BOLETIM SINDICAL 04 DE 2009 TEMA: Acordo coletivo de trabalho ENVIADO EM 26 de maio de 2009 1. Dando continuidade ao boletim sindical nº 003/2009 no qual abordamos a convenção coletiva de trabalho, vamos discutir o acordo coletivo de trabalho. 2. É necessário entendermos, que convenção coletiva (vide boletim sindical nº 03/2009) é acordo de caráter normativo, entre um ou mais sindicatos de empregadores, definindo as condições de trabalho que vão atuar sobre todos os trabalhadores dessas empresas, sendo que sua aplicação, à categoria, independe ou não do trabalhador ser sócio ou não do sindicato, pois o efeito é erga omnes (artigo 611 da CLT). 3. Já o acordo coletivo é um pacto entre uma ou mais empresas com o sindicato de uma categoria profissional, onde são estabelecidas condições de trabalho, aplicáveis a essas empresas ( 1º do artigo 611 da CLT). 4. A diferença entre ambas consiste exatamente nos sujeitos envolvidos, enquanto que no acordo coletivo é feito entre uma ou mais empresas e o sindicato da categoria profissional, nas convenções coletivas o pacto é Página 1 de 6
realizado entre o sindicato da categoria profissional e o sindicato da categoria econômica. 5. Portanto, acordo coletivo de trabalho é o documento que formaliza os termos das negociações trabalhistas firmadas entre uma empresa e o(s) sindicato(s) dos empregados. Vincula apenas as partes envolvidas e não toda a categoria, como é o caso da Convenção Coletiva. 6. Ao analisarmos o artigo 617 da CLT percebemos que é permitido que os empregados de uma ou mais empresas celebrem acordo coletivo de trabalho com seus empregadores, contanto que dêem ciência dessa resolução, por escrito, ao sindicato que represente a categoria profissional, no prazo de oito dias, para que este assuma as negociações; o mesmo se aplica aos sindicatos econômicos. 7. Contudo, se esse prazo terminar sem que o sindicato tenha iniciado a negociação, poderão os interessados dar conhecimento dos fatos à federação a que estiver vinculado o sindicato e, na falta desta, a correspondente confederação, para que no mesmo prazo, assuma a direção das negociações. Todavia se o prazo se esgotar poderão os interessados prosseguir de forma direta na negociação coletiva, até o seu término. 8. As convenções e os acordos contêm: a) designação dos sindicatos convenentes ou dos sindicatos e empresas acordantes; Página 2 de 6
b) prazo de vigência; c) categorias ou classes de trabalhadores abrangidas por suas normas; d) condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência; e) normas para a conciliação das divergências surgidas entre os convenentes por motivos da aplicação de seus dispositivos; f) disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus preceitos; g) direitos e deveres dos empregados e suas empresas; h) penalidades para os sindicatos convenentes, os empregados e as empresas em caso de violação de suas prescrições. 9. As condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contrato (En.277 do TST ). 10. Prevê, ainda, a CLT (art. 621) que "as convenções e os acordos poderão incluir, entre suas cláusulas, disposição sobre a constituição e funcionamento de comissões mistas de consulta e colaboração, no plano da Página 3 de 6
empresa e sobre participação nos lucros. Estas disposições mencionarão a forma de constituição, o modo de funcionamento e as atribuições das comissões, assim como o plano de participação, quando for o caso". 11. Citamos algumas decisões acerca do tema em debate: a) Acordo coletivo de trabalho. Sindicato. Base territorial. É ineficaz o acordo coletivo de trabalho celebrado pela reclamada e por sindicato que não tem base territorial na cidade em que o reclamante trabalhava. É que a constituição do Brasil, no seu art. 8º, inciso II, consagra o princípio da unicidade sindical. TRT da 3ª Região (Minas Gerais), RO 00373-2003-092-03-00-3, 1ª T. DJMG 15.08.2003, pág. 3, Rel. Juiz Manuel Cândido Rodrigues. b) cordo coletivo de trabalho - Cabe, via de regra, ao sindicato firmar acordos e convenções coletivas de trabalho, de sorte que a legitimidade das confederações e federações, em casos tais, cinge-se às hipóteses em que as categorias a elas vinculadas não estão representadas por sindicato devidamente organizado (inteligência do caput e 2º do art. 611 e 612 da CLT e 8º, incisos III e VI da Carta Magna). TRT da 5ª Região (Bahia), RO 51.01.01.2122-50, (27.325/02), 2ª T., 12.12.2002, Rel.: Juíza Dalila Andrade. Página 4 de 6
c) Recurso de revista. Acordo coletivo de trabalho. Prorrogação. Vigência. Prazo indeterminado. Validade - A controvérsia gira em torno da validade do termo aditivo do acordo coletivo de trabalho, que prorrogou por prazo indeterminado as condições anteriormente estabelecidas no acordo coletivo de trabalho originário. A CLT, em seus artigos 613, inciso II, e 614, 3º, disciplina as condições que devem ser observadas pelos sindicatos e empresas, quando da celebração dos acordos e convenções coletivas. Dentre essas regras estão a obrigatoriedade do prazo de vigência do acordo coletivo e sua duração não superior a dois anos, que são normas de ordem pública e que deveriam ser seguidas por todos, sem exceção, sob pena de nulidade, valendo, porém, as condições ajustadas para esse prazo, nos termos do art. 613, inciso IV, da CLT. Patente a contrariedade existente entre os termos do aditivo, que fixa sua vigência por prazo indeterminado, e os termos do art. 614, 3º, da CLT, taxativo ao vedar a estipulação de normas coletivas por prazo superior a 2 (dois) anos, eqüivalendo tal procedimento, em última análise, a fazer letra morta do aludido dispositivo de Lei. Aplicação da O.J. 322 da SDI-1. Página 5 de 6
d) Acordo coletivo de trabalho. Prorrogação. Validade. Vigência. Prazo indeterminado - 1. A teor do artigo 614, 3º, da CLT, é de 2 (dois) anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas de trabalho. 2. Inválido, naquilo que ultrapassa referido limite legal, termo aditivo que, por prazo indeterminado, prorroga a vigência do instrumento coletivo originário. 3. Embargos conhecidos e não providos. Tribunal Superior do Trabalho, ERR 478542, SBDI 1, DJU 07.02.2003, Rel.: Min. João Oreste Dalazen. Atenciosamente, Assessoria Jurídica da FECOOP-SULENE E-mail: paulobraga@paulobragaadvogados.com.br Site: www.paulobragaadvogados.com.br Página 6 de 6