Adaptações Metabólicas do Treinamento. Capítulo 6 Wilmore & Costill Fisiologia do Exercício e do Esporte

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Transcrição:

Adaptações Metabólicas do Treinamento Capítulo 6 Wilmore & Costill Fisiologia do Exercício e do Esporte

Adaptações ao Treinamento Aeróbio Adaptações centrais e periféricas Realização do exercício submáximo por tempo prolongado. Aumento do Vo2máx. (~5% a 30%) Green e col. 1995 Observaram aumento de 15,6% no Vo2máx em 8 semanas de homens ativos que treinavam 5 a 6x/semana por 2h de ciclismo. Aumentos expressivos nas primeiras 4 semanas.

Adaptações Musculares Hipertrofia de 7 a 22% nas fibras tipo 1. Tamanho da fibra parece ter pouca relação com a capacidade aeróbia ou desempenho de atletas. Tamanho da fibra pode ser mais importantes em exercícios que demandam maior potência, como corrida de curta duração e levantamento de peso, sendo importante o aumento nas fibras tipo IIa. Conversão de fibras do tipo IIx para IIa.

Suprimento Capilar Aumento de até 15% nos capilares em indivíduos treinados com exercício aeróbio, comparados a não treinados. (Hermansen et.al, 1971) Melhora na troca gasosa, troca de calor e remoção de metabólitos, no exercício. Adaptações acontecem nas primeiras semanas de treinamento.

Não treinados x Treinados

Conteúdo de Mioglobina Armazena O2 para liberação no início do exercício para as mitocôndrias. Proteína carreadora de O2, presentes em grande quantidade nas fibras do tipo 1. Aumento de 75 a 80% com o treinamento.

Função Mitocondrial O treinamento aumenta a capacidade de produzir ATP pelas fibras musculares. Treino aumenta o número, tamanho e eficiência das mitocôndrias. Enzimas oxidativas aumentadas Menor utilização do glicogênio muscular (sparing effect) e menor produção de lactato para uma determinada velocidade.

Citrato Sintase e Succinato Desidrogenase aumentam expressivamente com o treinamento aeróbio; O aumento dessas enzimas refletem o aumento do tamanho e quantidade de mitocôndria; O Vo2máx pode ser mais influenciado pelas limitações do transporte de oxigênio do que pelo potencial oxidativo dos músculos.

Fontes de Energia - CHO Glicogênio, utilizado amplamente durante cada sessão de exercício. Com a ingestão de CHO, indivíduos treinados, aumentam a concentração de glicogênio muscular quase o dobro comparado com sedentários. Permite tolerar o exercício por mais tempo.

Gorduras Aumento de TG intra-musculares em atletas treinados comparado a indivíduos sedentários. Foi descrito um aumento de 1,8x nos TGIM em apenas 8 semanas de treino aeróbio de longa distância (ESSEN, B. et.al, 1977). Vacúolos com TG são distribuídos próximos à mitocôndria facilitando sua utilização. Treinamento permite uma melhora na B- oxidação, podendo aumentar em até 30%, estimulando o Sparing Effect

Treinamento do Sistema Aeróbio Qo2 reflete o consumo máximo de O2 no músculo. O Valor médio mais elevado do Qo2 descrito, foi no músculo deltóide de nadadores (5,2 L x h-1 x g-1) que gastaram mais de 10.000kcal/semana durante o treinamento.

Volume de Treinamento Um programa ideal para aumento de performance proposto, é de um volume aproximado de 80 a 95 km por semana, como gasto calórico de ~5.000 a 6.000kcal/semana. O aumento do volume de treino promove um limite superior no aumento do Vo2máx.

Intensidade do Treinamento A adaptação ao treinamento é dependente da intensidade. Treinamento intervalado Sessões de exercícios repetidos, rápidos e breves com pequeno intervalo de repouso produzem os mesmos benefícios aeróbios que o exercício contínuo, de alta intensidade e prolongado.

Treinamento Aeróbio Intervalado Base do condicionamento aeróbio, especialmente na natação competitiva. Envolve esforços repetidos e curtos que duram de 30seg a 5min (50 400m), realizados um pouco mais lentamente do que o ritmo de competição, porém com intervalos muito breves, (5-15seg). Para corredores 20rep x 400m, totalizando 8.000m.

Até o momento, não existem evidências diretas que o treinamento aeróbio intervalado produza maiores adpatações musculares comparado ao aeróbio contínuo. (Wilmore et al, 2001) Estudos recentes demonstram adaptações similares e até superiores do Treinamento Intervalado em diferentes populações estudadas, com diferentes desfechos.

Treinamento Anaeróbio Sistema ATP-CP Glicolítico Alático - Lático A melhora do desempenho anaeróbio está mais relacionada ao ganho de força muscular do que funcionamento do sistema energético anaeróbio. Aumento na eficiência do movimento. Capacidade aeróbia tb é aumentada; Capacidade de tamponamento aumentada suportando mais tempo o exercício.