APROVEITAMENTO DA ÁGUA PLUVIAL PARA FINS POTÁVEIS E NÃO POTÁVEIS. Graduanda em Meteorologia, ICAT, UFAL

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Transcrição:

APROVEITAMENTO DA ÁGUA PLUVIAL PARA FINS POTÁVEIS E NÃO POTÁVEIS Wanda Tathyana de Castro Silva 1, Viviane Assis Chaves de Carvalho 2 1 Graduanda em Meteorologia, ICAT, UFAL (wandatathynha@gmail.com) 2 Graduanda em Meteorologia, ICAT, UFAL (vivinhastar@gmail.com) Resumo Atualmente, vários países enfrentam problemas de escassez de água e as causas para este problema geralmente são as mesmas, o desenvolvimento desordenado das cidades, o crescimento populacional, aliado ao aumento da demanda de água pela indústria e pela agricultura, provocando o esgotamento das reservas naturais de água. Na tentativa de se solucionar este problema é preciso que se reformule o sistema de abastecimento de água que atualmente, utiliza água tratada e clorada para todos os fins tanto para higiene pessoal quanto para lavar calçadas e para carrear dejetos. Portanto, para estes últimos, os usos para fins não potáveis buscam-se fontes alternativas de água como o reuso através da precipitação que com a sua utilização traz benefícios como a redução do consumo de água potável e o controle de enchentes em regiões com grandes áreas pavimentadas. Palavras-chave: Água, Precipitação, Reuso. Abstract Currently, several countries face problems of scarcity of water and causes for this problem are generally the same, the disorderly development of cities, population growth, combined with increased demand for water by industry and agriculture, causing the depletion of natural reserves of water. In an attempt to solve this problem we need to reformulate the water system that currently, using chlorinated water and treated for all purposes both for personal hygiene and to wash sidewalks and to carry waste. So for them, the uses for non-potable, is seeking alternative sources of water such as through reuse of precipitation that with its use has benefits such as reducing the consumption of drinking water and flood control in regions with large paved area. KEYWORDS: Water, Precipitation, Reuse. 1

INTRODUÇÃO A água é um bem essencial à vida de todos os seres vivos. A sua facilidade de acesso aos seres humanos, armazenamento, tratamento e destino adequado dos efluentes devem ser objetivos a serem perseguidos por cada cidadão. A reutilização ou o reuso de água não é um conceito novo e tem sido praticado em todo o mundo há anos. No entanto, a demanda crescente por água tem feito do reuso planejado um tema atual e importante. Neste sentido, deve-se considerá-lo como parte de uma atividade mais abrangente que é o uso racional ou eficiente da água, o qual compreende também o controle de perdas e desperdícios, e a minimização da produção de efluentes e do consumo de água. Ao liberar as fontes de água de boa qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, o uso de águas pluviais contribui para a conservação dos recursos e acrescenta uma dimensão econômica ao planejamento dos recursos hídricos. O reuso reduz a demanda sobre os mananciais devido à substituição da água potável por água de qualidade inferior. Dessa forma, consideráveis volumes de água potável podem ser poupados pelo reuso, quando se utiliza água de qualidade inferior para atendimento das finalidades que podem prescindir deste recurso dentro dos padrões de portabilidade. A água de chuva é encarada pela legislação brasileira como esgoto, pois usualmente precipita sobre telhados e pisos com destino as bocas de lobo. Atuando como solvente universal, vai carreando todo tipo de impurezas, dissolvidas, suspensas, ou simplesmente arrastadas mecanicamente pelo sistema de drenagem urbana até um curso hídrico, que por sua vez, vai suprir uma captação para o abastecimento público de um centro urbano. Claro que esta água sofreu um processo natural de diluição e autodepuração, ao longo de seu percurso hídrico, nem sempre suficiente para realmente depurá-la. Após o início da precipitação, somente as primeiras águas carreiam ácidos, microorganismos, e outros poluentes atmosféricos, sendo que normalmente, pouco tempo após, a mesma já adquire características de água destilada, devido à higienização de seu percurso de tal modo que possa ser armazenada em reservatórios fechados, para posterior reuso. Para restabelecer o equilíbrio entre oferta e demanda de água e garantir a sustentabilidade do desenvolvimento econômico, social e ambiental, é necessário que 3 métodos e sistemas alternativos modernos sejam convenientemente desenvolvidos e aplicados em função de características de sistemas e centros de produção específicos. 2

Esta pesquisa tem como finalidade a análise da implantação de um sistema para captação e armazenamento de águas pluviais em edificações, focando a viabilidade econômico/ambiental do projeto, como alternativa para reduzir custos com água tratada e contribuir com o meio ambiente, proporcionando uma correta destinação desse bem. MATERIAIS E MÉTODOS Segundo Mancuso et. al (2007) o reuso de água é o aproveitamento de águas previamente utilizadas, uma ou mais vezes, em alguma atividade humana, para suprir as necessidades de outros usos benéficos, inclusive o original. Pode ser direto ou indireto, bem como decorrer de ações planejadas ou não planejadas. O reuso de água subentende uma tecnologia desenvolvida em maior ou menor grau, dependendo dos fins a que se destina a água e de como ela tenha sido usada anteriormente (MANCUSO, 2007). Reusar água significa utilizar esta substância por mais de uma vez. Isto ocorre espontaneamente na própria natureza, através do ciclo hidrológico ou através da ação humana, de forma controlada. O reuso planejado da água pode ser utilizado para fins potáveis ou não potáveis. Nesta segunda categoria, o mais comum é sua utilização em atividades recreacionais, recarga de lençol freático, geração de energia, irrigação, reabilitação de corpos d'água e uso industrial (COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO - SABESP, 2008). Segundo Hespanhol et. al (2007) o reuso de água é classificado em duas grandes categorias: potável e não potável. Reuso potável: - Reuso potável direto: quando o esgoto recuperado, por meio de tratamento avançado, é diretamente reutilizado no sistema de água potável. - Reuso potável indireto: caso em que o esgoto, após tratamento, é disposto na coleção de águas superficiais ou subterrâneas para diluição, purificação natural e subseqüente captação, tratamento e finalmente utilizado como água potável. Reuso não potável: -Reuso não potável para fins agrícolas: é feita a irrigação de plantas alimentícias, tais como árvores frutíferas, cereais etc., e plantas não alimentícias, tais como pastagens e forrações, além de ser aplicável para dessedentação de animais. 3

- Reuso não potável para fins industriais: abrange os usos industriais de refrigeração, águas de processos, para utilização em caldeiras etc. - Reuso não potável para fins recreacionais: classificação reservada à irrigação de plantas ornamentais, campos de esportes, parques e também para enchimento de lagoas ornamentais, recreacionais etc. - Reuso não potável para fins domésticos: são considerados aqui os casos de reuso de água para regra de jardins residenciais, para descargas sanitárias e utilização desse tipo de água em grandes edifícios. - Reuso para manutenção de vazões: a manutenção de vazões de cursos de água promove a utilização planejada de efluentes tratados, visando a uma adequada diluição de eventuais cargas poluidoras a eles carreadas, incluindo-se fontes difusas, além de propiciar uma vazão mínima na estiagem. - Aqüicultura: consiste na produção de peixes e plantas aquáticas visando à obtenção de alimentos e/ou energia, utilizando-se os nutrientes presentes nos efluentes tratados. -Recarga de aqüíferos subterrâneos: é a recarga dos aqüíferos subterrâneos com efluentes tratados, podendo se dar de forma direta, pela injeção sob pressão, ou de forma indireta, utilizando-se águas superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante. De acordo com Hespanhol et al (2007) Os usos não potáveis envolvem riscos menores e devem ser considerados como a primeira opção de reuso na área urbana. RESULTADOS E DISCUSSÃO A captação de água da chuva é uma prática muito difundida em países como a Austrália e a Alemanha, onde novos sistemas vêm sendo desenvolvidos, permitindo a captação de água de boa qualidade de maneira simples e bastante efetiva em termos de custo benefício. A utilização de água de chuva traz várias vantagens (AQUASTOCK, 2005): - Redução do consumo de água da rede pública e do custo de fornecimento da mesma, - Evita a utilização de água potável onde esta não é necessária, como por exemplo, na descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins, lavagem de pisos, etc.; - Os investimentos de tempo, atenção e dinheiro são mínimos para adotar a captação de água pluvial na grande maioria dos telhados, e o retorno do investimento é sempre positivo; 4

- Faz sentido ecológica e financeiramente não desperdiçar um recurso natural escasso em toda a cidade, e disponível em abundância no nosso telhado; - Ajuda a conter as enchentes, represando parte da água que teria de ser drenada para galerias e rios. - Encoraja a conservação de água, a auto-suficiência e uma postura ativa perante os problemas ambientais da cidade. O contato humano com água de reuso pode ocorrer de diversas maneiras (BLUM, 2007): - Contato por ingestão direta de água; - Contato por ingestão de alimentos crus e verduras irrigadas e consumidas cruas; - Contato por ingestão de alimentos processados (caso dos vegetais enlatados que foram irrigados com água de reuso); - Contato pela pele por banhos em lagos contendo água de reuso; - Contato por inalação de aerossóis formados, por exemplo, em sistemas de irrigação por aspersão ou em aeração superficial de lagoas; - Contato por meio da visão e do olfato, como no caso das descargas sanitárias. Segundo Blum et. al (2007) há 05 critérios gerais de qualidade no planejamento de sistemas de reuso: - O reuso não deve resultar em riscos sanitários à população; - O reuso não deve causar nenhum tipo de objeção por parte dos usuários; - O reuso não deve acarretar prejuízos ao meio ambiente; - A fonte de água que será submetida a tratamento para posterior reusa deve ser quantitativa e qualitativamente segura; - A qualidade da água deve atender às exigências relativas aos usos a que ela se destina. Segundo Nardocci et. al (2007) os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, associados ao reuso de água, preocupam a sociedade por dois motivos principais: a poluição dos recursos hídricos e as limitações das técnicas de tratamento de água que, apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, não removem completamente todas as substâncias indesejadas da água. Assim sendo, é necessário equilibrar as relações risco/benefício e custo/eficácia das tecnologias de tratamento, tendo em vista que quanto mais nobre o uso pretendido, mais alto o custo dos investimentos necessários. O gerenciamento dos riscos é o conjunto de procedimentos, normas e regras, 5

tendo como objetivo controlar e minimizar riscos, sendo abrangente de todas as atividades técnicas, legais, decisórias, de escolhas sociais, políticas e culturais que se encontrem associadas, diretamente ou indiretamente, com as questões de risco em nossa sociedade (NARDOCCI, 2007). Para o Reuso da água é necessário observar a resolução do CONAMA n 357/2005 em que o uso é dividido em classes com seus respectivos usos permitido. No estudo em questão os usos permitidos melhor se enquadram na Classe 2, conforme pode ser observado no Tabela 1. Tabela 1: Classificação das águas doces segundo seus usos preponderantes Resolução CONAMA n 357 de 17 de março de 2005. CLASSE Especial USOS PERMITIDOS - ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; - à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; - à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. 1 - ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; - à proteção das comunidades aquáticas; - à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; - à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; - à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas. 2 - ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; - à proteção das comunidades aquáticas; - à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; - à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e laser, com os quais o público possa vir a ter contato direto; - à aquicultura e à atividade de pesca. 3 - ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; - à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; - à pesca amadora; - à recreação de contato secundário; - à dessedentação de animais. 4 - à navegação; - à harmonia paisagística. Fonte: Adaptado Resolução CONAMA n 357/2005 6

CONCLUSÃO Com a implementação de sistemas para captação e reaproveitamento de águas pluviais em coberturas é possível dar uma destinação mais adequada a água que iria se tornar esgoto. O reuso é uma técnica utilizada há muito tempo principalmente em regiões que vivem problemas de escassez de água. O Brasil, apesar de ser um dos países com maior disponibilidade de água, também enfrenta problemas em algumas regiões com baixo índice pluviométrico e/ou água de má qualidade. Sendo assim, portanto, totalmente viável que o uso de água de boa qualidade seja totalmente destinado a fins mais nobres. REFERÊNCIAS AQUASTOCK Água da Chuva. Sistema de Reaproveitamento da Água da Chuva. Disponível em: <http://www.engeplasonline.com.br> Acesso em: 21/05/2008. BLUM, J. R. C. Critérios e padrões de qualidade da água. NARDOCCI, A. C; FINK, D. R; GRULL, D; SANTOS, G. J; PADULA, H.F; BLUM, J. R. C; EIGER, S; PAGANINI, W.S; HESPANHOL, I; PHILIPPI, A. J; BREGA, D. F; MANCUSO. P. C. S. Reúso de Água. São Paulo. Ed. Manole: 2007. P. 125-173. Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP. Disponível em:<www.sabesp.com.br> Acesso 10/10/2008. CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357 de 17 de março de 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf> Acesso em 10/10/2008. HESPANHOL, I. Potencial de reúso de água no Brasil: agricultura, indústria, município e recarga de aquiferos. NARDOCCI, A. C; FINK, D. R; GRULL, D; SANTOS, G. J; PADULA, H.F; BLUM, J. R. C; EIGER, S; PAGANINI, W.S; HESPANHOL, I; PHILIPPI, A. J; BREGA, D. F; MANCUSO. P. C. S. Reúso de Água. São Paulo. Ed. Manole: 2007. P. 37-95. MANCUSO. P. C. S. Tecnologia de reúso de água. NARDOCCI, A. C; FINK, D. R; GRULL, D; SANTOS, G. J; PADULA, H.F; BLUM, J. R. C; EIGER, S; PAGANINI, W.S; 7

NARDOCCI, A. C. Avaliação de riscos em reuso de água. FINK, D. R; GRULL, D; SANTOS, G. J; PADULA, H.F; BLUM, J. R. C; EIGER, S; PAGANINI, W.S; HESPANHOL, I; PHILIPPI, A. J; BREGA, D. F; MANCUSO. P. C. S. Reúso de Água. São Paulo. Ed. Manole: 2007. P.403-430. 8