos no contexto escolar. Partindo assim, para um estudo de pesquisa de campo, investigando a seguinte problemática: De que forma a prática pedagógica da dança pode corroborar para a aquisição dos valores artísticos ao aluno surdo no contexto escolar? Assim sendo, o objetivo geral foi investigar como a prática pedagógica da dança pode corroborar para a aquisição dos valores artísticos ao aluno surdo no contexto escolar. Na metodologia a presente pesquisa traz uma abordagem de caráter qualitativo, pois segundo Minayo (2007, p.22) esta abordagem se aprofunda no mundo dos significados. Esse nível de realidade não é visível, precisa ser exposta e interpretada. A análise de coleta de dados nesta pesquisa ocorreu por meio de questionários. Os questionários aplicados foram impressos e respondidos pelos entrevistados, os quais foram aplicados aos alunos investigados e seus respectivos professores, no intuito de averiguar as possíveis aquisições artísticas e os benefícios que a prática da dança trouxe ou não no contexto escolar dos primeiros, bem como explicitado no objetivo deste estudo. O contexto local selecionado para a atuação desta pesquisa dar-se-á na Escola Estadual Augusto Carneiro dos Santos, locada à Avenida Joaquim Nabuco, 2274, Praça 14 de Janeiro, na cidade de Manaus. A mesma se destina atender ao público com necessidade educativa especial, deficiência auditiva,

deficiência visual e surdo-cegueira. Os sujeitos da pesquisa foram 11 alunos matriculados no 7º ano 2, participantes do turno vespertino, em sua maioria diagnosticados com surdez leve à severa e profunda. Tais alunos na faixa etária entre 14 e 21 anos, sendo 6 do sexo feminino e 5 masculinos. A seleção dos mesmos deu-se pela disponibilidade da escola para fornecer parceria à pesquisa, logo, foram averiguados quais os horários agendados pela própria escola e permissão dos professores titulares dos alunos para cederem seu tempo para à aplicação da investigação em questão. Desta forma, a pesquisa em seus resultados mostrou como a prática pedagógica da dança agregou valores artísticos ao aluno surdo no contexto escolar; enaltecendo não apenas suas aquisições de valores artísticos, mas também em sua comunicação; a escola que reconheceu a dança como prática pedagógica para agregar outras ciências e como ferramenta para atividades diversas, não reconhecendo esta somente em datas comemorativas. 2. Desenvolvimento Para a compreensão da dança no meio educacional traz-se no relato de alguns autores estudados durante a pesquisa que poucas linguagens artísticas eram consideradas como importante na sociedade e na dança não era diferente, pois a dança não instigava muitos interesses de consumo para sociedade. A dança era vista com um olhar rígido, olhar sobre o bailarino profissional, solicitando dele uma técnica acadêmica de movimentos para que funcionasse especificamente como instrumento do coreografo. Segundo Bourcier (2001) o bailarino (a) era mero reprodutor e executor dos passos dados pelo mestre de balé, ou seja, aquele que coreografava os repertórios (FERREIRA, p. 3. 2002). Portanto para o indivíduo que desejava dançar, restavam os espaços das escolas de samba, festas folclóricas, discotecas, e etc. Com o tempo foi quebrando esses paradigmas e as ideologias de que o campo de atuação de um bailarino era somente esses citados ou ate mesmo em palco pra animar uma festa. E com esse novo caminho em construção sabe-se que a dança vai muito mais além de uma mera diversão, começa a se pensar a dança com uma ciências, uma forma educacional e Ana Mae, afirma que viabilizando a inclusão da dança nas escolas brasileiras, conversaria com os temas geradores de Paulo Freire tendo a dança como forma de conhecimento, trazendo não somente como componente curricular nas escolas, mas

disponibilizando essa linguagem para trabalhar como arte educação, arte e socialização, visando o crescimento do individuo intelectual e ajudando também em suas corporalização. Pensar sobre arte como componente curricular vai muito mais além do que os conteúdos estéticos e filosóficos que remete a uma compreensão relacionada a importantes dimensões dos indivíduos e seus contextos. Nessas dimensões encontramos um plano individual, à singularidade onde cada sujeito é constituído biológica e psiquicamente. E no plano coletivo, onde à diversidade cultural, no qual a diversa possibilidade de ser, estar no mundo e na vida, que entre essa diversidade pode-se construir neste individuo a apreciação e leitura de obras de Artes, seus conceitos críticos de arte, multicultural idade estética. Através da arte podem-se perceber as diversas linguagens artísticas que temos, e com o trabalhá-las para a construção desses individuo. Ampliando a discussão, visando que a escola também é sociedade nesta tem-se seus direitos na educação e para os surdos essa discussão torna-se impreterivelmente importante por questão da inclusão. Neste pensar, reflete-se o porquê da diferença sempre ser tratada na sociedade como um tabu. Tanto a surdez como outras especificidades foram vistas, durante muito tempo, como uma questão mística, demoníaca ou ainda como um infortúnio e até mesmo castigo de Deus. Tais preconceitos perduraram e perduram desde a.c. até os tempos atuais. A Idade Média caracterizada como um período de trevas considerava a diferença como bruxaria ou enfermidade. Os surdos eram considerados deficientes mentais e viviam à margem da sociedade. A educação da criança surda se inicia no século XVI. Almeida (2000) lembra que é atribuído ao monge beneditino Pedro Ponce de Leon o papel de iniciador da educação especial. Seu trabalho com crianças surdas começou em 1541, na Espanha, e seu método consistia em ensinar-lhes gestos do alfabeto (soletração manual), utilizado em alguns mosteiros como alternativa à regra do silêncio (p.17 e 18). Levando em consideração a relação histórica do surdo e da dança, reconhece-se que o gestual, que é propriamente dança foi o que libertou os surdos para a sua comunicação. E esta sendo um elemento de manifestação artística provoca nos sujeitos surdos reflexões que vão desde sua condição de surdo, não vendo em si mesmo a possibilidade de dançar, até reflexões que dizem respeito a ranços não superados entre surdos e ouvintes.

Nessa perspectiva que o presente trabalho enfatiza o ensino de dança no seu contexto global, mostrando os inúmeros benefícios no desenvolvimento motor, psicossocial, cognitivo e do seu papel na Inclusão Social. 3. Conclusões Pensando desta forma tem-se a dança como uma área das artes que ensina através de métodos, técnicas, comunicação e estimulando a expressividade e a criticidade oriunda do conhecimento geral e trabalhando com cognições especificas do ser humano o seu racional, social, físico e emocional. Ensinando assim a se portar diante da sociedade, a ser um ser humano sensível, crítico e aprimorando conhecimentos específicos e gerais. Esta forma de ensino denomina-se e está é aberta a todos Dança-educação. Diante da relevante aplicação de dança voltada ao público surdo, elucidada por estudos referentes aos benefícios que ela pode trazer para o ser humano, conforme as especificidades de cada um, os alunos surdos também podem usufruir dos mesmos, quais são gerados pelo ensino desta arte. Os estudantes surdos possuem uma cultura de dança, incluída na proposta pedagógica da escola pesquisada, porém sua produção requer um olhar mais apurado quando se refere ao debate anterior ao ato de dançar. Implica questionamentos como: Pra quem se dança? Qual o objetivo de se dançar? Há um trabalho de conscientização corporal? Há uma sensibilização para a compreensão desse fazer artístico? Que atividades de dança são realizadas anualmente, na escola? Enfim, uma série de inquietações que contribuiriam para uma reflexão a respeito dessa prática. A dança pode produzir efeitos tanto na dimensão holística do ser humano como na sociabilidade, indo além do conceito de experiência estética, mas a partir de valores arísticos adquiridos pelo prazer de criam, executar e participam de alguma forma desta durante o processo deste ensino aprendizado. Visando o autoconhecimento corporal e valores artísticos para o aluno surdo; agregar ao professor que quer permear neste campo como novo conhecimento de ensino a dança; contribuir para a área da dança - educação que é tão escassa e mediante a sociedade faz-se ter uma sensibilização na visão desta forma de expressão corporal, vivida, sentida, manifestada por uma experiência visual.

Referências ALMEIDA, Antonio Carlos. Surdez, Paixão e Dança. São Paulo: Olho d Água. 2000. BOURCIER. Paul. História da dança no ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 2001. FERREIRA, Eliana Lúcia. Dança em Cadeira de Rodas: os sentidos dos movimentos na dança como linguagem não verbal. Campinas, SP: SNE: CBDCR, 2002. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: teoria, métodos e criatividade. 26 ed. Petropólis,RJ: Vozes, 2007.