BOLETIM SINDICAL 04 DE TEMA: Acordo coletivo de trabalho. ENVIADO EM 26 de maio de 2009

Documentos relacionados
ACORDO COLETIVO. Palavras-chave: Acordo Coletivo- Convenção Coletiva- Celebração de Contrato de Trabalho.

3. Vale dizer que só e somente sindicatos poderão firmar convenções - de um lado um sindicato patronal e de outro um sindicato operário.

A CLT cuidou de definir expressamente o conceito de uma Convenção Coletiva de Trabalho, em seu artigo 611:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Davi Furtado Meirelles

DIREITO DO TRABALHO. Direito Coletivo do Trabalho. Convenções coletivas. Parte I. Prof. Cláudio Freitas

1. O C. TST aprovou a Resolução 159/2009 que alterou a OJ 342 nos seguintes termos: RESOLUÇÃO TST Nº 159 DE DJe

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Ações Especiais no Processo Trabalhista Dissídio Coletivo Parte 2. Prof ª. Eliane Conde

Incorporação de Cláusulas Convencionadas nos Contratos Individuais de Trabalho

Sumário CONCEITO, FONTES, PRINCÍPIOS & APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL TRABALHISTA NO TEMPO E NO ESPAÇO ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO...

O TRT da 15ª Região, pelo acórdão de fls. 1313/1324, deu provimento parcial aos Recursos Ordinários do Reclamante e da Reclamada.

TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Sindical ASPECTOS QUE ENVOLVEM A NEGOCIAÇÃO COLETIVA À LUZ DA LEGISLAÇÃO E CONFORME JURISPRUDÊNCIA DO TST

DIREITO DO TRABALHO. Direito Coletivo do Trabalho. Prof. Hermes Cramacon

Disciplina: Direito e Processo do Trabalho 3º Semestre Professor Donizete Aparecido Gaeta Resumo de Aula

O balizamento das negociações coletivas frente a Súmula 277 do TST. São Paulo, 28 de agosto de 2014

QUESTÕES CESPE - MASTER PROFESSOR LEANDRO ANTUNES

Tempestivo o apelo (fls. 736 e 736-v), regular a representação (fls. 24 e 736), pagas as custas (fl. 651) e recolhido o

IN SRT 16/13 - IN - Instrução Normativa SECRETÁRIO DE RELAÇÕES DO TRABALHO - SRT nº 16 de

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS FACULDADE DE DIREITO Direito Processual do Trabalho Profª. Ms. Tatiana Riemann DISSÍDIO COLETIVO

MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO

CONTAGEM REGRESSIVA DA REFORMA TRABALHISTA

RECURSOS TRABALHISTAS MONITOR JEAN LUIZ

PARECER DAS NORMAS COLETIVAS E DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO COORDENADORIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA LIBERDADE SINDICAL CONALIS

A nova redação da Súmula 277 do TST e a integração das cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas nos contratos de trabalho.

1. SISTEMA SINDICAL PATRONAL COOPERATIVISTA A OCB/ES FECOOP SULENE CNCOOP SERVIÇOS PRESTADOS PELA OCB/ES...

O enquadramento sindical dos empregados e empregadores no Brasil

COMPETÊNCIA JUSTIÇA DO TRABALHO

FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 10º PERÍODO NIVELAMENTO RECURSO ORDINÁRIO

Negociação Coletiva de Trabalho

Danielle de Mello Basso

PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMDMA/MCL

SUMÁRIO Questões de concursos... 73

BLOCO 09 DA SÉRIE ZAC POR DENTRO DA MP 808 ANÁLISE DAS EMENDAS À MEDIDA PROVISÓRIA 290/2017 SOBRE O CUSTEIO SINDICAL

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Ações Especiais no Processo Trabalhista Ação de Cumprimento. Prof ª. Eliane Conde

MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO

Confira a autenticidade no endereço

Auxiliar Jurídico. Módulo III. Aula 01

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO. Professor: Leandro Antunes

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 3ª Turma GMALB/mss/abn/AB/jn

TST não pode contrariar normas ao definir ultratividade de acordos

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. Sistema Recursal Trabalhista Embargos no TST Prof ª. Eliane Conde

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Partes, Procuradores, Representação, Substituição Processual e Litisconsórcio Substituição das Partes e Procuradores

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 6ª Turma ACV/srm

PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO JUSTIÇA DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

PARECER CONSULENTE: Federação dos Municipários do Estado do Rio Grande do Sul - FEMERGS

RECURSO DE REVISTA-AIRR REC. ADESIVO EMBARGOS À SDI RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROFESSOR LAURO GUIMARÃES

RECURSO ORDINÁRIO ARTIGO 895, I, CLT

DIREITO DO TRABALHO. Das relações laborais. Terceirização no Direito do Trabalho. Parte V. Prof. Cláudio Freitas

DIREITO DO TRABALHO. Direito Coletivo do Trabalho. Entidades sindicais: organização. Parte IV. Prof. Cláudio Freitas

TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Sindical A TRANSFERÊNCIA DEFINITIVA DE EMPREGADO PARA EMPRESA DO MESMO GRUPO ECONÔMICO E O SEU ENQUADRAMENTO SINDICAL

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMABL/chs

1 - CONHECIMENTO Conheço do agravo de instrumento, porquanto presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade.

REGIMES DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO DE TRABALHO

EQUIPE DE PROFESSORES DE TRABALHO DO DAMÁSIO CURSO DE 2ª FASE DA OAB EXAME PLANO DE ESTUDOS PROCESSO DO TRABALHO

Série: 8/ 10 VERÁSQUEUMFILHOTEUNÃOFOGEÀLUTA NEGOCIAÇÃO COLETIVA E O CUSTEIO SINDICAL

PROCEDIMENTOS APLICADOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Capítulo 7 Da Responsabilidade por Dano Processual 7.1 Multa sobre testemunha que Mentir Inconstitucionalidade do Art.

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO. Professor: Leandro Antunes

TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Sindical A AUTONOMIA PRIVADA COLETIVA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. Guilherme Brandão Advogado

Para quem recebe até 40% do Teto da Previdência ou comprova insuficiência de recursos (art. 790, 3º e 4º, da CLT)

CCT - CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO

Parte 1 AUDIÊNCIA TRABALHISTA

DIREITO CONSTITUCIONAL

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

DIREITO DO TRABALHO PROFESSOR LEANDRO ANTUNES

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO. Professor: Leandro Antunes

PROCESSO Nº TST-AIRR C/J PROC. Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (6ª Turma) GMACC/hpgo/afs/fvnt

FORMAS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS TRABALHISTAS

Processo do Trabalho I

Boletim Jurídico da CBIC

Contribuições Instituídas pelos Sindicatos - Desconto em Folha de Pagamento - Possibilidade

A ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA ATUAR NOS PROCESSOS COM LIDES ENVOLVENDO SINDICATOS E SERVIDORES PÚBLICOS

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Sistema Recursal Trabalhista Recurso de Revista. Prof ª. Eliane Conde

DIR. COLETIVO DO TRABALHO FABRÍCIO AITA IVO PONTO 1: DISSÍDIO COLETIVO PONTO 2: NEGOCIAÇÃO COLETIVA PONTO 3: SINDICATOS

RAIMUNDO SIMÃO DE MELO Procurador Regional do Trabalho Professor de Direito

Inconformados, os reclamados interpõem recurso de revista, na forma do art. 896, a e c, da CLT.

REFORMA TRABALHISTA - 4 MESES DE VIGÊNCIA, SEUS DESAFIOS E PROBLEMÁTICAS. Giseli Mozela do Amaral

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Aula 11 de Processo do trabalho II Procedimentos especiais na Justiça do Trabalho.

DIREITO COLETIVO. *Princípio do direito coletivo Princípio da liberdade sindical art. 8º, CF

Confira a autenticidade no endereço

EQUIPE DE PROFESSORES DE TRABALHO DO DAMÁSIO CURSO DE 2ª FASE DA OAB EXAME PLANO DE ESTUDO - DIREITO DO TRABALHO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (4.ª Turma) GMMAC/r4/pc/rsr/h

DIREITO DO TRABALHO. Prof. Guilherme de Luca

DIREITO DO TRABALHO. Direito do Trabalho. Princípios do Direito do Trabalho. Parte III. Prof. Cláudio Freitas

Direito Processual do Trabalho. Professor Raphael Maia

FONTES DO DIREITO DIREITO DO TRABALHO FONTES FORMAIS DO DIREITO DO TRABALHO FONTES FORMAIS DO DIREITO DO TRABALHO 2

Prof. Adriana Rodrigues

SECRETARIA DE RELAÇÕES DO TRABALHO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 20, DE 24 DE JULHO DE 2015

Orientações Consultoria De Segmentos Salário Complessivo

Cumpre, pois, informar:

AULA 12 RECURSOS TRABALHISTAS DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFª KILMA GALINDO DO NASCIMENTO

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR ANDRÉ REVERBEL FERNANDES Órgão Julgador: 4ª Turma

BLOCO 07 DA SÉRIE ZAC POR DENTRO DA MP 808 ANÁLISE DAS EMENDAS À MEDIDA PROVISÓRIA 808/2017 SOBRE O CUSTEIO SINDICAL

PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O 4ª Turma GMFEO/BRF/CLJ/iap

Aplicação dos Preceitos da Lei n /2017 e da MP 808/2017

Transcrição:

BOLETIM SINDICAL 04 DE 2009 TEMA: Acordo coletivo de trabalho ENVIADO EM 26 de maio de 2009 1. Dando continuidade ao boletim sindical nº 003/2009 no qual abordamos a convenção coletiva de trabalho, vamos discutir o acordo coletivo de trabalho. 2. É necessário entendermos, que convenção coletiva (vide boletim sindical nº 03/2009) é acordo de caráter normativo, entre um ou mais sindicatos de empregadores, definindo as condições de trabalho que vão atuar sobre todos os trabalhadores dessas empresas, sendo que sua aplicação, à categoria, independe ou não do trabalhador ser sócio ou não do sindicato, pois o efeito é erga omnes (artigo 611 da CLT). 3. Já o acordo coletivo é um pacto entre uma ou mais empresas com o sindicato de uma categoria profissional, onde são estabelecidas condições de trabalho, aplicáveis a essas empresas ( 1º do artigo 611 da CLT). 4. A diferença entre ambas consiste exatamente nos sujeitos envolvidos, enquanto que no acordo coletivo é feito entre uma ou mais empresas e o sindicato da categoria profissional, nas convenções coletivas o pacto é Página 1 de 6

realizado entre o sindicato da categoria profissional e o sindicato da categoria econômica. 5. Portanto, acordo coletivo de trabalho é o documento que formaliza os termos das negociações trabalhistas firmadas entre uma empresa e o(s) sindicato(s) dos empregados. Vincula apenas as partes envolvidas e não toda a categoria, como é o caso da Convenção Coletiva. 6. Ao analisarmos o artigo 617 da CLT percebemos que é permitido que os empregados de uma ou mais empresas celebrem acordo coletivo de trabalho com seus empregadores, contanto que dêem ciência dessa resolução, por escrito, ao sindicato que represente a categoria profissional, no prazo de oito dias, para que este assuma as negociações; o mesmo se aplica aos sindicatos econômicos. 7. Contudo, se esse prazo terminar sem que o sindicato tenha iniciado a negociação, poderão os interessados dar conhecimento dos fatos à federação a que estiver vinculado o sindicato e, na falta desta, a correspondente confederação, para que no mesmo prazo, assuma a direção das negociações. Todavia se o prazo se esgotar poderão os interessados prosseguir de forma direta na negociação coletiva, até o seu término. 8. As convenções e os acordos contêm: a) designação dos sindicatos convenentes ou dos sindicatos e empresas acordantes; Página 2 de 6

b) prazo de vigência; c) categorias ou classes de trabalhadores abrangidas por suas normas; d) condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência; e) normas para a conciliação das divergências surgidas entre os convenentes por motivos da aplicação de seus dispositivos; f) disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus preceitos; g) direitos e deveres dos empregados e suas empresas; h) penalidades para os sindicatos convenentes, os empregados e as empresas em caso de violação de suas prescrições. 9. As condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contrato (En.277 do TST ). 10. Prevê, ainda, a CLT (art. 621) que "as convenções e os acordos poderão incluir, entre suas cláusulas, disposição sobre a constituição e funcionamento de comissões mistas de consulta e colaboração, no plano da Página 3 de 6

empresa e sobre participação nos lucros. Estas disposições mencionarão a forma de constituição, o modo de funcionamento e as atribuições das comissões, assim como o plano de participação, quando for o caso". 11. Citamos algumas decisões acerca do tema em debate: a) Acordo coletivo de trabalho. Sindicato. Base territorial. É ineficaz o acordo coletivo de trabalho celebrado pela reclamada e por sindicato que não tem base territorial na cidade em que o reclamante trabalhava. É que a constituição do Brasil, no seu art. 8º, inciso II, consagra o princípio da unicidade sindical. TRT da 3ª Região (Minas Gerais), RO 00373-2003-092-03-00-3, 1ª T. DJMG 15.08.2003, pág. 3, Rel. Juiz Manuel Cândido Rodrigues. b) cordo coletivo de trabalho - Cabe, via de regra, ao sindicato firmar acordos e convenções coletivas de trabalho, de sorte que a legitimidade das confederações e federações, em casos tais, cinge-se às hipóteses em que as categorias a elas vinculadas não estão representadas por sindicato devidamente organizado (inteligência do caput e 2º do art. 611 e 612 da CLT e 8º, incisos III e VI da Carta Magna). TRT da 5ª Região (Bahia), RO 51.01.01.2122-50, (27.325/02), 2ª T., 12.12.2002, Rel.: Juíza Dalila Andrade. Página 4 de 6

c) Recurso de revista. Acordo coletivo de trabalho. Prorrogação. Vigência. Prazo indeterminado. Validade - A controvérsia gira em torno da validade do termo aditivo do acordo coletivo de trabalho, que prorrogou por prazo indeterminado as condições anteriormente estabelecidas no acordo coletivo de trabalho originário. A CLT, em seus artigos 613, inciso II, e 614, 3º, disciplina as condições que devem ser observadas pelos sindicatos e empresas, quando da celebração dos acordos e convenções coletivas. Dentre essas regras estão a obrigatoriedade do prazo de vigência do acordo coletivo e sua duração não superior a dois anos, que são normas de ordem pública e que deveriam ser seguidas por todos, sem exceção, sob pena de nulidade, valendo, porém, as condições ajustadas para esse prazo, nos termos do art. 613, inciso IV, da CLT. Patente a contrariedade existente entre os termos do aditivo, que fixa sua vigência por prazo indeterminado, e os termos do art. 614, 3º, da CLT, taxativo ao vedar a estipulação de normas coletivas por prazo superior a 2 (dois) anos, eqüivalendo tal procedimento, em última análise, a fazer letra morta do aludido dispositivo de Lei. Aplicação da O.J. 322 da SDI-1. Página 5 de 6

d) Acordo coletivo de trabalho. Prorrogação. Validade. Vigência. Prazo indeterminado - 1. A teor do artigo 614, 3º, da CLT, é de 2 (dois) anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas de trabalho. 2. Inválido, naquilo que ultrapassa referido limite legal, termo aditivo que, por prazo indeterminado, prorroga a vigência do instrumento coletivo originário. 3. Embargos conhecidos e não providos. Tribunal Superior do Trabalho, ERR 478542, SBDI 1, DJU 07.02.2003, Rel.: Min. João Oreste Dalazen. Atenciosamente, Assessoria Jurídica da FECOOP-SULENE E-mail: paulobraga@paulobragaadvogados.com.br Site: www.paulobragaadvogados.com.br Página 6 de 6