IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS Autor(es): LEIVAS, Vanessa Isquierdo; GONÇALVES, Juliana Macedo; PASTORE, Carla Alberici; MOREIRA, Ângela Nunes Apresentador: Juliana Macedo Gonçalves Orientador: Ângela Nunes Moreira Revisor 1: Samanta Winck Madruga Revisor 2: Maria de Fátima Alves Vieira Instituição: UFPel IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS LEIVAS, Vanessa Isquierdo; GONÇALVES, Juliana Macedo; PASTORE, Carla Alberici; MOREIRA, Ângela Nunes Curso de Nutrição Faculdade de Nutrição/UFPel Campus Universitário, s/nº Caixa Postal 354 96010-900 Pelotas, RS. E-mail:jumg1611@yahoo.com.br 1.INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o Brasil tem apresentado importantes avanços na saúde materno-infantil, diminuindo as taxas de mortalidade tanto materna, quanto infantil (Lima e Sampaio, 2004). Crianças prematuras apresentam risco de mortalidade significativamente superior a crianças nascidas a termo (Kilsztajn et al., 2003). O parto prematuro ou pré-termo é aquele que ocorre quando a gestação é interrompida antes da 37ª semana completa (Kilsztajn et al., 2003; Rocha et al., 2006). Estudos têm sugerido que a idade gestacional está relacionada com o estado nutricional materno e o ganho de peso durante a gestação, ou seja, gestantes com baixo peso e/ou ganho de peso insuficiente apresentam maior risco de gerarem recém-nascidos prematuros (Rocha, 2005). Dessa forma, a avaliação do estado nutricional materno e o acompanhamento do ganho de peso durante a gestação são de grande importância. O objetivo deste trabalho foi avaliar o estado nutricional, o ganho de peso durante a gestação e a idade gestacional de parturientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas RS. 2. MATERIAIS E MÉTODOS
Foi aplicado um questionário individual a 136 parturientes atendidas no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas-RS (HSCMP) no período de 12 de junho a 12 de julho de 2007. O estado nutricional da parturiente foi avaliado através do cálculo do IMC pré-gravídico e ao final da gestação, segundo os critérios de Atalah (1997). O ganho de peso durante a gestação foi avaliado segundo critério do Instituto de Medicina dos EUA, que recomenda um ganho de peso total na gestação de 12,5 a 18 kg para gestantes com baixo peso, de 11,5 a 16 kg para gestantes com peso adequado, de 7 a 11,5 kg para aquelas com sobrepeso e de 7 a 9,1 kg para as obesas. Os dados do recém-nascido foram retirados da carteirinha do bebê, fornecida pelo hospital no momento do parto. Recém-nascidos com idade gestacional inferior a 37 semanas foram classificados como prematuros e, aqueles com idade gestacional entre 37 a 42 semanas, foram considerados a termo. Os dados coletados foram aplicados em planilhas no formato Microsoft Excel. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O estado nutricional materno é um dos fatores modificáveis mais importantes para a saúde da gestante e do seu bebê. A avaliação antropométrica é o meio mais acessível, não invasivo, rápido e recomendado para avaliar o estado nutricional durante a gestação (Vitolo, 2003). O objetivo de avaliar e acompanhar o estado nutricional e o ganho de peso durante a gestação é identificar, a partir de diagnóstico oportuno, as gestantes em risco nutricional no início da gestação, detectar as gestantes com ganho de peso baixo ou excessivo para a idade gestacional e realizar orientação adequada para cada caso, visando a promoção do estado nutricional materno, condições para o parto e peso do recém-nascido adequados (Ministério da Saúde, 2006). A idade das entrevistadas variou de 15 a 43 anos com uma média de 25,9. Quanto ao número de filhos, 55,9% das mulheres (76) tinham entre dois e quatro filhos, 40,4% (55) estavam dando a luz ao primeiro filho e 3,7% (5) tinham cinco ou mais filhos, sendo oito o número máximo de gestações. Das 27 adolescentes (19,8%), 22 (81,5%) estavam dando a luz ao primeiro filho, representando 40% das primigestas. O cuidado nutricional pré-natal tem papel importante na identificação de gestantes consideradas de risco e na possível intervenção a fim de diminuir os efeitos da má nutrição na criança. Todas as parturientes entrevistadas realizaram pré-natal, entretanto apenas 12 (8,8%) fizeram acompanhamento nutricional com nutricionista durante a gestação. O estado nutricional pré-gravídico mostrou que a maioria das gestantes (58,1%) estava com peso inicial adequado. No final da gestação, a prevalência de gestantes com peso adequado era de 36,8%, com baixo peso 25,7%, com sobrepeso 23,5% e obesas 14% (Figura 1). Dessa forma, observou-se que no início da gestação, 41,9% das entrevistadas apresentavam desvios nutricionais, passando a 63,2% ao final da gestação.
% de parturientes 60 50 40 30 20 10 Baixo peso Adequado Sobrepeso Obesidade 0 Início Final Estado nutricional da parturiente Figura 1. Estado nutricional no início e final da gestação de parturientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas - RS. A média de ganho de peso durante a gestação foi de 12 kg. Três gestantes chegaram ao final da gestação com peso inferior ao seu peso pré-gravídico, chegando a perder, uma delas, até 6 Kg. Por outro lado, algumas gestantes tiveram um grande ganho de peso, sendo o maior valor registrado de 32 Kg. A maioria das gestantes (58,8%) apresentou ganho de peso inadequado durante a gestação, sendo que destas, 63,8% (51) apresentaram ganho de peso insuficiente (19,6% eram adolescentes) e 36,2% (29) ganho excessivo. Mais da metade das gestantes com baixo peso pré-gravídico (56,5%) apresentaram ganho de peso insuficiente no decorrer da gestação. Destas 30,8% eram adolescentes. Entre as obesas, 50% apresentaram ganho de peso acima do recomendado pelo Instituto de Medicina dos EUA (IOM) (Tabela 1). Tabela 1. Associação entre o ganho de peso durante a gestação e o estado nutricional pré-gravídico de parturientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas - RS. Ganho de peso durante a gestação Estado nutricional pré-gravídico Baixo peso Adequado Sobrepeso Obesidade Total N % N % N % N % N % Insuficiente 13 56,5 33 41,8 2 9,1 3 25 51 37,5 Adequado 10 43,5 33 41,8 10 45,45 3 25 56 41,2 Excessivo - - 13 16,4 10 45,45 6 50 29 21,3 Total 23 100 79 100 22 100 12 100 136 100 Entre os recém-nascidos, 51,5% eram do sexo feminino. A média de peso ao nascer foi de 3250 g. Apenas 9,6% (13) das crianças nasceram prematuras. Entre as mães destas crianças, 61,5% (8) apresentavam estado nutricional inadequado ao final da gestação. As porcentagens de filhos prematuros entre as mães que apresentavam baixo peso no final da gestação, peso adequado, sobrepeso e obesidade foram de 8,6; 10; 6,3 e 15,8% (Tabela 2). Entre os recém-nascidos prematuros, 53,8% apresentavam déficit de peso ao nascer.
Tabela 2. Associação entre a idade gestacional ao nascimento e o estado nutricional materno no final da gestação de parturientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas - RS. Estado nutricional ao final da gestação Idade Baixo peso Adequado Sobrepeso Obesidade Total Gestacional N % N % N % N % N % < 37 semanas 3 8,6 5 10 2 6,3 3 15,8 13 9,6 37 semanas 32 91,4 45 90 30 93,7 16 84,2 123 90,4 Total 35 100 50 100 32 100 19 100 136 100 Em relação ao tabagismo, 17,6% (24) das parturientes fumaram durante a gestação ou parte dela. Destas, 75% (18) e 45,8% (11) foram classificadas como apresentando peso adequado no início e final da gestação, respectivamente. Já o número de gestantes com déficit de peso subiu de 12,5% (3) para 33,3% (8) no final da gestação. Cinqüenta por cento das gestantes fumantes tiveram ganho de peso insuficiente neste período e a incidência de partos prematuros neste grupo foi de 8,3% (2). Tais resultados podem ser devido ao fumo diminuir o consumo alimentar materno, aumentar o metabolismo e as necessidades de nutrientes, comprometendo, dessa forma, o crescimento fetal e aumentando o risco de prematuridade, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal (Silva, 2005). Os dados do presente estudo sugerem que o estado nutricional e a idade materna além do hábito de fumar das parturientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas RS podem ter interferido na duração da gestação. 4. CONCLUSÕES No início da gestação, 41,9% das parturientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas RS apresentavam desvios nutricionais, passando a 63,2% ao final da gestação. A maioria das gestantes (58,8%) apresentou ganho de peso inadequado durante a gestação, sendo que destas, 63,8% (51) apresentaram ganho de peso insuficiente (19,6% eram adolescentes) e 36,2% (29) ganho excessivo. Entre as mães que iniciaram a gestação com baixo peso, mais da metade apresentou peso insuficiente durante o período gestacional e 50% das obesas obtiveram ganho de peso excessivo. Parturientes que apresentaram obesidade ao final da gestação ou fumaram apresentaram uma maior incidência de recémnascidos prematuros. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATALAH, E.; CASTILHO, C.; CASTRO, R.; ALDEA, A. Propuesta de nuevo estándar de evaluación nutricional em embarazadas. Ver Méd Chile, v. 125, p. 1429-36,1997. Development, 2006.
KILSZTAJN, S. et al. Assistência pré-natal, baixo peso e prematuridade no Estado de São Paulo, 2000. Rev. Saúde Pública, v. 37, n. 3, 2003. LIMA, G. S. P.; SAMPAIO, H. A. C. Influência de fatores obstétricos, socioeconômicos e nutricionais da gestante sobre o peso do recém-nascido: estudo realizado em uma maternidade em Teresina, Piauí. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., v. 4, n. 3, 2004. Ministério da Saúde. Manual técnico de Pré-natal e Puerpério. Atenção qualificada e humanizada. Brasília, 2006. ROCHA, D. S. et al. Estado nutricional e anemia ferropriva em gestantes: relação com o peso da criança ao nascer. Rev. Nutr., v. 18, n. 4, 2005. SILVA, A. F. F. Gestação na adolescência: impacto do estado nutricional no peso do recém-nascido. Dissertação (mestrado) Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna 2005. 79f. VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação a adolescência. 1ª ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2003.