Super Receita 2013 Direito Penal Teoria Geral do Crime Emerson Castelo Branco

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TEORIA GERAL DO CRIME CONCEITO DE CRIME O conceito de crime possui três acepções: a) material: Todo fato humano que lesa ou expõe a perigo determinado bem jurídico. b) formal: É tudo aquilo que o legislador descrever como crime. c) analítica: É todo fato típico, ilícito e culpável (conceito tripartido). O conceito analítico de crime pode ser bipartido ou tripartido, a depender da corrente adotada. 1.ª Corrente: Conceito bipartido. É fato típico e antijurídico (ilícito). Tipicidade e antijuridicidade são os elementos do crime. A culpabilidade é apenas pressuposto de punibilidade, isto é, de aplicação da pena. 2.ª Corrente: Conceito tripartido. É fato típico, antijurídico (ilícito) e culpável (culpabilidade). Nesta teoria, a culpabilidade deixa de ser mero pressuposto de aplicação da pena (punibilidade), passando a ser considerada elemento estrutural do crime. Outras correntes: a) quadripartido crime seria um fato típico, antijurídico, culpável e punível; b) fato típico, antijuridicidade e punibilidade (posição de Luiz Flávio Gomes); Importante saber: Posição majoritária: teoria tripartida. Crime é uma conduta típica (fato típico), contrária ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo de censurabilidade social sobre o fato e seu autor (culpabilidade). A punibilidade não é requisito do crime, mas sua consequência jurídica. Prof. Emerson Castelo Branco 2

TEORIAS DA CONDUTA Teoria causalista (naturalista ou causal) Segundo esta teoria, a conduta é neutra, desprovida de qualquer valoração. O dolo e a culpa estão situados na culpabilidade, e não no fato típico. Na conduta, não existe qualquer análise de ordem subjetiva. Tomemos como exemplo um motorista que, dirigindo seu veículo automotor, com todos os cuidados devidos, atropela e mata um bêbado que atravessara a rua abruptamente. Para os adeptos desta teoria, o motorista causou fisicamente (naturalisticamente) um resultado previsto na norma penal, havendo, portanto, fato típico. A análise do dolo e da culpa somente interessaria quando fosse analisada a culpabilidade. Teoria finalista Criada por Hans Welzel, conduta é entendida como a ação ou omissão voluntária e consciente, que se volta a uma finalidade. A ação humana é o exercício da atividade finalista. Não é possível separar o dolo e a culpa da conduta típica, como se fossem fenômenos distintos. Diferentemente da teoria causalista, não basta a análise do nexo causal para determinar-se a configuração do fato típico. É preciso analisar se o dolo e a culpa estão presentes. A teoria finalista, adotada pelo Código Penal brasileiro, é a corrente majoritária. A principal crítica dos finalistas aos causalistas é a impossibilidade de se separar a vontade da conduta, uma vez que esta se origina justamente da vontade. Separar a conduta da vontade seria uma contradição absurda. SUJEITO ATIVO DO DELITO Sujeito ativo é a pessoa que pratica a conduta criminosa descrita na norma penal. Seu significado abrange também aquele que, apesar de não executar a ação nuclear (ex.: matar, subtrair, constranger ), contribui de forma secundária (denominado partícipe), colaborando para a ação criminosa, conforme estudaremos adiante. Alguns crimes podem ser praticados por qualquer pessoa (ex.: homicídio), enquanto outros exigem características especiais do agente (ex.: ser mãe e estar em estado puerperal, no crime de infanticídio art. 123 do CP; ser funcionário público, no crime de peculato art. 312 do CP). Importante saber: A pessoa jurídica somente pode ser sujeito ativo nos delitos praticados contra o meio ambiente (Lei n.º 9.605/1998). Contudo, a Constituição Federal de 1988, no 5., do art. 173, prevê ainda a responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes contra o sistema financeiro nacional, contra a ordem econômica e contra a economia popular Prof. Emerson Castelo Branco 3

SUJEITO PASSIVO DO DELITO Sujeito passivo (vítima, ofendido) é o titular do bem jurídico protegido. Espécies de sujeito passivo: a) formal (ou mediato) é o Estado, responsável pela tutela penal; b) material (ou imediato) É o titular do bem jurídico ofendido. Pode ser a pessoa física ou jurídica, a coletividade, o Estado. Por exemplo, no crime de homicídio o sujeito passivo formal é o Estado, mas o sujeito passivo material é a pessoa que teve sua vida destruída. Os crimes em que os sujeitos passivos materiais são coletividades destituídas de personalidade jurídica (ex.: família, sociedade) são denominados vagos. O incapaz pode ser sujeito passivo, porque é titular de direitos. O morto não pode ser sujeito passivo, pois não é titular de direitos, podendo ser objeto. Assim, no delito do art. 138, 2., do CP ( calúnia contra os mortos ), os sujeitos passivos são os familiares do morto, responsáveis por sua memória. O ser humano pode ser sujeito passivo mesmo antes de nascer? Sim. Por exemplo, no crime de aborto. O feto tem direito à vida, sendo esta protegida pela norma penal que determina a punição à prática do aborto. Os animais podem ser sujeito passivo? Não. São apenas objeto material, ou seja, os animais não são titulares de direitos. Por isso, em caso de subtração de um animal, sujeito passivo será seu proprietário. No crime de maus-tratos aos animais, é a coletividade (Lei n.º 9.605/1998, art. 32). OBJETO JURÍDICO E OBJETO MATERIAL Objeto jurídico do crime é o bem jurídico, isto é, o interesse protegido pela norma penal. É a vida, no homicídio; a integridade corporal, nas lesões corporais; o patrimônio, no furto; a honra, na injúria; a liberdade sexual da pessoa no estupro; a administração pública, na corrupção passiva. Objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre as quais incide a ação. Não se confunde com o objeto jurídico. Dessa forma, no crime de homicídio, o objeto material é o corpo da pessoa, e não a vida; no furto, é a coisa subtraída, e não o patrimônio; no estupro, é o corpo da pessoa e não sua liberdade sexual. Há crime sem objeto material? Sim. É o caso, por exemplo, dos crimes de injúria verbal, falso testemunho, dentre outros. Observe: Todo crime possui objeto jurídico protegido, mas nem todo crime possui objeto material. Prof. Emerson Castelo Branco 4

ANÁLISE DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME Fato típico Fato típico é a conduta humana positiva (ação) ou negativa (omissão), dolosa ou culposa, que gera um resultado (em regra), estando prevista na norma penal (tipicidade). Possui os seguintes elementos: a) Nexo de causalidade Nexo causal. É o elo que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não causa a este. Ex.: um motorista, embora dirigindo seu automóvel com absoluta diligência, acaba por atropelar e matar uma criança que se desprendeu da mão de sua mãe. Mesmo sem atuar com dolo ou culpa, o motorista deu causa ao evento morte, pois foi o carro que conduzia que passou por sobre a cabeça da vítima. b) Conduta dolosa ou culposa O dolo e a culpa constituem o denominado elemento subjetivo do tipo. Assim, para que um determinado fato seja considerado típico, é necessário que o ato tenha sido praticado com dolo ou com culpa. Não havendo dolo ou culpa, o ato será involuntário e, por conseguinte, o fato será atípico, como nas hipóteses de caso fortuito, força maior, coação física e atos de puro reflexo. 1 c) Resultado O resultado pode ser: Naturalístico consiste na modificação do mundo exterior provocada pela conduta. Ex.: crimes de homicídio (destruição da vida); de lesão corporal (ofensa à integridade física ou saúde mental), dentre outros. Obs: a maioria dos delitos gera resultado naturalístico. Jurídico Alguns crimes não trazem resultado naturalístico (alteração no campo dos fatos). Ex.: crimes de porte ilegal de arma de fogo. O resultado é apenas jurídico. d) Tipicidade Consiste na adequação da conduta com a descrição da norma penal. Em outras palavras, é adequação do fato à descrição legal. Os elementos do tipo penal dividem-se ainda em: 1.ª Classificação: a) Tipo normal: contém somente elementos objetivos (descritivos); Prof. Emerson Castelo Branco 5

b) Tipo anormal: contém elementos objetivos, subjetivos e normativos. Os tipos denominados derivados são os que se formam a partir do tipo fundamental, mediante o destaque de circunstâncias que o agravam ou atenuam. 2.ª Classificação: a) Objetivos (ou descritivos) São aqueles cujo significado pode ser compreendido sem juízo de valor em outros campos do conhecimento. Heleno Cláudio Fragoso, em sua obra clássica Lições de Direito Penal, afirma que são elementos tão claros que até uma criança conseguiria depreender o seu significado. Assim, o verbo (núcleo do tipo) previsto no tipo penal é um elemento objetivo. Ex.: matar, subtrair, constranger etc. b) Normativos São aqueles em que o juiz deve buscar seu significado em outros campos do conhecimento, jurídico, histórico, cultural etc. Ex.: coisa alheia, funcionário público, indevidamente, sem autorização. c) Subjetivos Caracterizam o dolo e a culpa. Em alguns delitos, são constituídos pelos elementos subjetivos especiais do tipo, esses últimos denominados elementos subjetivos do injusto (antigamente denominado dolo específico). Antijuridicidade (ilicitude) Antijuridicidade é a relação de contrariedade entre a conduta cometida e o ordenamento jurídico. Em outras palavras, a conduta será antijurídica quando contrariar uma norma de Direito, isto é, quando for contrária ao Direito. Implica, na conceituação clássica de Zaffaroni, na afirmação de que um bem jurídico foi afetado, contrariando a ordem jurídica. 2 Culpabilidade Culpabilidade é um juízo de reprovação social, censurabilidade. A reprovabilidade recai sobre o agente e sobre o fato. Guilherme Nucci a conceitua como um juízo de reprovação social, incidente sobre o fato e seu autor, devendo o agente se imputável, atuar com consciência potencial de ilicitude, bem como ter a possibilidade e exigibilidade de atuar de outro modo. 3 A culpabilidade é elemento do crime, e não mero pressuposto da pena. Dessa forma, se o fato for típico e antijurídico, ausente a culpabilidade, não será infração penal. Prof. Emerson Castelo Branco 6

Questões ESAF: 1 - ( ESAF - 2012 - CGU - Analista de Finanças e Controle ) A respeito do crime, é correto afirmar: a) crime consumado é aquele que reúne todos os elementos de sua definição legal e crime tentado aquele que iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias relacionadas à falha na execução ou à vontade do agente. b) ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. c) não se pune a tentativa quando, por inecácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. d) diz-se culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia ou quando, ao menos, assumiu o risco de produzir o resultado. e) é hipótese de exclusão de ilicitude quando o agente pratica o fato no exercício regular de direito, ou se o fato é cometido sob coação irresistível. 2 - ( ESAF - 2004 - MPU - Técnico Administrativo / Direito Penal ) No tocante à relação de causalidade, prevista no art. 13 do Código Penal, podese afirmar que a) a superveniência de causa relativamente dependente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado. b) a omissão é penalmente relevante quando o omitente não podia e não devia agir para evitar o resultado. c) a superveniência de causa relativamente independente não exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado. d) o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. e) se considera causa somente a ação sem a qual o resultado teria ocorrido. 3 - ( ESAF - 2009 - Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Federal ) Com relação à aplicação da lei penal, analise o caso abaixo e o enquadre na teoria do crime prevista no Código Penal Brasileiro, assinalando a assertiva correta. Carlos atira em João com a intenção de matá-lo. Entretanto, a bala passa de raspão no braço de João. Este é socorrido e levado para o hospital. Tragicamente, o hospital é incendiado por Abelardo que deseja matar todos os pacientes do hospital e João morre carbonizado. a) Carlos deverá ser denunciado por tentativa de homicídio. b) Abelardo não pode ser denunciado pelo homicídio de João. c) Abelardo não cometeu crime algum em relação a João. d) Carlos deverá ser denunciado por homicídio. e) Carlos e Abelardo deverão ser denunciados em concurso de agentes como coautores do homicídio de João. Prof. Emerson Castelo Branco 7

4 - ( ESAF - 2006 - MTE - Auditor Fiscal do Trabalho ) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução do crime, responde: a) pela prática do crime tentado. b) pela prática do crime consumado. c) somente pelos atos já praticados. d) pelo crime consumado, mas reduzida a pena de um a dois terços em virtude do arrependimento posterior. e) pelo crime consumado, sem qualquer redução da pena. GABARITO: 1 - C 2 - D 3 - A 4 - C Prof. Emerson Castelo Branco 8